Tag: sentimentos

  • Tudo o que não entendo

    Aproxime-me. Eu não tenho nenhuma doença contagiosa. Pelo contrário… Meu problema é aqui dentro. Meu problema é meu coração.
    Faz tempo que ele não bate direito. Já faz muito tempo que ninguém se importa com ele, tampouco. Parece que estou jogada pelo mundo, sem ninguém para estar ao meu lado quando eu acordar. Sinto que estou perdida, desolada, abandonada.
    Sinto falta daqueles tempos onde aqui dentro não tinha um vazio. Aliás, sinto falta de sentir qualquer coisa. Há muito tempo que estou sendo tratada como um nada. Há muito tempo que não escuto minha própria voz. Ninguém se preocupa de conferir se, por acaso, eu ainda a possuo.
    Tenho medo de não ter ninguém para secar minhas lágrimas quando houver dor. Tenho medo de ir embora e ninguém se preocupar. Tenho medo de não ter ninguém para segurar minha mão quando ela cair da maca. Tenho medo de ser só mais um corpo que não faz falta pelas ruas.
    Eu só quero entender os motivos de estar assim. Quero entender quais foram meus erros e se, por acaso, eu os cometi. Sei que tenho defeitos e sei que não sou perfeita… Mas também sei que não fiz nada para merecer a solidão.
    Só peço um pouco de compreensão. Os anos já ficaram para trás e eles não são poucos. Antes de me julgar, tente olhar para trás e ver o que fiz de tão mal. Tenho certeza que não há nada.
    Apenas não me deixe sozinha aqui, deitada numa cama qualquer e cercada por essas paredes nada aconchegantes. Não quero ficar aqui apenas tendo rostos desconhecidos como família. Quero a minha verdadeira. Quero sentir o carinho que emana dela. 
    Ou, pelo menos, sentir que sou querida e amada ao invés ser um peso.
  • Contando uma canção: Tentando ter você de novo

    Entrei em um táxi, apressada, apenas com um pensamento em mente. Entreguei um dos papéis que estava em minha mão ao motorista e pedi que me levasse àquele endereço. Ele assentiu e ligou o carro.
    Sabia que a viagem não era curta e foi com impaciência que passei todos aqueles minutos. Enquanto outros carros corriam lá fora, tentei lembrar dos últimos minutos que passei ao lado de Daniel. Gritos, lágrimas, adeus… Erros. Sempre eles.
    Tentei ignorar suas razões. E eu sabia que elas eram muitas. Não consegui conter o choro enquanto corria – desesperada – para sua casa, tentando fazê-lo voltar mais uma vez. 
    Automaticamente, lembrei de nossos momentos juntos. Minha mente se encheu de lembranças de dias melhores, onde escrevíamos nossos nomes na areia da praia ou até corríamos para o mar. Sorri com todas essas memórias que, se tivesse azar, seriam apenas isso. Memórias.
    O carro parou no semáforo. Ansiosa, não conseguia parar de balançar os pés. Eu queria chegar na casa de Daniel logo. Eu precisava dizer tudo o que estava guardado… 
    Indiquei um atalho ao motorista e ele seguiu sem falar nada. Depois de alguns minutos (que me pareceram horas), cheguei à porta de Daniel. Paguei o taxista, desci do carro e respirei fundo. Já estava ali, agora era só fazer o que preparei durante o caminho inteiro.
    Bati na porta três vezes antes de, finalmente, Daniel vir ao meu encontro. Ele me olhou de um jeito estranho, uma mistura entre raiva, mágoas e um sorriso forçado. Tentei retribuir antes de entrar na sala.
    – O que faz aqui, Mary? – perguntou. 
    Hesitei por um instante e me fiz a mesma pergunta. Antes de responder, respirei fundo novamente. Por qualquer coisa, eu poderia cair aos pedaços ali mesmo.
    – Vim pedir desculpas. – olhei em seus olhos antes de completar – Estou arrependida, Daniel.
    Ele ignorou e virou para o lado. Cheguei mais perto e coloquei um papel em sua mão. Ele apertou-o antes de abrir e leu em voz alta:
    Eu estava invadindo seus segredos? Eu estava perigosamente perto? Você está me afastando quando eu quero entrar.

