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  • O que o caso Big Brother Brasil tem a nos ensinar sobre nossa sociedade

    Ana Paula e Larcio BBB

    Eu não assisto Big Brother Brasil. Na verdade, nunca fui muito fã do reality show. O último neste estilo que assisti foi Casa dos Artistas, que tinha a mesma pegada mas, como o nome mesmo diz, confinava vários famosos em uma casa. Tipo A Fazenda, mas com o imóvel parecido com o BBB. Deu pra entender, né? Voltando: não digo que não gosto de Big Brother porque quero me achar mais que ninguém. Só informei que não assisto o programa por um motivo: não preciso nem ligar a televisão para saber o que está acontecendo. Basta acessar as redes sociais.

    A polêmica do reality desta vez tem dois personagens: Ana Paula e Laércio. Não assisti o programa, mas pelos comentários dos internautas deu para montar um perfil de cada. A moça, pelo que dizem, é rica, “patricinha” e “mimada” (entre aspas porque não quero que soe como ofensa, porque não foi essa a intenção, só reproduzi o que li por aí). Já o cara (ou senhor?) está sendo acusado por várias meninas de pedofilia. Isso porque, segundo elas, ele já embebedou mulheres mais novas, até mesmo de 13 anos, para transar com elas.

    Essa informação vazou após a confirmação do participante no programa. A maioria dos telespectadores dizem que é falsa, que são pessoas querendo se beneficiar em cima dessas acusações (oi?). Cada um acredita no que quer, mas eu duvido que uma menina iria se expor para “ganhar algo com isso”. Até porque há diversos prints rolando na internet que comprovam: Laércio gosta de transar com “novinhas”, curte ser selvagem e de embebedar suas “presas”.

    Se você não acredita no que está rolando na internet, então precisamos usar os fatos que a própria Globo transmitiu. Em uma das festas do programa, o Laércio fez símbolo de sexo oral para uma das participantes (não me lembro o nome, a única informação que guardei é que ela tem 19 anos). Achar isso normal é tão repugnante que, sério, não sei como alguém consegue pensar dessa forma. O gesto é assédio. Ele deixou explícito o que queria com a moça. Justo aquela que faz o padrão do “barba azul”: novinha.

    Laércio já deixou provas na internet e no programa sobre seu comportamento. Tenta falar manso, calmo, como se isso fosse mascarar o que ele quer. Ele pode não ter consumido o ato no reality, mas assediou uma participante. No lugar dela, eu ficaria com nojo, raiva, repulsa. Assim como todas nós, mulheres, ficamos ao assistir a cena.

    Mas lá dentro alguém nos representou e disse o que queríamos dizer.

    Tudo isso o que eu disse forma o contexto por trás do “estouro” da Ana Paula. Se ela é mimada, rica ou qualquer outra coisa, isso realmente importa? Isso realmente tem um peso maior do que um assédio? Sério, gente? É isso que vocês comentam quando uma notícia está relacionada à polêmica do programa? Se for, repense.

    A Ana Paula não estourou porque viu um homem “velho e feio” de cueca em seu quarto. Ela estourou porque cansou das abordagens do participante. Sentiu a repulsa que nós, telespectadores, sentimos ao ver Laércio explicitamente chamando a outra participante para um sexo oral. Sentiu o nojo, o medo, que as mulheres sentem todos os dias quando passam nas ruas e se sentem ameaçadas.

    Mesmo assim, falou. Explodiu. Disse o que sentia. Defendeu-se. Mostrou o que a incomodava.

    E foi silenciada. Como nós somos todos os dias.

    Os outros “brothers” (se é que podemos chamar assim) a aconselharam a pedir desculpas para Laércio. Pelo quê? Por se sentir incomodada com um cara que assedia outras mais novas? Por falar o que muitas de nós queria dizer? Por se impor? Porque, segundo a nossa sociedade, uma mulher não pode ter opinião, não pode reclamar quando o outro é um homem? Ou, talvez, a culpada necessariamente é sempre a mulher porque ela precisa ser submissa?

