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  • Nossas folhas em branco

    Eu queria voltar naquele primeiro momento em que nossos olhares tímidos se cruzaram. Quando não havia muito de mim em você, nem de você em mim. Naquele instante quando eu não sabia se te abraçava ou se ficava quieta. Quando éramos duas folhas em branco, prontas para serem escritas. Naquele momento posterior quando senti segurança para chegar mais perto – e que cheguei mais perto. Quando a gente sentou frente ao pôr-do-sol e eu jurei que seria assim para sempre. Fácil, leve, autêntico.

    Juntos, nós começamos a usar as folhas em branco. Escrevemos, desenhamos, rabiscamos. Relatamos nosso diário. Registramos nossas memórias por meio de frases, fotos e canções. Vivemos várias primeiras vezes juntos. Criamos lembranças que existem só para nós. Outras que também existem por aí: em cadernos, em imagens, em textos, na internet, nas interações.

    Eu queria voltar no tempo. Sabe, quando eu era só uma folha em branco. Sem marcas, sem rasuras, sem amassados. Sem rabiscos vermelhos, pretos e azuis. Sem pedaços faltando. Queria ser uma folha limpa, inteira, pronta para ser escrita de novo. Renovada. Sem precisar procurar espacinhos ainda em branco para escrever.

    Sem ter o trabalho para pensar em que espaço escrever.

    A vida tratou de mudar muitas coisas. Deixou marcas. A maioria delas, eternas. Umas, invisíveis. Outras, nem tanto. Algumas eu guardo dentro de mim. Mas há aquelas por aí, me mostrando memórias que eu gostaria de evitar. Que eu gostaria de voltar no tempo e, pelo menos, tentar fazer diferente.

    Que eu gostaria que não existissem.

    Não sei se temos prazo de validade. Se vamos nos transformar em outras folhas em branco, prontas para serem escritas, ou se teremos que conviver com as rasuras. Não sei se consigo passar um corretivo por cima e esperar que o líquido seque. Não sei se consigo arriscar que, no futuro, ele se desfaça, me lembrando de tudo novamente.

    E eu não sei se consigo passar por mais rasuras. Não quando, todos os dias, cada pedaço da minha folha vai ser amassada. De novo. De novo. De novo.

    E de novo.

    Sinto que há uma tatuagem com o nome de um ex em mim. Daquelas que a gente evita olhar, mas sabe que está ali – marcando a pele, machucando, nos lembrando de tudo. Fazendo-nos reviver na memória tudo o que aconteceu a cada vez que nosso olhar capta aquela marca. Está no sangue. Em nós. A gente esconde, tampa com a blusa, mas está ali. Evitar não ajuda. Apagar dói. Mas é preciso.

    E eu não sei se quero passar pelas sessões.

    Gostaria que fosse diferente. Que a gente voltasse lá no começo e fizesse tudo de novo. Sem precisar viver alguns momentos, evitando outros. Que eu pudesse estar mais inserida em você, pelo menos da forma que você está em mim. Que nós fossemos mais flores, mais doces e momentos. Mais fáceis. Mais aqueles dois que, lá no começo, começaram a se encontrar.

    Hoje não. Hoje estou perdida. Confusa. Mas preciso sair do cruzamento.

    Só não sei quando. Nem como.

  • Namora comigo?

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    Namora comigo quando o sol se vai e a lua toma seu lugar no topo do céu? Enquanto a gente se aquece nos cobertores e toma aquele chocolate batido no liquidificador que você inventou de última hora? Nesse meio tempo, a gente coloca uma série de comédia no Netflix e eu seguro seu celular em cima do joelho. Você me dá um beijo ou dois. Pousamos os copos na sua escrivaninha e deixamos a história nos levar.