    Em sua voz, tudo pareceu mais idiota do que já era. Minha vontade era sair correndo, dizer-lhe que era um engano e que eu não deveria nem estar ali. Mas não conseguia… Se fizesse isso, estaria mentindo.
    – Mary… – disse, olhando para o fundo da sala – Eu não sinto nada por você. Nada mais. Vá embora… Me esqueça. Você merece alguém melhor e sabe disso.
    – Então você vai me deixar agora? – perguntei, quase desabando. – Logo agora quando mais preciso de um alguém? De você?
    Daniel não respondeu. Apenas pegou minha mão, beijou minha testa e me levou até a porta. Antes de fechá-la, devolveu-me o papel que havia lhe entregado. Fiquei ali parada por alguns segundos até me dar conta de que tudo isso não tinha adiantado em nada.
    O tempo tinha mudado. Agora uma chuva gelada cobria meu rosto. Andei pelas ruas apenas deixando aquelas gotas purificarem os sentimentos confusos que estavam dentro de mim no momento. Finalmente, após algumas esquinas vazias, encontrei um taxista. Dei-lhe meu endereço e fui embora. 
    Antes mesmo de passar duas ruas, meu rosto se encharcava de lágrimas. Lágrimas cheias de dúvidas sobre os sentimentos verdadeiros de Daniel… Sentimentos estes que eu nunca vou conhecer.
    Contando uma Canção nasceu enquanto escutava exatamente a música que me inspirou no texto (Too close for comfort do McFLY). Imaginei uma história assim e, de repente, lá estava eu escrevendo-a com base na canção. Então pensei como seria legal ler histórias baseadas em músicas que os leitores curtem… E daí nasceu a tag!
    Para participar é fácil: 
    ♥ 1. Escolha uma canção qualquer. Ela pode ser internacional ou nacional e falar sobre qualquer assunto.
    ♥ 2. Poste em seu blog/Tumblr um conto ou crônica ou texto inspirado na música. Não é obrigatório, mas tente colocar um ou dois trechos da canção e seguir o que ela conta. Você pode acrescentar fatos, ocultar alguns… O importante é manter a essência. Ah, e o título não precisa ter o mesmo nome da música, viu?
    ♥ 3. No final do post, cole a frase: “Eu amo esta música (nome – intérprete) e me inspirei nela para a tag Contando uma Canção do blog Julie de Batom” (não esqueça de deixar o link). Substitua o que está entre os parênteses pelo nome da música e quem a interpreta. Por exemplo: Too close for comfort – McFLY.
    ♥ 4. Comente NESTE post com os seguintes dados: seu nome, o nome do seu texto e o link dele.
    ♥ 5. Serão escolhidos DOIS textos que serão postados no JDB, cada um em uma semana.

    Vale lembrar que a tag acontece a cada duas semanas. Ou seja: vocês podem enviar seus textos até 10 de novembro. 

    E vocês? Curtiram a novidade? Vão participar, né? Conta pra gente!
  • A vida em foco

    Eu procurei por muito tempo. Vasculhei em todos os cantos. Meti-me por caminhos desconhecidos e me perdi tentando encontrar alguma coisa que fizesse tudo valer a pena. Dei muita razão para o amor e esqueci de aproveitar o que estava a minha volta.
    O tempo passou. Deixei o mundo me guiar e os sentimentos foram ao meu lado. Nas estradas que percorri, apenas consegui contemplar um borrão de várias cores que ficaram para trás sem ter nenhum sentido. Meus dias passaram a ser assim: desfocados. Como se eu tivesse perdido meus óculos há muito, muito tempo.
    Perdi a vida tentando encontrar um motivo para vivê-la. Deixei de ser feliz para encontrar a felicidade. Ou, pelo menos, o que achei que fosse a minha. Não aproveitei a tranquilidade das estradas e tampouco descansei da viagem sob uma árvore e sombra fresca. A vontade de terminar o caminho deixou-me por completo… Eu não queria mais chegar ao final. Agora a única coisa que importava era aproveitar os meios.
    Parei de procurar e comecei a me surpreender. Aprendi comigo mesma – e com todos os erros que cometi – a não criar expectativas. Aprendi a não achar que o amor estava nos lugares que pensei que estaria. Cansei de correr atrás dele. Comecei a esperá-lo e a deixar que, pelo menos uma vez, ele viesse atrás de mim. E com tudo isso (e mais umas feridas nos joelhos com tantos tombos) entendi que, quando as coisas aparecem ao acaso, elas são mais sinceras. E duram bem mais.
    Também passei a aproveitar cada minuto. Abandonei meus medos e preparei meus escudos. Passei a não me importar com as feridas. Pelo contrário: atribui uma história à cada uma delas sem me preocupar em curá-las. E sem me preocupar se eram machucados visíveis ou não.
    Tudo isso me ensinou que o tempo sempre estará certo e que, quando algo não é para acontecer, não adianta forçar. O destino sabe o que fazer com as escolhas que tomamos. É só depois de muitas lágrimas e muitos tombos que reconhecemos sua razão. E, consequentemente, é só depois de quebrar (muito) a cara que o tempo nos mostra do quanto ele nos livrou.
    E, assim, deixei de passar pela vida apenas com uma visão borrada dela. Ajustei meu foco, preparei meus sentidos, fiz as malas e saí por aí a procura de tudo o que perdi. Só que, desta vez, registrando tudo e sem deixar nada me escapar.
    Da autora: este texto foi escrito para o De Ponto em Conto, um blog criado por mim e mais três colegas da faculdade. A ideia é praticar tudo o que aprendemos em sala de aula. Então, vocês podem esperar por muitos contos, crônicas, textos e coisas do tipo. A equipe está bem diversificada e atende a todos os gostos. Espero que vocês passem por lá e confiram o que já postamos. Beijos, Julie <3
  • Nossas idas e voltas

