Category: Textos

  • Só mais um daqueles textos escritos em uma madrugada qualquer

    Nós achamos que a vida só ganha sentido quando encontramos alguém que resolve dividir tempo, pensamentos e coração com a gente. Na verdade, o desafio não está em encontrar essa pessoa, nem em fazê-la corresponder o que sentimos. Esse é só o começo e, olha, seria bom se toda a dificuldade se resumisse a isso.

    O amor não é só flor. Algumas paixões se vão sem conhecer o aroma nem a cor das rosas. Aos poucos, a gente descobre que o maior desafio é a convivência. Entender que o outro não é perfeito, diferente daquela primeira impressão que temos quando estamos apaixonados. Mas há um desafio ainda maior: entender que a gente também erra.

    Uma vez eu li em algum lugar que, em um relacionamento, os dois precisam jogar no mesmo time. Sem partidarismo nem egoísmo. Ninguém está, nem deve estar, contra o outro. Se estão juntos no Facebook ou por uma aliança, a união deve se seguir em todas as áreas. E isso inclui quebrar a cara, fazer sacrifícios e até mesmo mudar coisas que você jurou de pé junto que nunca mudaria. Tudo precisa ser mútuo, recíproco.

    Os filmes da Disney me ensinaram que sempre há um final feliz. No mundo real, a história é outra. Nas fantasias a gente nunca sabe o que aconteceu depois do the end. E se a princesa descobriu que o amor da sua vida é um idiota egoísta? Se o príncipe descobriu que sua amada não gosta dos mesmos programas que ele? Tudo pode acontecer. E acontece. Só depende de nós tentar prolongar a história e nunca deixá-la chegar a um fim.

    O tempo pode nos mudar, até mesmo nos desgastar. A rotina é uma droga que vicia e acaba com a gente. É preciso muita paciência, criatividade e ajuda para driblá-la e não cair nesse abismo. O esforço não pode partir de um lado só, e é importante entender que a gente também precisa participar. Ou isso ou deixar o destino e o tempo tomarem a frente e decidirem o que fazer.

    De tudo isso, o que fica é a certeza que nós estamos em constante mudança. E isso vale para qualquer tipo de relacionamento: com seus pais, amigos, colegas, namorado… Se um não está apto a colaborar, não adianta. E principalmente: entender que nós mesmos precisamos estar prontos para isso. Está aí um desafio que a gente tem que vencer diariamente. Ou pelo menos tentar, sem soltar as mãos nem deixar o outro cair sozinho.

  • Sobre o amor puro e verdadeiro

    Amor. Não existe sentimento mais lindo que este. Lindo e único. Cada pessoa tem seu jeito de amar e sente-se assim de diversas formas. Nós mesmos podemos amar de vários jeitos, dependente da situação, momento da vida e pessoa. A forma que amamos nossos pais é diferente daquela que sentimos por nossos amigos. E por aí vai.

    Descobri uma forma nova de amar há pouco tempo. Era um jeitinho que eu já havia sentido antes, mas a vida me levara aos poucos. Senti quando era criança, depois já mais velha, mas ficou assim. Parou por aí. Até que chegou um ser branquinho, quieto e cheio de amor para dar e me lembrou do quão gostoso poderia ser essa nova relação.

    A Branquinha nunca foi só minha. Na verdade, ela era da rua, do mundo. Sempre foi livre para voar e conhecer o lugar que bem quisera. Mas resolveu ficar amiga de outros cachorros do meu bairro. Um deles era quem a protegia de tudo e todos. Um dia, se foi. Seu reinado ficou pra cadelinha mais mansa que eu já tinha visto em toda minha vida. Sim, ela, a Branquinha. Ela ficou com o cantinho do seu amigo e o coração de todo mundo que a conheceu.

    O meu foi um deles. A cada vez que eu estava no ponto de ônibus com meu pai, lá estava ela. Às vezes deitada na sua caixinha. Outras, tentando chegar junto. Ela chegou e mostrou seu carinho por dois desconhecidos. Daí, passou a ser companhia do meu pai todas as noites, quando ele me buscava no ponto, lá pelas 23h, na volta da faculdade.

