Tag: saudade

  • Aquela despedida

    Você me deu seu melhor sorriso de despedida. Enquanto me abraçava, vi um vazio se formar no meu coração (ou, quem sabe, no lugar onde ele esteve um dia). Aquelas borboletas no estômago voltaram como na primeira vez que meus olhos encontraram os seus. E acredite… Fazia tempos que eu não sabia o que era me sentir assim.
    Seus braços se demoraram por alguns segundos em minha cintura. Meus lábios, de repente, ficaram secos e minha voz se escondeu em algum lugar que eu não consegui perceber. De repente entendi que, na verdade, eu nunca deixei de me importar com você. Com nós.
    Eu não estava preparada para um adeus, mesmo sabendo que ele não é definitivo. Nunca consegui me comportar bem em despedidas. Em todas elas eu fiz algo errado. E desta vez não foi diferente.
    Deixei seu corpo se afastar do meu e, aos poucos, nossa distância não era só física. Você disse algumas palavras e, momentaneamente, eu ignorei todas elas. 
    Percebi, tarde demais, que seus braços não estavam mais em minha cintura. Paralisada, assisti cada passo seu diminuir as chances de transformar o nosso adeus em um até logo. Não encontrei minhas forças para movimentar minhas pernas até você.
    Eu queria ter (cor)respondido melhor a todos os seus sinais. Queria ter dito que, assim como você, também vou sentir falta dos nossos momentos juntos. Eu poderia ter dito o quanto eu vou me lembrar de seus olhos a cada vez que olhar o céu. E, por último, eu deveria ter me jogado em seus braços enquanto pedia desculpas pela indiferença que tomou posse de mim nos últimos meses. 
    E ter confessado, então, o quanto de você ainda resta em mim.
  • O lado bom de ser criança

    Todas as fases da vida são marcadas por momentos bons e ruins. É normal né? Mas, sabe… É incrível como a infância consegue ter mais lembranças boas do que qualquer outro período da vida!
    Lembro que, nesta época do ano, eu já estava ansiosa para ganhar uma nova filha. Ficava o mês inteiro pensando em qual boneca da TV eu iria pedir. E, no final, acabava – quase sempre – optando por outra coisa.
    Isso sem contar os momentos que eu passei com os amigos. Seja jogando queimada, seja se escondendo ou até espalhando brinquedos pelo quarto. É impressionante como, em apenas alguns minutos, a gente viajava para outra realidade. Às vezes, eu era a madame da casa. Outras, a irmã boazinha. Minhas amigas e eu nunca éramos nós… E sim quem queríamos ser, sem preconceitos nem medos.
    E ainda tem aquela inocência. Sabe, às vezes sinto falta dela e do lado criança. Sinto que as pessoas, hoje em dia, precisam disso. Estamos tão preocupados em chegar à escola no horário certo, pagar as contas no fim do mês e querer ser quem não somos. E, com tudo isso, deixamos de lado o que devia ser o mais importante: a felicidade e o prazer de viver.
    Então, neste dia 12 de outubro, não comemore apenas com uma foto de alguns anos atrás no perfil no Facebook. Receber curtidas e comentários é legal. Compartilhar seu rostinho fofo – que mudou (ou não) – também é. Porém, antes de tudo, use esse dia para relembrar o que ficou para trás e você sente falta. Alguns momentos da vida não voltam… Mas isso não significa que não podemos trazer para nosso dia-a-dia algumas sensações e características que são marcas dessa etapa (tão linda!) da nossa vida.
    Então… Vamos reencontrar esse lado criança e atribuí-lo ao nosso modo de viver e de enxergar o que está ao nosso redor?
    Este texto foi escrito para o grupo Depois dos Quinze no Facebook por ideia da Natalia Gonçalves. Postei lá no grupo e tive que trazer para cá, pois curti muito o resultado. Ah… E sim! A bebê da foto sou eu hahahaha.
  • O primeiro, o único e o último