    As vezes acho que nós nunca vamos dar certo, sabia?
    Lembro da primeira vez em que nos conhecemos. Você estava vestindo a camisa que, mais tarde, eu descobriria ser a de sempre. Eu estava usando minhas manias e meu batom favorito. Nós dois estávamos deslocados. Opa! Primeira coincidência.
    Desde então nós descobrimos outras. E com elas vieram as diferenças, também. Você curtia aquelas músicas que meu vizinho colocava no último volume. Eu odiava todas elas. Eu tinha um vício por livros. Você nunca se importou com eles. Você era o tipo perfeito de garoto que não liga pra nada. E eu vivia em uma montanha russa que não parava de mudar de altitude.
    E nem todos esses motivos eram capazes de evitar os beijos após as discussões. Era assim sempre. Eu gritava. Você tentava me acalmar. Eu ficava louca. Aí seus lábios encontravam os meus e eu nem lembrava mais o motivo de tantos palavrões.
    Nós poderíamos continuar assim, seguindo em frente e tentando dar certo. Mas às vezes sinto que temos mais motivos para ir do que para voltar. As voltas se tornaram menos frequentes que as idas. E amor não se resolve em um vai e vem. Ou vai. Ou vem.
    As nossas idas e vindas são improváveis. Eu vou. Você me puxa de volta. E nós nunca conseguimos entender o que, afinal, falta para nos levar em frente. Nós dois. Juntos. Assim como um só.
    Só que, a cada vez que retorno para seus braços, parece que meu coração se estufa e sente que nunca mais vai estar tão confortável assim. É como se eu não pudesse viver sem saber que sempre terei para onde voltar.
    É… As vezes acho que nós nunca vamos dar certo.

    Aí vem você e rouba de mim o que ninguém nunca conseguiu ter. Meu coração.
  • O que o iTunes não pode oferecer