    Branquinha acompanhava-nos até a porta de casa, mas nunca entrava. Quando entrou pela primeira vez, se encantou. Dava para ver o brilho nos seus olhos. Cada pedacinho era uma novidade. Ela, que até então só conhecia a liberdade da rua, o vento dos carros e a presença de várias pessoas, passou a explorar um lugar menor, com três moradores e nada de brisa.

    Quem diz que ela se importou? Entrou uma noite e na mesma semana já aceitou o convite para dormir aqui. Passou a sair menos e ficar mais. Da rua, passou para o terreno, para a garagem e, finalmente, pra casa. Ganhou o coração de todo mundo, mas não abandonou quem lhe deu tanto carinho quando ainda estava lá no ponto de ônibus. De horas em horas, ainda visita sua antiga casa e seus antigos companheiros. Mas sempre volta para o lugar que resolveu chamar de lar.

    Ela perdeu a timidez. Entra mais em casa, fica do meu lado no quarto e até senta na cozinha enquanto minha mãe prepara o jantar. Aliás, quem diria que algum animalzinho ganharia tanto o coração da minha mãe! Nunca vi igual. Mas a Branquinha é assim mesmo. Chega aos pouquinhos, dá espaço para receber e oferecer carinho. Não tem quem não se apaixone!

    Eu não sou dona dela. Ela que me escolheu. Deixou de voar para outros lugares para ficar aqui, ao meu lado, e me fazer amá-la cada vez mais. Ainda quando late a noite inteira, no outro dia de manhã está balançando seu rabo quando me vê. Ela é pura alegria, até quando está quieta na bacia que escolheu como cama. Ela escolheu tudo, até o cantinho que iria se deitar. Ganhou um cobertor, liberdade para sair quando quiser e carinho de três pessoas. Pode ir na rua quando quer, mas sempre bate no portão, como gente, para entrar de novo. E vem alegre, toda tortinha, sem saber qual pé encostar primeiro. Não deixa ninguém entrar na sala antes de fazer um cafuné em sua cabeça. A verdade é que, quando ela chega, não sei de quem é a alegria maior: minha ou dela. Porque os sorrisos são quase os mesmos. Sinceros. Assim como o amor que sentimos por ela. Puro. E verdadeiro.

    Acordei com vontade de falar da Branquinha hoje. Olhei no blog e percebi que nunca comentei sobre ela aqui e decidi registrar nossa história. Falando nisso, ela acabou de entrar no meu quarto! Como não amá-la? <3

  • Carta para quando você duvidar do que eu sinto

    Querido amor,

    Há algum tempo você me perguntou se eu desistiria fácil de nós. Poderia jurar de pé junto que a resposta era mais óbvia que 1+1 e foi estranho perceber que não. Sei que ainda vou cometer muitas burradas como no decorrer dos dias e é por isso que estou te escrevendo: quando duvidar do que sinto, dê uma lida neste texto. Reuni aqui o que amo em você. Foi difícil e até divertido completar a lista.

    1. Eu amo seus olhos. Poderia passar a eternidade observando-os e não reclamaria. Gosto de contemplar seu olhar e tentar adivinhar o que passa em sua mente. Já disse que você tem um brilho indescritível? É como se seus olhos fossem as estrelas do meu mundo. E quando sorri, tudo se torna ainda melhor.

    2. Eu adoro seu sorriso. Quando ele aparece por minha causa, gosto ainda mais. As curvas dos seus lábios quando sorriem são inexplicáveis. Eu poderia desenhá-las com meus dedos em cada minuto ao seu lado, contemplá-las para guardar em minha memória cada detalhe.

    3. Falando em sorriso, seus lábios são minha outra paixão. Adoro tocá-lo com minha boca, meus dedos. Quando você me beija, as borboletas nos fazem companhia em meu estômago. E você sabe o quanto eu adoro te beijar. Nem preciso falar muito aqui, né?

    4. Quando você me envolve em seus braços, eu me sinto a pessoa mais segura do mundo. Adoro quando você apoia suas mãos em minhas costas, quando você me levanta e estrala minha coluna. Quando vem me abraçar porque sabe que as coisas estão ruins demais para eu conseguir aguentá-las sozinha. E seu apoio é mega essencial.

