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Essa coisinha chamada amor
Você me abraçou naquela noite fria de segunda-feira e me ofereceu seu casaco. Não precisei dele. Estava no melhor abrigo de todos. Agarrei seus braços e acariciei seus cabelos enquanto nossos corações cuidavam da trilha sonora. Acho que o meu alterou algumas notas e subiu o tom em alguns momentos.Cara, você tem o poder de mudar as coisas por aqui. Mudou meu sorriso. Mudou minha forma de ver – e sentir – o amor. Mudou meu rumo. Meus sonhos. Meus planos. Tornou tudo tão mais fácil e simples que me pergunto porque compliquei tanto até hoje. Se soubesse o quanto a vida era melhor ao seu lado, teria esbarrado em você bem antes.Mas talvez essa seja a graça da coisa: nada de apressar nem prever o que virá. Se tem algo que você me ensinou é que tudo funciona melhor se deixamos rolar. Nosso chat de setembro se tornou uma conversa sem fim. Em janeiro deixou de ser só desejo para se tornar um beijo no meio da tarde. Um beijo levou a outro e se tornou um eu te amo em março. Você me ganhou aos pouquinhos e deixei que se tornasse o maestro do meu coração. Te permiti comandar as batidas, as alterações, as notas. E garanto que o concerto ficou bem melhor desde que você o assumiu.Eu nunca amei ninguém dessa forma e, até certo tempo atrás, jurava de pé junto que isso nunca iria acontecer comigo. Aí veio você com suas artimanhas e me mostrou que a vida pode surpreender se nós a permitimos. Foi difícil me jogar, mas você me deu a mão e garantiu que tudo daria certo. Deu. E continua assim.Hoje eu cheguei em casa com o seu cheiro, um sorriso nos lábios e uma vontade de expressar o quanto você é especial para mim. Escrevi demais e deixei meus sentimentos me guiarem. Já passam de 3h da madrugada e eu continuo tentando explicar algumas coisas que eu gostaria que você soubesse.E lá vou eu me arriscar.Eu amo quando você sorri e diz que nunca se sentiu dessa forma. Amo quando compartilhamos Trento de chocolate e ficamos com os rostos sujos. Quando você me oferece seu casaco sem saber que meu agasalho favorito é seu abraço. Eu amo quando você sussurra que me ama e beija meus lábios. Quando toca minha pele, elogia meu cabelo e o que estou usando. Amo quando você reclama da minha mania de só pedir milk-shake de Ovomaltine, tentando me convencer de que outro sabor é melhor (mas sempre se rende ao meu mimimi e deixa que eu opte pelo de sempre). Eu amo quando você tenta me levar no colo e jura que consegue me aguentar até a esquina. Quando finge que sou mais baixa. Quando me envia SMS de bom dia e me faz sorrir no ônibus. Amo quando insiste em me elogiar, mesmo se não fiz nada de diferente. Quando aceita minhas gordices. Quando cala minha boca com um beijo e me faz esquecer como respirar. Amo quando me deixa inspirada para escrever, sorrir e viver. E quando, no fim da noite, me faz ansiar pelo amanhã para reviver essa coisinha chamada amor. De novo, de novo, de novo e de novo… -
O que me faz feliz
É engraçado como a vida é. De uma hora para outra, ela resolve alterar todo o roteiro. Nós, meros atores desse grande filme, ficamos achando que a cena será monótona e sem graça, até que tudo muda e as coisas começam a melhorar. Assim mesmo, de uma hora para outra. Do nada. Em qualquer instante.Uma vez, me disseram que o primeiro passo para ser feliz é encontrar essa felicidade dentro de você. Dito e feito. Precisamos estar bem com a gente mesmo para, depois, ficar bem com as outras pessoas. É como se fossemos uma casa e uma visita estivesse chegando. Temos que deixar tudo organizadinho, certo? Funciona assim com os sentimentos, também.Esses dias, me peguei pensando nas coisas que, atualmente, tornam minha vida melhor. Coisas simples, do dia-a-dia, mas que me arrancam sorrisos e suspiros por aí. Coisas até pequenas pra quem lê, mas que fazem a maior diferença quando estou passando por um dia chato. Até porque a felicidade se encontra, muitas vezes, justo naquele cantinho que esquecemos de procurar ou que ignoramos na busca. Né?Lembrando que a ordem não importa, tá? Até porque algumas coisas me fazem mais felizes que outras dependendo o dia 😉Agora, que tal me contar o que faz você feliz? Vale ser por comentário ou até em um post no seu blog. Compartilhem suas alegrias comigo, também! <3 -
Piegas
É estranho olhar para o bloco de notas e se sentir tão completa a ponto de não ter o que dizer. Tento me distanciar das lembranças, mas elas insistem em aparecer sempre que penso em transformar o que sinto em palavras. Estranho. Nunca fui tão completa e isso ainda é novo para mim. O culpado? Você, talvez. Mas acho que meu coração merece umas broncas, também. Ele anda desobediente demais nesses últimos tempos. Tão desobediente que deixou você entrar.
