Tag: feminismo

  • Podcast de Batom #2×03: a maquiagem pode reforçar opressões?

    A maquiagem é muito mais que algo raso ou fútil: ela pode ser ferramenta de algo bem complexo, como opressões sociais. Por exemplo: algumas técnicas reforçam padrões de beleza, além de serem racistas e gordofóbicas.

    Maquiagem e opressão

    Neste terceiro episódio do Podcast de Batom, reuni diversas reflexões e questionamentos sobre o tema, além de dividir dicas de como se “libertar” dessas limitações.

    Episódio 2×03: a maquiagem pode reforçar opressão?

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  • Podcast de Batom #11: adaptação da indústria da beleza para a representatividade!

    Hoje em dia, nós não queremos ver só corpos e rostos padrões nas campanhas. Não é à toa que muitas marcas estão buscando mais diversidade em suas divulgações e até mesmo na produção de produtos novos. Porém, será que a representatividade na indústria da beleza é efetiva?

    Representatividade na indústria da beleza

    Nós já tivemos bons avanços quando o assunto é representatividade na indústria da beleza, mas ainda não é o suficiente. Por este motivo, achei mega importante abordar o tema no Podcast de Batom. Até porque… Se não tá bom pra todas, tá bom pra ninguém, né?

    Episódio 11: representatividade na indústria da beleza

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    LINKS CITADOS NESTE EPISÓDIO

    5 DICAS DE BATOM QUE NÃO SAI DA BOCA PARA O FIM DE ANO

    TESTEI O NOVO LIP OIL DA RUBY ROSE

    AS MELHORES MAQUIAGENS DE 2019

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    Há diversos quadros fixos dentro dos episódios. Um deles é o “espaço do ouvinte”, onde você pode enviar seu comentário e até mesmo aquela dica infalível de beleza!

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  • Podcast de Batom #10: a relação entre feminismo e indústria da beleza!

    Nós vivemos a era da luta pela liberdade e igualdade das mulheres. Porém, quando relacionamos feminismo e indústria da beleza, como proceder? Por um lado, pedimos por menos imposições sociais. Por outro, as marcas e produtos lançados reforçam ou até mesmo criam novos padrões. Será que existe uma forma de juntar os dois?

    Feminismo e indústria da beleza no Podcast de Batom

    Eu já queria falar sobre feminismo e indústria da beleza há um tempo no Podcast de Batom! Isso porque considero muito importante levar essas reflexões para nosso dia a dia. Nós vivemos tão no automático que esquecemos de questionar certos hábitos, né? Por esse motivo, falei um pouco sobre o que penso disso tudo.

    Episódio 10: feminismo e indústria da beleza!

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    LINKS CITADOS NESTE EPISÓDIO

    TESTEI A PALETA DE SOMBRAS COM GLITTER VIBE DA ZANPHY

    DICAS DE MAQUIAGEM PARA O NATAL

    5 DICAS DE BATOM QUE NÃO SAI DA BOCA PARA O FIM DE ANO

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  • Relacionamento abusivo: precisamos falar sobre isso!

    Rosas, ursinhos de pelúcia, chocolates, jantares caros… Quando se fala em Dia dos Namorados, esse é o cenário idealizado e até mesmo vivido por muitos casais, né? Porém, nem tudo são, literalmente, flores. Atrás de um momento agradável ou de uma foto amorosa nas redes sociais, pode estar escondido um relacionamento abusivo. São em datas comemorativas como esta que eles se tornam ainda mais mascarados, principalmente quando, quem pratica a violência, demonstra um lado mais amoroso, empático e com sinais de mudança.

    Relacionamentos abusivos

    Pode até parecer que o relacionamento abusivo é uma realidade distante ou “apenas” assunto de redes sociais. Infelizmente, a gente não precisa procurar muito para encontrar alguém que já viveu neste cenário. Prova disso é que uma amiga minha, a Pamela Dal Alva, de 26 anos, passou por uma relação tóxica e só fui descobrir após o artigo que ela publicou no blog Era Outra Vez. Foi aí que caiu a ficha: quantas pessoas à nossa volta já passaram pelo mesmo e a gente nem imagina?

