
É estranho olhar para o bloco de notas e se sentir tão completa a ponto de não ter o que dizer. Tento me distanciar das lembranças, mas elas insistem em aparecer sempre que penso em transformar o que sinto em palavras. Estranho. Nunca fui tão completa e isso ainda é novo para mim. O culpado? Você, talvez. Mas acho que meu coração merece umas broncas, também. Ele anda desobediente demais nesses últimos tempos. Tão desobediente que deixou você entrar.
Ainda lembro do primeiro dia que você puxou conversa no Facebook e comentou um dos meus projetos. Nós conversamos por pouco tempo, mas o pouco permaneceu durante os dias. Quando percebi, lá estávamos nós com o celular na mão, com o bate-papo aberto e conversando até 5h da madrugada. Meu coração estava rodeado de muros na época e eu poderia jurar que eles permaneceriam por aqui para sempre.
Talvez ainda existam. Mas você deu seu jeitinho de contornar a situação. Construiu uma porta, entrou e foi aperfeiçoando a obra. Fez uma janela, derrubou um muro e tornou meu coração um lugar mais habitável e limpo. Usou o local por uma ou duas vezes, só de passeio.
Aí resolveu ficar. Te entreguei as chaves permanentemente, sabendo que dali não iria sair tão cedo.
Ainda lembro de tudo que você me disse e sei que cada palavra foi verdadeira. Lembro dos nossos abraços, nossos beijos e das vezes que você entrelaçou nossos dedos. Até hoje, meu coração ainda bate meio assim quando você sorri. Piegas? Até pode ser. Mas é verdadeiro. Cada frase.
Queria te dizer como esses últimos meses estão sendo para mim. Por aqui as coisas mudaram muito. Pra melhor. Cada dia que passamos juntos é como uma caixinha de surpresas, onde cada vez que abro encontro algo incrível. Às vezes, em você. Outras, em mim. Achava que era feliz sozinha, mas você me mostrou que faltava um pedacinho, que poderia melhorar ainda mais.
E você foi a parte que fez tudo melhorar.
Você tapou os buracos que eu desconhecia a existência. Trouxe luz aos locais que eu nem imaginava serem sombrios. Me deu mais motivos para sorrir do que poderia julgar ter um dia. Fez as borboletas retornarem ao meu estômago – e elas me lembram que existem a cada vez que você está por perto.
Por mais piegas que possa parecer ou ser, você mudou muita coisa por aqui. A começar pelo brilho dos meus olhos. Até mesmo o meu sorriso. E, principalmente, aquela parte de mim que insistia em não sei arriscar: o meu coração.
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