Sorte que, às vezes, algumas rebeldias acontecem para o bem.Ainda lembro do primeiro dia que você puxou conversa no Facebook e comentou um dos meus projetos. Nós conversamos por pouco tempo, mas o pouco permaneceu durante os dias. Quando percebi, lá estávamos nós com o celular na mão, com o bate-papo aberto e conversando até 5h da madrugada. Meu coração estava rodeado de muros na época e eu poderia jurar que eles permaneceriam por aqui para sempre.
Talvez ainda existam. Mas você deu seu jeitinho de contornar a situação. Construiu uma porta, entrou e foi aperfeiçoando a obra. Fez uma janela, derrubou um muro e tornou meu coração um lugar mais habitável e limpo. Usou o local por uma ou duas vezes, só de passeio.
Aí resolveu ficar. Te entreguei as chaves permanentemente, sabendo que dali não iria sair tão cedo.
Ainda lembro de tudo que você me disse e sei que cada palavra foi verdadeira. Lembro dos nossos abraços, nossos beijos e das vezes que você entrelaçou nossos dedos. Até hoje, meu coração ainda bate meio assim quando você sorri. Piegas? Até pode ser. Mas é verdadeiro. Cada frase.
Queria te dizer como esses últimos meses estão sendo para mim. Por aqui as coisas mudaram muito. Pra melhor. Cada dia que passamos juntos é como uma caixinha de surpresas, onde cada vez que abro encontro algo incrível. Às vezes, em você. Outras, em mim. Achava que era feliz sozinha, mas você me mostrou que faltava um pedacinho, que poderia melhorar ainda mais.
E você foi a parte que fez tudo melhorar.
Você tapou os buracos que eu desconhecia a existência. Trouxe luz aos locais que eu nem imaginava serem sombrios. Me deu mais motivos para sorrir do que poderia julgar ter um dia. Fez as borboletas retornarem ao meu estômago – e elas me lembram que existem a cada vez que você está por perto.
Por mais piegas que possa parecer ou ser, você mudou muita coisa por aqui. A começar pelo brilho dos meus olhos. Até mesmo o meu sorriso. E, principalmente, aquela parte de mim que insistia em não sei arriscar: o meu coração.
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Cada vez mais
O sol brilhava forte quando meu coração se acelerou ao te sentir por perto. Você usava meu modelo de óculos escuros favorito, mas nada conseguia ser melhor que seu sorriso. Sorri também. Nas costas, você levava sua mochila. No topo da cabeça, aquele boné que tomei de você por algumas horas no domingo anterior. E, em alguma parte de você, estava um pouquinho de mim, também – aquele pouquinho que ficou para trás quando precisei ir.
