Você sabia que pode ter um dom dentro de si mesma que nem imaginava? Seja para criar, empreender ou até mesmo comercializar algo que, até então, era apenas um passatempo? A estudante de Psicologia, Raianny Martins, de 22 anos, mora em São Paulo e juntou tudo isso em uma coisa só: a Plante Arte! É por meio do seu negócio que a paulistana comercializa seus vasos personalizados, feitos com muita criatividade, sutileza e empoderamento!

A história da Rai com a Plante Arte começou bem sem querer. E parece até roteiro de filme, sabe? Ela começou a pesquisar ideias de decoração no Pinterest porque namorava uma pessoa e os dois falavam muito em morar juntos. “Achava bem bonitinhos esses vasos decorados com desenhos. Mas eu não gostava de plantas, eu odiava. Olha que ironia!”, conta aos risos. “Eu não tinha paciência para cuidar, achava chato e que não era pra mim”.
Essa relação mudou logo depois, quando ela ganhou uma plantinha da mesma pessoa que namorava. “Comecei a pegar jeito e gosto pelas plantas”, comenta. Mas a parte artesanal só começou a existir com o término do relacionamento. “A gente terminou e foi muito difícil para mim. Foi aí que pensei: vou fazer vasos como terapia”.

A ideia de começar a comercializar suas criações foi confirmada pelos próprios amigos do Facebook. “Perguntei se as pessoas comprariam e muita gente apareceu interessada. Foi aí que comecei a pensar se venderia isso de bobeira ou se criaria uma marca”. O nome surgiu após conversar com uma amiga e, então, o objetivo de ter o seu próprio negócio para ganhar uma graninha se concretizou!
Um dos diferenciais da Plante Arte – e que eu admiro demais – é levar pautas políticas e de minorias, tanto para os desenhos dos vasos quanto no posicionamento da própria marca. E essa “exposição” dos ideais veio aos poucos na vida da Rai. “No começo, eu nem tinha ideia de fazer vasos com temas mais politizados. O primeiro foi da Frida Kahlo e teve tanta saída que as pessoas começaram a encomendar desenhos com pautas mais políticas”, explica.

Além disso, o posicionamento da Plante Arte é um reflexo da própria rotina da futura psicóloga. “Minha vida gira em torno da política e da minha militância. Então pensei: por que não incorporar isso à minha marca? Acho importante assumir uma opinião, principalmente porque ser autônoma já é um posicionamento político”, conta.
O legal é que seus ideais são bem aceitos pelo público e acaba atraindo clientes que pensam da mesma forma. “Eu gosto de expressar o que eu sou nos vasos. Por isso, questões como o corpo feminino é muito importante para mim e eu levo isso para os desenhos. Tanto que faço vasos com temática de vulva, vagina, peitos, entre outros”.
A Plante Arte, criada pela Raianny, é um exemplo incrível de como transformar dor, passatempo e arte em negócio! Por isso, para comemorar este Dia Internacional da Mulher, quis contar essa história linda! E, para complementar, deixei algumas respostas da nossa entrevista sobre empreendedorismo e rotina com o negócio para inspirar vocês! Quem sabe você consegue transformar em dinheiro algo que ama fazer? Vai com tudo!
JULIE: Como funcionou todo o processo de criar o Plante Arte?
RAIANNY: O processo foi basicamente do nada. Começou como hobbie para me ajudar a superar o término do meu relacionamento. E também me auxiliou bastante com meus transtornos psicológicos, porque eu tenho Boderline, e é muito difícil de lidar com isso. Minha saúde mental melhorou demais depois que eu comecei a fazer os vasos e a me envolver com esse projeto.

JULIE: Antes de criar sua marca, você fez alguma pesquisa? O que você acha essencial nesse processo anterior à criação de uma marca?
RAIANNY: Acho que é muito importante fazer uma pesquisa. Antes de criar a marca, eu não fiz, só depois. Mas depende muito do que você considera como pesquisa, também. Por exemplo: para mim, foi pedir a opinião das pessoas nas minhas redes sociais. Eu queria saber o que elas achavam, se consideravam o preço justo, etc.
Também aproveitei e fiz um formulário para postar nas redes sociais, onde perguntava sobre os valores, o atendimento, os produtos e se havia alguma crítica para melhorar os desenhos, as plantas, a entrega e a marca em si.
Outro ponto importante é a pesquisa de mercado para ver o que a concorrência está vendendo, qual é o processo de produção e os preços, até para ver se você está alinhado a outros produtores.
E claro: saber o que você vai fazer! Eu não fiz curso, mas li livros de botânica, vi técnicas de pintura e assisti vídeos. No começo, me inspirava em desenhos prontos, mas hoje consigo criar a partir da minha imaginação.

JULIE: Como é sua rotina com a Plante Arte? Como funcionam as encomendas e toda a logística de produção?
RAIANNY: Eu tenho uma tabela de preços de cada produto. No começo, eu tinha todas as opções possíveis e era meio que um “monte seu vaso”, mas as pessoas também não entendiam de plantas e era muito complicado. Então fui começando a ver o que tinha mais saída e fiz uma padronização.
Eu faço a divulgação nas redes sociais, que é minha principal fonte. As pessoas acabam conhecendo por grupos, encontram pela internet ou até mesmo por indicação de amigos. As pessoas fazem as encomendas, eu anoto os pedidos em uma planilha e informo o prazo de entrega. Vou criando uma fila de espera e produzindo na ordem de solicitação.
Muitas vezes, o cliente deixa de comprar porque não tem como buscar no local, então ofereço opções de retirada em minha casa, em estações de trem ou metrô e até na casa da pessoa. Nesses últimos casos, eu cobro uma taxa para bancar meu transporte.
JULIE: Quais são os pedidos que você mais recebe na loja?
RAIANNY: Os pedidos que eu mais recebo são vasos com conotação política, principalmente da Frida Kahlo. De plantas, os cactos e suculentas saem mais. Tanto que é mais minha especialização, o que eu mais entendo. Elas são as mais fáceis de cuidar e, muitas vezes, é a primeira planta dos clientes.