    O dia 12 de outubro está quase aí e as lojas começam a ficar quase tão bonitas quanto Natal e Páscoa. Os objetos de sempre saem da vitrine e dão lugar a bonecas, laptop, CDs infantis e cores, muitas cores. 
    Só que outro dia, enquanto conversava com a minha mãe, percebi como são as crianças de hoje em dia. Atualmente, as garotinhas não ficam o mês todo esperando a mãe receber para comprar aquela Barbie legal. Ou, no caso dos meninos, aqueles postos cheio de bugigangas que eu nunca consegui entender. Ganhar a casa da Barbie não significa mais nada. E olha que, entre tantos outros sonhos, esse foi um dos que ficaram para trás. E só na vontade.
    Lembro que ganhei meu primeiro celular aos 10 anos e que, se eu não fosse estudar em uma escola longe de casa, teria sido bem depois. Ainda consigo ver minha avó indo na Pernambucanas e comprando um modelo bem antigo da Kyocera. Só fui saber que era meu depois que saímos da loja.
    Hoje, garotas mal entram na terceira série e já tem os “ai” da vida. É iPhone, iPad, iPod… E aí me pergunto: onde fica aquela magia que é a infância? Onde fica aquela ansiedade pela chegada do dia das crianças só pra ir na Ri Happy escolher quem vai ser sua nova “filha”? E aquela pseudo-liberdade de encontrar os amigos na rua – com as mães na porta de casa – e brincar de pega-pega, esconde-esconde ou qualquer outra brincadeira enquanto as mães conversam sobre os vizinhos e a novela das 9?
    Então descubro como eu era realmente feliz e não sabia. Enquanto na minha infância eu fiz amigos, as crianças de hoje só sabem criar – e destruir – amizades no Facebook. Enquanto eu ia para a escola só pra brincar na Educação Física, as crianças de hoje só se preocupam em chegar na sala e mostrar o novo aplicativo do iPhone.
    Sinto falta dos parquinhos lotados na praça do meu bairro. Sinto falta de ver crianças se sujando de lama no meio da rua. Sinto falta de ver a banca cheia de revistas de uma novela mexicana infantil. Sinto falta de ver o corredor de brinquedos das Casas Bahia cheio de crianças, e não o balcão de celulares e câmeras legais. Sinto falta de ver a nova geração puxando a saia da mãe porque quer colo, e não porque quer entrar na internet pelo celular.
    Acho que a verdade é que, quanto mais cresço, mais dou importância a momentos que, hoje em dia, não voltam mais. A infância que tive não vai voltar. As garotinhas de 10 anos não vão saber como é legal espalhar os brinquedos e as Pollys pelo quarto e depois ver seus pais arrumarem enquanto você foge pra casa da amiguinha. Os garotinhos não vão se sentir mais mecânicos que sabem tudo sobre carros. Os “pirralhos” não vão sentir mais aquela sensação de inocência, de fazer algo porque sente que é a hora e não porque a coleguinha já fez… A menos que, para tudo isso, exista um novo app super cool no iTunes. Porque, cá entre nós, até os adultos estão mais preocupados com a web do que com o sentido real da palavra “vida”.

    Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida no Depois dos Quinze.

  • Cortinas – e máscaras – ao chão

    Incrível como pude ser tão trouxa a ponto de acreditar em tudo o que vi. Esqueci que, na verdade, nem sempre o externo é a versão oficial. Todos nós somos enganados, diariamente, por gestos, palavras e sinais, que conseguem ser tão falsos quanto quem se utiliza deles.
    Dizem que só o tempo e a convivência são capazes de definir alguém. Engano. Tempo não significa nada. Convivência não significa nada. Você é cheio de máscaras, cheio de caras diferentes e se abusou delas para me enganar. É como se você possuísse uma centena delas… Cada uma feita, especialmente, para envolver cada um que te cerca. E essa máscara criada sob medida, com meus gostos, com minha cor favorita e meus enfeites preferidos, me envolveu a ponto de nem me conhecer mais… Tudo feito para me prender e me enganar, me fazendo até duvidar daqueles que conheciam sua verdadeira face. Seu verdadeiro eu.
    É… achei que aquela era a sua única – e a verdadeira – versão. Quando, na verdade, você é apenas um personagem (com muitas máscaras) desse grande teatro que é a vida.
    Sua peça já está me deixando farta. Ela me enoja, não consigo mais assisti-la. Resolvi me levantar e ir embora… Não faço mais parte do seu público e me excluo do seu elenco. Quero o papel principal em uma história só minha. 
    Sua atuação foi ótima, mas o espetáculo em si é uma merda. Fique aí com seu roteiro, com suas falas e com suas farsas. Afinal, tudo já chegou ao fim: suas luzes se apagaram, sua cortina está no chão. E você, querido, foi pego. Trate de ensaiar melhor na próxima vez… Ou abandone seus personagens. Chega uma hora que a vida fica chata com tanta atuação, com tanta mentira. 
    Para todo caso… Aqui estão seus aplausos. Não por ter sido bom, mas por ter, finalmente, terminado essa porcaria. Espero que se sinta satisfeito e encontre outros tolos para apagar o brilho que você não tem. E lembre-se: na próxima vez que for mentir, assegure-se que não há espiões em seu público. Forme-o somente com pessoas burras e influenciáveis. Você me enganou, mas foi por pouco tempo. Agora, fique com o final dessa história mal escrita. Minha crítica foi feita, meu adeus foi dito. Mas o gran finale fica por minha conta: interferi em sua peça, modifiquei o enredo e descobri suas mentiras antes de me deixar levar. Então, chega… Essa merda acabou para você. E, principalmente, para mim.
  • Viva seus sonhos