    Namora comigo naqueles dias de TPM? Prometo ser o mais justa possível, mesmo que meu corpo insista em se irritar com tudo. Não posso dizer que será fácil, mas ter você por perto é a melhor companhia. Você pode me deixar na sua cama, deitar de conchinha e fazer cafuné na minha cabeça enquanto permanecemos quietos, deixando o silêncio e a sua presença serem os melhores remédios para mim.

    Namora comigo quando tudo for flores? Naqueles momentos que são coloridos, bonitos e com aromas de felicidade. Pode ser um dia deitados na cama, curtindo aquele domingo de preguiça, quando você diz que me ama e beija meu rosto. Ou quando a gente senta no banco da praia e admira o pôr-do-sol. Até mesmo naqueles momentos que largamos tudo e vamos para outra cidade, seja ela a quarenta minutos, uma ou duas horas de distância.

    Namora comigo quando o solo não tiver mais forças para as flores crescerem? Quando meus olhos se convertem em nuvens e se encherem de lágrimas, como em uma tarde chuvosa? Naqueles dias que eu me sinto sozinha, mesmo que seja mentira. Ou em momentos quando implicamos com algo besta, mas que sabemos que vai passar. Ou quando eu tiver uma decepção, um dia ruim, e só quiser seu colo para reclamar um pouquinho de tudo.

    Namora comigo quando eu for inconstante? Quando eu quiser, do nada, pegar tudo e sair por aí, sem rumo. Descobrir uma cidade nova, uma habilidade diferente ou quiser sentar na beira do mar só para aproveitar algumas horas de paz. Ou quando decidir aparecer na sua casa depois de uma briga, principalmente aquelas sem pé nem cabeça. Ou quando quiser te beijar cinco minutos após te dar aqueles tapinhas do tipo “mentira que você está fazendo esta zoeira”.

    Namora comigo quando eu estiver com medo? Seja naquela trilha que o guia jurou ter algumas cobras e aranhas com poderes estranhos? Ou quando eu quase me afogar naquelas aulas de natação que você me dá? Quem sabe até nos momentos em que eu só estou com medo de seguir em frente, mudar de emprego ou querer fazer algo novo com minha vida.

    Namora comigo nos lugares que a gente sempre quis conhecer? Você pode me beijar no carro enquanto conhecemos o litoral. Também quero sentir seus braços em minha cintura quando a gente admirar a Torre Eiffel. Sei que vou precisar da sua mão segurando a minha quando estivermos na London Eye, assim como tenho certeza que você vai me emprestar seu casaco quando o frio for muito rigoroso em qualquer lugar do mundo que tenha um pouquinho de neve.

    Namora comigo em momentos que a gente sempre quis ter? Um jantar naquele restaurante com uma árvore no meio, que seria um ótimo lugar para brindar coisas boas. Quando a gente tiver nosso apartamento, seja cada um o seu ou um nosso. Quando a gente conquistar nossos sonhos, individuais ou juntos, e fazer uma viagem de última hora para celebrar. Ou em coisas mais simples, como fazer uma surpresa, uma dança ou simplesmente um café da manhã na cama.

    Namora comigo todos os dias do ano? Eu prometo dar o máximo de mim para te fazer feliz em todos os momentos, sejam anos com 365 dias ou aqueles bissextos. Quero te acordar com carinho e deixar seu dia mais leve para você dormir com um sorriso no rosto. Transformar aquele estresse do trabalho em um motivo para te deitar no meu colo e fazer carinho em sua cabeça enquanto você reclama daquele cara chato. Prometo te namorar nos momentos que citei, quando você precisar. Quando os meus ou os seus defeitos forem motivos pra gente se desentender. E, melhor: quando as minhas ou as suas qualidades se transformarem em brilho no olhar do outro. Orgulho. Felicidade. Carinho. Principalmente: amor.