    “No começo, eram altos e baixos, brigávamos por besteiras e insegurança da parte dele”, conta Pamela. “Ele me fez perder o gosto das coisas, me fez perder o sentido de amar, me fez ficar com dúvidas sobre as coisas e me fez questionar a minha capacidade de existência”. Além disso, ela se afastou de todos os amigos, saiu das redes sociais, perdeu festas de aniversário e casamentos, entre outras mudanças de comportamento. “No começo, foi opcional. Mas, depois de muita chantagem emocional que cedi, o que ele queria piorou muito mais porque eu dei a deixa para ele mandar em mim. Ele me fez acreditar que eu era inútil, que todas minhas lembranças eram falsas, que eu precisava dele”.

    Afinal, o que é relacionamento abusivo?

    Segundo a psicanalista Dra. Andréa Ladislau, relacionamento abusivo significa quando uma relação deixa de ser saudável para se tornar desconfortante, com atitudes que privam o outro de exercer sua própria liberdade. “Podemos citar os jogos de controle, ciúmes excessivos e abusos constantes que ferem a individualidade dos parceiros”, explica. Além disso, ela também traz para a lista: promessas infundadas, chantagens, punições, controles, invasão de privacidade, afastamento de outras pessoas, destruição da autoestima e invalidação de sentimentos.

    Relacionamentos abusivos

    É importante frisar que, diferente do que muita gente pensa, esse tipo de atitude não acontece apenas em relações amorosas. “Um relacionamento abusivo pode ocorrer em qualquer tipo de relação, seja entre homens e mulheres, pessoas do mesmo sexo, relações de poder no ambiente laboral, pais e filhos, relações familiares, ou entre amigos”, explica a Dra. Andréa Ladislau.

    Para Pamela, que namorou por um ano e meio, os sinais de que estava vivendo um relacionamento abusivo se tornaram mais evidentes após as discussões sobre deletar seu próprio blog. “Era a única coisa que eu tinha e não ia permitir ser tirada de mim”, relembra. Além disso, as suspeitas se tornaram ainda mais fortes após ajuda de uma amiga. “Ela me mandava vários vídeos e matérias sobre relacionamento abusivo. O processo nunca é fácil, mas foi algo muito além. Com os vídeos, comecei a perceber e a comparar”.

    No caso da Pamela, ela mesma reparou sua própria situação e tentou se livrar dela. Segundo a Dra. Andréa Ladislau, essa atitude é muito importante para sair da realidade em que a vítima se encontra. É necessário se conhecer como indivíduo e entender suas necessidades, limites, vontades próprias e, inclusive, redescobrir o amor próprio para não cair na mesma armadilha de novo. “Quando nos conhecemos bem, sabemos melhor quem são os tipos de pessoas que conseguimos lidar e quais os tipos nos ferem e incomodam. Trabalhar sua autoestima é fundamental, exaltando suas qualidades”, ressalta.

    Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

    Perceber que você está vivendo um relacionamento abusivo não é um processo fácil nem rápido. Isso porque são inúmeros os sinais que apontam abuso por parte do outro em uma relação. Entre eles, a Dra. Andréa Ladislau citou:

    1 – A desvalorização frequente e a humilhação em situações em que sempre o outro aponta seus erros;

    2 – O abusador inverte sempre as situações, colocando a vitima do abuso em situações constrangedoras, distorce a realidade dos fatos, e insinua, muitas vezes, que a vítima faz drama;

    3 – O abusador manipula e controla a vida do outro todo o tempo sem respeitar os limites do individuo;

    4 – Nunca aceita não como resposta, força a barra e se faz de desentendido até conseguir o que deseja;

    Relacionamentos abusivos

    5 – Manipula a vítima e os outros, de forma a fazer com que esta e todos pensem que a vítima não é uma pessoa digna de amor. Ou seja, diminui a autoestima através da violência psicológica;

    6 – O abusador procura sempre afastar a vítima de outras pessoas que possam abrir seus olhos, demonstrando que este está vivendo uma situação de abuso. Muitas vezes, afasta essa vítima até da própria família e leva o individuo a acreditar que tudo que acontece de errado é culpa dela;

    7 – Receber comentários abusivos, ofensivos e constrangedores, principalmente na frente dos outros, é uma das situações mais comuns em caso de relações de abuso;

    8 – Ser monitorado constantemente, ser diminuído, obrigado a mudar seus hábitos e conviver com alguém que pensa só em si e não se importa com seus sentimentos. 

    Mulheres em relacionamentos abusivos: por que tão comum?

