Category: Textos

  • Mais um texto sobre idas, voltas, dúvidas e futuro

    Cropped e saia midi - Juliana Duarte, do blog Julie de Batom

    Oi, tudo bem? Faz tempo que eu não apareço por aqui, eu sei. A verdade é que eu estava realmente pensando se iria voltar. Tantas coisas aconteceram desde o último post… Foram várias dúvidas, certezas questionadas e até mesmo mudanças que contribuíram para essa minha distância do blog. Mas cá estou eu para tentar explicar – e até mesmo dar um feedback – sobre tudo isso.

    Bom, vamos lá.

    Eu me afastei por muitos motivos. Entre eles, a falta de tempo, de organização e de planejamento com meu trabalho na internet. A vida adulta é bem louca – fica aí a dica se você está ansiosa por ela – e, às vezes, nos obriga a deixar algumas coisas de lado para viver outras. Nem sempre as “outras” são aquelas que realmente queremos viver, mas, bom, nem tudo é da forma que a gente gostaria, certo?

    A vida adulta é bem complicada. E estou reforçando isso porque não quero fazer parte da galera que “vende” uma vida perfeita na internet. Porque, ó, nenhuma é. Por aqui, preciso acordar cedo para trabalhar – se você não sabe, eu sou formada em Jornalismo – e chego tarde em casa. Nas primeiras semanas, meu lado ~jovem~ e cheio de disposição me jurou que iria dar certo dar conta de tudo. Foram inúmeros os dias em que dormi mais tarde do que deveria para cuidar do blog. De repente, esses dias foram se tornando cada vez menos frequentes… Até acabarem.

    Não estou aqui reclamando, longe de mim. Mas chega um momento em que a gente vai deixando tudo para amanhã, porque hoje foi foda. Seja um problema muito complicado que te deixou exausta mentalmente ou até a viagem de ônibus, que, de tão cansativa, te tirou toda a energia restante. Aí a gente só quer chegar em casa, se jogar na cama e ter alguns minutinhos a sós com você mesma – porque cada centímetro do corpo dói ou cada espacinho da sua mente está tumultuada.

    Isso me fez mudar muito a visão que eu tinha da internet – e, principalmente, de quem produz conteúdo pra cá. Cara, não é fácil. Sério. A vida no Instagram está longe da real – ela não mostra nem 1% da realidade. E aí você percebe o quanto supervalorizam as pessoas que “conseguem dar conta de tudo”. Porque você se cobra. Você se sente incapaz, preguiçosa e mole pois, naquele dia, estava cansada demais para pegar o notebook e ser essa “Mulher Maravilha” que exigem da gente. Afinal, é “só” tirar uma foto, “só” fazer um vídeo e “só” escrever um texto. Fácil, né?

    Só que não.

    Eu adoro o blog, adoro produzir conteúdo. Só que chegou um momento em que eu me sentia na obrigação de fazer algo. Eu precisava ser essa super mulher que dá conta de tudo, porque só assim eu iria crescer. E se a outra influencer conseguia, por que eu não? Mas ela não fica fora de casa por 11 horas. Ela tem uma equipe que a ajuda. Ela… Simplesmente é outra pessoa, tem outra vida. Até eu entender isso, eu passei por muitas crises. Muitas mesmo.

    Nesse meio tempo, vi muitas pessoas crescendo no meio, enquanto eu ficava “para trás”. Mas e aí: o que era mais importante? Meu “crescimento” na internet ou minha saúde psicológica? Precisei optar pela segunda opção – e isso significava dar um tempo, me afastar, respirar outros ares antes de voltar. Se eu fosse voltar.

    Consegui me afastar por um tempo de tudo que envolvia meu trabalho na internet. Foi aí que percebi que eu não conseguia ficar longe disso tudo. Eu amo produzir conteúdo pra cá. Fiquei algumas semanas planejando o que fazer, como começar e criei um milhão de planilhas no Excel para organizar tudo. Até assisti cursos, workshops e vídeos sobre produção de conteúdo para web.

    Então, cheguei em outro questionamento: voltar ou não com o blog?

    Atualmente, quem lê blogs? Nós estamos rodeados de informação: no Youtube, no Facebook, no Instagram, nos Stories… Também estamos vivendo em um cenário onde o audiovisual se destaca – e cada vez mais há influenciadores que nem endereço na internet têm. Nesse turbilhão todo, resta espaço para o blog?

    Talvez não. Mas eu resolvi tentar.

    A ideia é que o Julie de Batom seja um espaço que vá complementar. Não quero que o conteúdo termine no Youtube ou nas redes sociais, sabe? Quero que meus posts nesses canais sejam suficientes, mas que o blog tenha algo a mais para agregar. A ideia é essa: aproveitar esse espaço “ilimitado” que eu não tenho nos outros lugares.

    Por isso, depois de muito pensar, de muito planejar e de ter muitas crises, eu acho que estou preparada para dar continuidade ao que comecei lá em 2012. De uma forma leve, espontânea, sem me cobrar tanto. Estou com muitas ideias para trabalhar todos os canais do Julie de Batom e espero muito que vocês curtam. Estarei voltando aos poucos, com mais certeza em setembro, então aguardo vocês por aqui, com muito conteúdo e espaço pra gente se amar <3

    Enquanto o blog não volta à ativa, aproveita pra me seguir nas redes sociais: Instagram pessoal | Instagram do blog | Youtube | Facebook | Pinterest

    Obrigada por tudo. Sempre!

    Beijos de batom,

    Julie

  • Me espera?

