

– Bom dia, Mandy!
– Bom dia, Stuart!
Cheguei à biblioteca 30 minutos antes do horário marcado. Stuart estava separando alguns livros antes de levá-los às estantes. Juntei-me a ele, ajudando-o em sua tarefa.
– Você sabe que não precisa fazer nada disso, Amanda! – disse, pegando um livro de minha mão. – Sua tarefa aqui é ler para as crianças. E só!
– Desculpa, senhor corretinho! – sorri. – Sou voluntária aqui e posso ajudar no que eu quiser. – peguei o livro de sua mão e o coloquei na prateleira. – Aliás, falando em trabalho voluntário… A Regina não está hoje aqui, não é?
– Acho que não, Mandy. – respondeu enquanto pegava outra pilha de livros para guardar. – Aliás, parece que ela deixou a biblioteca, sabia?
– Sério? – perguntei, sabendo a resposta. Regina nunca tinha gostado de ler para as crianças. Ela só estava ali para tentar algo com Stuart.
– Sério! – ele respondeu. – Falaram que ela conseguiu um estágio e não conseguiu conciliar os horários.
– Stuart, nós dois sabemos porque ela largou a biblioteca!
– Por quê? – perguntou. Peguei mais três livros e coloquei-os na prateleira correspondente à inicial do autor.
– Você sabe… Vocês dois… – hesitei. – Ela estava tentando algo com você há meses, Stuart! – respirei fundo e continuei. – Você e eu sabemos o que ela sente por você.
– Mas eu não sinto nada, Mandy. – respondeu, constrangido. – Você sabe por quem eu sinto essas coisas.
Felizmente, antes que eu ficasse desconcertada com o comentário de Stuart, a bibliotecária chegou e veio me dar bom dia. Aproveitei a oportunidade e fui com Martha até seu escritório para acertar os horários da próxima semana.
Subi até o espaço de leitura e escolhi o livro que iria ler para as crianças hoje. Como sempre acontecia em dias em que eu estava para baixo, peguei O pequeno príncipe na estante infantil. Esse era, sem dúvidas, o meu favorito.
As crianças chegaram e foram sentando pela sala. Os pais as levaram até o cantinho de leitura e desceram para ver outros livros e conferir lançamentos.
Assim que todos estavam sentados, iniciei mais uma leitura.
– Bom dia, crianças! – disse. – Hoje eu vou ler O pequeno príncipe. Ele foi escrito por Antoine De Saint-Exupery. Vamos começar?
Enquanto lia as palavras que tanto me faziam bem, meus ouvintes não tiravam os olhos de mim. Em alguns minutos, a sala ficou em um silêncio total.
Martha chegou, anunciando o término da leitura. Marquei a página que parei e avisei às crianças quando seria nosso próximo encontro para a continuação do livro. Elas foram ao encontro de seus pais e eu fiquei algum tempo na sala.
Estava no meu local favorito: o cantinho de leitura. Lá, rodeada por palavras, conseguia pensar melhor em minha vida. Ou, pelo menos, o que restou dela.
Matt e eu parecíamos dois estranhos. O que era uma amizade virou um casamento fracassado. E o que eu sentia – aquela paixão lá no fundo – virou sabe-se lá o quê.
Eu sentia falta dos meus anos de faculdade. Sentia falta do abraço quente de Matthew e das tardes que passávamos juntos. Sentia falta dos intervalos com música, onde o violão nos acompanhava. Sentia falta da nossa sintonia intensa, dos nossos olhares brilhando e dos nossos momentos que, agora, não passavam de lembranças.
Lembranças que, se eu não as tivesse vivido, diria que eram só sonhos.
1 Comment
Comecei a ler desde que você começou a postar, mas como nunca fui boa com comentários sempre li e fiquei sorrindo como boba sozinha. Mas hoje resolvi deixar algo mostrando o quanto estou gostando da história.
Você escreve muito bem Julie, e essa história tem, como dizer, uma "coisa" que me atraiu desde o começo. Estou gostando muito e espero que você consiga publicar ela como um livro, que é claro que eu vou comprar (e vou querer um autografo!). Estou louca para o próximo capitulo!