    Mesmo com a discussão cada vez mais intensa sobre relacionamentos abusivos, os casos continuam acontecendo com frequência, especialmente com vítimas do sexo feminino. Segundo a Dra. Andréa Ladislau, sair dessa situação é extremamente doloroso e difícil, pois o abusador diminui a companheira, domina, muitas vezes por meio do medo, ameaças e até afastamento de pessoas que poderiam auxiliar na mudança dessa realidade. “Ter uma visão completa desta relação e de como ela é na realidade, nem sempre é fácil para a vítima que está inserida dentro do contexto e, por este fato, não consegue se distanciar o suficiente para ver o panorama completo”, explica.

    Relacionamentos abusivos

    No caso de Pamela, ela mesma tomou a iniciativa de dar um ponto final no relacionamento. “Ao longo do tempo, foram vários términos, mas nesse, em particular, eu não quis voltar”, relembra. Após a experiência, a paulista conta que ficou com o psicológico muito afetado e, mesmo 6 anos depois do ocorrido, ainda guarda muitas marcas consequentes daquele período. “Estou trabalhando na insegurança, para voltar a ser como antes. Não exatamente como antes, mas pelo menos ter de volta a autoestima e acreditar em mim mesma”.

    Para quem passou por um relacionamento abusivo, é muito importante buscar ajuda profissional, de amigos e parentes próximos. De acordo com a Dra. Andréa Ladislau, o profissional de psicologia ou psicanalista pode auxiliar a vítima a se perceber dentro do processo e entender de que forma pode se libertar de um indivíduo manipulador, persuasivo e perverso. “A autoestima baixa também pode ser melhorada e, através do autoconhecimento, a vítima consegue perceber que não precisa do outro para seguir sua vida. Precisa de tranquilidade, paz e amor recíprocos para uma condição de relação sustentável e feliz”, completa.

    E se eu sou o abusivo da relação?

    Uma relação abusiva é formada pela vítima, que sofre as consequências daquela violência, e pelo abusador. Perceber qual é seu papel dentro desse cenário é essencial para tomar alguma decisão, seja terminar o relacionamento ou, no outro caso, mudar suas próprias atitudes.

    “A nossa interferência na vida do outro só pode ir até o ponto que não fere a autoestima, não impõe opiniões, respeita as características e percepções do parceiro. Tudo em excesso faz mal, até nas relações”, explica a Dra. Andréa Ladislau.

    De acordo com a psicanalista, existem chances do abusador melhorar, desde que exista a consciência e o desejo de mudança. “Ela tem que partir de dentro de nós. Se estamos magoando o parceiro e temos certeza de que essa relação é a que queremos, então o mais certo é respeitar o individuo que está ao nosso lado e buscar compreender que não somos seres iguais, pelo contrário, somos diferentes sim e também somos seres em constante evolução”, explica.

    Agora quero saber de vocês: já vivenciaram ou conhecem alguém que passou por um relacionamento abusivo? Conte sua história nos comentários! Se necessário, envie o link do post para quem está passando por uma relação assim. Nesse momento, tudo o que a vítima precisa é de ajuda e informação. Bora dar o primeiro passo? 🙂

  • O que temos para aprender com o nude vazado da Luísa Sonza?

    Pouco mais de uma semana atrás, a cantora Luísa Sonza, de 20 anos, viu seu nome receber destaque em portais, hashtags populares e comentários nas redes sociais. Infelizmente, não por uma música nova lançada, um recorde adquirido ou uma novidade sobre sua vida. Luísa era a nova vítima de cibercrime: a cantora teve uma foto sua, totalmente nua, divulgada em seu Instagram.

    No começo do burburinho, muitos internautas ainda não sabiam que aquela divulgação se tratava de um crime e não de uma vontade própria da cantora. E nenhuma das opções foi capaz de evitar os comentários machistas sobre o corpo de Luísa e a atitude de clicar um nude.

    O corpo feminino é julgado, objetificado e invadido todos os dias. São inúmeros casos de preconceito, comentários e abusos. Diariamente, nós, mulheres, somos vítimas de machismo, assédio, estupro e tantos outros péssimos “hábitos” que a sociedade, racional ou irracionalmente, vê acontecer em seu próprio terreno. E nada faz.