Nós trocamos de cenário e ficamos mais perto do sol. O céu mudou de cor algumas vezes. Foi azul. Foi laranja. Foi os dois ao mesmo tempo. A cada vez que o sol se despedia, um novo tom dava sua beleza ao nosso momento. Você falou sobre seus dias antes e depois de mim. Fez meu sorriso aparecer e minha voz sumir. E posso jurar que algumas borboletas ganharam vida em meu estômago quando você me beijou.Você me fez voltar no tempo, quando eu não conhecia as consequências de um coração partido. Também me fez sentir como se fosse uma pré-adolescente curtindo sua primeira paixão. Você deu vida a um eu que nem sabia mais existir. Fez meu sorriso se tornar mais frequente e fez meus medos ficarem guardados no fundo do baú. E você foi a chave que o trancou.Eu disse o quanto você me fazia bem. Você puxou seus lábios em um grande sorriso enquanto suas bochechas coravam. Olhei seus olhos, sua boca e cada parte do seu rosto. Guardei cada detalhe em mim para que minha memória nunca falhasse ao lembrar aquele momento.Percebi que ter você pertinho de mim assim é quase tão estranho quanto saber que nós compartilhamos o mesmo sentimento. Há muito tempo eu não sei o que é ver meu sorriso refletido em outro alguém. Ou saber que meu coração não é o único batendo em um ritmo distinto. Se tem algo que eu posso afirmar é que você encontrou e despertou em mim sentimentos que eu pensei não sentir nunca mais. Posso pedir um favorzinho? Permaneça por aqui. Porque eu estou me apaixonando por você. Cada vez mais.
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Meu lugar favorito no mundo
Você chegou em um momento que eu não sabia bem onde eu estava. Meu caminho seguia a mesma direção há anos e por muito tempo eu não encontrei uma curva, algo para sair do monótono. Sempre permaneci na mesma estrada, à procura de tudo e de nada ao mesmo tempo, sem saber se deveria parar ou seguir em frente.
Parei.
E aí você me encontrou.
No fundo da estrada, te vi chegando aos pouquinhos. De começo, era como se algo te ofuscasse, o suficiente para te manter longe – de mim e daquela barreira que criei. Eu estava fechada, trancada, e meu coração permanecia silencioso por tanto tempo que, em alguns momentos, tive medo de não escutá-lo mais.
Você enfrentou minha falta de atenção, minha barreira e meu medo de me arriscar. Enfrentou a escuridão em que eu me encontrava e, aos poucos, me convenceu a dar uma nova chance para a claridade. Eu não tinha muita certeza de onde ela chegava, mas gostava da sensação de senti-la em minha pele, senti-la pertinho de mim.
Eu gostava da sensação de ter você por perto, conversando sobre nada, conversando sobre tudo. Foram conversas até 2h da manhã e posso jurar que, em uma dessas madrugadas, a gente pegou no sono depois das 5h. Você estava ali, a um clique de distância, e ainda assim me trazia conforto. O que era? Não sei.
Mas acho que descobri.
Você fez mais que me trazer de volta a luz. Fez mais do que ajudar a derrubar aquela barreira que me impedia de dar uma chance aos meus sentimentos. Fez mais que tudo isso. Você foi a razão de tudo isso. Eu saí da minha zona de conforto, mas a reencontrei em você. Primeiro, nas suas palavras. Depois, na sua presença. E, um pouco mais tarde, nos seus braços.
Vi meu sorriso mudar, meus olhos ganharem brilho e até posso jurar que dei vida a algumas borboletas no estômago. Senti minha mão soar de ansiedade e senti meus braços procurarem por você, também. Senti falta do seu sorriso, do seus lábios e até do seu jeito de me deixar com raiva. Posso dizer que encontrei em você o meu lugar favorito no mundo.
E, ó, eu poderia ficar nele para sempre.
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Minha música favorita
Eu sempre adorei música. Sempre. Era como se nada fosse tão completo sem uma trilha sonora para marcar o momento. Eram as canções que davam magia às lembranças, quando fosse pensar nelas lá na frente. Cada ritmo, cada letra e cada voz não eram só um conjunto que formava uma nova música. Para mim, eram bem mais que isso.