    5. Eu fico ainda mais apaixonada quando você me apoia nas minhas loucuras. Adoro quando puxa minha orelha e não me deixa desistir. Quando se oferece para fazer algo que, até então, nem sabia como fazer. Quando tenta me ajudar no máximo que consegue e até deixa suas coisas de lado só para ver algo meu tomando forma. E quando fica do meu lado, seja qual for o problema ou situação.

    6. Se eu pudesse escolher como acordar todos os dias, com certeza seria ao seu lado. Dormir de conchinha, levantar com um carinho e um beijo de bom dia… E ainda escutar um eu te amo logo pela manhã.

    7. Falando nisso, eu adoro quando você diz que me ama, mesmo que seja para quebrar o silêncio no Whatsapp ou mudar de assunto. Sei que fico ranzinza às vezes, mas é sempre bom escutar, viu?

    8. Na TPM, você está sempre lá para me aturar, suportar minhas neuras, crises e raivas. E ainda me ajuda em tudo, mesmo quando não mereço.

    9. Você sempre dá um jeitinho de me mostrar o quanto sou especial. Seja da forma como cuida de mim, seja com mensagens bonitinhas antes ou depois de acordar, seja me esperando por quase uma hora no ponto de ônibus e até mesmo pelo carinho que recebo sempre. É gostoso ter alguém ao meu lado. Mas, ainda melhor, me sentir única. Saber que você está ali por mim, que me escolheu assim como eu te escolhi.

    10. Adoro quando você aprende a cantar minhas músicas de tanto eu cantá-las pra você. É uma coisa besta, mas gosto de ver minhas letras favoritas em sua boca.

    11. Ver você com ciúmes é a coisa mais engraçada do mundo. É tão fofo quando você fica incomodado com algum colega ou quando diz que fulano está afim de mim, por mais improvável que seja. Relaxa, amor. Você não vai me perder pra nenhum deles, tá? (e só como nota: não faça o mesmo, odeio quando você me deixa com ciúmes)

    12. Eu poderia seguir com um milhão de itens, mas vou tentar resumi-los aqui. Eu te amo por ser a pessoa incrível que é. Por tudo isso e mais um pouco. Por ser tão amigo, companheiro e não desistir de mim, mesmo quando eu quero desistir. Você me dá sua mão para que eu possa segurar nos momentos difíceis, não me deixa tropeçar – literalmente. Obrigada por ser tão especial e tão bom em tudo o que faz pra mim.

    Eu te amo. E mais gostoso que sentir tudo isso é saber que é recíproco.

  • O corpo dela não é seu

    O corpo dela não é seu. Nem de ninguém mais. Isso mesmo: é dela. Ela resolve o que fazer com seu cabelo, sua barriga e qualquer outra parte. Nem você, nem eles, nem eu temos poder sobre o corpo dela. Fácil na teoria, difícil na prática.

    Quantas vezes você já julgou alguém por usar um short curto? Ou, sendo mais razoável: quantas vezes você já se perguntou por que aquela menina, simplesmente, não fazia uma dieta para emagrecer? Por que a garota não parava de usar uma estampa tão fora de moda?

    Nós temos mania de se apodar do outro. De achar que ele nos pertence, mesmo que seu rosto, suas curvas e seu sorriso nunca tenham feito parte do nosso dia-a-dia. Achamos que o mundo inteiro precisa ser do nosso jeito. Ou se encaixa nos nossos padrões ou é ruim, errado. Quem disse?

    Quando nossas opiniões afetam a vida de outras pessoas, devemos parar e refletir o que estamos fazendo. Ser contra a descriminalização do aborto, à igualdade entre homens e mulheres, continuar achando que a culpa é da vítima, não do agressor, e puni-la por usar um vestido “curto” ou estar sozinha à noite em algum lugar, é algo que deveria ficar aí: dentro de você. Lembra uma vez que te disseram na escola que todos nós temos preconceitos? Ninguém é livre de julgar. A diferença é o que você faz com sua opinião.