    Casos como o de Luísa não são capazes de vitimizar a mulher em nenhum dos passos do crime. “A culpa foi dela”, que tirou a foto. “A culpa foi dela”, que enviou a imagem. “A culpa foi dela”, que permitiu que a senha do Instagram fosse roubada.

    “A culpa foi dela”. É o que ouvimos de todos os lados, independentemente do crime em questão.

    Ser mulher em uma sociedade machista é ser a culpada, mesmo em situações em que somos vítimas. E, até quando alguém não aponta o dedo para nós, fortalecendo esse sentimento de culpa, ele já é presente. Quantas vezes você não se puniu por usar uma roupa curta e receber um assédio na rua? Ou quantas vezes você se impôs em uma situação visivelmente machista e se arrependeu por ser “grossa demais”?

    Nós não estamos livres nem de nós mesmas.

    A divulgação de um nude é só um exemplo de tudo que sofremos no dia a dia. E está longe de ser um risco apenas para mulheres famosas, viu? Pode acontecer com qualquer uma de nós, por diversos motivos: chantagem, relacionamento abusivo, zoeira, e por aí vai.

    A Cá (nome fictício para preservar a miga) também passou por esse turbilhão. “Eu tive um namorado em 2012 e tiramos uma foto juntos. Eu estava com ele, mas só de calcinha”, descreve. Na época em que o casal se separou, ela conta que pediu para apagar qualquer coisa dela. “Acontece que o celular dele foi roubado na época. Ele me garantiu que tinha deletado tudo e bloqueado o IMEI (código numérico único e global que identifica celulares internacionalmente)“. Mas, no início do ano passado, a história voltou à tona.

    “Ele me chamou, disse que um suposto cara havia publicado a foto nos comentários do Facebook dele. Falei que, se fosse uma chantagem, iria chamar a Polícia. Mas ele falou que conversou com o indivíduo, que disse saber de nada”, relata.

    Foi no meio da confusão que a Cá compartilhou o suposto print com uma amiga. “Ela me disse se tratar de uma montagem. Esse meu ex era web designer, ou seja, ele poderia ter feito para chamar a atenção, sabendo que sou super reservada sobre relacionamentos”.

    Na época, a Cá diz que ficou muito arrasada. “Ele tinha me traído, fiquei depressiva, emagreci… Quando praticamente nem lembro que ele existe, do nada, ele surge com uma foto que eu nem lembrava da existência. Confiei na palavra dele“, conta. O medo, também, era de pessoas próximas terem acesso à imagem. “Já pensou minha família vendo e falando que nunca pensou que eu era esse tipo de garota”?

    Mesmo após um ano, as cicatrizes ainda são presentes na vida dela. “Até hoje, me sinto vulnerável e com medo de ser exposta. Foi algo que fiz na adolescência, era apaixonada, não tinha autoestima nenhuma. Só queria agradar o cara que eu gostava“.

    A reação da Cá foi diferente da Luísa, que disse não se sentir tão abalada pela exposição. “É só mais um peito, é só mais uma foto, todo mundo tem isso aí, né?“, disse nas redes sociais. Segundo a cantora, a imagem foi enviada para o marido, Whindersson Nunes, quando os dois estavam longe. “Eu acho que alguém pegou minha senha, postou. Não sei por que a pessoa fez isso, eu não entendi“.

    As reações de ser vítima de uma exposição do seu próprio corpo, sua intimidade e sua vida, podem ser diferentes para muitas meninas. Já houve casos em que a vítima entrou em depressão, começou a se automutilar ou até cometeu suicídio. Muitas perdem seus empregos, o contato com a família e até com amigos. É assim que vamos continuar tratando as vidas das nossas meninas?

    Tudo isso por conta de uma foto. De um corpo. Como a própria Luísa disse, é só isso: um corpo. Com seios, virilha, bunda, vagina. Nada demais.

    Nós somos criadas para esconder nosso corpo, odiá-lo se estiver algumas gramas além do padrão, gostar do outro, mas não de nós mesmas. Aprendemos o que é bonito e o que é feio, como se houvesse uma regra. Nós passamos por dietas malucas, cortes em cirurgias, zoeiras em sala de aula… Como crescer com uma autoestima que se sustente? Dessa forma, quase impossível.

    Só pela foto existir, nós já somos erradas. Só pelo nude ser clicado, nós já somos as criminosas. “Como uma mulher pode se submeter a isso? Foto nua é coisa de pessoa errada. Mulher correta não faz essas coisas”. É isso que escutados.