    Quebro a unha do dedão enquanto, da cozinha, o cheiro de comida fica cada vez mais forte. É a primeira vez, em dias, meses ou sei lá quanto tempo, que eu sinto algum tipo de paz – se é que posso chamar assim – emocional. No meu telefone, nenhuma mensagem no Whatsapp. Até os grupos silenciaram. O único barulho, de fato, é da minha playlist de músicas favoritas do mês no Spotify.

    Minha perna está trêmula – de frio, de angústia, sei lá. Uma brisa entrou pela janela, fazendo minha pele ficar arrepiada. De fundo, alguma música toca mas nem sei muito bem o que diz. Eu abri um documento em branco querendo escrever. E tentar, pelo menos um pouquinho, tirar de mim o que tanto ocupa meus pensamentos.

    Há alguns dias, eu tive uma crise. Não sei se foi a primeira, porque, na verdade, eu nunca parei para pensar nisso. Mas essa foi, com certeza, uma crise. Do tipo que a gente dá esse nome, mesmo. Não do tipo que a gente acha que é. Porque foi.

    Veio tudo de uma vez só. E doeu. Doeu cada pedacinho de mim – mental e fisicamente. Foram várias pontadas ao mesmo tempo. De vários lados. Algumas, nem vi de onde chegaram. Senti todos os membros do meu corpo pararem de me obedecer. Minha perna estava inquieta. Minha respiração estava acelerada. Meu coração, então, nem digo.

    É difícil pensar quando estou passando por um turbilhão de pensamentos, de emoções e vivências. Eu estou perdida. E, desta vez, é real oficial. Sem mapa, sem GPS e sem internet para pesquisar minha localização. Não faço ideia se vou para a direita, para a esquerda, se dou dois passos a frente ou para trás. Ou se fico parada, por aqui mesmo, esperando alguma coisa.

    Que eu também não sei o que é.

    Eu ainda estou aqui, tentando entender quem eu sou. Querendo saber qual é essa versão que me encontro. Se é um período de transição, eu não sei. Só sei que não consigo aguentar muito mais. A próxima porta ainda está fechada e não faço ideia onde encontro a chave.

    Nem sei se é a porta certa, para dizer a verdade.

    É um caos só. A vida fez questão de me jogar aqui. Ou fui eu mesma que parei nesse lugar. Não sei. Essa tem sido minha frase: não sei. E, de verdade, eu não sei.

    Não me reconheço no espelho. Faz tempo que não uso um batom para sair. Passar um delineador no dia-a-dia se tornou uma realidade distante. Minha necessaire de maquiagem está quase deixada de lado – só abro o zíper para utilizar o desodorante, a escova e a pasta de dentes. Queria saber o que acontece, mas não consigo.

    Só sei que, aos poucos, eu estou ainda mais distante do que desejava ser. Do que era. Estou perdendo tanto tempo fazendo o que não quero, o que não gosto. Onde ficaram aqueles momentos livres para ser e fazer, simplesmente, o que eu sentia prazer?

    Sinto que estou perdendo até quem está ao meu lado, e isso dói. Dói porque minha confusão se estende para aqueles que andam junto comigo. Dói porque eu não escolhi passar por tudo isso. Dói porque eu sinto que, cada vez mais, estou perdendo cada um deles.

    Enquanto tento me entender, eles tentam me acompanhar. Mas não é fácil. Eu sei disso. Tenho medo de, no meio dessa tempestade de confusão, sentimentos e dúvidas, eles desistam. Eles se esqueçam do que está por trás dessa confusão toda. Pelo menos, em algum lugar por aqui, mesmo que perdida: eu. Aquele eu que eu ainda não reencontrei, mas sei que vou em algum momento. E resolver. Seja lá o que seja preciso resolver e seja lá o que isso signifique, de fato.

    É como diz, num timing perfeito, a música da minha playlist que toca agora: Tenta me reconhecer no temporal, me espera. Eu ainda estou aqui. É pedir muito?

  • Nossas folhas em branco

    Eu queria voltar naquele primeiro momento em que nossos olhares tímidos se cruzaram. Quando não havia muito de mim em você, nem de você em mim. Naquele instante quando eu não sabia se te abraçava ou se ficava quieta. Quando éramos duas folhas em branco, prontas para serem escritas. Naquele momento posterior quando senti segurança para chegar mais perto – e que cheguei mais perto. Quando a gente sentou frente ao pôr-do-sol e eu jurei que seria assim para sempre. Fácil, leve, autêntico.

    Juntos, nós começamos a usar as folhas em branco. Escrevemos, desenhamos, rabiscamos. Relatamos nosso diário. Registramos nossas memórias por meio de frases, fotos e canções. Vivemos várias primeiras vezes juntos. Criamos lembranças que existem só para nós. Outras que também existem por aí: em cadernos, em imagens, em textos, na internet, nas interações.

    Eu queria voltar no tempo. Sabe, quando eu era só uma folha em branco. Sem marcas, sem rasuras, sem amassados. Sem rabiscos vermelhos, pretos e azuis. Sem pedaços faltando. Queria ser uma folha limpa, inteira, pronta para ser escrita de novo. Renovada. Sem precisar procurar espacinhos ainda em branco para escrever.

    Sem ter o trabalho para pensar em que espaço escrever.

    A vida tratou de mudar muitas coisas. Deixou marcas. A maioria delas, eternas. Umas, invisíveis. Outras, nem tanto. Algumas eu guardo dentro de mim. Mas há aquelas por aí, me mostrando memórias que eu gostaria de evitar. Que eu gostaria de voltar no tempo e, pelo menos, tentar fazer diferente.

