Faz tempo que eu não abro uma página em branco apenas para escrever o que vem à minha mente.
E prometi a mim mesma que faria isso sem muita edição. Abri a página do blog, criei um novo post e estou escrevendo o que dá na telha. Sem lapidar pra ficar poético ou bonito, sabe?
Até porque o cru também pode ser belo.
Eu não explicar em que parte do meu caminho eu parei de abrir meu coração aqui. Era um hábito fácil, leve, benéfico. Algo acontecia e, imediatamente, eu tentava compreender por meio de palavras – as minhas próprias. Nunca foi um fardo. Pelo contrário. Era… natural.
Tá, eu sei que a vida ficou confusa. Tivemos uma pandemia que alterou a nossa rotina, corpo e mente para sempre. O que antes era apenas um www no navegador se tornou dezenas de aplicativos com formatos, linguagens e conteúdos diferentes.
Ao mesmo tempo que existem tantos terrenos pra explorar, o espaço foi ficando cada vez mais curto. E como entender o que sentimos quando o algoritmo nos obriga a ter sempre algo pra dizer?
O sentimento e criatividade também são sensíveis em meio ao caos.
Mas não foi só isso. Por mais que o cenário não seja tão promissor, o ambiente interno também tem seu espaço de responsabilidade. Faltou o que dizer. Faltou me entender. Faltou sentir.
A vida se complicou, ao mesmo tempo que parecia se ajeitar. Tentei correr do que alguma versão minha do passado sonhava. E me encontrei em uma realidade onde só sobrou frustração. O tempo foi embora. E tudo que (não) vivi também. Como a gente recupera a única coisa que é irrecuperável?
Sonhos antigos voltaram. Vontades passageiras se foram. Frustrações novas e antigas viraram uma bola de neve. O que parecia bom já não era suficiente. O que parecia suficiente já não era tão benéfico.
E, quando percebi, tinha deixado de sentir. Tinha perdido partes de mim que eu julgava essenciais. Mas como encontrar em meio à imensidão que somos?
Eu não tenho respostas. Mas venho tentando encontrar soluções, mesmo quando a falta de vontade é grande. Não é fácil construir hábitos, principalmente quando se perdem em meio à rotina. Mas eu já fui assim em algum momento – e não era tão difícil. Se posso estar lá pelos outros, talvez, eu consiga por mim também.
Estou (re)começando por aqui. Aos poucos. Com um pouquinho de obrigação no início, confesso. Porém, com vontade de encontrar, por meio de páginas, palavras e até sentimentos, quem já fui um dia.
Não é uma trajetória rápida. Muito menos fácil. Mas posso tentar. E, no fim do dia, isso já não é válido?
1 Comment
Que saudade da blogosfera! Onde a gente tratava tudo isso aqui como um diário, e uma grande comunidade de amigos <3. Nada contra posts bem produzidos, mas eu sinto falta demais das amizades que fiz através desse "meiozinho" maravilhoso <3. Foi bom ler e sentir através do seu POST Ju, a essência do que era tudo isso aqui.
Eu sei que não tem como querer que a blogosfera, seja novamente o que já foi. São outros tempos, outras coisas estão "mais em alta", mas sinto falta dessa comunidade <3.