    Porque mulher não pode se amar. Não pode se curtir.

    E é justamente a ausência do amor próprio que faz tantas garotas serem facilmente manipuláveis para tirar uma foto nua e enviar para alguém. Muitos homens sabem disso e se aproveitam para conseguirem o que querem. Veja bem: tirar uma foto pelada não é errado. Você pode tirar fotos do seu corpo, seja para se conhecer melhor ou para se sentir ainda mais linda. Pode enviar, se quiser, se for da sua vontade, se for para alguém totalmente confiável. Você não está errada! O crime é divulgá-lo sem autorização da vítima. Mas, infelizmente, invertem esse papel.

    Inclusive, em setembro de 2018, a Lei Nº 13.718 entrou em vigor para, entre outros pontos importantes, criminalizar a divulgação desse tipo de material, que inclui: cena de estupro, de sexo ou pornografia. Ou seja: é proibido oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar esse tipo de material por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual. Se o autor for identificado, pode pegar de um a cinco anos de prisão.

    Além disso, há também a Lei Carolina Dieckmann, de 2012, que proíbe a invasão de dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com objetivo de possuir, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa do dono do aparelho.

    É importante sinalizar, também, que compartilhar um nude ou qualquer material de incentivo à cultura do estupro e pornografia, seja por Instagram, Whatsapp, Facebook, ou qualquer outro meio, também configura crime!

    Infelizmente, mesmo com tantas leis, é difícil ter um punido. Geralmente, esse papel fica para a própria vítima, que muitas vezes vê sua vida virar de cabeça para baixo. Até quando?

    Crime é crime. E quem deveria pagar por ele é o criminoso. Mas, quando a vítima é mulher, pouquíssimas vezes somos poupadas. A culpa é da roupa, da confiança, do lugar onde estava, da provocação. Sempre pontos de responsabilidade da mulher. Nunca do agressor.

    Precisamos ensinar nossas meninas a se amarem mais. E, aos nossos meninos, a nos respeitarem mais. Quem sabe, assim, não teremos mais casos como da Luísa, da Cá e de tantas outras garotas que, diariamente, são vítimas do machismo desenfreado da sociedade. Precisamos parar isso. Pra já!

    Nota importante: se você está passando por chantagem sexual, entre em contato com a SaferNet Brasil. O canal é especializado em crimes online e pode te ajudar com a denúncia. Além disso, guarde as provas e converse com alguém de confiança. Não deixe para lá, sua voz importa. E muito!


  • O que o caso Big Brother Brasil tem a nos ensinar sobre nossa sociedade

    Ana Paula e Larcio BBB

    Eu não assisto Big Brother Brasil. Na verdade, nunca fui muito fã do reality show. O último neste estilo que assisti foi Casa dos Artistas, que tinha a mesma pegada mas, como o nome mesmo diz, confinava vários famosos em uma casa. Tipo A Fazenda, mas com o imóvel parecido com o BBB. Deu pra entender, né? Voltando: não digo que não gosto de Big Brother porque quero me achar mais que ninguém. Só informei que não assisto o programa por um motivo: não preciso nem ligar a televisão para saber o que está acontecendo. Basta acessar as redes sociais.

    A polêmica do reality desta vez tem dois personagens: Ana Paula e Laércio. Não assisti o programa, mas pelos comentários dos internautas deu para montar um perfil de cada. A moça, pelo que dizem, é rica, “patricinha” e “mimada” (entre aspas porque não quero que soe como ofensa, porque não foi essa a intenção, só reproduzi o que li por aí). Já o cara (ou senhor?) está sendo acusado por várias meninas de pedofilia. Isso porque, segundo elas, ele já embebedou mulheres mais novas, até mesmo de 13 anos, para transar com elas.

    Essa informação vazou após a confirmação do participante no programa. A maioria dos telespectadores dizem que é falsa, que são pessoas querendo se beneficiar em cima dessas acusações (oi?). Cada um acredita no que quer, mas eu duvido que uma menina iria se expor para “ganhar algo com isso”. Até porque há diversos prints rolando na internet que comprovam: Laércio gosta de transar com “novinhas”, curte ser selvagem e de embebedar suas “presas”.