    Que eu gostaria que não existissem.

    Não sei se temos prazo de validade. Se vamos nos transformar em outras folhas em branco, prontas para serem escritas, ou se teremos que conviver com as rasuras. Não sei se consigo passar um corretivo por cima e esperar que o líquido seque. Não sei se consigo arriscar que, no futuro, ele se desfaça, me lembrando de tudo novamente.

    E eu não sei se consigo passar por mais rasuras. Não quando, todos os dias, cada pedaço da minha folha vai ser amassada. De novo. De novo. De novo.

    E de novo.

    Sinto que há uma tatuagem com o nome de um ex em mim. Daquelas que a gente evita olhar, mas sabe que está ali – marcando a pele, machucando, nos lembrando de tudo. Fazendo-nos reviver na memória tudo o que aconteceu a cada vez que nosso olhar capta aquela marca. Está no sangue. Em nós. A gente esconde, tampa com a blusa, mas está ali. Evitar não ajuda. Apagar dói. Mas é preciso.

    E eu não sei se quero passar pelas sessões.

    Gostaria que fosse diferente. Que a gente voltasse lá no começo e fizesse tudo de novo. Sem precisar viver alguns momentos, evitando outros. Que eu pudesse estar mais inserida em você, pelo menos da forma que você está em mim. Que nós fossemos mais flores, mais doces e momentos. Mais fáceis. Mais aqueles dois que, lá no começo, começaram a se encontrar.

    Hoje não. Hoje estou perdida. Confusa. Mas preciso sair do cruzamento.

    Só não sei quando. Nem como.

  • Eu sumi, mas voltei. E 2017, por favor, seja bonzinho!

    Blog Julie de Batom - Juliana Duarte2016 não foi um ano fácil. E tenho certeza que a maioria dos textos retrospectiva vão começar dessa forma. Acho que eu nunca tive um ano tão complicado, cheio de altos e baixos, como o anterior. Sério, gente. Época de vestibular e TCC foram bem mais leves.

    Eu comecei 2016 já em um período conturbado. Problemas aqui, problemas ali, e a virada foi tensa. Não muito diferente do ano, se querem saber. Foram tantos momentos complicados que eu gastaria diversos caracteres para, pelo menos, listá-los. Mas, né, vida que segue. A gente aprende, amadurece, usa como experiência.

    Isso é, talvez, envelhecer?

    Com tantos altos e baixos, o blog ficou de lado. Ok, nem tanto. Até houve um período em que eu consegui produzir mais conteúdo. Fiz vídeos, cresci o número de seguidores no Youtube, me esforcei para, pelo menos, ter quatro posts por semana no Julie de Batom… E assim foi. Mas, de 4 posts, diminuí para dois em uma semana. Na outra, apenas um foi ao ar. E, aí, com a vida corrida, se tornou zero.

    Admito que senti falta, mas também alívio. Eu estava me forçando a criar conteúdo. “Preciso alimentar o blog e o canal”. Ok. Mas com o quê? Eu queria postar, o problema era a criatividade. Com tanta coisa acontecendo, eu não conseguia pensar em boas pautas. E, aí, não sobrevivi, né?

    Eu me permiti ter essas “férias”. Viver um pouquinho o que tinha que viver. Sair, trabalhar, fazer uma maquiagem só por fazer – e não para gravar. Também deixar os pulmões, o rosto, a alma, respirarem. Esse tipo de coisa.

    Mas estou de volta. E prometi a mim mesma que 2017 será diferente. Será meu ano. Quero fazer meu passatempo favorito funcionar. Não na questão de grana ou fama. Mas de conteúdo – bom, leve, autêntico. Abrir o Julie de Batom e pensar “caramba, esse post é demais”. Ao invés de “ok, publicado”.

    Eu sei que já fiz postagens assim no blog antes e, novamente, sumi. Mas é a vida. A gente nunca sabe do amanhã. Eu não sei se vou cumprir minhas metas. Posso tentar. E estou ansiosa para isso. Todo ano é um recomeço. E, não à toa, todo dia 1º de janeiro o blog completa um ano a mais de vida. Já são cinco. Como o ano novo que chega e a gente se reinventa, o Julie de Batom também segue nessa linha. Não fiz nada de especial, eu sei, mas o recomeço é o maior presente que posso nos oferecer.

    2017, seja bonzinho. Cure as feridas do seu antecessor. É só o que eu – e todo mundo – precisa. Obrigada.

  • Por que eu decidi viver mais leve de agora em diante

    Por que resolvi viver mais leve?

    Acho que fiquei velha. Aquelas coisas complicadas, aquelas tempestades em copo d’água e aquelas confusões infinitas que vivia na adolescência já não me chamam mais atenção. Não que antes me seduzissem de alguma forma. Mas era algo que eu não queria controlar. Sabe aquele filme de ação que a gente assiste esperando, bem, a ação? Eu não tinha vontade de evitar essa parte da vida. Então todos os conflitos vividos não tinham um pingo de tentativa para não existirem. Eu estava passando por uma fase onde tudo era pesado demais. Até viver dentro de mim. Viver mais leve foi uma escolha que eu fiz mas que, talvez, amanhã tudo mude.

    Acontece. É a vida.

    Mas a minha realidade é que eu não quero que isso seja diferente. Estou tentando, e sempre mais, viver mais leve. Não que eu tenha deixado as coisas importantes de lado. Só deixei de transformar em algo enorme aquelas que não fazem tanta diferença.