    E daí se a mina abortou ou tem direito de abortar? E daí se ela pega outra garota? E daí se ela está acima do padrão de beleza e se acha maravilhosa? E daí se ela quer curtir a vida, seja pegando dez na mesma noite ou guardando-se para o cara que ela escolheu viver suas aventuras?

    Enquanto a gente colocar nossa opinião como bem maior, nunca vamos avançar. Ninguém te obriga a ser gay se você não for. Você pode continuar sendo uma hétero feliz e deixar um homo ser, também. Quem ele beija ou com quem ele transa não faz dele um ser inferior, nem digno de agressões (físicas ou verbais). O que deveria valer nesse julgamento é nosso caráter, como tratamos as outras pessoas e o que fazemos aos outros.

    Se você é contra o aborto, tudo bem. É contra usar vestido curto, tudo bem. Não quer sair com vários caras, tudo bem, também. Apenas não aborte, não vista essas roupas e não saia com todos que aparecer. Você tem direito de ter sua opinião. O que não vale é me obrigar a pensar da mesma forma.

    Mulheres sofrem todos os dias sendo vítimas de estupro, assédio no transportes, gravidez indesejada, julgadas como ser inferior e censura de ser ela mesma, de se entender. Nós temos que seguir um padrão que nem sabemos por que existe. Não temos autonomia do nosso próprio corpo. Não temos livre escolha de quem vai tocar nossos lábios, nossas pernas, nossos seios. Não temos direito de escolha. “Fez, pagou”, é o que dizem. Criminalizam-nos por ter uma vagina ao invés de um pênis. E ainda querem nos punir por querer mudanças.

    Não estou aqui para impor o que eu acho – até porque acabei de dizer que ninguém deve fazer isso. Escrevi este texto porque acho importante, acima de tudo, que a gente saiba respeitar o próximo, deixá-lo livre para fazer o que quiser com o que tem, e não culpá-lo por isso. Cada um é feliz da sua forma e cada um precisa de um espaço no mínimo agradável para isso. Precisamos ter nossa opinião e não deixar que ela afete o próximo. Só queremos ter escolha. E poder sobre o que somos, queremos e esperamos do mundo. É pedir demais?

    Infelizmente, às vezes parece que sim.

  • Por que eu não me apaixonaria por você?

    A vida é tão engraçada. A gente acha que tá tudo bem até aparecer uma pessoa que vira as coisas de cabeça pra baixo. E isso não é ruim. Às vezes nós estamos vivendo do lado avesso e é preciso alguém para nos colocar na direção certa.

    Você apareceu nesse momento. Eu jurava que estava tudo certo. Foi preciso você vir para me mostrar que eu poderia ser ainda mais completa. Já tinha aprendido a não depender do amor, a sorrir além dele. O único amor por aqui tinha nada a ver com o que você me apresentou. Era tão novo que, no início, juro que senti medo de me jogar. Mas me joguei. São essas surpresas que tornam tudo melhor.

    A gente deixou que nosso sentimento ficasse ainda mais intenso. Tudo se tornou mais fácil, mais natural, ao seu lado. Ainda bem. O gostoso do amor é isso: não tentar ser outra pessoa, ser você. Não ter vergonha de usar aquela sua blusa favorita só porque é velhinha. Ou até se importar menos em usar a camisa xadrez dele. Trocar o salto por um tênis naqueles dias que você só quer se sentir confortável – e saber que não só você se achará linda, ele também.

    Mesmo não sendo possível viver um romance de filme todos os dias, a gente sabe que o amor só cresce. Nem sempre dá para conhecer uma praia legal ou receber um buquê de flores com cartão. Mas cada pequeno segundo do dia-a-dia torna uma delícia se apaixonar. E cada vez mais.

    Você faz de tudo para me ver bem. Arranca um sorriso meu até quando quero chorar. Naqueles dias de TPM, me oferece chocolate e seu ombro para reclamar da vida. Aceita até que eu reclame de você. Briga comigo quando eu quero desistir do que gosto – e não deixa que eu faça essa besteira. Me ajuda em meus planos e até sonha comigo. Me dá sua mão naqueles momentos quando sinto que vou cair (às vezes, literalmente). Não deixa passar um dia sem dizer que me ama. Cuida do meu corpo com carinho, como se fosse um diamante a zelar. Do meu coração, com cuidado, como se pudesse quebrar a qualquer momento. Você aceita que eu seja eu mesma, sem me limitar. E até ama tudo isso (por mais estranho que possa ser).