    Eu sempre fui muito sonhadora e, acredite, essa é uma das minhas características mais fortes. Desde pequena, quando nem conhecia todos os significados da palavra “sonhar”, eu já tinha vários desejos diferentes. Queria ser cantora, queria ser dançarina. Queria estar em um palco, cantando para uma multidão que cantava junto comigo. Queria estar passeando pelo Canadá ou por Londres… Queria muito, e queria com uma intensidade incrível.
    Óbvio que, com o tempo, os sonhos mudaram. Alguns se perderam no caminho – como cantar, que é algo que amo mas sei que não faço bem. Outros ainda estão na minha wishlist da vida. É aquela vontade louca de querer tudo, não poder ter mas, lá no fundo, saber que pode acontecer. Sonhar nos dá a oportunidade de querer sempre mais. De correr atrás do que desejamos. Sonhar abre portas. Dá oportunidades… E, acima de tudo, alimenta a mente, a alma e o coração.
    Porém, sei que muitos sonhos parecem impossíveis. Mas é isso que nos torna diferentes: acreditar. Quando temos fé e confiamos em nós mesmos, conseguimos chegar onde queremos. Basta ter fé, ter persistência e querer.
    E não tenha medo de correr atrás. Queira mais e queira sempre. Não se sinta ambicioso por ter tantos sonhos. Por querer tanto. Como dizem por aí: nada é errado se te faz feliz. Se ter um sapato caro, se viajar para o Japão ou se ganhar um novo computador vai te trazer essa felicidade, não se sinta mal por desejá-los. Cada um tem seus próprios sonhos, sua própria maneira de ser feliz.
    Apenas lembre-se de viver com os pés no chão. Sonhar é tudo de bom… Mas viver somente em suas ilusões não vai trazer seus desejos até você. Sonhe. Imagine. Deseje.  Só não viva em seus sonhos. Viva seus sonhos. E continue sempre sonhando… Não deixe nada tirar isso de você. Sonhar nos faz lembrar que o mundo ainda pode ser um lugar melhor. Que a vida é linda e que há outros caminhos para percorrer. Sonhar é ter, nem que seja lá no fundo, aquele lado criança. Não permita que ele morra. Tenha-o sempre consigo… Ele, a magia e os sonhos. Sempre!
  • Desabafo: eu, eu mesma… E eu de novo

    Antes de tudo, quero me desculpar pelo conteúdo do texto. Vocês não são culpados da minha mudança de humor… E confesso que ando abusando-os demais com meus problemas. Mas é como eu sempre digo: considero-os meus amigos. Meus confidentes. E é no blog que eu falo sobre tudo… Principalmente sobre mim.
    Ultimamente ando me sentindo estranha. Pensativa demais. Minhas mudanças de humor estão me sufocando e quase não consigo respirar com elas. Um dia, estou forte. Outro pareço um bebê chorão. Às vezes mal posso me olhar no espelho. Minha auto estima não anda tão alta assim. E quer saber? Essa variação me sufoca, também.
    Nunca fui a pessoa mais confiante do mundo. Em nada. Às vezes aparento ser forte só para não magoar quem amo. E acabo magoando a mim mesma. Preciso apenas de um colo, de um ombro, para encostar a cabeça e chorar, desabafar e receber palavras de conforto, de carinho. Preciso sentir que não estou sozinha. Que não dou mais do que recebo… É tanta coisa em minha cabeça no momento que mal consigo diferenciar o bom do ruim. Ou do indiferente. É como se cada dia fosse apenas mais um dia, sem nada novo. Só a rotina e suas consequências.
    E ainda tem aquela parte da crítica. Quando ela vem de fora, posso me segurar que não me importo. Aprendi a lidar com elas desde que percebi que, mais que ninguém, eu sou a única que me conheço perfeitamente. Mas há momentos em que não preciso de ninguém para fazer um comentário maldoso. Basta me olhar no espelho, ou olhar qualquer coisa que eu faça. Odeio isso… E quer saber? Não faz bem nenhum. Principalmente porque sei que é coisa minha. É a droga da autocrítica, que fere mais que qualquer coisa.
    Tem ainda aquele lance de querer ser algo na vida. De não passar por aqui só para ocupar espaço… E aí penso: o que eu estou fazendo com meus dias? Só saio de casa para ir à faculdade. Fim de semana se resume em internet, dormir, comer e esperar a segunda-feira. Ando exausta… E não é uma exaustão física. É íntima. 
    “Ah… Droga, olha o que eu estou falando!” Eu não tenho o que reclamar da minha vida. Umas espinhas no rosto, uma barriguinha a mais e óculos não deveriam ser motivo para se colocar pra baixo. Engraçado que eu sei disso… Mas é incrível como, a cada vez que me olho no espelho, não me sinto feliz. Miro em meus próprios olhos e não enxergo mais o brilho daquela garota de 15 anos cheia de sonhos para se cumprir que fui. No passado, eu sonhei tanto. Na idade em que me encontro (18), eu já deveria ter arriscado mais. Vivido mais. Realizado meus sonhos.
    E talvez seja isso: sonho muito. Vivo pouco. Tá na hora de inverter isso aí…
  • Os passos que dei até aqui