    Se você não acredita no que está rolando na internet, então precisamos usar os fatos que a própria Globo transmitiu. Em uma das festas do programa, o Laércio fez símbolo de sexo oral para uma das participantes (não me lembro o nome, a única informação que guardei é que ela tem 19 anos). Achar isso normal é tão repugnante que, sério, não sei como alguém consegue pensar dessa forma. O gesto é assédio. Ele deixou explícito o que queria com a moça. Justo aquela que faz o padrão do “barba azul”: novinha.

    Laércio já deixou provas na internet e no programa sobre seu comportamento. Tenta falar manso, calmo, como se isso fosse mascarar o que ele quer. Ele pode não ter consumido o ato no reality, mas assediou uma participante. No lugar dela, eu ficaria com nojo, raiva, repulsa. Assim como todas nós, mulheres, ficamos ao assistir a cena.

    Mas lá dentro alguém nos representou e disse o que queríamos dizer.

    Tudo isso o que eu disse forma o contexto por trás do “estouro” da Ana Paula. Se ela é mimada, rica ou qualquer outra coisa, isso realmente importa? Isso realmente tem um peso maior do que um assédio? Sério, gente? É isso que vocês comentam quando uma notícia está relacionada à polêmica do programa? Se for, repense.

    A Ana Paula não estourou porque viu um homem “velho e feio” de cueca em seu quarto. Ela estourou porque cansou das abordagens do participante. Sentiu a repulsa que nós, telespectadores, sentimos ao ver Laércio explicitamente chamando a outra participante para um sexo oral. Sentiu o nojo, o medo, que as mulheres sentem todos os dias quando passam nas ruas e se sentem ameaçadas.

    Mesmo assim, falou. Explodiu. Disse o que sentia. Defendeu-se. Mostrou o que a incomodava.

    E foi silenciada. Como nós somos todos os dias.

    Os outros “brothers” (se é que podemos chamar assim) a aconselharam a pedir desculpas para Laércio. Pelo quê? Por se sentir incomodada com um cara que assedia outras mais novas? Por falar o que muitas de nós queria dizer? Por se impor? Porque, segundo a nossa sociedade, uma mulher não pode ter opinião, não pode reclamar quando o outro é um homem? Ou, talvez, a culpada necessariamente é sempre a mulher porque ela precisa ser submissa?

    Se o Laércio fosse do sexo feminino e estivesse de calcinha no quarto, do que ele seria chamado? Vadia seria o xingamento mais leve que a gente teria lido na internet. Se a Ana Paula fosse um homem e reclamasse da cena, seria vista como herói, como “mostrou quem manda aqui”. Mas foi o contrário: Laércio saiu como a vítima porque é homem, é mais velho. Já a moça foi vista como mimizenta, riquinha enjoada e até louca. Sério, gente?

    Ler os comentários de qualquer notícia sobre o caso é deprimente. Dá vontade de chorar ao ver tantas pessoas colocando a culpa na mulher porque ela é “fresca”. Nenhuma mulher merece ser silenciada quando se sente invadida. Nenhuma mulher tem que aguentar alguma situação porque os outros vão julgá-la. Se está errado, então é para reclamar. E fim.

    O que aprendemos com esse episódio todo é que mulher será silenciada só por ser mulher. Poucos foram aqueles que se colocaram no lugar da Ana Paula. E, infelizmente, muitos foram aqueles que saíram em defesa de Laércio. Em uma sociedade patriarcal que estamos, um episódio assim é muito mais que só uma briguinha de reality show. Se tem algo “real” no programa, então devemos ler isso como uma imitação da vida aqui fora. Lá a Ana Paula estourou, falou o que tinha para falar. Mas quantas “Ana Paula” estão aqui fora, sem câmeras para lhe proteger, sem ninguém ao seu lado, sofrendo o mesmo (ou pior) e com medo de revidar? Quantas denunciam casos de assédio, abuso, estupro e são chamadas de loucas, de insanas? Pois estamos cansadas de passar por tudo isso. De receber abuso, assédio e coisas que não queremos. E de, no final, ainda nos julgarem como doidas quando somos apenas vítimas.

    Vamos parar de priorizar o que é banal. Ana Paula pode ser o que for, mas isso não muda a índole do Laércio. Não muda o que ele fez no programa ou aqui fora. Ela se sentiu incomodada e reclamou, com razão. O impressionante é que, ao invés receber apoio, foi crucificada. Inclusive por aquelas que, muitas vezes, já estiveram no mesmo lugar.