    Nós somos incríveis quando estamos juntos. Sua boca se encaixa perfeitamente na minha e posso sentir seu coração bater forte a cada vez que elas se juntam. Já se passou tanto tempo, mas as borboletas ainda dançam em meu estômago sempre que você está por perto. Talvez a paixão não tenha ido embora. Que fique por muito tempo.

    Como eu não me apaixonaria por você, quando a gente se completa tão bem? Seria impossível não acontecer. Quando penso na vida, não me imagino com outra pessoa. Não que eu seja sua dependente, mas seria difícil me acostumar a não tê-lo em meus dias. O vazio que se completou – e eu nem sabia existir até você chegar – voltaria. E seria difícil lidar com ele.

    A menina de um ano atrás mudou muito. E sei que você, também. Aprendemos coisas novas juntos. Aí que tá a graça da vida. Gosto de lembrar do começo, quando éramos dois bobos apaixonados sem ideia do que iria acontecer. E é gostoso saber que, mesmo não sabendo ainda, eu tenho uma ideia melhor do futuro.

    Não sei o que está por vir. Mas se for com você, tudo bem. Que venha.

  • O que você tem contra nossa selfie?

    Nós nascemos e crescemos com smartphones, aplicativos, computadores e informação a todo momento. Estamos rodeados, todos os dias, de vários tipos de notícias – e aqui incluo as fofocas do R7 e o seu amigo no Facebook falando mal da Dilma. Nossa geração conhece e domina bem as redes sociais. Sabe o que é Instagram, Snapchat, Secret, Tumblr, Facebook, Whatsapp e todos esses nomes que nossos pais ainda não sabem dizer.

    A tecnologia faz parte da nossa vida e veio com o principal objetivo de facilitar. Ela simplificou a comunicação, o envio de arquivos e, entre outros serviços, fotografia. Há cinco anos, por exemplo, ter uma câmera de 5MP era ostentação. Hoje a maioria dos smartphones ultrapassam esse número e até são melhores no quesito qualidade. Estou mentindo?

    Tirar fotos deixou de ser um evento para se tornar rotina. Viu uma cena bonita na praia? Click. Um acidente aconteceu na estrada? Click. Teve um dia legal? Click. Está maquiada e quer uma foto nova para o perfil do Facebook? Click, click, click.

    Alguns nos chamam de Geração Selfie e falam isso como se fosse algo ruim. Quer saber? Não é. Uma ação tão simples, que é tirar foto de si mesma, nunca foi tão mal vista e julgada. “A Maria só posta foto de rosto no Instagram, se acha a gata da sala”. “O João deve ser gay, vive postando selfie no Facebook”. Quem aí nunca recebeu, leu ou até mesmo disse isso por aí?

    A verdade é que os outros não estão acostumados com algo que todos nós devíamos ter: amor próprio. É difícil ver aquela pessoa se amando. É difícil ver outro alguém curtindo seu novo corte de cabelo. É difícil ver a fulana postando foto sem maquiagem e ligando o foda-se para as regras. O que as pessoas chamam de algo ruim, eu chamo de algo bom.

    Vou contar uma história para vocês: eu sempre fui tímida e tive problemas com aparência, assim como toda adolescente nesse período. Minha forma de passar por isso sem querer cortar os pulsos não foi me rebaixando nem chorando no quarto. Mas, sim, tirando fotos. Meu passatempo favorito era brincar com maquiagens que eu nem sabia a marca e depois tirar várias selfies – quando essa palavra ainda nem existia – com minha câmera tosca. Foi aí que eu percebi que a maioria dos defeitos que eu “tinha” só existia na minha cabeça.

