
– Até amanhã, Carol!
Dei dois beijos na bochecha da Paloma e segui para um banco próximo à saída da universidade. Assim que cheguei, apoiei os cadernos e livros em cima dele e organizei todos na bolsa. Preferia o peso nas costas do que aquele volume nos braços.
Assim que arrumei meu material, levantei e segui para a saída. Tirei a carteirinha do bolso e, antes de passar pela catraca, olhei para os lados só por mania boba. Me arrependi na mesma hora de ter feito isso.
Lá estava ele. Julio. Estava rindo com uma garota que nunca vi na vida. Caramba! Eu não tinha jurado a mim mesma que não sentia nada por ele? Por que aquilo mexia tanto comigo?
Enquanto eu pensava, a garota ria de alguma coisa que ele falou.
Com muito sacrifício – e muita vontade de ir lá interromper o papo com qualquer bobeira sobre as aulas -, saí da universidade. Apressei o passo na esperança de que, mesmo que o Julio saísse ao mesmo tempo, eu ainda conseguisse alguma vantagem.
Segui em frente apenas me concentrando em colocar um pé na frente do outro. Depois de alguns passos, percebi que meu tênis estava desamarrado. Droga!
Abaixei e me encostei no meio fio para amarrar o cadarço. Mentalmente, agradeci por ter guardado tudo na bolsa. Seria um trabalho tão grande se eu ainda estivesse com todos aqueles livros na mão…
– Carol? – Perguntou uma voz atrás de mim.
Não! Não! Mil vezes não! Não aquela voz. Não aquele rosto que, se eu virasse, estaria tão próximo. Não pode ser!
Tentei forçar o melhor sorriso que pude. Falhei. Não encontrando outra saída, falei sem nem olhar no rosto dele.
– Oi, Julio. – Respondi, sem entusiasmo.
Sem mais cadarço para prender minha atenção, me vi obrigada a levantar. Merda! Eu não queria ir embora com ele. Não depois daquilo e não depois dos meus sentimentos se fragilizarem daquele jeito.
Queria tanto ter uma desculpa para virar naquela próxima rua…
Seguimos andando em silêncio. Pelo menos, eu estava. O Julio continuava com umas conversas que, sinceramente, não lembro nada. Era uma mistura de provas com trabalhos e um resumo sem muitos detalhes sobre as férias.
A Carol de alguns meses atrás iria se importar com cada detalhe. Isso era bom, né? Pelo menos, minhas defesas continuavam intactas. Em parte.
Quando dei por mim, Julio estava segurando minha mão como se fosse a coisa mais natural possível. Estávamos andando assim, juntos, como um casal. Será que ele não se tocava no quanto isso era ridículo?
– Acho que os calouros são legais. Conversei com alguns hoje e gostei de algumas ideias. Poderíamos fazer uma festa de confraternização, o que acha?
– Por quê? Quer conhecer melhor as suas amiguinhas?- Respondi, soltando minha mão da dele. Com sua pele longe da minha, ficou tão mais fácil pensar!
– Não, Carol… – Respondeu, confuso. Ele olhou para nossas mãos separadas e continuou com o olhar baixo.
– Ok, Julio. – Rendi-me. – Desculpa, falei besteira. Só estou nervosa com umas coisas… – olhei seu rosto e, automaticamente, sem nem pensar, peguei sua mão.
Ele sorriu e continuamos andando por aquela rua que guardava tantas lembranças. Eu não conseguia pensar em nada para completar o silêncio. Só em uma coisa…
– Julio? – Chamei-o. – Você não acha que isso – levantei nossas mãos juntas – dá a impressão errada do que realmente somos? – Olhei seu rosto a procura de alguma mágoa. Só encontrei constrangimento.
Ele não respondeu e minha curiosidade não iria se contentar com aquilo. Insisti.
– Por que você insiste em andar comigo assim? – Desta vez, não precisei levantar nossas mãos para que ele entendesse sobre o que eu estava falando.
Ele demorou alguns segundos para responder. Finalmente, olhou para mim e disse:
– Isso é bom. – Sorriu. – E você é melhor nisso do que imagina.
Opa. Minha vez de ficar constrangida.
Prosseguimos nosso caminho. Uma parte de mim estava louca para chegar em frente ao prédio dele (onde, normalmente, nos separávamos). Outra parte queria que o prédio nunca chegasse. Era tão bom ficar assim, tão próxima dele…
Depois de alguns minutos de silêncio e uns poucos assuntos, chegamos em frente ao edifício marrom onde Julio morava. Ele se demorou por alguns segundos e continuou com nossas mãos unidas.
Ele estava quieto, ansioso. Não sei o que me deixou assim também. Estávamos tão próximos. Tão… Tão ali, a só um inclinar de rostos.
Quando dei por mim, meus lábios estavam encostando nos dele. Julio soltou nossas mãos e me abraçou forte, unindo nossos lábios mais umas duas ou três vezes.
Antes de me dizer um “até amanhã”, Julio deu o sorriso mais lindo e sincero que já vi. Entrei no táxi que me levaria para casa ainda pensando no que acabara de acontecer. Minha mente continuava confusa, apesar das perguntas serem diferentes agora. E meu coração… Bom, esse aí não tinha mais jeito. Era como se ele estivesse longe, voltando só agora. Era como se, novamente, eu pudesse senti-lo dentro de mim, batendo numa intensidade louca.
Intensidade essa que pensei que nunca mais sentiria de novo.
8 Comments
Owwwwwwww, Julie! Lindo! Tô olhando seu blog a mais ou menos duas semanas e ele foi o "pé" pra eu colocar meus textos na web. http://de7essete.blogspot.com.br
Awn que liiiindo *-*
awn que lindo, história linda *-*
beijoos ;*
garotanadanormal.blogspot.com.br
Que lindo Julie tocou meu ♥ haha 🙂
http://teendeestilo.blogspot.com.br/
Olá Julie e leitoras, estou aqui para parabenizar pelo blog, é lindo, e também para divulgar o meu, espero que gostem, deem uma visitinha http://thelarydiaries.blogspot.com/ bjs
que fofo ! irei colocar no meu blogroll 🙂
Há história tava tão boa que eu li rindo o tempo todo,sabe aquelas risadas de apaixonada?parecia mais com aqueles sonhos que a gente tem acordada,entende?
Nossa,você me fez sentir vontade de que esse texto fosse um livro.POR FAVOR,faz uma continuação,eu imploro tava tão bom e de repente acabou,foi muito rápido.O que aconteceu depois daquele dia?Se voc~e fizer a continuação,pode ser um ótimo romance com drama,tô amando.Você tem futuro Julie,beijos.
vivendocomsurpresas.blogspot.com