    (Indico que também leiam este texto sobre a ação mais feminista da casa vir da participante que saiu em pró do machismo. A leitura agrega muito!)

    PS: Como mencionei no começo do post, eu não acompanho o programa. O texto é uma reflexão sobre o fato que aconteceu no reality show e a atitude dos participantes e telespectadores. Não estou defendendo um ou outro brother para ganhar o prêmio, vim aqui como mulher comentar o que houve porque, como mulher, senti empatia pela Ana Paula. Aproveito para dizer que as denúncias contra o Laércio são com base em prints da internet e depoimentos de mulheres que passaram por algum episódio com o participante em que se sentiram abusadas/assediadas.

  • O corpo dela não é seu

    O corpo dela não é seu. Nem de ninguém mais. Isso mesmo: é dela. Ela resolve o que fazer com seu cabelo, sua barriga e qualquer outra parte. Nem você, nem eles, nem eu temos poder sobre o corpo dela. Fácil na teoria, difícil na prática.

    Quantas vezes você já julgou alguém por usar um short curto? Ou, sendo mais razoável: quantas vezes você já se perguntou por que aquela menina, simplesmente, não fazia uma dieta para emagrecer? Por que a garota não parava de usar uma estampa tão fora de moda?

    Nós temos mania de se apodar do outro. De achar que ele nos pertence, mesmo que seu rosto, suas curvas e seu sorriso nunca tenham feito parte do nosso dia-a-dia. Achamos que o mundo inteiro precisa ser do nosso jeito. Ou se encaixa nos nossos padrões ou é ruim, errado. Quem disse?

    Quando nossas opiniões afetam a vida de outras pessoas, devemos parar e refletir o que estamos fazendo. Ser contra a descriminalização do aborto, à igualdade entre homens e mulheres, continuar achando que a culpa é da vítima, não do agressor, e puni-la por usar um vestido “curto” ou estar sozinha à noite em algum lugar, é algo que deveria ficar aí: dentro de você. Lembra uma vez que te disseram na escola que todos nós temos preconceitos? Ninguém é livre de julgar. A diferença é o que você faz com sua opinião.

    E daí se a mina abortou ou tem direito de abortar? E daí se ela pega outra garota? E daí se ela está acima do padrão de beleza e se acha maravilhosa? E daí se ela quer curtir a vida, seja pegando dez na mesma noite ou guardando-se para o cara que ela escolheu viver suas aventuras?

    Enquanto a gente colocar nossa opinião como bem maior, nunca vamos avançar. Ninguém te obriga a ser gay se você não for. Você pode continuar sendo uma hétero feliz e deixar um homo ser, também. Quem ele beija ou com quem ele transa não faz dele um ser inferior, nem digno de agressões (físicas ou verbais). O que deveria valer nesse julgamento é nosso caráter, como tratamos as outras pessoas e o que fazemos aos outros.

    Se você é contra o aborto, tudo bem. É contra usar vestido curto, tudo bem. Não quer sair com vários caras, tudo bem, também. Apenas não aborte, não vista essas roupas e não saia com todos que aparecer. Você tem direito de ter sua opinião. O que não vale é me obrigar a pensar da mesma forma.

    Mulheres sofrem todos os dias sendo vítimas de estupro, assédio no transportes, gravidez indesejada, julgadas como ser inferior e censura de ser ela mesma, de se entender. Nós temos que seguir um padrão que nem sabemos por que existe. Não temos autonomia do nosso próprio corpo. Não temos livre escolha de quem vai tocar nossos lábios, nossas pernas, nossos seios. Não temos direito de escolha. “Fez, pagou”, é o que dizem. Criminalizam-nos por ter uma vagina ao invés de um pênis. E ainda querem nos punir por querer mudanças.

    Não estou aqui para impor o que eu acho – até porque acabei de dizer que ninguém deve fazer isso. Escrevi este texto porque acho importante, acima de tudo, que a gente saiba respeitar o próximo, deixá-lo livre para fazer o que quiser com o que tem, e não culpá-lo por isso. Cada um é feliz da sua forma e cada um precisa de um espaço no mínimo agradável para isso. Precisamos ter nossa opinião e não deixar que ela afete o próximo. Só queremos ter escolha. E poder sobre o que somos, queremos e esperamos do mundo. É pedir demais?

    Infelizmente, às vezes parece que sim.