    Já faz algum tempo que minha vida mudou de um jeito que nunca imaginei. Num piscar de olhos – quase que literalmente – saí da escola, terminei um curso de Espanhol após 3 anos, comecei o de Inglês, entrei no técnico de Informática para Internet, tive que sair, comecei a faculdade dos meus sonhos… Confesso que, se há alguns anos, alguém do futuro me contasse que estaria vivendo algo assim, eu desligaria o telefone na hora pensando ser um trote.
    Nunca tinha parado para pensar como os últimos anos passaram tão rápido. Incrível como meu pai tinha razão – e eu pensei que nunca diria isso. Depois dos 15, tudo voa. Este é o melhor momento pra fazer tudo o que sonhamos. E, principalmente, fazer as escolhas que vão nos acompanhar para sempre.
    Agora que estou aqui, após 18 anos, 2 meses e 1 dia, percebo como eu deveria ter escutado meu pai. Ele sempre teve razão: as semanas voam, o tempo passa e a gente nem percebe. E é curioso como isso se aplica a este momento. É como se os anos avançassem e eu permanecesse a mesma garotinha de 14 anos. Tímida, curiosa, em um lugar novo, em busca de amigos novos, tentando não se distanciar dos antigos e fazendo de tudo para manter o coração em paz.
    É neste clima que me encontro agora: tentando buscar, lá no fundo, em algum lugar desses anos, tudo o que perdi para me isolar. Tentando rever os amigos que deixei de ganhar para me aventurar em minhas ilusões. Tentando perceber o mundo que me encontro agora. E olha… Ele é bem diferente daquele que imaginei – e vivi – até pouco tempo.
    Fazendo uma pequena respectiva da minha vida, vejo como deixei de dar valor ao que, hoje, sinto falta. Os passos que dei até aqui me fizeram perceber como nunca é tarde para (re)começar… A vida é rápida? Eu sei. Mas é como dizem por aí: antes tarde do que nunca. E essa é uma regra que se aplica a tudo. A amizade. A vida. Ao amor…
  • O vazio que permaneceu

    Mais uma folha em branco, milhões de pensamentos em minha mente e um coração confuso. São tantas coisas no momento que mal posso decidir por qual começar… Quero preencher o vazio – da folha, de mim – de alguma maneira. Mas está quase impossível. As palavras estão presas e eu mal posso encontrar algo que me complete.
    O silêncio é quebrado pela TV. No momento, histórias inventadas, personagens irreais e cenas que só acontecem em novelas preenchem o vazio que se instala aqui dentro. Lá fora, apenas o nada. A escuridão e a sensação do vazio. Do isolamento.
    É um vazio bom. Um vazio inesperado. Um vazio que pensei que não fosse existir. Na verdade… É um vazio bem vindo. Ele se instalou aqui para não deixar que as mágoas tomassem seu lugar. Antes o vazio. Aprendi a conviver com ele.
    Mas é incrível a ironia que se formou. Há pouco, o vazio era uma dúvida. Ele ansiava por respostas. Por preenchimento. Ele queria acabar com suas perguntas… E após todas serem esclarecidas, permaneceu lá. O mesmo vazio. O vazio das certezas.
    E ainda existe um pedaço desse vazio que anseia por continuação. Um vazio que nunca se sente satisfeito. Que precisa de mais… Um vazio que vai continuar cheio de dúvidas. Querendo respostas. Querendo conhecer o futuro. O que virá.
    Um vazio que, querido… Ainda vai me dar muita dor no coração. Na alma.