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  • Hoje eu acordei com saudade de você

    Faz tempo. Muito tempo. Tempo até demais desde que eu acordei com saudade de você.

    Todo dia tem sido difícil começar e terminar o dia tentando te encontrar. Nunca foi sobre mim, foi sobre você. E saber que te perdi no percurso só me faz ansiar, ainda mais, pelo nosso reencontro.

    A vida por aqui tem sido estranha. Objetiva demais. Robótica. Numérica. Com os coraçõezinhos na tela, mas sem emoção alguma por trás dela.

    Eu escrevo sobre tudo, menos sobre nós. Sobre você. Sobre mim. Sinto falta de quando a gente se encontrava à noite, quando você aparecia minutos antes de eu finalmente encostar no travesseiro.

    Dormir sem esse reencontro era quase improvável. Você me motivava a me (re)encontrar, me desafiar, me entender.

    E onde tudo isso foi parar? Onde eu deixei de te ter aqui?

    Hoje eu acordei com saudade de você. Queria saber se ainda estava por aqui, se minhas palavras ainda faziam parte de mim. Se elas ainda podiam me relembrar como era quando você estava por aqui.

    Foram tantas horas juntos tentando nos entender. Muitas noites em claro procurando respostas. E talvez eu tenha encontrado aquela que preciso hoje: a saudade de ti me fez te (re)encontrar.

    Ou, pelo menos, me colocou no trilho que me leva até você. Mas estou no caminho certo? Não sei.

    Só sei que hoje acordei com saudade de você, coração. De te ter à frente de tudo, guiando minhas palavras para finalmente entender o que acontece.

    Espero te ver novamente por aí. Espero (re)encontrar as palavras que por tanto tempo me escaparam.

    O que a gente ama nunca se desconecta de nós. Não importa quanto tempo avance, sempre estará lá. No fundo, escondido, talvez. Mas lá.

  • Escrever é – literalmente – libertar-se

    Nossos lábios nem sempre dizem o que nossa alma quer gritar. Eles travam. Perdem palavras. Deixam algumas no ar e outras subentendidas. Eles sobrecarregam nossas falas de sentimentos invisíveis, existente apenas entre as linhas. Não são explícitos. E por isso mesmo causam mais confusão.
    E é no meio dessa confusão que encontro minha fuga. Escrevo. Escrevo de tudo. Encontro minha liberdade quando deixo meu coração transparecer em minhas palavras. Encontro meu refúgio. Deixo o medo de lado. Deixo meus sentimentos gritarem. Aqui eles têm essa permissão. E aqui eles não têm consequências.
    É através dessas frases soltas que formo meu mundo. O real. O fictício. A mistura dos dois. O que meu coração quer viver e o que minha mente quer inventar. O que meu coração pensa existir e o que minha razão contradiz. É através dessas palavras que se encontram meus dias. Cada um com algo diferente… E confesso, até com um peso maior que outro. Mas ainda assim, para todos os efeitos, lá estão eles.
    E junto com os dias, estão as noites, as madrugadas. Guardo entre o que escrevo toda a solidão que me encontrei. Os pensamentos que foram minha única companhia. Os devaneios que foram… E que ficaram. Os sonhos que tive e os pesadelos que tentei esquecer.
    Entre tantas palavras e tantas folhas riscadas, tentei acertar e errei mais ainda. Usei as palavras para resolver de tudo. Tudo mesmo. Resolvi problemas através delas. Criei outros. Aprendi, ensinei. E principalmente: encontrei um modo de guardar as mágoas e os sorrisos em algum lugar. Não só em memórias… Mas por aí. Em folhas. Em páginas. Em rascunhos.
    Então descobri que escrever pode ter mil e uma definições, cheia de antíteses. Pode significar dar um basta. Tentar continuar. Esquecer. Relembrar. Guardar no fundo do baú. Eternizar. Deixar de lado. Reler todo dia. Sentir que superou tudo. Sentir que nada mudou. Gritar ao mundo que vai tentar. Perder os medos. Ganhar outros. Viajar para outros mundos. Perder-se em suas próprias alucinações. Tornar real o que não deixará de ser ilusão. Tornar ilusão o que deveria ser real. Encontrar um refúgio. Superar as mágoas. Sentir-se vazio. Sentir-se completo. 
    E para todas elas: escrever é – literalmente – libertar-se. Sentir-se parte de um universo paralelo, onde este é o único modo de fugir disso tudo. De encontrar-se consigo.
  • Entrelinhas: O que me faz escrever

    Quando vejo-me frente a frente com uma folha em branco, eu penso muito com o que preencher ela. Penso em escrever sobre momentos felizes, mas estes eu nunca consigo descrever. É incrível, mas momentos assim eu vivo com tanta intensidade que acabo não conseguindo traduzir em palavras.
    O que me resta escrever é sobre meus sentimentos, dentre eles os meus medos que gritam dentro de mim. As minhas agonias que horas e horas se revoltam, as minhas tristezas que estão sempre a soluçar. Meus arrependimentos que por vez não me deixam sozinhos, minhas indecisões que não sabem viver sem mim e meu amor que sempre parece ser o mais intenso.
    As palavras me encantam e sempre fizeram parte da minha vida, sempre me senti melhor com elas, muitas vezes preferencialmente a sós. Elas sabem exatamente os momentos certos que precisam ir ao ar, sabem que sua presença me fazem um bem enorme, mesmo que muitas vezes elas sejam assim, apenas um desabafo.
    Quando comecei a escrever, nunca imaginei que um dia teria tantas histórias, tantas palavras para chamar de minhas, para registrar com meu nome e ser conhecida por quem nem ao menos me conhece.
    Minhas palavras são o meu orgulho e eu nunca as apago, o que escrevi ficou arquivado em um lugar que não tem como modificar, apagar ou esquecer.
    Enfim, sempre escrevo para amenizar uma cicatriz, para secar uma lágrima, para esquecer uma mágoa, para acariciar um amor e para tirar do meu coração tudo aquilo que ele não suporta mais carregar.
    Quem escreveu esse texto?

    Juliane Bastos é blogueira a quase dois anos, gaúcha apaixonada pela cultura do seu estado, por fotografar, por animais e por viagens. Dona do O que um coração sente, colaboradora do Garotas Dizem e uma garota que sabe usar as palavras para expressar seus sentimentos de uma forma única e especial.