    Na saída, me espere no corredor da A-410. Josh.
    Li a mensagem sem entendê-la. Se Josh precisava me encontrar, significava que queria dizer algo. E se era assim, por que não havia me falado antes?
    Afastando esse pensamento, tentei manter o foco na aula. Ao meu lado, Josh estava inquieto, olhando algumas cartas que, sinceramente, não fazia ideia sobre o que significavam. Apenas conseguia reconhecer uma especial. Aquela única que, há algumas semanas, havia esclarecido tudo entre nós. Pelo menos sobre mim e meus sentimentos.
    Dois de seus amigos vasculhavam a caixinha cheia de cartas. Tentei me desligar da aula e espiar, apenas para saber o que elas queriam dizer. Em uma delas, encontrava-se o nome de sua mãe. Outra, de sua irmã. Não consegui ler o conteúdo, mas o olhar triste de Josh ao relê-las era visível. Não sei se tanto para mim quanto para os dois ao seu lado.
    Percebi que enquanto Marcos e Alex – seus colegas – remexiam nas cartas, Josh guardou uma em especial – a minha. Mentalmente, agradeci-o por isso. Não queria ter que escutar piadas dos dois. E, pelo visto, Josh entendia essa vontade.
    Comecei a entrar em meus devaneios, fugindo daquela aula que, sinceramente, já não sabia sobre o que se tratava. Lembrei do dia em que escrevi aquelas palavras que agora estavam em seu bolso. Coloquei meu coração nelas. Minha alma. E elas só me serviram para uma conversa constrangedora com ele. Josh havia deixado muito claro que, entre nós, existia apenas uma amizade. Só isso e nada mais.
    A professora liberou a sala e percebi que Josh se demorou um pouco. Lembrando do SMS – ainda aberto em meu celular – fui na frente e cheguei até o corredor indicado. Sentei-me em um dos degraus da escada e, após dois ou três minutos, vi alguém se aproximando. Era ele.
    – Sempre passei por aqui e nunca percebi como esse corredor era mais largo que os outros. – comentou.
    Josh estendeu sua mão e eu a segurei. Levantei-me e fiquei diante dele, esperando o que tinha de tão importante para dizer. Seja lá o que fosse, não poderia ser tão sério. Ou poderia?
    – Sue, a gente precisa conversar. 
    – Eu sei que precisamos. Seu SMS foi bem objetivo… Aconteceu alguma coisa?
    Josh ficou em silêncio. Enquanto ele lutava com seus sentimentos, eu tentava entender os meus. Ele sabia sobre eles. Pelo menos, eu havia deixado todos claros em minha carta. Tentei lutar contra os pensamentos que apareciam – principalmente aquela voz no fundo que gritava loucamente que, afinal, ele havia mudado de ideia. Ou entendido seu coração.
    – Eu estou indo embora, Sue.
    – Então, vamos. Você quer me falar no caminho? Posso ir com você até a avenida!
    Tentei seguir o caminho e, antes mesmo de completar meu segundo passo, ele me impediu de continuar. Josh olhava fixamente em meus olhos enquanto falava. Essa era uma de suas características mais marcantes: ser forte em qualquer momento.
    – Não é ir embora hoje. Pra sempre…
    – Como assim?
    Demorei para entender. Minhas lágrimas queriam sair e foi com dificuldade que consegui contê-las. Meu coração não era tão fácil de ser controlado: ele já estava a mil por hora. Se não fosse o ruído do corredor – vindo de salas mais adiante – seria fácil escutá-lo.
    – Meus pais decidiram ir embora. Não está dando mais para viver por aqui, entende? A família está toda desestruturada, com seus pedaços soltos por aí. Minha mãe tem pesadelos com minha irmã todos os dias. Já a peguei chorando e se lamentando na cozinha com Nancy, uma de suas ajudantes. Meu pai percebeu isso e resolveu que era hora de reunir todo mundo e começar a vida em um lugar só. E resolveram recomeçar na cidade onde minha irmã faz faculdade… Ela está no terceiro ano, já. É mais fácil pra todos.
    Josh terminou suas explicações mas, mesmo assim, ainda esperei por mais. Ansiava pela parte em que ele diria que era brincadeira. Ela não chegou. Com todas as forças que consegui reunir, minha voz saiu como um sussurro. Precisei tossir algumas vezes para conseguir pronunciar as palavras corretamente.
    – Você não vai voltar? Quer dizer… Nunca mais?
    – Provavelmente, não. 
    O choque de realidade me pegou desprevenida. Senti como se estivesse em um lugar quente e, de repente, numa sala fria. A mudança de temperatura – de sentimentos – foi o bastante para mim.
    Isso não poderia estar acontecendo. Era um pesadelo e eu devia acordar logo. Mãe, me chama. Diga que estou atrasada. Qualquer coisa… Apenas me acorde.
    Fiquei alguns minutos pensando no que acabara de escutar. Josh esperou, pacientemente, por alguma reação. Ela tardou e ele resolveu quebrar o silêncio, tentar suavizá-lo.
    – Ninguém sabe sobre isso, Sue. Mas achei que deveria te contar… A primeira e única a conhecer isso. Você é a única pessoa que realmente me importo aqui. Já te falei sobre tudo isso e volto a repetir: você é a amiga que nunca tive e, provavelmente, nunca terei. 
    – E você vai assim? – disse, ignorando tudo o que sua voz jogava para mim. Ele iria embora… E era minha última chance de fazer esses oito meses valerem algo. Eu tinha que arriscar. Aliás, deveria arriscar. Deveria ter feito isso antes, mesmo após a carta. Era o certo… Agir. Tomar a iniciativa. Não somente com as palavras que sofri para escrever, mas com atitudes.
    – Assim? – seu rosto era um mix de confusão e tentativa de permanecer no foco da conversa. – Assim como, Sue?
    – Sem dar uma chance para nós.
    O silêncio foi confortante. Enquanto pensava no que acabara de dizer, Josh se aproximou de mim. O que era para ser um abraço, acabou se tornando outra coisa. Seus braços envolveram minha cintura e deixei que ele aproximasse meu corpo do seu. 
    – Pensei que não tivesse restado nada de mim em você. – desabafou. – Pensei que teria que ir embora sem sentir algumas sensações que iriam tomar meus pensamentos por algum tempo.
    – Que sensações?
    E, apertando-me mais contra seu corpo, Josh me beijou. Aquele foi o nosso primeiro beijo. O mais doce e o mais amargo. O primeiro, o único e o último.
    Conto inspirado em um sonho.
  • As minhas tentativas