JULIE: Quais são suas maiores dificuldades com a Plante Arte?
RAIANNY: Dividir o meu tempo entre faculdade, trabalho e marca. Eu estudo Psicologia, trabalho no Centro de Referência da Mulher e este ano ainda tem os estágios. Por isso, acaba sendo complicado separar tempo entre as três coisas.
Além disso, há outra coisa: as pessoas não levam meu trabalho com seriedade, mas sim como passatempo. Muitas pessoas já perguntaram com o que eu trabalho, explicava sobre a loja e retornavam com o questionamento de qual era meu trabalho de verdade. E sempre respondo: é preciso ter um diploma de faculdade para ser levado à sério?
É muito desrespeito com a pessoa autônoma, principalmente com artesãos e artistas, que sofrem muito essa questão. As pessoas dão muito valor para diploma, trabalhar em empresa, em lugar “sério”, etc. E eu trabalho em casa, faço meus próprios horários.

JULIE: Como é ser uma mulher com negócio próprio no mercado atual?
RAIANNY: É difícil e um desafio. Ser mulher no mercado de trabalho empresarial já é algo muito desafiador e cheio de obstáculos, principalmente por causa do machismo. Quando uma mulher conquista seu lugar no mercado de trabalho usual, já é uma vitória, um espaço ocupado por uma presença feminina, algo que dificilmente acontece.
Se nesse cenário já é complicado, imagina no mercado autônomo? Hoje em dia, vejo cada vez mais mulheres nesse ramo, principalmente por conta da crise. Muitas vezes, ela é dona de casa, está cuidando das crianças, e, justamente por isso, fica difícil arrumar emprego.
Infelizmente, as pessoas dão mais confiança para o trabalho masculino do que feminino. E isso é muito chato! Acho que está mudando, principalmente por ser um espaço que está sendo conquistado por mulheres. Acredito que é uma alternativa para elas, uma forma de ganhar dinheiro com algo que conhecem Futuramente, vamos ocupar mais espaços de uma maneira ainda mais abrangente!

JULIE: Que dicas você dá para quem deseja começar?
RAIANNY: Às vezes, o principal desafio é o medo de dar errado, de não ir pra frente e de investir dinheiro à toa. E isso impede a pessoa de ingressar em algo que pode dar muito certo.
Por isso, a primeira dica é ter propriedade no que você quer fazer. Mesmo que não seja a melhor especialista do mundo naquele assunto, você precisa mostrar para as pessoas que entende do que está fazendo.
Além disso, pesquisa de mercado é fundamental, porque você precisa saber se aquele produto tem saída, se será um investimento à toa ou não. Eu acredito que tudo pode ter saída, só depende de como você vende aquilo. Por isso, acho muito importante pesquisar a concorrência, como ela faz para se vender, como são os anúncios, os preços, a maneira de vender, se tem loja física ou virtual, como elas funcionam, etc.
Aproveita, também, para conversar com outras mulheres que possuem negócios e marcas independentes para trocar informações, ideias, experiências e histórias.
Dê um passo de cada vez, sem dar saltos, porque às vezes você acaba investindo muito tempo e dinheiro em algo que você acaba se atrapalhando e dando errado. Por isso que organização é fundamental! Tenha uma noção da parte administrativa e burocrática, por exemplo. Existem muitos cursos gratuitos online sobre isso por aí.
Outra dica é entender que as redes sociais são suas melhores amigas. No mundo globalizado de hoje, elas acabam sendo as melhores formas de você entrar em contato com o público, conversar com as pessoas que podem ser futuros clientes e saber o que elas pensam a respeito.
Infelizmente, vai existir muita desvalorização. Mas precisamos aprender a lidar com críticas, porque sempre vai ter gente para desmerecer seu trabalho, te marginalizar e diminuir. O importante é não deixar isso te abater! A sua vontade de crescer, de atingir seus objetivos e sonhos tem que ser maior que qualquer crítica. Claro que não podemos ignorá-las, porque às vezes é algo que está acontecendo. Mas, se não for, deixa para lá e segue. Acho que as mulheres precisam perder o medo de ingressar no desconhecido, no mercado de trabalho. Precisam começar a se arriscar!

JULIE: Qual é seu maior sonho com a Plante Arte? Você tem planos para o futuro com a loja?
RAIANNY: Como eu vendo por encomenda e entrego por transporte público, tenho muita vontade de transformar a loja em espaço físico. Agora não é o momento mais propício por conta do último ano da faculdade e trabalho, porque conciliar será difícil, mas tenho a ideia para os próximos anos.
Demais, né? Eu admiro muito o trabalho da Plante Arte por toda sua história, por tudo que a Raianny representa e por se posicionar contra tantas coisas erradas que vivemos no dia a dia. Arte também é política e também é resistência. Nos dias de hoje, precisamos disso!
Para conhecer e seguir a marca, não se esqueça de seguir a Plante Arte no Instagram e curtir a página no Facebook. Por lá, vocês podem conhecer os desenhos da Rai, fazer suas encomendas e acompanhar tudo sobre a marca!
E vocês? Já conheciam a Plante Arte? O que acharam da marca? Deixem nos comentários!