    Tudo que eu quero é uma vida fácil. O máximo possível. Sei que nada é tão simples quanto queremos, mas por que dificultar ainda mais? Eu estava em um tornado de emoções, onde tudo era muito intenso. Qualquer coisa era demais. E aí eu estava transbordando demais. Não de uma forma boa, mas de uma forma cansativa.

    As coisas que eu mais prezava estavam transbordando junto. Eu não tive opção de escolher o que eu queria jogar fora. Dentro de mim, toda aquela intensidade não me deixava optar.  Então, me vi em uma fase da vida onde tudo era muito complexo. Desde me arrumar até coisas bobas no relacionamento. Eu me vi sozinha, cheia de problemas pequenos que se tornaram enormes e com minha saúde mental abalada. Muito.

    Eu poderia ter me deixado no nada. Poderia ter caído nesse mar turbulento e continuar transbordando. Porém, resolvi viver mais leve. Tudo que eu quero hoje é simplicidade. Sei que a vida não é perfeita. Muito menos fácil. Mas por que complicar ainda mais o que já é complicado?

    Entenda: eu continuo lutando pelos meus ideais. Continuo achando ruim o que considero errado. Eu só quero dar a proporção correta para as coisas. Não transformar em um problema nível 10 o que é um problema nível 2. Não considerar uma onda como se fosse um tsunami.

    Viver mais leve é uma atividade diária, que exige muito de mim. Talvez eu transborde um dia. Talvez eu me exceda um pouco em algum momento. Mas eu me propus a tentar. Propus que vou conseguir. É uma batalha diária me convencer que exagerei em algo. Principalmente com meu ascendente em Peixes.

    Mas eu garanto: tem sido mais fácil assim. Viver mais leve, sabe? Tratar cada problema com seu respectivo tamanho. Não considerar o fim do mundo quando há um túnel bem iluminado à direita. Não achar que estou trancada se a chave se encontra em cima da cômoda. Nem aumentar algo que eu posso resolver com algumas lágrimas, noites em claro e discussões a menos.

    O que eu quero com esse texto? Só dizer que você pode conseguir, também. Não perca sua vida aumentando tudo. Não estrague sua saúde com problemas que podem ser resolvidos em dois minutos. Não guarde coisas ruins. Conserve aquelas boas, sabe? Sei que é difícil e não se trata de ser exagerada. Mas, sim, de ser intensa.

    Seja intensa no que importa. No que te faz bem. Quando sua intensidade aumentar algo que vai te magoar ou te tirar boas horas de sono, deixe-a de lado. Viver mais leve pode ser complicado, mas é ótimo chegar no fim do mês com sua cabeça tranquila. Ou o mais próximo disso.

    E lembre-se: viver mais leve não é aceitar qualquer coisa. Nem deixar de brigar pelo que você acredita só para não esquentar sua cabeça. Mas, sim, tratar cada momento, problema e sensação por seu respectivo tamanho. Não tratar como 13 MP o que é um VGA – nem vice-versa, combinado?

  • Você quer ganhar brindes ou reconhecimento?

    Blogueira: você quer brinde ou reconhecimento?

    Antes de começar, eu já quero que você entenda: blogueiro é profissão. Sei que pode rolar diversas discussões sobre a afirmação, mas é verdade. Eu até brinco que nós somos uma mistura de jornalista, publicitário, social media, fotógrafo, produtor/editor de vídeos e, muitas vezes, administrador. Afinal, um blog é uma empresa. Muitos até já possuem CNPJ, funcionários e tudo.

    Estamos entendidos até aqui? Beleza. Podemos continuar.

    Quando você pensa em um trabalho, o que vem em mente? Local, atividade e, claro, remuneração. Todo trabalho merece ser remunerado. Uma empresa não contrata um funcionário e o paga com produtos ou serviços oferecidos por ela, certo? Imagina se você trabalhasse em uma produtora de sorvete e recebesse por mês uma quantidade referente ao “salário”, mas em sobremesa. Pode parecer maravilhoso, porém 1) sorvete não paga conta e 2) ninguém pode viver se alimentando apenas de sorvete.

    Então por que com a blogosfera é assim que funciona?

    Vocês já perceberam a quantidade enorme de empresas que “pagam” o trabalho da blogueira com produtos e serviços? Não estou falando daquelas que enviam presskits de forma “espontânea” para a dona do blog, pois é outro foco. Mas sim daquela marca que entra em contato e oferece um valor X de produtos (escolhidos por ela ou pela blogueira) em troca de um post ou banner no blog.

    É errado? Talvez não para você que está começando agora na blogosfera e não vê a hora de receber um mimo. Ou para você que entrou nesse mundo apenas para isso. Mas para nós, que levamos a sério essa profissão, é uma forma de desvalorizar a classe. E eu explico o motivo.

    Primeiro de tudo: nós somos trabalhadores. Nós somos profissionais. Pagamos internet, energia, telefone, ferramentas para produzir conteúdo (câmera, computador, tripé, etc), além de outros gastos para manter o blog funcionando (domínio, hospedagem e design). Essas coisas só funcionam à base de dinheiro, infeliz ou felizmente. Quando você aceita um produto em troca do seu trabalho, você está afirmando para a empresa que se vende por pouco. E outra: ainda leva todo mundo junto na desvalorização.