    Namora comigo no presente e futuro? A gente não precisa ter pressa para o que virá e podemos apenas focar no que estamos vivendo. Só quero que saiba que eu vejo meus dias com você por perto. Seja ao meu lado na cama ou na poltrona do avião. Dirigindo pela vida ou pelas estradas que chegam ao litoral. Com amigos no churrasco ou aqueles velhos conhecidos na praia. Na alegria, na tristeza, na saúde, na doença e em todas essas coisas que a gente vê nos filmes de romance. Você aceita?

  • Essa coisinha chamada amor

    Você me abraçou naquela noite fria de segunda-feira e me ofereceu seu casaco. Não precisei dele. Estava no melhor abrigo de todos. Agarrei seus braços e acariciei seus cabelos enquanto nossos corações cuidavam da trilha sonora. Acho que o meu alterou algumas notas e subiu o tom em alguns momentos. 
    Cara, você tem o poder de mudar as coisas por aqui. Mudou meu sorriso. Mudou minha forma de ver – e sentir – o amor. Mudou meu rumo. Meus sonhos. Meus planos. Tornou tudo tão mais fácil e simples que me pergunto porque compliquei tanto até hoje. Se soubesse o quanto a vida era melhor ao seu lado, teria esbarrado em você bem antes.
    Mas talvez essa seja a graça da coisa: nada de apressar nem prever o que virá. Se tem algo que você me ensinou é que tudo funciona melhor se deixamos rolar. Nosso chat de setembro se tornou uma conversa sem fim. Em janeiro deixou de ser só desejo para se tornar um beijo no meio da tarde. Um beijo levou a outro e se tornou um eu te amo em março. Você me ganhou aos pouquinhos e deixei que se tornasse o maestro do meu coração. Te permiti comandar as batidas, as alterações, as notas. E garanto que o concerto ficou bem melhor desde que você o assumiu.
    Eu nunca amei ninguém dessa forma e, até certo tempo atrás, jurava de pé junto que isso nunca iria acontecer comigo. Aí veio você com suas artimanhas e me mostrou que a vida pode surpreender se nós a permitimos. Foi difícil me jogar, mas você me deu a mão e garantiu que tudo daria certo. Deu. E continua assim. 
    Hoje eu cheguei em casa com o seu cheiro, um sorriso nos lábios e uma vontade de expressar o quanto você é especial para mim. Escrevi demais e deixei meus sentimentos me guiarem. Já passam de 3h da madrugada e eu continuo tentando explicar algumas coisas que eu gostaria que você soubesse.
    E lá vou eu me arriscar.
    Eu amo quando você sorri e diz que nunca se sentiu dessa forma. Amo quando compartilhamos Trento de chocolate e ficamos com os rostos sujos. Quando você me oferece seu casaco sem saber que meu agasalho favorito é seu abraço. Eu amo quando você sussurra que me ama e beija meus lábios. Quando toca minha pele, elogia meu cabelo e o que estou usando. Amo quando você reclama da minha mania de só pedir milk-shake de Ovomaltine, tentando me convencer de que outro sabor é melhor (mas sempre se rende ao meu mimimi e deixa que eu opte pelo de sempre). Eu amo quando você tenta me levar no colo e jura que consegue me aguentar até a esquina. Quando finge que sou mais baixa. Quando me envia SMS de bom dia e me faz sorrir no ônibus. Amo quando insiste em me elogiar, mesmo se não fiz nada de diferente. Quando aceita minhas gordices. Quando cala minha boca com um beijo e me faz esquecer como respirar. Amo quando me deixa inspirada para escrever, sorrir e viver. E quando, no fim da noite, me faz ansiar pelo amanhã para reviver essa coisinha chamada amor. De novo, de novo, de novo e de novo…
  • Piegas

    É estranho olhar para o bloco de notas e se sentir tão completa a ponto de não ter o que dizer. Tento me distanciar das lembranças, mas elas insistem em aparecer sempre que penso em transformar o que sinto em palavras. Estranho. Nunca fui tão completa e isso ainda é novo para mim. O culpado? Você, talvez. Mas acho que meu coração merece umas broncas, também. Ele anda desobediente demais nesses últimos tempos. Tão desobediente que deixou você entrar.