    Ninguém posta uma foto na internet se acha que está ruim. Quando publicamos nosso rostinho nas redes sociais, é porque naquele momento nós éramos o centro do mundo, a diva que todas querem copiar. Nós tínhamos acabado de conseguir fazer aquele esfumado lindo que aprendemos com a Camila Coelho e nosso delineado gatinho ficou idêntico ao da Amy Winehouse. Apostamos no bocão vermelho da Bruna Vieira e fizemos biquinho como a Paula Buzzo. Nós nos sentimos lindas naquele instante e resolvemos perpetuá-lo. E daí?

    Vamos ser menos chatos com toda essa imposição de regra. A internet é livre e cada um pode fazer o que quiser. Ao invés se preocupar com aquela menina que adora fotos, tente abrir um portal e se informar sobre problemas piores no mundo. Não é querendo ser moralista, mas você já parou para pensar o quão importante  aquela selfie é para a pessoa? O quanto uma simples imagem pode ter feito, nem que por uns minutinhos, ela se amar mais? Que tal transformar o ódio pelo próximo em amor por você? Quem é bem resolvido consigo mesmo não precisa diminuir o outro para ficar bem.

    A verdade é que nós deveríamos amar mais o que somos. E se nosso amor próprio incomoda alguém, que se dane! Ninguém é obrigado a nos seguir e o unfollow existe para resolver o problema. Quem se importa com um seguidor a menos quando temos autoestima a mais? Eu não.

    Um beijo especial para Larissa, Ana, Pam, Fernanda e Tati que enviaram suas selfies para o post! Pedi no grupo do Julie de Batom lá no Whatsapp e elas toparam participar. Quer se juntar a nós? Deixe seu número com DDD por inbox na fanpage 🙂

  • O ano passou voando e eu…

    O ano passou voando e eu… Esqueci que tenho asas. Permaneci parada, estagnada no mesmo lugar. Não sei o que fiz nesses 365 dias. Com certeza, nada espetacular nem grandioso. Não me lembrei dos projetos que fiz e vivi cada dia como se fosse único. Não no sentido de sempre.

    Não digo isso como algo ruim. Afinal, 2014 foi um ano introspectivo, de viver para mim. Dei-me a liberdade de aproveitar cada segundo, cada abraço e cada respiração. Beijei muito, ri pra caramba e mudei mil vezes. De cabelo, de estágio, de perspectivas, de cores. Permaneci no preto, branco e vermelho de sempre mas também me arrisquei no verde, no rosa. Fui aos poucos chegando a algum lugar, mesmo sem saber onde o próximo passo me levaria. Surpresas. Aprendi a gostar – e muito – delas.

    Meu ano foi leve, fácil. E sei que é egoísmo dizer isso quando tantas coisas ruins aconteceram por aqui. Queda de avião, mortes, enchentes, pessoas que perderam tudo. Passei a viver ainda mais perto da tragédia e das notícias ruins e não me deixei esfriar.

    Eu mal liguei o computador nesses 365 dias. Aprendi que posso fazer quase tudo com o celular. Quase. Deixei o blog de lado, sem querer, para aproveitar o mundo real, mesmo sem saber, conscientemente, o que estava fazendo. Se tem algo que 2014 me ensinou é a ser natural, fazer no meu tempo. Fiz. E foi ótimo.

    Nunca fui de fazer metas porque eu nunca consegui cumpri-las. Mas fiz um esforcinho e prometi que 2015 vai ser meu ano. O meu e do Julie de Batom. Não estou falando em sucesso, mas em comprometimento. Vai ser difícil? Vai. A faculdade está me esperando com um Trabalho de Conclusão de Curso (ah, o TCC!) para fazer. O estágio me faz acordar junto com as galinhas e me trouxe uma rotina hiper corrida. São desafios. E me proponho a passar por mais um.

    Este post não é uma promessa aos leitores, é um lembrete a mim mesma. Posso conseguir o que quero se eu me esforçar. Descansei muito em 2014, agora é hora de trabalhar. O ano passou voando, e o mesmo vai acontecer com 2015.

    A única diferença é que, desta vez, eu voarei junto.

  • Só mais um texto escrito em dias ruins

    A vida é um pé no saco quando nada dá certo. Os textos da faculdade saem uma bosta, o trabalho não dá mais tesão e as lágrimas se tornam tão rebeldes que decidem abandonar o lar. Eu poderia até resumir todo esse momento em três letras se meu período não estivesse tão longe de acontecer. É foda, eu sei. 