    Estou dizendo que você só deve postar em troca de dinheiro? Claro que não. Mas também não se venda por pouco. Não troque suas horas de trabalho por um batom (ou qualquer outro produto). Cobre. Mesmo que seja pouquinho, cobre. Se está no começo, se preocupe primeiro em produzir conteúdo e só depois pense em parcerias. Entenda que um espaço no seu blog vale muito mais que o produto que será enviado. Acredite: você tem um alcance que nem imagina. E a empresa se beneficia com isso – afinal, o “mimo” sai muito mais barato para ela do que pagar uma publicidade em si.

    Segundo: não seja uma profissional ruim. Nós temos esse tipo de profissional em todas as áreas, desde as mais simples até as mais valorizadas. Toda essa teoria que blogueira só quer produtinho começou, na maioria, por nossa culpa. Muitas aceitaram trabalhar em troca de presentes ou serviços, afinal até pouco tempo atrás a blogosfera nem era considerada trabalho. Mas hoje é diferente. Nós precisamos nos unir para valorizar o que somos. Duvido que a marca pague uma agência de publicidade ou uma emissora de TV com produtos. Por que conosco, que faremos o mesmo serviço (divulgar), é diferente? Vocês entendem a força que tem?

    Vale ressaltar que eu estou citando aquelas marcas que enviam produtos em troca obrigatória da divulgação. Aquelas que enviam seus presskits espontaneamente fazem isso para que as blogueiras conheçam seus lançamentos. Se ela quiser divulgar, é outro assunto (geralmente já fazem isso nos vídeos de recebidos).

    Um blog é um veículo de comunicação assim como a Globo, o G1, a Folha de S. Paulo, a Capricho e tantos outros formatos. Nosso alcance chega até a ser maior por ser ilimitado. Nosso conteúdo está aí na internet para qualquer um ver. O que eu quero com esse desabafo é alertar a importância que vocês, blogueiros, tem no mercado. Não se menosprezem, não se humilhem e não se vendam por pouco. Sejam profissionais. Afinal, nós precisamos mostrar que é o que somos.

    E vale lembrar que as empresas só nos tratam assim porque nós aceitamos.

    Portanto: converse com a marca. A divulgação não pode nem deve ser benéfica só para um lado. Ela quer enviar um produto? Ok. Mas explique que não é certeza que será divulgado. Se ela insistir, diga que cobra e, mesmo assim, só posta com sua opinião sincera. Vamos tirar essa imagem que as pessoas têm das blogueiras. Nós queremos chegar nas empresas sentindo orgulho do que somos, não achando que seremos menosprezadas porque estamos ali apenas pelo mimo.

    Queria completar que este desabafo nasceu após a Conferência Nacional de Blogs (CNB). O evento contou com diversas exposições de marcas, muitas boas, inclusive. Porém, algumas mal explicavam seus lançamentos. Chegávamos ao stand e só nos davam a sacolinha com alguns brindes (na maioria amostras). Ou seja: “toma aqui seu brinde, você não precisa entender o que é, só posta no blog e manda o link para nós”. Oi? Nem o básico, que era explicar o que faz o produto, composição e objetivo, eles queriam nos passar.

    Quando a empresa chega a esse ponto, sabemos o quanto mal vistas nós somos pelo mercado. E mudar esse cenário só depende de você, blogueiro. Valorize-se. As marcas sabem muito bem nossa importância. Se não soubessem, não estariam pedindo divulgação em nossos blogs. Elas sabem o quanto valemos. Só não querem pagar porque nós aceitamos qualquer coisa que oferecem.

    Portanto, fica o exercício: se valorize. Combinado?

  • Minha história na blogosfera e o que está acontecendo com ela hoje?

    Blogosfera

    Esse é um daqueles posts-desabafo que há muito tempo eu não faço aqui no blog. Sem técnicas de SEO, sem preocupação se as fotos estão combinando e sem aquela neura de ficar tudo perfeitinho. Não que eu esteja desleixada. A verdade é que ontem eu vi uma imagem que representa muito a blogosfera das antigas e desde então estou pensando muito sobre isso.

    E cá estou eu para compartilhar meus pensamentos com vocês.

    Como sabem, eu comecei na blogosfera no final de 2005. Caí no Zip Net (plataforma super simples da Uol) sem querer, pois meu objetivo era, na verdade, criar um site. Eu só queria um espacinho para chamar de “portal” e falar sobre minha banda e novela favoritas: RBD e Rebelde. Para mim era algo inovador, afinal eu não conhecia nenhum site com esse objetivo. Você vai me dizer: mas Julie, existiam vários. Sim, com certeza existiam. Mas naquela época eu era apenas uma garotinha de 11 anos com uma internet discada e sem muito conhecimento com relação a web, Google e essas coisas.

    Na minha cabeça eu era a primeira e tudo bem para mim.

    Então fiz meu e-mail na Bol (era necessário para criar a conta no Zip Net) e lá fui eu escrever as primeiras postagens. O blog se chamava RBD Brasil Oficial e os posts eram simplesmente comentários sobre a novela. Lembro até que tirei foto de uma revista e contei, achando ser em primeira mão, que a personagem Lola iria tingir o cabelo de ruivo (igual da Roberta) para impressionar o Diego. Todo mundo que comprou a revista já sabia. Eu mal tinha leitores. Mas lá estava eu, na inocência e com o carinho de postar, informando as boas novas.

    A blogosfera, na época, era pura curtição. A gente escrevia só por passatempo, mesmo. Eu nunca ganhei um centavo com meu blog simples hospedado no Zip Net. Mas ganhei muitas outras coisas que, para mim, são bem mais importantes.