    Sorte que, às vezes, algumas rebeldias acontecem para o bem.

    Ainda lembro do primeiro dia que você puxou conversa no Facebook e comentou um dos meus projetos. Nós conversamos por pouco tempo, mas o pouco permaneceu durante os dias. Quando percebi, lá estávamos nós com o celular na mão, com o bate-papo aberto e conversando até 5h da madrugada. Meu coração estava rodeado de muros na época e eu poderia jurar que eles permaneceriam por aqui para sempre.

    Talvez ainda existam. Mas você deu seu jeitinho de contornar a situação. Construiu uma porta, entrou e foi aperfeiçoando a obra. Fez uma janela, derrubou um muro e tornou meu coração um lugar mais habitável e limpo. Usou o local por uma ou duas vezes, só de passeio.

    Aí resolveu ficar. Te entreguei as chaves permanentemente, sabendo que dali não iria sair tão cedo.

    Ainda lembro de tudo que você me disse e sei que cada palavra foi verdadeira. Lembro dos nossos abraços, nossos beijos e das vezes que você entrelaçou nossos dedos. Até hoje, meu coração ainda bate meio assim quando você sorri. Piegas? Até pode ser. Mas é verdadeiro. Cada frase.

    Queria te dizer como esses últimos meses estão sendo para mim. Por aqui as coisas mudaram muito. Pra melhor. Cada dia que passamos juntos é como uma caixinha de surpresas, onde cada vez que abro encontro algo incrível. Às vezes, em você. Outras, em mim. Achava que era feliz sozinha, mas você me mostrou que faltava um pedacinho, que poderia melhorar ainda mais.

    E você foi a parte que fez tudo melhorar.

    Você tapou os buracos que eu desconhecia a existência. Trouxe luz aos locais que eu nem imaginava serem sombrios. Me deu mais motivos para sorrir do que poderia julgar ter um dia. Fez as borboletas retornarem ao meu estômago – e elas me lembram que existem a cada vez que você está por perto.

    Por mais piegas que possa parecer ou ser, você mudou muita coisa por aqui. A começar pelo brilho dos meus olhos. Até mesmo o meu sorriso. E, principalmente, aquela parte de mim que insistia em não sei arriscar: o meu coração.

  • Cada vez mais

    O sol brilhava forte quando meu coração se acelerou ao te sentir por perto. Você usava meu modelo de óculos escuros favorito, mas nada conseguia ser melhor que seu sorriso. Sorri também. Nas costas, você levava sua mochila. No topo da cabeça, aquele boné que tomei de você por algumas horas no domingo anterior. E, em alguma parte de você, estava um pouquinho de mim, também – aquele pouquinho que ficou para trás quando precisei ir.

    Nós trocamos de cenário e ficamos mais perto do sol. O céu mudou de cor algumas vezes. Foi azul. Foi laranja. Foi os dois ao mesmo tempo. A cada vez que o sol se despedia, um novo tom dava sua beleza ao nosso momento. Você falou sobre seus dias antes e depois de mim. Fez meu sorriso aparecer e minha voz sumir. E posso jurar que algumas borboletas ganharam vida em meu estômago quando você me beijou.
    Você me fez voltar no tempo, quando eu não conhecia as consequências de um coração partido. Também me fez sentir como se fosse uma pré-adolescente curtindo sua primeira paixão. Você deu vida a um eu que nem sabia mais existir. Fez meu sorriso se tornar mais frequente e fez meus medos ficarem guardados no fundo do baú. E você foi a chave que o trancou.
    Eu disse o quanto você me fazia bem. Você puxou seus lábios em um grande sorriso enquanto suas bochechas coravam. Olhei seus olhos, sua boca e cada parte do seu rosto. Guardei cada detalhe em mim para que minha memória nunca falhasse ao lembrar aquele momento.

