Confira os capítulos anteriores.
Eu estava parecendo uma adolescente antes de dar seu primeiro beijo.
Tomei um banho e coloquei minha lingerie favorita (uma vermelha com rendas) por baixo do roupão de sempre. Estava nervosa e isso não ajudava em nada. O relógio marcava 17:50 e, daqui a dez minutos, Matt estaria entrando por aquela porta.
Peguei um livro na minha estante, deitei na cama e comecei a ler. Tentei parecer despreocupada, como se nada estivesse acontecendo. O que, claro, era mentira.
Dentro de mim havia um misto de emoções. Desejo. Ansiedade. Nervosismo. Borboletas no estômago. E tantos outros que eu não conseguia nomear. A decisão de tentar salvar meu casamento (e, automaticamente, minha paixão) tomou conta de mim. Eu queria Matt e queria uma vida normal, também.
A fechadura girou e Matthew entrou no quarto. Como sempre, olhou rapidamente para mim e foi até o banheiro tirar o terno. Jogou sua pasta em cima de sua poltrona e desapareceu por alguns minutos.
Todos os dias, após chegar da empresa que seu pai lhe deixara, Matt subia até o quarto, tirava a roupa e descia para comer alguma coisa na cozinha. Não sei se havia algo me ajudando mas, por sorte, hoje ele deitou direto na cama.
Fingi estar lendo o livro enquanto o colchão afundava ao meu lado. Descontraída, – ou, pelo menos, tentando ser – perguntei:
– Não vai descer para comer nada, Matt?
Cobrindo-se com o edredom, ele respondeu:
– Não. Comi algumas coisas na lanchonete.
Fiquei calada e estranhei seu comportamento. Prestei atenção em Matt e senti algo estranho.
– Você bebeu, Matthew? – minha voz saiu um tom acima do normal e acho que ele percebeu isso.
– Por que o espanto? – perguntou, mostrando-se não se importar. – Como se você ligasse para isso.
Não consegui me conter. Após tanta preparação, tanta ansiedade, Matt estragava tudo com seu cheiro de bebida alcoólica e grosseria. Ele sabia que eu odiava quando estava bêbado. E isso, para mim, foi um basta.
– Por que ligo? – disse, deixando meus sentimentos e minha raiva me levarem. – Por que ligo? – repeti, gritando. – Eu sou uma idiota! Uma idiota!
Matt se surpreendeu desde o momento que alterei minha voz. Nós nunca havíamos brigado… Ele não se importava com o que eu fazia e eu não o questionava sobre sua vida. Éramos marido e mulher mas vivíamos como dois estranhos.
Saí da cama e fui até o quarto de visitas. Foi a primeira porta que encontrei enquanto minhas lágrimas ocultavam minha visão.
Sentei na poltrona e me abracei, sentindo-me a pior pessoa do mundo. Após tantos anos, eu tinha sido, realmente, tão tonta a ponto de acreditar que eu poderia ter uma relação normal? Como eu pensei, nem que por algumas horas, que isso era possível? Matt havia acabado com minhas ilusões assim que assinamos os papéis no cartório.
Peguei o edredom que estava na cama e o puxei para perto de mim. Agora aquele calor que eu sentia havia deixado espaço para um frio de arrepiar o corpo inteiro. Enrolei-me no cobertor esperando que, pelo menos fisicamente, eu pudesse me aquecer.
E enquanto eu tentava cair no sono, uma frestinha de luz veio da porta. Vi uma silhueta entrando no quarto.
Só fui acreditar no que via quando um rosto aproximou-se de mim.
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