    Vicky's Place - blogosfera anos 2000

    A internet há 10 anos não era como hoje. Não havia muito conteúdo e encontrar algo específico era bem complicado. Euzinha, com a internet e o conhecimento limitados, mal conseguia achar um tema para o blog que fosse do RBD. Novamente: havia, sim, vários por aí (que só descobri mais tarde). Mas, ó, ainda bem que eu não dei de cara com eles.

    Foi nessa dificuldade de encontrar um tema adequado para o meu “site” que eu comecei a pesquisar como fazer um. O Zip Net, na época, era praticamente o que o Blogspot é para nós hoje em dia (só que muito mais limitado). Havia uma quantidade considerável de artigos sobre a plataforma, pois era a primeira que nós, blogueiros, procurávamos para criar nossos cantinhos. Existia o Blogger, mas este era somente para assinantes da Globo. Na época, poucos queriam pagar por algo na internet, né? Ah, e também havia o WordPress, mas a maioria considerava complexo demais para fazer qualquer coisa.

    Encontrei diversos sites que ajudavam a criar layouts para o Zip Net. A linguagem era basicamente HTML e CSS, mas com alguns códigos próprios (assim como todas as plataformas possuem). O blog que mais me ajudou foi o Cristiny Online (não existe mais, mas vocês podem vê-lo neste site arquivo). Para vocês terem uma ideia: ela tinha uns três blogs para manter o domínio no ar. Explico: um era o endereço em si, outro para colocar os arquivos grátis e outro de postagem que era inserido na área de posts do blog. Louco, né? As coisas na época não eram nada fáceis.

    No Cristiny Online eu encontrei um tutorial explicando como fazer o tal template. Além de ensinar como fazer, ela ainda disponibilizava vários modelos para você escolher, já com código prontinho, e só alterar as imagens (no caso, do topo e fundo). E a aparência dos blogs não era como hoje, viu? Vou deixar uns modelos para vocês entenderem os “looks” famosos da blogosfera na época.

    Blogs 2000

    Links para conferir ao vivo: Pétalas da Emoção | Coração Rosa | Mundinho Rê Lua | Concurso RBD Brasil Oficial (um dos meus blogs haha)

    E lá fui eu colocar a mão na massa para criar meus templates do RBD. Foi nessa que eu descobri que precisava de um programa de edição de imagens. E nada de Photoshop. O computador (com seus humildes 120mb de memória, o que era comum na época) mal aguentava os programas básicos. Tive que baixar outro similar, o Paint Shop Pro. Ele era gratuito, muito parecido com o software da Adobe e quebrou um galhão (mas eu ainda queria o Photoshop original só para fazer um efeito na fonte que todo mundo na blogosfera fazia).

    Depois que aprendi mais ou menos a mexer no Paint Shop Pro, lá fui eu para os códigos. Mal sabia o que um “b” entre <> significava. Aí descobri que era negrito. Depois itálico. Depois fui conhecer as divs. E por aí foi. Por que estou dizendo tudo isso? Simplesmente porque foi por não encontrar um template pronto do RBD que eu aprendi tudo que sei hoje de Photoshop e linguagens de blogs.

    Hoje em dia as coisas são bem diferentes e, neste ponto, sinto dizer que infelizmente. Eu recebo muitos e-mails todos os dias de leitores ou visitantes pedindo para que eu faça o blog deles. Não oferecem um centavo, só jogam assim: Julie, faz um blog pra mim? Isso vale para outras modificações, como por exemplo: “Julie, edita tal foto pra mim?”, “Julie, faz um menu legal para mim?” e por aí vai.

    Cristiny Online

    O pessoal novo da blogosfera (não generalizando, mas uma boa parte) entrou neste mundo porque aqueles das antigas conseguiram algum destaque e disseminaram os blogs. Hoje em dia ser blogueiro é legal. Quando eu comecei, ter um blog era até motivo de vergonha. Ninguém queria os amigos, pais e familiares lendo sobre seus dias. Blog era um diário, por isso era mantido em segredo. Nós éramos e queríamos continuar sendo anônimos. Tanto que, no máximo, colocávamos nosso e-mail para contato. Nada de Orkut, MySpace e as redes sociais da época.

    O que me entristece hoje em dia é ver “blogueiros” querendo tudo pronto. Pedem layouts, alterações de código, edições de imagem e até mesmo divulgação. A impressão que eu tenho é que perdeu-se o tesão de correr atrás das coisas. Ninguém quer ter que levantar para conseguir seu objetivo. Querem que traga, de bandeja, nas mãos.

    E gente, isso é chato pra caralho – com perdão do palavrão.

    Pode parecer texto de gente velha, mas eu sou da época que ou você aprendia ou você não tinha. Sou da época que você pedia para alguém lhe ensinar algo, não fazer para você. Sou da época dos fóruns de ajuda, das comunidades do Orkut e dos blogs cheios de tutoriais. Você não chegava no blogueiro e pedia para ele fazer algo para você. E nem reclamava do conteúdo disponibilizado. Você o agradecia eternamente por tirar horas do seu dia e fazer algo que não iria render nada para ele.

    Porque blogosfera era assim. Você pelos outros, sem esperar nada em troca. E mesmo assim nós, beneficiados, tentávamos “pagar” linkando o blog que nos ajudou em nossas páginas. Não queríamos só o “vinde a nós”.

