
Uma vez, li em algum lugar que as borboletas não aparecem em locais poluídos, devido a sensibilidade delas. Na época, lembro que achei mais que certo. Não seria justo colocar um dos seres mais bonitos do planeta em um local tão sujo. Elas merecem um lugar melhor para chamarem de lar.
Talvez seja assim com o amor, também. Ele está por aí, em um jardim limpinho, cheio de tulipas, rosas e violetas. Em um jardim com cheiro de grama, flores e natureza. Não em um local repleto de gás carbono e tantos outros que desconheço o nome.
Imagino que nós somos esse local poluído, cheio de partículas ruins e devastadoras. Talvez seja sem querer; ninguém se polui de propósito. Acontece aos poucos, com um cara errado aqui, um que achamos o certo ali e um sapo alá.
São beijos roubados com a desculpa de uma embriaguez. Abraços sem carinho e sem braços firmes. Noites em claro com um alguém qualquer. Tudo isso nos contamina um pouquinho mais. Suja. Detona. Devasta. Começa pelo coração e termina na alma. Deixamos de ser um jardim para ser uma metrópole – onde tudo é tão comum que não deixamos nada nos surpreender. Abandonamos as tulipas, as rosas e as violetas. No lugar delas, trazemos aquele tanto de tralha. É, isso mesmo. Tralha.
E ainda culpamos o amor por não vir.
O amor é como a borboleta. Ele não quer poluição. É sensível demais. Não vale a pena correr o risco de morrer para tentar salvar o que não quer ser salvo. Não vale a pena jogar algo tão puro em tanta sujeira. Afinal, o amor é tão raro, tão único. E tão pouco.
Ficamos por aí, procurando-o em qualquer boca e qualquer coração poluído. Nem nos damos conta que nem sempre nós somos o jardim. As vezes, também somos a cinzenta cidade grande. Talvez, seja só falta de aceitar que o amor é um daqueles hóspedes especiais, que sentimos que precisam e merecem uma casa limpa antes de sua chegada.
Temos é que dar uma geral no coração, na mente e na alma. Dar espaço no estômago para aquelas famosas borboletas. Deixar a sensibilidade retornar. Não só aquela que nos faz chorar ao ouvir Adele ou ler Nicholas Sparks. Mas, sim, a que nos permite reconhecer que a polução está em nós, não nos outros.
E deixá-la reconhecer aquele alguém que possui as borboletas para o nosso jardim.
11 Comments
Adorei esse texto e achei ele muito inspirador. De verdade. Pensei em quantas mentes você conseguiu plantar algo bom com essas palavras e me identifiquei, porque tenho um blog cujo objetivo é exatamente esse: ajudar pessoas. Caso se interesse, aqui está o link: http://sociedadedasprincesasdesconhecidas.blogspot.com.br
Parabéns pela sua escrita e pelo blog. Beijos!
Olá Julie,
Sabe, hoje eu passei o dia todo vendo o seu blog, é isso mesmo O DIA TODO!
Não, eu não sou maluca não, rsrs.
É que, eu sou louca por livros e como agora vou escrever resenhas para um blog que irá estrear segunda (04/11), tava procurando por aí se tinha alguém que já tinha resenhado o livro do qual eu irei postar a minha resenha. Aí achei o seu blog.
Me encantei pelo nome, pela organização e principalmente pelo jeito que você escreve, parece tão natural 🙂
E assim fui vendo, um post aqui, outro ali. CLAROO que eu fiz outras coisas, rsrs
Mas sempre voltava pra ler mais coisas.
Adoreei tudo. PARABÉNS!
Espero que algum dia alguém chegue no meu blog e sinta td que eu senti hoje, lendo suas resenhas e seus textos.
Mais SUCESSO pra vc.
E espero tbm que, quem sabe, possamos ser parceiras depois.
Beeijinhoos :*
Que lindo, infelizmente quase ninguém cuida do seu jardim 🙁 as vezes ele está muito poluído e quando percebemos as flores já morreram…
Hey,era leitora do Gloss de Mentta? Infelizmente ele não existe mais, mas pra alegria de muitos criei o Qualquer Infinito! Passa lá! http://qualquerinfinito.blogspot.com.br/
Que texto lindo, Julie! Você se superou, sério! Parabéns mil vezes. Se eu fosse você, imprimia esse texto e guardava pra sempre. haha
Beijos, Érica
Nossa, que perfeito seu texto, muito lindo mesmo!
As pessoas estão se contaminando com as coisas desse mundo, e convivendo com certas pessoas.. poxa! Acho que a cada dia que passa o lugar está tão poluído que nem percebemos.
http://destinoincertoo.blogspot.com.br/
OLá adorei as dicas aqui no blog…párabens !!! aproveito pra deixar endereço do meu cantinho…
para receber sua visita
http://designvisuall.blogspot.com.br/
bjs…
Que texto incrível Julie! Nem da pra acreditar que você mal conseguia sair do primeiro parágrafo.
Beijão!
AI MEU DEUS, JULIE! Eu me apaixonei por esse texto! Parabéns, de coração.
Sabe quando você vê/escuta/lê algo que faz com que sua cabeça estale e de repente tudo faz sentido?Foi essa a reação que eu tive ao ler "Borboletas". Não sei porque, mas nunca havia pensado no amor dessa maneira, e agora que você me apresentou a essa forma de pensar, vi as coisas mudaram de significado para mim.
Ok, parece que estou sendo dramática, mas é que do nada eu mudei minha cabeça com seu texto.
Cheguei a conclusão que devemos cuidar do nosso jardim e deixá-lo cada vez mais bonito, cuidando de nós mesmos, nos amando, para que assim nós possamos identificar as borboletas e trazê-las para perto, junto com um outro "jardineiro" que esteja disposto a cuidar de tudo conosco. Não sei se foi isso que você quis dizer, mas de qualquer forma, obrigada por esse texto, que mesmo sendo relativamente simples, acabou me tocando muito.
Beijos!
Foi isso mesmo, Isa! Que lindo o que você disse <3
Esse foi um dos textos mais difíceis para escrever, juro. Tinha o conteúdo, só me faltavam as palavras. Quando o vi pronto, foi como ver um filho depois do parto! hahahahha Foi gratificante.
E agora com esse comentário seu, vejo que tudo valeu a pena! Obrigada, mesmo, viu? <3
Você é muito talentosa Julie beijos ! E mencionei você em uma postagem no meu blog dá uma conferida?
http://sonhandoemlondres.blogspot.com.br/2013/10/meus-blog-favoritos.html
Não consigo abrir, amr 🙁