    Fiquei uma semana sem te procurar, evitando seu perfil no Facebook, suas fotos nos meus álbuns e as músicas que tanto me lembram você. Tentei te dar espaço e me valorizar. Tentei não correr atrás. E aí, escutei nossa canção. A vontade de te mandar um SMS veio com a mesma rapidez que ficou. Lembrei o motivo para te ignorar, te deixar de lado… E o buraco no peito se formou de novo. 
    Já são quase 3 da manhã e aqui estou eu, cheia de sentimentos confusos como sempre. Ao meu lado, meu celular (com a mensagem para você nos rascunhos) tenta me tirar a atenção. Tento escrever para preencher o vazio que sua falta me deixou… Mas não adianta. Só sei falar de você. De nós. 
    Queria te contar como essa distância está me matando. Porém, ela não é a única culpada: você não ajuda. As mensagens no Facebook que enviei (todas marcadas como visualizadas) e que você não me respondeu. As vezes que tentei me aproximar e você ignorou. Os comentários fofos para outras garotas. Tudo me magoa. E sabe… Dói. Dói saber que todas as lágrimas que derramei foram por você. 
    E o que mais dói é não poder te contar. Saber que você vai fazer o mesmo que fez com as mensagens e as minhas tentativas de ficar por perto. Sei que vai ser só mais um SMS entre tantos não respondidos. Ou mais um não lido. Ele só vai servir para gastar meus créditos, minha paciência e, principalmente, minhas lágrimas.
    Você está se tornando um idiota. E isso dói para admitir também. Ninguém gosta de se apaixonar por um idiota. Mas às vezes é como você age. E não era para ser assim… 
    Só peço que se for para me iludir, pare agora. Você só atrapalha e, quando tenta ajudar… Adivinha? Atrapalha ainda mais. Pare com esses sorrisos para mim. Pare de me fazer achar que sou importante. Pare de me fazer sonhar com você. Por favor. Pare.
    Pare com tudo. E principalmente: pare de ignorar minhas tentativas de ter você. Diga o que está em seu coração. Não fuja desse sentimento… Pare de ser um completo idiota e se toca que eu estou apaixonada por você. Faça algo. Só não finja que essa paixão não existe, porque ela é real. Intensa. E me torna uma completa idiota. Assim como você.
  • Uma manhã de inverno

    Eram oito e meia quando acordei aquele dia. O tempo lá fora estava gelado. Era a primeira manhã de inverno.
    Coloquei meu suéter favorito e fui até a cozinha. Bebi um café quente na esperança de aquecer meu corpo em um dia tão gelado. Deu certo. Mas não completamente.
    O vazio dentro de mim se formou pela madrugada. É, eu sonhei com você. Com nós. E doeu. A saudade é enorme e, a cada dia que passa, só consigo pensar em te ver de novo. Em te contar o que sinto. Assim, na próxima vez, você irá sabendo tudo. Sabendo a verdade.
    Abandonei a xícara na pia e voltei a deitar. Desta vez, fiquei no sofá, trocando de canal sem perceber onde realmente estava. Você odiava essa minha mania, lembra? 
    Cansei de mexer no controle e deixei em um canal qualquer. Erro meu. Agora um casal se beijava em frente aos meus olhos. Ele tinha seus traços, a cor do seu cabelo e até usava o mesmo penteado. Posso dizer que seus olhos tinham o mesmo brilho. Pelo menos para mim.
    Impossível segurar as lágrimas quando algo tão forte atravessava meu peito. Essa saudade está me matando aos poucos e queria poder te contar sobre isso. A cada dia, me seguro para não te mandar um SMS ou uma mensagem no Facebook, só para perguntar como você está. Mas não posso. Tenho que te deixar livre. Tenho que te deixar sentindo minha falta. Por mais que isso tudo me mate aos poucos.
    E eu só espero que, ao te encontrar, algo possa ter sido útil nisso tudo. Que se transforme em força, amadurecimento. Em tudo. Desde que, ao te ver, meu coração possa ser menos burro e meu sorriso, menos óbvio.