    Evelyn's Place na blogosfera

    Não havia pagamento por nada e essa sinceridade faz falta hoje em dia. Não só no conteúdo, como nas amizades. O que eu vejo hoje em dia são pessoas fingindo algum sentimento para ganhar em cima de outra. Pessoas falando de qualquer coisa em seus blogs em troca de dinheiro. Conteúdo perdendo a qualidade porque não pensam mais no público, só no próprio umbigo.

    Eu não vou me excluir do grupo que mudou. A blogosfera está em constante atualização. Vide os layouts que antes eram cheios de desenhos de menininhas e agora passaram para vários borrões de aquarela, design clean e sliders. E nós temos que nos adaptar a isso assim como nossos pais se adaptaram às novas televisões. O que estou dizendo é: cadê a essência? Eu tento levar o que aprendi lá em 2006 em cada postagem do Julie de Batom, mas com um toque da “atualidade”. Eu sinto muita falta de entrar em blogs e ler algo pessoal, resenhas sinceras e indicações de produtos de marcas que não pagaram para estar ali. Sinto falta de entrar em blogs que, pelo menos uma vez na vida, se importam em fazer um post pessoal, sem se preocupar em qual página estarão no Google. Isso é importante? Sim. Mas não deve ser único.

    O que eu quero com esse post é dizer que nós somos a blogosfera. Nós somos a mudança. Se achamos que está ruim, que esse mundo está vendido e superficial, nós podemos mudar. Eu não quero expor uma vida que não é minha, cheia de ostentação e máscaras. Eu quero continuar com a mesma essência, ingenuidade (no bom sentido) e simplicidade daquela Juliana de 11 anos que parou na blogosfera porque queria criar um “site”. Com a vontade de correr atrás de seus desejos do mesmo jeito que foi aprender como criar layouts, imagens, gifs com estrelinhas e códigos.

    E quero contagiá-los também.

    Se você leu esse texto completo, te faço um pedido: seja sincero. Seja honesto. Seja você. Não tente transformar seu blog em algo que ele não é. Não seja umbiguista. Ganhar dinheiro e mimos é legal? Sim, claro que é. Mas crie seu conteúdo pensando no público, nunca em benefício próprio. Seja como a Cristiny Online, a Vicky’s Place, a Evelyn’s Place (sim, é a mesma do É do Babado) que por anos criaram conteúdo só para ajudar o próximo. Só para oferecer algo que nem todos poderiam ou saberiam criar.

    Ainda em tempo: quero dizer que eu sou super a favor do blog virar um veículo de comunicação, do criador de conteúdo ganhar dinheiro, pois, sim, é um trabalho (e dá tanto trabalho como qualquer outro). O que estou salientando no post é que a blogosfera não é apenas grana, mimos e ostentação. Sinto falta da essência de antigamente, de você sentir carinho, amor e dedicação em cada página. E não interesse, sabem? Se misturar o carinho pela blogagem e a profissionalização dos blogs, tudo seria melhor.

    Por essa simplicidade, sinceridade e autenticidade, a blogosfera vota – e implora por – sim!

  • O que o caso Big Brother Brasil tem a nos ensinar sobre nossa sociedade

    Ana Paula e Larcio BBB

    Eu não assisto Big Brother Brasil. Na verdade, nunca fui muito fã do reality show. O último neste estilo que assisti foi Casa dos Artistas, que tinha a mesma pegada mas, como o nome mesmo diz, confinava vários famosos em uma casa. Tipo A Fazenda, mas com o imóvel parecido com o BBB. Deu pra entender, né? Voltando: não digo que não gosto de Big Brother porque quero me achar mais que ninguém. Só informei que não assisto o programa por um motivo: não preciso nem ligar a televisão para saber o que está acontecendo. Basta acessar as redes sociais.

    A polêmica do reality desta vez tem dois personagens: Ana Paula e Laércio. Não assisti o programa, mas pelos comentários dos internautas deu para montar um perfil de cada. A moça, pelo que dizem, é rica, “patricinha” e “mimada” (entre aspas porque não quero que soe como ofensa, porque não foi essa a intenção, só reproduzi o que li por aí). Já o cara (ou senhor?) está sendo acusado por várias meninas de pedofilia. Isso porque, segundo elas, ele já embebedou mulheres mais novas, até mesmo de 13 anos, para transar com elas.

    Essa informação vazou após a confirmação do participante no programa. A maioria dos telespectadores dizem que é falsa, que são pessoas querendo se beneficiar em cima dessas acusações (oi?). Cada um acredita no que quer, mas eu duvido que uma menina iria se expor para “ganhar algo com isso”. Até porque há diversos prints rolando na internet que comprovam: Laércio gosta de transar com “novinhas”, curte ser selvagem e de embebedar suas “presas”.

    Se você não acredita no que está rolando na internet, então precisamos usar os fatos que a própria Globo transmitiu. Em uma das festas do programa, o Laércio fez símbolo de sexo oral para uma das participantes (não me lembro o nome, a única informação que guardei é que ela tem 19 anos). Achar isso normal é tão repugnante que, sério, não sei como alguém consegue pensar dessa forma. O gesto é assédio. Ele deixou explícito o que queria com a moça. Justo aquela que faz o padrão do “barba azul”: novinha.

    Laércio já deixou provas na internet e no programa sobre seu comportamento. Tenta falar manso, calmo, como se isso fosse mascarar o que ele quer. Ele pode não ter consumido o ato no reality, mas assediou uma participante. No lugar dela, eu ficaria com nojo, raiva, repulsa. Assim como todas nós, mulheres, ficamos ao assistir a cena.

    Mas lá dentro alguém nos representou e disse o que queríamos dizer.