    Nunca disseram que a vida seguiria no modo easy, mas me senti abandonada por não receber o manual. Jogaram o controle na minha mão e não se preocuparam em me passar as funções de cada botão. Entrei sem querer em um jogo mais complicado que aquelas equações chatas de Matemática do Ensino Médio. E não sei nem por onde começar a resolvê-lo.
    O jeito é fazer o de sempre: apertar todos os botões juntos e torcer para ativar algum poder especial. Sabe, nem precisa ser muito longo. Aceito, de bom grado, só algo que distraia as coisas ruins por alguns segundinhos. Pelo menos o suficiente para recompor minhas forças e seguir na próxima fase.
    Talvez seja só drama ou um momento ruim. Um jeitinho da vida ensinar que tudo tem seu lado bom. Disseram que o importante é não desanimar e continuar tentando. Treinar sozinho as partes do jogo enquanto não se sente preparado para enfrentar o chefão. Passar a madrugada inteira procurando sair daquela fase e sentir que, mais que dedos doloridos, você adquiriu forças e macetes. Entre erros e acertos, descobrir que o amarelo e o azul podem te ajudar a passar por aquele obstáculo. Ou que uma combinação diferente de botões é ainda melhor que um só.

    Só não seja egoísta e não queira fazer tudo sozinho. Tenha controles extras e permita que outras pessoas te ajudem. O mérito não precisa só seu, você pode dividi-lo com quem você ama. Uma coisa eu aprendi nesses últimos tempos e levo como lição: em grupo fica bem mais fácil, gostoso e divertido. Vai por mim.

    O que vale é lembrar que sempre haverá um amanhã. O jogo continuará ali, só te esperando tentar de novo. As fases são inúmeras e você só vai conhecer a última no tempo certo. Enquanto isso, paciência e controle na mão. A vida te espera para tentar um pouquinho mais. Sem desânimo, tá? Quando chegar lá, vai ver o quanto valeu a pena. Sempre vale, afinal.

  • No que você está pensando?

    “No que você está pensando?”. Essa é a primeira pergunta que leio ao abrir a página inicial do Facebook. Que perguntinha mais complexa para se responder logo de cara! Afinal, quantos pensamentos passam por nossa cabeça durante as 24 horas do dia?
    Ao acordar eu poderia ter respondido ao Face que, caso eu encontrasse uma lâmpada mágica e um gênio me oferecesse três desejos, com certeza permanecer na cama seria um deles. Cochilar por mais eternos cinco minutinhos é o que todo mundo pensa quando o despertador enche o saco, digo, toca. Meu sono é como a zoeira: não tem limites. Às segundas-feiras é ainda pior por ser o começo de mais uma semana cheia de trabalhos, prazos e estresse. Quem acorda feliz, por favor, me passa a receita aí.
    Três minutos depois meu pai já estava me chamando pela décima vez. Senti falta da manhã de domingo, quando acordei com sussurros e não gritos. Suspirei. Um “eu te amo” é bem melhor que “você está atrasada”, apesar de não estar. Ta bom, admito. Queria meu namorado por perto de novo #loveisintheair.
    Uma hora mais tarde eu poderia responder ao Facebook que as lojas de São Vicente me deixaram decepcionada. “Como assim não encontrei um terninho por aqui?”, eu responderia à pergunta com outro questionamento (“somente um idiota responde uma pergunta com outra”, diria o Seu Madruga). Em resumo: acordei cedo para nada. Meu sono se sentiu ofendido.
    Chego à minha mesa do estágio e começo a fazer o clipping. “Segunda-feira é o pior dia”, eu diria ao Facebook, cuja janela abri no modo anônimo. “Onde clico para o Photoshop fazer tudo por mim? #Fikdik para a galera da internet inventar um aplicativo mágico que facilite a vida dos estagiários”. Obrigada, de nada.
    Olho para o relógio e já são 16h. Acabei de finalizar duas descrições literárias para a disciplina de Estudos da Linguagem. “Adivinha quem deixei tudo para a última hora? Mas como dizem… Antes tarde do que nunca.”, responderia ao Face.
    Finalmente, chega minha hora de sair do estágio. “Kd aquele Big Mac com três hambúrgueres agora? #gordinha #fitnessnãomerepresenta – se sentindo esfomeada”, eu postaria se meu 3G não fosse tão lento. E ainda colaria o link da paródia “Tô sem sinal da Tim”. Essa me representa.
    Algumas horas mais tarde, eu faria parte do grupo revolts das redes sociais. Não xingaria muito no Twitter porque agora ele não se importa com o que penso. “Gente que insiste no erro… Ninguém merece! #falomesmo”.
    Quase no final da noite, meu pensamento se resumia a TPM que insiste em me fazer companhia. Quer dizer, ninguém merece terminar o dia de mal com quem mais ama. “Hoje tá fácil prazinimiga – se sentindo chateada”.
    Já passa da meia-noite, mas para mim o dia só termina quando durmo. O relógio avisa que são mais de três da madrugada e até uma hora atrás eu não tinha ideia do tema desta crônica. Aí abro o Facebook e leio a frase que me acompanha todos os dias. Estava pensando em desistir. Agora…
    “Juliana Duarte está se sentindo com inspiração”. Valeu, Markinho!