Aí eu conheci você.Você chegou em um momento onde eu nem me importava muito com a canção naquele instante. Não porque você estava nele. Mas, sim, porque minha vida estava indo por aquele caminho do tanto faz. Você chegou como aquela música que, de começo, é só um barulho no carro e que, de repente, estamos sussurrando o que achamos ser a letra. Aí ela entra na nossa playlist, no nosso iPod e, principalmente, no nosso coração.Você foi como uma música nova em uma tarde gelada e qualquer. Foi como aquela música que no começo parece sem sentido, mas que só o ganha depois de prestarmos muita atenção na letra. Foi como aquela música em outro idioma, que de começo só o ritmo causa boa impressão. Aí fui ler a canção traduzida e me surpreendi.Isso foi o que você significou pra mim na primeira vez que te vi. Que te toquei.Esse momento não tem uma trilha sonora. Nem este, nem todos os que já compartilhamos. Na verdade, me arrisco a dizer que você é a minha música favorita. Quando lembro de nós dois, não me lembro de nenhum cantor, nenhuma banda e nenhum som. Só de você.Você é a minha canção favorita de todos os tempos. É aquela canção inexplicável que, como diria o livro As vantagens de ser invisível, me faz sentir infinita. Você é aquela canção que só faz sentido para mim. Que é linda – de som e letra – e que, em qualquer momento lá na frente, vou me lembrar e assoviá-la por ai. Não só com a boca. Não só com as lembranças. Não só com o cérebro.Mas, querido, com o mais importante: o coração. -
Borboletas
Uma vez, li em algum lugar que as borboletas não aparecem em locais poluídos, devido a sensibilidade delas. Na época, lembro que achei mais que certo. Não seria justo colocar um dos seres mais bonitos do planeta em um local tão sujo. Elas merecem um lugar melhor para chamarem de lar.Talvez seja assim com o amor, também. Ele está por aí, em um jardim limpinho, cheio de tulipas, rosas e violetas. Em um jardim com cheiro de grama, flores e natureza. Não em um local repleto de gás carbono e tantos outros que desconheço o nome.Imagino que nós somos esse local poluído, cheio de partículas ruins e devastadoras. Talvez seja sem querer; ninguém se polui de propósito. Acontece aos poucos, com um cara errado aqui, um que achamos o certo ali e um sapo alá.São beijos roubados com a desculpa de uma embriaguez. Abraços sem carinho e sem braços firmes. Noites em claro com um alguém qualquer. Tudo isso nos contamina um pouquinho mais. Suja. Detona. Devasta. Começa pelo coração e termina na alma. Deixamos de ser um jardim para ser uma metrópole – onde tudo é tão comum que não deixamos nada nos surpreender. Abandonamos as tulipas, as rosas e as violetas. No lugar delas, trazemos aquele tanto de tralha. É, isso mesmo. Tralha.E ainda culpamos o amor por não vir.O amor é como a borboleta. Ele não quer poluição. É sensível demais. Não vale a pena correr o risco de morrer para tentar salvar o que não quer ser salvo. Não vale a pena jogar algo tão puro em tanta sujeira. Afinal, o amor é tão raro, tão único. E tão pouco.Ficamos por aí, procurando-o em qualquer boca e qualquer coração poluído. Nem nos damos conta que nem sempre nós somos o jardim. As vezes, também somos a cinzenta cidade grande. Talvez, seja só falta de aceitar que o amor é um daqueles hóspedes especiais, que sentimos que precisam e merecem uma casa limpa antes de sua chegada.Temos é que dar uma geral no coração, na mente e na alma. Dar espaço no estômago para aquelas famosas borboletas. Deixar a sensibilidade retornar. Não só aquela que nos faz chorar ao ouvir Adele ou ler Nicholas Sparks. Mas, sim, a que nos permite reconhecer que a polução está em nós, não nos outros.E deixá-la reconhecer aquele alguém que possui as borboletas para o nosso jardim. -
Amor