    Se o Laércio fosse do sexo feminino e estivesse de calcinha no quarto, do que ele seria chamado? Vadia seria o xingamento mais leve que a gente teria lido na internet. Se a Ana Paula fosse um homem e reclamasse da cena, seria vista como herói, como “mostrou quem manda aqui”. Mas foi o contrário: Laércio saiu como a vítima porque é homem, é mais velho. Já a moça foi vista como mimizenta, riquinha enjoada e até louca. Sério, gente?

    Ler os comentários de qualquer notícia sobre o caso é deprimente. Dá vontade de chorar ao ver tantas pessoas colocando a culpa na mulher porque ela é “fresca”. Nenhuma mulher merece ser silenciada quando se sente invadida. Nenhuma mulher tem que aguentar alguma situação porque os outros vão julgá-la. Se está errado, então é para reclamar. E fim.

    O que aprendemos com esse episódio todo é que mulher será silenciada só por ser mulher. Poucos foram aqueles que se colocaram no lugar da Ana Paula. E, infelizmente, muitos foram aqueles que saíram em defesa de Laércio. Em uma sociedade patriarcal que estamos, um episódio assim é muito mais que só uma briguinha de reality show. Se tem algo “real” no programa, então devemos ler isso como uma imitação da vida aqui fora. Lá a Ana Paula estourou, falou o que tinha para falar. Mas quantas “Ana Paula” estão aqui fora, sem câmeras para lhe proteger, sem ninguém ao seu lado, sofrendo o mesmo (ou pior) e com medo de revidar? Quantas denunciam casos de assédio, abuso, estupro e são chamadas de loucas, de insanas? Pois estamos cansadas de passar por tudo isso. De receber abuso, assédio e coisas que não queremos. E de, no final, ainda nos julgarem como doidas quando somos apenas vítimas.

    Vamos parar de priorizar o que é banal. Ana Paula pode ser o que for, mas isso não muda a índole do Laércio. Não muda o que ele fez no programa ou aqui fora. Ela se sentiu incomodada e reclamou, com razão. O impressionante é que, ao invés receber apoio, foi crucificada. Inclusive por aquelas que, muitas vezes, já estiveram no mesmo lugar.

    (Indico que também leiam este texto sobre a ação mais feminista da casa vir da participante que saiu em pró do machismo. A leitura agrega muito!)

    PS: Como mencionei no começo do post, eu não acompanho o programa. O texto é uma reflexão sobre o fato que aconteceu no reality show e a atitude dos participantes e telespectadores. Não estou defendendo um ou outro brother para ganhar o prêmio, vim aqui como mulher comentar o que houve porque, como mulher, senti empatia pela Ana Paula. Aproveito para dizer que as denúncias contra o Laércio são com base em prints da internet e depoimentos de mulheres que passaram por algum episódio com o participante em que se sentiram abusadas/assediadas.

  • O corpo dela não é seu

    O corpo dela não é seu. Nem de ninguém mais. Isso mesmo: é dela. Ela resolve o que fazer com seu cabelo, sua barriga e qualquer outra parte. Nem você, nem eles, nem eu temos poder sobre o corpo dela. Fácil na teoria, difícil na prática.

    Quantas vezes você já julgou alguém por usar um short curto? Ou, sendo mais razoável: quantas vezes você já se perguntou por que aquela menina, simplesmente, não fazia uma dieta para emagrecer? Por que a garota não parava de usar uma estampa tão fora de moda?

    Nós temos mania de se apodar do outro. De achar que ele nos pertence, mesmo que seu rosto, suas curvas e seu sorriso nunca tenham feito parte do nosso dia-a-dia. Achamos que o mundo inteiro precisa ser do nosso jeito. Ou se encaixa nos nossos padrões ou é ruim, errado. Quem disse?

    Quando nossas opiniões afetam a vida de outras pessoas, devemos parar e refletir o que estamos fazendo. Ser contra a descriminalização do aborto, à igualdade entre homens e mulheres, continuar achando que a culpa é da vítima, não do agressor, e puni-la por usar um vestido “curto” ou estar sozinha à noite em algum lugar, é algo que deveria ficar aí: dentro de você. Lembra uma vez que te disseram na escola que todos nós temos preconceitos? Ninguém é livre de julgar. A diferença é o que você faz com sua opinião.

