
Deixei-me ser guiada por você e não me importei onde tudo aquilo iria parar. Nós dois seguimos até o fim do campo verde e, a cada chegada, era como se estivéssemos percorrendo o infinito. Nossos pés descalços não se cansavam de andar e correr pela grama seca sob o sol que se destacava entre as nuvens.
Senti como se nós dois estivéssemos caminhando entre elas. A grama abaixo de nós era como um algodão bem fofo – assim como o que as nuvens pareciam ser agora. Deixei que você seguisse até onde considerava o certo. E lá fomos nós pairar abaixo de uma árvore que, se eu não soubesse que era impossível, diria que estava a apenas um passo do céu.
Você deixou o momento falar por si e, novamente, senti a capacidade de poder tocar as nuvens tão improvavelmente perto de nós. Seu rosto fixou-se no nada e o nada tornou-se tudo para mim. A nossa volta, enquanto contemplávamos o infinito, a brisa suave trazia as folhas que o outono deixou por aí.
Sua mão encontrou a minha e não demorou muito para meus lábios caminharem até os seus. As borboletas (no estômago e fora dele) completaram a cena e trouxeram uma beleza encantadora e quase perfeita. Se fosse eterno, eu poderia acabar com o quase da frase anterior.
Seus lábios deixaram os meus e tocaram minhas mãos. No céu, o sol dava lugar à lua e as estrelas começavam a se formar. Você respirou fundo e disse algumas palavras adequadas ao momento. Beijou-me mais algumas centenas de vezes e me guiou no caminho de volta para o carro na outra ponta do campo. Novamente, deixei que me levasse por suas mãos sem me preocupar com o caminho nem com as pedras agora invisíveis sob a escuridão.
Deixamos o verde para percorrer o cinza e corremos contra o tempo. Não que ele fosse importante, afinal nenhuma rotina poderia finalizar os momentos que vivemos enquanto quase tocávamos o céu. Corremos pelo asfalto apenas para sentir a brisa – agora gelada e agressiva – bagunçar nossos cabelos. Deixamos que algumas folhas batessem no pára-brisa e não nos importamos de tirá-las de lá quando abandonamos o carro na calçada. Antes de voltar para o volante, você selou com um beijo mais um capítulo do nosso romance. E eu joguei-me na cama apenas esperando o próximo. E o próximo e o próximo e o próximo…
1 Comment
Que texto maravilhoso!
E eu estou apaixonada pelo layout do seu blog!
beijos
http://4quatronotas.wordpress.com