Amor. Não existe sentimento mais lindo que este. Lindo e único. Cada pessoa tem seu jeito de amar e sente-se assim de diversas formas. Nós mesmos podemos amar de vários jeitos, dependente da situação, momento da vida e pessoa. A forma que amamos nossos pais é diferente daquela que sentimos por nossos amigos. E por aí vai.
Descobri uma forma nova de amar há pouco tempo. Era um jeitinho que eu já havia sentido antes, mas a vida me levara aos poucos. Senti quando era criança, depois já mais velha, mas ficou assim. Parou por aí. Até que chegou um ser branquinho, quieto e cheio de amor para dar e me lembrou do quão gostoso poderia ser essa nova relação.
A Branquinha nunca foi só minha. Na verdade, ela era da rua, do mundo. Sempre foi livre para voar e conhecer o lugar que bem quisera. Mas resolveu ficar amiga de outros cachorros do meu bairro. Um deles era quem a protegia de tudo e todos. Um dia, se foi. Seu reinado ficou pra cadelinha mais mansa que eu já tinha visto em toda minha vida. Sim, ela, a Branquinha. Ela ficou com o cantinho do seu amigo e o coração de todo mundo que a conheceu.
O meu foi um deles. A cada vez que eu estava no ponto de ônibus com meu pai, lá estava ela. Às vezes deitada na sua caixinha. Outras, tentando chegar junto. Ela chegou e mostrou seu carinho por dois desconhecidos. Daí, passou a ser companhia do meu pai todas as noites, quando ele me buscava no ponto, lá pelas 23h, na volta da faculdade.
Branquinha acompanhava-nos até a porta de casa, mas nunca entrava. Quando entrou pela primeira vez, se encantou. Dava para ver o brilho nos seus olhos. Cada pedacinho era uma novidade. Ela, que até então só conhecia a liberdade da rua, o vento dos carros e a presença de várias pessoas, passou a explorar um lugar menor, com três moradores e nada de brisa.
Quem diz que ela se importou? Entrou uma noite e na mesma semana já aceitou o convite para dormir aqui. Passou a sair menos e ficar mais. Da rua, passou para o terreno, para a garagem e, finalmente, pra casa. Ganhou o coração de todo mundo, mas não abandonou quem lhe deu tanto carinho quando ainda estava lá no ponto de ônibus. De horas em horas, ainda visita sua antiga casa e seus antigos companheiros. Mas sempre volta para o lugar que resolveu chamar de lar.
Ela perdeu a timidez. Entra mais em casa, fica do meu lado no quarto e até senta na cozinha enquanto minha mãe prepara o jantar. Aliás, quem diria que algum animalzinho ganharia tanto o coração da minha mãe! Nunca vi igual. Mas a Branquinha é assim mesmo. Chega aos pouquinhos, dá espaço para receber e oferecer carinho. Não tem quem não se apaixone!
Eu não sou dona dela. Ela que me escolheu. Deixou de voar para outros lugares para ficar aqui, ao meu lado, e me fazer amá-la cada vez mais. Ainda quando late a noite inteira, no outro dia de manhã está balançando seu rabo quando me vê. Ela é pura alegria, até quando está quieta na bacia que escolheu como cama. Ela escolheu tudo, até o cantinho que iria se deitar. Ganhou um cobertor, liberdade para sair quando quiser e carinho de três pessoas. Pode ir na rua quando quer, mas sempre bate no portão, como gente, para entrar de novo. E vem alegre, toda tortinha, sem saber qual pé encostar primeiro. Não deixa ninguém entrar na sala antes de fazer um cafuné em sua cabeça. A verdade é que, quando ela chega, não sei de quem é a alegria maior: minha ou dela. Porque os sorrisos são quase os mesmos. Sinceros. Assim como o amor que sentimos por ela. Puro. E verdadeiro.
Acordei com vontade de falar da Branquinha hoje. Olhei no blog e percebi que nunca comentei sobre ela aqui e decidi registrar nossa história. Falando nisso, ela acabou de entrar no meu quarto! Como não amá-la? <3
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