    Percebi que ter você pertinho de mim assim é quase tão estranho quanto saber que nós compartilhamos o mesmo sentimento. Há muito tempo eu não sei o que é ver meu sorriso refletido em outro alguém. Ou saber que meu coração não é o único batendo em um ritmo distinto. Se tem algo que eu posso afirmar é que você encontrou e despertou em mim sentimentos que eu pensei não sentir nunca mais. Posso pedir um favorzinho? Permaneça por aqui. Porque eu estou me apaixonando por você. Cada vez mais.

  • Sua mensagem foi enviada com sucesso

    Existem dias em que precisamos colocar tudo para fora. Sei lá. São tantos sentimentos que as vezes me pergunto como consigo conviver com todos eles. O coração nem consegue respirar de alívio. Aliás, alívio é algo que há muito tempo eu desconheço.
    Foi em um desses dias que eu abri minha caixa de entrada. Lá estava um e-mail seu. Antigo, eu confesso. Tão antigo quanto o que tivemos. Mas era seu. Cliquei em responder. Deixei o assunto com o tal RE: no começo. 
    Oi. Tudo bem? Queria saber se você ainda lembra de mim. Sei lá. Perguntei isso a mim mesma ontem a noite, depois de acordar de um sonho com você. Não quero perder caracteres descrevendo-o para você. Já fiz tanto isso… Prefiro deixar esse só para mim. Mas posso garantir que foi bom. Quase real.

    É, cara. Você ainda aparece nos meus sonhos e isso é assustador. Mesmo quando os sonhos são bons… Eu deveria estar sonhando com coisas diferentes agora. Até porque eu penso em coisas diferentes agora. São coisas demais para sentir e ainda assim sonhar com você. Com nós dois. Sinto como se estivesse tão cheia e tão vazia ao mesmo tempo. Sinto sua falta. Talvez você não saiba disso.

    Queria entender o motivo de tudo isso. De ainda te ver nos meus sonhos. De ainda ficar com as mãos geladas só em pensar de sentir sua boca na minha. Ah, cara. É tão injusto o que o destino fez com a gente. Agora nem sei onde você está. Nem sei se está em algum lugar que eu conheça. Ou se ainda gosta de ficar debaixo das árvores só para senti a brisa bagunçar seus cabelos. 

    Sinto tanto sua falta que as vezes acho que você levou um pedacinho de mim dentro de uma mala qualquer. Tenho medo que esse pedaço tenha se perdido por aí. Talvez ficado no aeroporto. Talvez em um texto qualquer. Queria saber onde ele se encontra… Até mesmo para, quem sabe um dia, tê-lo de volta.

    Eu nem sei se posso te cobrar de algo, mas eu queria saber por onde você anda. Só por saber que algum lugar ainda ganha o brilho dos seus olhos. E seus sorrisos. Aqueles que eu amava tanto, lembra? 

    Talvez você tenha se esquecido que um dia me amou. Mas queria que soubesse que, por aqui, você ainda existe. Você ainda tem uma presença forte dentro de mim. Nos meus sonhos, mesmo eu tentando evitar, você aparece. E me assombra. Não porque está lá. E sim por saber que, mesmo depois de tanto tempo, minha alma ainda se lembra de você. Do jeitinho que sempre foi.

    Ah, e o que eu não daria para saber se você ainda permanece do mesmo jeitinho… Se ainda ri pelas mesmas coisas. Ou se ainda fica bravo pelos mesmos motivos. 

    Eu queria ser forte o suficiente para te ligar. Ou para puxar papo numa rede social qualquer. Enquanto não consigo, estou enviando este e-mail – que talvez nem chegue até você. Nem sei se vai lê-lo algum dia. Se sim, saiba que eu ainda sinto sua falta. Se é amor, não sei. Mas você continua aparecendo nos meus sonhos. Isso significa alguma coisa, não é?