    E daí se a mina abortou ou tem direito de abortar? E daí se ela pega outra garota? E daí se ela está acima do padrão de beleza e se acha maravilhosa? E daí se ela quer curtir a vida, seja pegando dez na mesma noite ou guardando-se para o cara que ela escolheu viver suas aventuras?

    Enquanto a gente colocar nossa opinião como bem maior, nunca vamos avançar. Ninguém te obriga a ser gay se você não for. Você pode continuar sendo uma hétero feliz e deixar um homo ser, também. Quem ele beija ou com quem ele transa não faz dele um ser inferior, nem digno de agressões (físicas ou verbais). O que deveria valer nesse julgamento é nosso caráter, como tratamos as outras pessoas e o que fazemos aos outros.

    Se você é contra o aborto, tudo bem. É contra usar vestido curto, tudo bem. Não quer sair com vários caras, tudo bem, também. Apenas não aborte, não vista essas roupas e não saia com todos que aparecer. Você tem direito de ter sua opinião. O que não vale é me obrigar a pensar da mesma forma.

    Mulheres sofrem todos os dias sendo vítimas de estupro, assédio no transportes, gravidez indesejada, julgadas como ser inferior e censura de ser ela mesma, de se entender. Nós temos que seguir um padrão que nem sabemos por que existe. Não temos autonomia do nosso próprio corpo. Não temos livre escolha de quem vai tocar nossos lábios, nossas pernas, nossos seios. Não temos direito de escolha. “Fez, pagou”, é o que dizem. Criminalizam-nos por ter uma vagina ao invés de um pênis. E ainda querem nos punir por querer mudanças.

    Não estou aqui para impor o que eu acho – até porque acabei de dizer que ninguém deve fazer isso. Escrevi este texto porque acho importante, acima de tudo, que a gente saiba respeitar o próximo, deixá-lo livre para fazer o que quiser com o que tem, e não culpá-lo por isso. Cada um é feliz da sua forma e cada um precisa de um espaço no mínimo agradável para isso. Precisamos ter nossa opinião e não deixar que ela afete o próximo. Só queremos ter escolha. E poder sobre o que somos, queremos e esperamos do mundo. É pedir demais?

    Infelizmente, às vezes parece que sim.

  • Playlist especial: 08 de março!

    Hoje é o Dia Internacional da Mulher e nada melhor que comemorar essa data super especial de um jeito alegre, certo? Por isso, escolhi minhas músicas favoritas – todas elas cantadas por mulheres – e trouxe para vocês. E vale lembrar: nada de tristeza ou insegurança nas letras. Este é o nosso momento e nada melhor que ter uma forcinha na autoestima para nos lembrar como somos importantes. Por isso, escolhi canções que tratam sobre segurança, confiança e sentimentos parecidos que são indispensáveis. Vamos dar o play?
    1- Hasta que me conociste – Anahi
    2- What the hell – Avril Lavigne
    3- Believe in me – Demi Lovato
    4- Who says – Selena Gomez
    5- Girls just wanna have fun (cover) – Miley Cyrus
    6- Big girls don’t cry – Fergie
    7- Fuckin’ perfect – Pink
    8- Vacaciones – Dulce Maria
    9- California gurls – Katy Perry
    10- Firework (cover) – Glee

    E aí? Curtiram a playlist? Conta pra gente!

  • Feliz Dia Internacional da Mulher!

    8 de Março de 2012, para muitos é só mais um dia comum. Não é bem isso que nós, orgulhosas em pertencer ao sexo feminino, pensamos, certo?
    Hoje é o nosso dia. E o melhor: nosso dia internacional. São 24 horas inteiras para celebrar nossa força, garra e sensibilidade. Temos um momento especial, assim como nós.
    Parabéns à todas as garotas e mulheres que fazem desse mundo um lugar mais emotivo, especial e único. Apesar das dificuldades, das TPMs e das desilusões, conseguimos passar por tudo isso sem reclamar… E ainda usando um salto alto. Somos guerreiras sem deixar a sensibilidade para trás. Somos especiais e nenhum cara pode tirar isso de nós, viu?
    Agradeço a cada uma de vocês, mulher ou quase-mulher, que visita e acompanha o #JDB. E é com todo o carinho do mundo que faço esse post, não só por hoje ser o nosso dia, mas também para ressaltar a importância que temos. Então… Feliz Dia Internacional da Mulher!