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  • Desenrole, dezenove

    Faço dezenove daqui há duas semanas. Ok, está cedo para escrever qualquer coisa sobre a idade. Eu sei. Mas só hoje, depois de muito tempo, eu me dei conta do tempo passando. Pra lá. Pra cá. Pra frente. Pra trás. Para o passado e para o futuro. Como se tudo pudesse viver junto, sabe? Não, eu também não sei.

    Sinto como se o tempo estivesse tirando uma com a minha cara. Ou talvez seja só meu pai com a razão de novo. Quem sabe? Apenas conheço esse vazio estranho. Aquela sensação de que tudo está indo embora e nada está ficando. Se é que algo vem. Mas vai. As vezes, tão rápido que nem percebo que chegou.
    Eu nunca tive essa mania de colocar em uma data o início de algo. Para mim, se eu queria ver algo acontecer, não era um dia que mudaria isso. Mas dessa vez tudo está diferente. Ou, talvez, seja só eu e essa mania boba de querer tudo para ontem. Ou de, simplesmente, querer.
    Pelo menos uma vez, acho que vou deixar para depois. Aproveitar os dezoito do jeito que ele sempre foi: paradinho, calminho e simples. Sem muitos altos. Mas sem muitos baixos, tampouco. Só normal. Morno. Pelo menos desta vez, vou me apoiar em uma data. Só dessa. Eu juro.
    Os dezenove estão chegando a cada letra, espaço e pontuação que digito. Cada vez mais perto. Acho que, no fundo, fica difícil aceitar. Mais difícil que os dezoito, admito. É como se os dezoito fossem só um túnel para chegar do outro lado. Como se fosse uma preparação para a vida de adulto que vem por aí. Ele trouxe a maioridade, mas é como se fosse só um preparo. Como se fosse um estágio e não um emprego fixo.
    Agora, ao colocar mais uma velinha no bolo (mãe, eu prefiro o de chocolate, viu?), é como se todos os medos e toda as complicações da vida de adulto batessem na porta do meu quarto. Como se eles estivessem dizendo que agora tenho que crescer. Não dá mais para se queixar da vida em meio a um rio de lágrimas nem pedir para a mamãe fazer aquela ligação que tenho tanta vergonha. Timidez e medos ficam para trás. Ou, pelo menos, embaixo de uma armadura invisível. Que seja. É hora de vestir a fantasia de adulto e sair pelo mundo. Dia 16 está chegando e nunca tive tanta incerteza de uma nova etapa.
    Que seja. Só quero que os dezenove não sejam tão enrolados nem tão mornos. Nem com o pé no passado. Nem com medo do futuro. Nem tão vazios, também. Se ele vem em meio de tantas dúvidas, que ele possa me provar que as incertezas podem se tornar força. Ou certezas. Quem sabe? Vou esperar até o dia 16. Lá me decido. Falta pouco, mesmo. Mas, se posso fazer um pedido antecipado, lá vou eu: dezenove, desenrole tudo o que está enrolado demais. Por favor. Combinado?
  • O que o iTunes não pode oferecer

    O dia 12 de outubro está quase aí e as lojas começam a ficar quase tão bonitas quanto Natal e Páscoa. Os objetos de sempre saem da vitrine e dão lugar a bonecas, laptop, CDs infantis e cores, muitas cores. 
    Só que outro dia, enquanto conversava com a minha mãe, percebi como são as crianças de hoje em dia. Atualmente, as garotinhas não ficam o mês todo esperando a mãe receber para comprar aquela Barbie legal. Ou, no caso dos meninos, aqueles postos cheio de bugigangas que eu nunca consegui entender. Ganhar a casa da Barbie não significa mais nada. E olha que, entre tantos outros sonhos, esse foi um dos que ficaram para trás. E só na vontade.
    Lembro que ganhei meu primeiro celular aos 10 anos e que, se eu não fosse estudar em uma escola longe de casa, teria sido bem depois. Ainda consigo ver minha avó indo na Pernambucanas e comprando um modelo bem antigo da Kyocera. Só fui saber que era meu depois que saímos da loja.
    Hoje, garotas mal entram na terceira série e já tem os “ai” da vida. É iPhone, iPad, iPod… E aí me pergunto: onde fica aquela magia que é a infância? Onde fica aquela ansiedade pela chegada do dia das crianças só pra ir na Ri Happy escolher quem vai ser sua nova “filha”? E aquela pseudo-liberdade de encontrar os amigos na rua – com as mães na porta de casa – e brincar de pega-pega, esconde-esconde ou qualquer outra brincadeira enquanto as mães conversam sobre os vizinhos e a novela das 9?
    Então descubro como eu era realmente feliz e não sabia. Enquanto na minha infância eu fiz amigos, as crianças de hoje só sabem criar – e destruir – amizades no Facebook. Enquanto eu ia para a escola só pra brincar na Educação Física, as crianças de hoje só se preocupam em chegar na sala e mostrar o novo aplicativo do iPhone.
    Sinto falta dos parquinhos lotados na praça do meu bairro. Sinto falta de ver crianças se sujando de lama no meio da rua. Sinto falta de ver a banca cheia de revistas de uma novela mexicana infantil. Sinto falta de ver o corredor de brinquedos das Casas Bahia cheio de crianças, e não o balcão de celulares e câmeras legais. Sinto falta de ver a nova geração puxando a saia da mãe porque quer colo, e não porque quer entrar na internet pelo celular.
    Acho que a verdade é que, quanto mais cresço, mais dou importância a momentos que, hoje em dia, não voltam mais. A infância que tive não vai voltar. As garotinhas de 10 anos não vão saber como é legal espalhar os brinquedos e as Pollys pelo quarto e depois ver seus pais arrumarem enquanto você foge pra casa da amiguinha. Os garotinhos não vão se sentir mais mecânicos que sabem tudo sobre carros. Os “pirralhos” não vão sentir mais aquela sensação de inocência, de fazer algo porque sente que é a hora e não porque a coleguinha já fez… A menos que, para tudo isso, exista um novo app super cool no iTunes. Porque, cá entre nós, até os adultos estão mais preocupados com a web do que com o sentido real da palavra “vida”.

    Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida no Depois dos Quinze.

  • O momento em que a gente cresce

    Crescer é um acontecimento inevitável da vida. Não digo somente no físico, como também sentimental. Nós passamos por momentos que nos ensinam como levar os dias, como agir em certas circunstâncias, entre outros. Porém, olhando para trás, a gente nunca percebe. E nunca sabemos quando isso tudo começou.
    A verdade é que não há um momento exato. Nós crescemos aos poucos, sem pressa. Tratando-se do corpo, a parte mais perceptível, nós conseguimos enxergar as mudanças. E lá no fundo, no coração, é onde tudo acontece de verdade. E é a parte em que nós (e muito menos os outros) menos compreendemos. 
    Não há como dizer que passamos a amadurecer em certo ponto. Não há um dia. Um mês. Um ano. As coisas acontecem devagar. São momentos da vida que nos tornam como somos e vai acumulando através do tempo. E acredite: você pode continuar baixinha daqui em diante. Mas seu interior continua mudando. Sempre.
    Foi após refletir sobre meus dezoito anos que cheguei a essa conclusão. Nós vamos estar em fase de aprendizagem para o resto da vida. Vamos continuar crescendo aos poucos. E, ao olhar para trás daqui alguns anos, iremos perceber o quanto mudamos. Novamente.
  • Pronta para Crescer?

    Um dia, ao acordar, percebemos que algo está diferente. Nosso corpo, nossa imaginação, nossos desejos e ambições… É como se ontem nosso desejo fosse a boneca do comercial na tv, que falava 200 frases e fazia xixi, e que hoje, se transforma naquela roupa super na moda que está na melhor loja do shopping.
    Indo muito mais que o material, crescer também muda os sentimentos: o amor continua, assim como a amizade, a vontade de diversão e descobertas. Porém, atualmente amor não é só de mãe, amizade não é só a coleguinha da escola, diversão não significa esconde-esconde e descobertas não tem nada haver com o sabor de um novo doce. Agora, amor se transforma em lágrimas, amizade se revela mais complicada, diversão é estar na balada do sábado e descobertas de novos sentimentos e experiências. Tudo mudou, e isso significa crescer.

    Crescer vai muito além do físico: não tem nada haver com o tamanho que os seios tem agora, nem com a altura que ganhamos e muito menos com a gordurinha que tanto nos tira do sério. Crescer também significa amadurecer, aprender e aplicar o que conheceu na vida. Crescer é ganhar responsabilidade, confiança e tarefas, saber lidar com novos sentimentos, perdas, ansiedades e curto prazo.

    Não vejo mais onde crescer em meu corpo: minha altura está de bom tamanho, e nada que fique maior vai me trazer mais bem estar. Porém, dentro de mim, onde sei que a importância é maior, ainda falta muita coisa, e tem muito, muito o que melhorar e aprender. Mas sei que isso só vai acontecer quando as experiências de meus dias se converterem em forças e sabedoria. E que venha as batalhas da vida, pois estarei pronta para enfrentá-las. Amadureci com meus erros e acertos, e isso eu nunca vou perder. Nunca!