    Esperando que você entenda mais sobre meus sentimentos do que eu mesma,
    Até mais.

    Sua mensagem foi enviada com sucesso.
  • Você poderia…

    Hoje eu resolvi ouvir meu coração depois de muito tempo tentando calá-lo. E sabe qual foi a primeira coisa que ele sussurrou? Seu nome. Inteiro. De frente para trás e de trás para frente. Sussurrou uma ou duas vezes. Depois, começou a gritá-lo como se, assim, pudesse afundá-lo ainda mais no buraco que meu peito se tornou. Caramba, cara. Você ainda causa estrago em mim. Mesmo depois de tanto tempo…
    Senti sua falta hoje depois que escutei aquela música presente em uma das nossas mensagens. Aliás, adicione as mensagens à saudade, também. Olhei meu celular, meu Facebook e até o tal do MSN. Senti você por lá. Por aqui. No coração e nas marcas que ficaram em minha pele.
    Ouvi sua voz, senti seu toque e posso até jurar que você estava por perto. A-há. Pegadinha do coração. Saudade tem essa mania de colocar perto da gente as lembranças de quem está muito longe no momento. Saudade tem essa mania de viver no passado. Que droga. Logo agora que eu podia jurar que já tinha o pé lá no futuro. 
    Lembrei de você mais do que deveria. Dei permissão que meu coração falasse e agora ele não consegue calar a boca. Estou parecendo você quando me mandava ficar quieta por uns minutos só para ver minha cara de brava. Ops. Acho que agora entendo como isso é irritante.
    As lembranças abriram um buraco no lugar que imaginei estar inteiro depois que você se foi. E voltou. E se foi de novo. Impossível não querer saber se, um dia, esse vai e volta irá terminar. Ou você aqui ou você por lá. Com os sentimentos nos unindo ou, finalmente, com eles nem existindo mais. 
    Só quero saber se, lá na frente, tudo isso vai acabar e, de uma vez por todas, virar um romance. Um livro, talvez. Sabe… Nós dois. Você vai ser o protagonista daquela história de amor que, no futuro, vou contar aos meus netos. Se o destino der uma mãozinha, eles poderão ser nossos, é claro.
    E você bem que poderia estar ao meu lado quando vários olhinhos curiosos nos olhassem para saber o que aconteceu até ali. Você poderia ser o cara ao meu lado, rindo com nossos desencontros e segurando minha mão nas piores partes. Você poderia ser o cara ao meu lado quando eu dissesse, com lágrimas nos olhos, como o destino foi injusto com nós dois. Você poderia estar ao meu lado agora e no futuro. Sabe, como dizem por aí: para sempre.
    Você poderia estar ao meu lado quando, com as bochechas rosadas, eu olhasse para àquelas crianças e dissesse que nossa história ainda não teve fim. Porque o primeiro, o grande e único amor da minha vida está ali ao meu lado. Rindo, como sempre fez. Contando uma piada sem graça – mas que me arrancaria um riso só por ouvir sua voz. E tocando minha mão ao dizer que, mesmo depois de tanto tempo, o mais importante restou. Amor.
  • Minhas lembranças de você