    *Esta crônica foi escrita para um trabalho da faculdade. As meninas do grupo Julie de Batom no Whatsapp gostaram bastante e resolvi postar. Bom, está aí 🙂

  • Rascunhos

    Meu cobertor ainda tinha seu cheiro quando o peguei no fundo do guarda-roupa. Lembrei do dia em que você me disse que me amava pela primeira vez. Eu devia ter contato todos outros ‘eu te amo’ a partir deste, ou pelo menos ter dado mais importância a eles. Se eu soubesse que um dia existiria um último, talvez não precisasse tanto escutar sua voz dizer essas três palavras novamente.
    Eu aposto que a essa hora você está sentado em frente à sua janela, apreciando as ondas do mar. Lembro de ficar admirando seu rosto enquanto a luz da lua iluminava seus olhos. Às vezes, me chamava para sentar em seu colo e pousava sua mão em minha coxa. Eu o cercava com meus braços e vez ou outra acariciava seu cabelo. Poderia ficar ali para sempre sem reclamar.
    Quando havia conversa, só sua voz aparecia. Falou mil e uma vezes sobre um futuro nosso, não tão distante assim. Nos levou para a Europa, para a América do Norte e uma vez até disse que iríamos para um lugar excêntrico, só por ir. De um apartamento em frente a praia, você nos mudou para um maior no centro da cidade. De um relacionamento casual, nos transformou em marido e mulher. Com filhos, cachorros e uma casa no campo para passar as férias.
    Agora era tudo distante, tão distante quanto o futuro que você desenhou para nós. Nunca dei importância aos seus planos. Na verdade, não sentia que isso iria acontecer comigo algum dia. Até ontem, eu era só uma garota egoísta e sozinha vagando pelo mundo. Aí você chegou, adicionou sua vida à minha e criou planos para nós. Hoje posso entender o quanto eu estava envolvida neles, só depois que você apagou todos os rascunhos antes de torná-los reais.
    Deitei na cama, enrolada no cobertor que ainda guardava seu perfume. Talvez fosse alucinação minha, mas ele estava em todos os lugares por onde você passou. Eu te sentia, mais por dentro que por fora. Meu coração ainda batia acelerado só de escutar seu nome. Ou de te ver na padaria, comprando os mesmos cinco pães “bem torradinhos”. Abracei o travesseiro querendo sentir não só seu cheiro, mas você.
    Eu nem sei mais quanto tempo se passou até, finalmente, dormir. Nos meus sonhos, lá estava você. Como sempre, o protagonista das minhas histórias e devaneios. Enquanto acariciava meu rosto, dizia que estava tudo bem. Que nossos planos seguiram em frente, no mesmo caminho. Era como se você tivesse razão por alguns instantes. Pelo menos até eu acordar e perceber que os rascunhos ainda permaneciam intactos. Parados. Intocados. E sem previsão de deixarem de ser apenas esboços.