Esses dias, enquanto estava sentada no ônibus a caminho para a faculdade, me peguei pensando no que move tantas pessoas a acordarem cedo – quase de madrugada -, encararem um banho até em manhãs mais geladas e saírem de casa para trabalhar. Ok, muitos de vocês vão dizer que o culpado disso é o dinheiro, o capitalismo ou até que são as contas para pagar no fim do mês. Tá, por parte eu concordo. Mas minha teoria é um pouquinho maior e menos simples.Coloquei-me no meio de todos eles, porque é isso que a gente faz quando tenta entender o outro: se coloca na situação. Em 90% dos casos, adianta bastante. Deixando meus métodos de lado e continuando com o que interessa, repensei sobre o que me fazia acordar cedo, tomar um banho mesmo quando o tempo te pede para ficar sob os cobertores e entrar em um ônibus lotado. Faculdade? Não. Estágio? Não. Vontade própria? Na-na-ni-na-não.Amor. Taí a resposta.Vocês vão me chamar de louca, talvez. Mas tenho uma explicação para tudo isso, tá? Para entender, antes de tudo, esqueça aquele tipo de amor, digamos, romântico. Nada de beijo de língua aqui nem pegação. E, sim, amor, só ele por enquanto. Aquele sincero e que, as vezes, nem o percebemos por perto.O que quero dizer é que é esse sentimento o responsável por nos permitir fazer qualquer coisa. Da mais simples à mais complexa. Aliás, o amor nem deve dividir assim. Talvez ele tenha uma forma diferente de separar as coisas… Tipo “o que me faz feliz” e “o que não me faz feliz”. Quem sabe?A única coisa que posso dizer nesta teoria toda complicada é que o amor é o motivo de tudo. É o motivo de uma mãe acordar cedo só para comprar os pães que seus filhos vão comer antes de ir à escola. É o motivo de um cara trabalhar o mês inteiro para pagar a parcela daquele videogame que ele jura que nunca irá vender. É o motivo da garota popular da escola se esforçar tanto para continuar sendo “adorada”. É o motivo do universitário em acordar cedo o dia todo para ser, nas palavras dos pais, “alguém na vida”. Não importa qual é o motivo do amor: filhos, algo material, atenção ou sucesso. É amor.No meu caso, amor pelo pessoal da faculdade. Amor pela profissão de jornalista. Amor pela escrita. Amor por falar sobre pessoas desconhecidas. Amor por mostrar ao mundo um pouquinho do meu dia-a-dia, seja no jornal da faculdade, seja no blog. É amor. E dos sinceros.
O que me faz concluir que é ele o que move tudo. -
Pelo menos uma vez
Ela era uma garota amargurada. Sozinha. Buscava nas palavras um jeito de esquecê-lo. Era seu refúgio. Ele. E escrever. Ela nem sabia por onde começar. Não só o texto da vez. Mas a vida. Sem ele.Já haviam se passado tantos anos. Talvez cinco ou seis. Mais da metade de uma década e o coração ainda não havia se curado. Que doença era essa, afinal? Se tinha cura, talvez sim. Mas dependia dela para começar o tratamento. Não adiantava forçar. A reabilitação não era fácil e precisava de uns beijos sem paixão. Uns caras que não queriam compromisso. Umas noites mal dormidas. Uns copos de uma bebida alcoólica qualquer.Ela tinha um caminho a seguir e, na primeira vez que tentara caminhar sozinha, esbarrou com o cara responsável por quebrar seu coração. Não em dois pedaços, mas em vários, se quer saber. Ela tentava colocar no bloco de notas tudo o que os mil pedacinhos de seu peito queriam dizer. Eram muitas vozes para escutar. Ela não aguentava ouvir todas elas. A cada vez que o fazia, seu coração se partia em alguns pedacinhos mais. Eram mais vozes para escutar – e mais lágrimas para explicar depois.Ao seu lado havia apenas uma janela aberta. Por ela dava para se ver o prédio ao lado. Por sorte, não havia ninguém no apartamento à sua frente. Estava vazio, assim como o documento, assim como seu coração. Ela queria encontrar um jeito de fazer aquilo. De escrever e de dizer o quanto ainda amava aquele cara, mesmo que ele nem estivesse por perto. Ou que estivesse. Nem isso ela poderia confirmar agora. E isso doía. Doía mais do que escutar os milhões de pedacinhos gritando por uma ajuda que, no momento, ela não poderia dar.Ela não queria culpá-lo. O fim da história não era só culpa dele. Ela tinha um pouco de culpa para si. Não iria terminar só porque um lado não queria. Os dois precisariam errar para chegar ao ponto do caminho onde cada um seguiria o seu próprio. Lá havia uma placa com duas setas. Cada uma apontando para um lado diferente. Ela ficaria no daqui. Ele, no de lá.Ela não tinha ideia de como era o caminho dele. Talvez, mais fácil. Talvez até com algum encantamento para esquecê-la. Ela queria algo assim, e talvez até pediria