    Que droga de mania que a vida tem de testar a gente. Ela traz e leva lembranças com uma facilidade incrível. Aí vem a saudade… As vezes, aparece depois de uma música. Ou de um texto. Ou de um encontro casual. Ou de tudo. Vira bagunça, vira confusão. Vira ferida.
    É, cara. Lembrei de ti outro dia desses. Não de como te vejo agora, andando na rua como se eu fosse só mais uma entre tantas. Mas do jeito que eu te via antes. E do jeito que você me via antes. Sendo a única. A “é ela”. Acho que você já esqueceu disso tudo. 
    Eu tenho essa mania boba de escrever sentimentos. E escrevi tanto sobre você (e sobre nós, é claro) que não consigo te deixar ir. Pelo menos, não nas lembranças. Você aparece nas músicas da sua banda favorita quando eu insisto em escutá-las. Você aparece nos textos do meu antigo blog quando não tenho o que fazer e começo a reler tudo o que já escrevi. Você aparece na conversa quando encontro algum amigo seu. Você aparece até nos lugares mais estranhos que já visitei. Preciso dizer que minha cabeça é uma delas? Espero que não.
    Lembro de você quando seu sorriso era motivo do meu. E vice versa. E vice versa de novo. Lembro de você quando o dia era perdido se não tivesse, pelo menos, um SMS novo. Lembro de você quando a sorveteria era nosso ponto de encontro. Lembro de você quando trocou de óculos e eu dei risada do seu novo look. Lembro de você quando minhas amigas riam de nós. Lembro de você quando brigou com o garoto da sala que me machucou. Lembro de você quando ficou todo fofo ao me escutar cantando em inglês. Lembro de você quando não era um estranho. Quando não era só um cara do passado. Lembro de você quando era o único.
    Outros caras apareceram depois, assim como outras “elas”, depois de mim, chegaram em sua vida. Outros caras pareceram que seriam os únicos. E, assim como você, não foram. Outros caras quase tiveram meu coração como você o teve. Mas não foi tão fácil depois de você. Sabe, primeiro amor sempre marca, principalmente quando é tão forte. O sentimento já se foi, mas as lembranças ficam. Não porque é você, mas porque, um dia, foi alguém. Coração maluco. Não te ama mais, mas se recorda de tudo que passou.
    É, cara. Lembro de você com mais detalhes do que eu poderia imaginar. Mas lembro de você, acima de tudo, sendo aquele garoto amigo de uma amiga de infância que, no primeiro dia de aula, virou um contato no MSN. Que, na semana seguinte, já era protagonista dos meus sonhos e histórias. E que, hoje, faz uma falta danada. Não do mesmo jeito de antes, é claro. O mundo dá voltas e a vida muda toda hora. Mas sinto saudades das nossas conversas descontraídas. Acima de tudo, nós éramos amigos. E é isso que mais me dá nostalgia.
    E eu prefiro deixar para lá o fato de que, agora, a gente não passa de amigos. Só que apenas no Facebook…
  • A volta do meu coração

    – Até amanhã, Carol!
    Dei dois beijos na bochecha da Paloma e segui para um banco próximo à saída da universidade. Assim que cheguei, apoiei os cadernos e livros em cima dele e organizei todos na bolsa. Preferia o peso nas costas do que aquele volume nos braços.
    Assim que arrumei meu material, levantei e segui para a saída. Tirei a carteirinha do bolso e, antes de passar pela catraca, olhei para os lados só por mania boba. Me arrependi na mesma hora de ter feito isso.
    Lá estava ele. Julio. Estava rindo com uma garota que nunca vi na vida. Caramba! Eu não tinha jurado a mim mesma que não sentia nada por ele? Por que aquilo mexia tanto comigo? 
    Enquanto eu pensava, a garota ria de alguma coisa que ele falou. 
    Com muito sacrifício – e muita vontade de ir lá interromper o papo com qualquer bobeira sobre as aulas -, saí da universidade. Apressei o passo na esperança de que, mesmo que o Julio saísse ao mesmo tempo, eu ainda conseguisse alguma vantagem.
    Segui em frente apenas me concentrando em colocar um pé na frente do outro. Depois de alguns passos, percebi que meu tênis estava desamarrado. Droga! 
    Abaixei e me encostei no meio fio para amarrar o cadarço. Mentalmente, agradeci por ter guardado tudo na bolsa. Seria um trabalho tão grande se eu ainda estivesse com todos aqueles livros na mão…
    – Carol? – Perguntou uma voz atrás de mim.
    Não! Não! Mil vezes não! Não aquela voz. Não aquele rosto que, se eu virasse, estaria tão próximo. Não pode ser!
    Tentei forçar o melhor sorriso que pude. Falhei. Não encontrando outra saída, falei sem nem olhar no rosto dele. 
    – Oi, Julio. – Respondi, sem entusiasmo.
    Sem mais cadarço para prender minha atenção, me vi obrigada a levantar. Merda! Eu não queria ir embora com ele. Não depois daquilo e não depois dos meus sentimentos se fragilizarem daquele jeito. 
    Queria tanto ter uma desculpa para virar naquela próxima rua…
    Seguimos andando em silêncio. Pelo menos, eu estava. O Julio continuava com umas conversas que, sinceramente, não lembro nada. Era uma mistura de provas com trabalhos e um resumo sem muitos detalhes sobre as férias. 
    A Carol de alguns meses atrás iria se importar com cada detalhe. Isso era bom, né? Pelo menos, minhas defesas continuavam intactas. Em parte.
    Quando dei por mim, Julio estava segurando minha mão como se fosse a coisa mais natural possível. Estávamos andando assim, juntos, como um casal. Será que ele não se tocava no quanto isso era ridículo? 
    – Acho que os calouros são legais. Conversei com alguns hoje e gostei de algumas ideias. Poderíamos fazer uma festa de confraternização, o que acha?
    – Por quê? Quer conhecer melhor as suas amiguinhas?- Respondi, soltando minha mão da dele. Com sua pele longe da minha, ficou tão mais fácil pensar!
    – Não, Carol… – Respondeu, confuso. Ele olhou para nossas mãos separadas e continuou com o olhar baixo.
    – Ok, Julio. – Rendi-me. – Desculpa, falei besteira. Só estou nervosa com umas coisas… – olhei seu rosto e, automaticamente, sem nem pensar, peguei sua mão. 
    Ele sorriu e continuamos andando por aquela rua que guardava tantas lembranças. Eu não conseguia pensar em nada para completar o silêncio. Só em uma coisa…
    – Julio? – Chamei-o. – Você não acha que isso – levantei nossas mãos juntas – dá a impressão errada do que realmente somos? – Olhei seu rosto a procura de alguma mágoa. Só encontrei constrangimento.
    Ele não respondeu e minha curiosidade não iria se contentar com aquilo. Insisti.
    – Por que você insiste em andar comigo assim? – Desta vez, não precisei levantar nossas mãos para que ele entendesse sobre o que eu estava falando. 
    Ele demorou alguns segundos para responder. Finalmente, olhou para mim e disse:
    – Isso é bom. – Sorriu. – E você é melhor nisso do que imagina.
    Opa. Minha vez de ficar constrangida.
    Prosseguimos nosso caminho. Uma parte de mim estava louca para chegar em frente ao prédio dele (onde, normalmente, nos separávamos). Outra parte queria que o prédio nunca chegasse. Era tão bom ficar assim, tão próxima dele…
    Depois de alguns minutos de silêncio e uns poucos assuntos, chegamos em frente ao edifício marrom onde Julio morava. Ele se demorou por alguns segundos e continuou com nossas mãos unidas.
    Ele estava quieto, ansioso. Não sei o que me deixou assim também. Estávamos tão próximos. Tão… Tão ali, a só um inclinar de rostos.
    Quando dei por mim, meus lábios estavam encostando nos dele. Julio soltou nossas mãos e me abraçou forte, unindo nossos lábios mais umas duas ou três vezes.
    Antes de me dizer um “até amanhã”, Julio deu o sorriso mais lindo e sincero que já vi. Entrei no táxi que me levaria para casa ainda pensando no que acabara de acontecer. Minha mente continuava confusa, apesar das perguntas serem diferentes agora. E meu coração… Bom, esse aí não tinha mais jeito. Era como se ele estivesse longe, voltando só agora. Era como se, novamente, eu pudesse senti-lo dentro de mim, batendo numa intensidade louca.
    Intensidade essa que pensei que nunca mais sentiria de novo.