para a Rainha de Copas (aquela do País das Maravilhas) arrancar algo seu. A cabeça, os pensamentos… Mas principalmente o coração. Ela o daria de bom grado e nem pediria nada em troca.Ela agora abominava o amor com todas as suas forças. Tinha medo e ódio desse sentimento. Tinha agonia só de pensar em se ver amando de novo. Tinha nojo de qualquer coisa que tivesse alguma relação com o amor. Mas sentia falta dele. Do amor dele. Da presença dele. Era a única parte do sentimento que ela entraria de corpo e alma. Com medo e com ódio. Com agonia e com nojo. Ela saberia que tudo isso a deixaria a partir do momento que ele estivesse por perto.Porque, afinal, havia um documento vazio sem nenhuma palavra para preenchê-lo. Havia uma garota sem qualquer ideia de como fazer sua dor lotar a tela com as frases de sempre. Havia um coração despedaçado e milhares de vozes para se ouvir. Mas havia um ele. Havia um ele em algum lugar. Um ele que, se quisesse, mudaria tudo. Até mesmo aquela garota sentada em frente à uma tela vazia, às três da madrugada, e desejando receber uma mensagem para mudar o rumo de suas palavras. Pelo menos uma vez. -
Sua mensagem foi enviada com sucesso
Existem dias em que precisamos colocar tudo para fora. Sei lá. São tantos sentimentos que as vezes me pergunto como consigo conviver com todos eles. O coração nem consegue respirar de alívio. Aliás, alívio é algo que há muito tempo eu desconheço.Foi em um desses dias que eu abri minha caixa de entrada. Lá estava um e-mail seu. Antigo, eu confesso. Tão antigo quanto o que tivemos. Mas era seu. Cliquei em responder. Deixei o assunto com o tal RE: no começo.Oi. Tudo bem? Queria saber se você ainda lembra de mim. Sei lá. Perguntei isso a mim mesma ontem a noite, depois de acordar de um sonho com você. Não quero perder caracteres descrevendo-o para você. Já fiz tanto isso… Prefiro deixar esse só para mim. Mas posso garantir que foi bom. Quase real.É, cara. Você ainda aparece nos meus sonhos e isso é assustador. Mesmo quando os sonhos são bons… Eu deveria estar sonhando com coisas diferentes agora. Até porque eu penso em coisas diferentes agora. São coisas demais para sentir e ainda assim sonhar com você. Com nós dois. Sinto como se estivesse tão cheia e tão vazia ao mesmo tempo. Sinto sua falta. Talvez você não saiba disso.Queria entender o motivo de tudo isso. De ainda te ver nos meus sonhos. De ainda ficar com as mãos geladas só em pensar de sentir sua boca na minha. Ah, cara. É tão injusto o que o destino fez com a gente. Agora nem sei onde você está. Nem sei se está em algum lugar que eu conheça. Ou se ainda gosta de ficar debaixo das árvores só para senti a brisa bagunçar seus cabelos.Sinto tanto sua falta que as vezes acho que você levou um pedacinho de mim dentro de uma mala qualquer. Tenho medo que esse pedaço tenha se perdido por aí. Talvez ficado no aeroporto. Talvez em um texto qualquer. Queria saber onde ele se encontra… Até mesmo para, quem sabe um dia, tê-lo de volta.Eu nem sei se posso te cobrar de algo, mas eu queria saber por onde você anda. Só por saber que algum lugar ainda ganha o brilho dos seus olhos. E seus sorrisos. Aqueles que eu amava tanto, lembra?Talvez você tenha se esquecido que um dia me amou. Mas queria que soubesse que, por aqui, você ainda existe. Você ainda tem uma presença forte dentro de mim. Nos meus sonhos, mesmo eu tentando evitar, você aparece. E me assombra. Não porque está lá. E sim por saber que, mesmo depois de tanto tempo, minha alma ainda se lembra de você. Do jeitinho que sempre foi.Ah, e o que eu não daria para saber se você ainda permanece do mesmo jeitinho… Se ainda ri pelas mesmas coisas. Ou se ainda fica bravo pelos mesmos motivos.Eu queria ser forte o suficiente para te ligar. Ou para puxar papo numa rede social qualquer. Enquanto não consigo, estou enviando este e-mail – que talvez nem chegue até você. Nem sei se vai lê-lo algum dia. Se sim, saiba que eu ainda sinto sua falta. Se é amor, não sei. Mas você continua aparecendo nos meus sonhos. Isso significa alguma coisa, não é?Esperando que você entenda mais sobre meus sentimentos do que eu mesma,Até mais.Sua mensagem foi enviada com sucesso.