    Tudo isso o que eu disse forma o contexto por trás do “estouro” da Ana Paula. Se ela é mimada, rica ou qualquer outra coisa, isso realmente importa? Isso realmente tem um peso maior do que um assédio? Sério, gente? É isso que vocês comentam quando uma notícia está relacionada à polêmica do programa? Se for, repense.

    A Ana Paula não estourou porque viu um homem “velho e feio” de cueca em seu quarto. Ela estourou porque cansou das abordagens do participante. Sentiu a repulsa que nós, telespectadores, sentimos ao ver Laércio explicitamente chamando a outra participante para um sexo oral. Sentiu o nojo, o medo, que as mulheres sentem todos os dias quando passam nas ruas e se sentem ameaçadas.

    Mesmo assim, falou. Explodiu. Disse o que sentia. Defendeu-se. Mostrou o que a incomodava.

    E foi silenciada. Como nós somos todos os dias.

    Os outros “brothers” (se é que podemos chamar assim) a aconselharam a pedir desculpas para Laércio. Pelo quê? Por se sentir incomodada com um cara que assedia outras mais novas? Por falar o que muitas de nós queria dizer? Por se impor? Porque, segundo a nossa sociedade, uma mulher não pode ter opinião, não pode reclamar quando o outro é um homem? Ou, talvez, a culpada necessariamente é sempre a mulher porque ela precisa ser submissa?

    Se o Laércio fosse do sexo feminino e estivesse de calcinha no quarto, do que ele seria chamado? Vadia seria o xingamento mais leve que a gente teria lido na internet. Se a Ana Paula fosse um homem e reclamasse da cena, seria vista como herói, como “mostrou quem manda aqui”. Mas foi o contrário: Laércio saiu como a vítima porque é homem, é mais velho. Já a moça foi vista como mimizenta, riquinha enjoada e até louca. Sério, gente?

    Ler os comentários de qualquer notícia sobre o caso é deprimente. Dá vontade de chorar ao ver tantas pessoas colocando a culpa na mulher porque ela é “fresca”. Nenhuma mulher merece ser silenciada quando se sente invadida. Nenhuma mulher tem que aguentar alguma situação porque os outros vão julgá-la. Se está errado, então é para reclamar. E fim.

    O que aprendemos com esse episódio todo é que mulher será silenciada só por ser mulher. Poucos foram aqueles que se colocaram no lugar da Ana Paula. E, infelizmente, muitos foram aqueles que saíram em defesa de Laércio. Em uma sociedade patriarcal que estamos, um episódio assim é muito mais que só uma briguinha de reality show. Se tem algo “real” no programa, então devemos ler isso como uma imitação da vida aqui fora. Lá a Ana Paula estourou, falou o que tinha para falar. Mas quantas “Ana Paula” estão aqui fora, sem câmeras para lhe proteger, sem ninguém ao seu lado, sofrendo o mesmo (ou pior) e com medo de revidar? Quantas denunciam casos de assédio, abuso, estupro e são chamadas de loucas, de insanas? Pois estamos cansadas de passar por tudo isso. De receber abuso, assédio e coisas que não queremos. E de, no final, ainda nos julgarem como doidas quando somos apenas vítimas.

    Vamos parar de priorizar o que é banal. Ana Paula pode ser o que for, mas isso não muda a índole do Laércio. Não muda o que ele fez no programa ou aqui fora. Ela se sentiu incomodada e reclamou, com razão. O impressionante é que, ao invés receber apoio, foi crucificada. Inclusive por aquelas que, muitas vezes, já estiveram no mesmo lugar.

    (Indico que também leiam este texto sobre a ação mais feminista da casa vir da participante que saiu em pró do machismo. A leitura agrega muito!)

    PS: Como mencionei no começo do post, eu não acompanho o programa. O texto é uma reflexão sobre o fato que aconteceu no reality show e a atitude dos participantes e telespectadores. Não estou defendendo um ou outro brother para ganhar o prêmio, vim aqui como mulher comentar o que houve porque, como mulher, senti empatia pela Ana Paula. Aproveito para dizer que as denúncias contra o Laércio são com base em prints da internet e depoimentos de mulheres que passaram por algum episódio com o participante em que se sentiram abusadas/assediadas.

  • Namora comigo?

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    Namora comigo quando o sol se vai e a lua toma seu lugar no topo do céu? Enquanto a gente se aquece nos cobertores e toma aquele chocolate batido no liquidificador que você inventou de última hora? Nesse meio tempo, a gente coloca uma série de comédia no Netflix e eu seguro seu celular em cima do joelho. Você me dá um beijo ou dois. Pousamos os copos na sua escrivaninha e deixamos a história nos levar.

    Namora comigo naqueles dias de TPM? Prometo ser o mais justa possível, mesmo que meu corpo insista em se irritar com tudo. Não posso dizer que será fácil, mas ter você por perto é a melhor companhia. Você pode me deixar na sua cama, deitar de conchinha e fazer cafuné na minha cabeça enquanto permanecemos quietos, deixando o silêncio e a sua presença serem os melhores remédios para mim.

    Namora comigo quando tudo for flores? Naqueles momentos que são coloridos, bonitos e com aromas de felicidade. Pode ser um dia deitados na cama, curtindo aquele domingo de preguiça, quando você diz que me ama e beija meu rosto. Ou quando a gente senta no banco da praia e admira o pôr-do-sol. Até mesmo naqueles momentos que largamos tudo e vamos para outra cidade, seja ela a quarenta minutos, uma ou duas horas de distância.

    Namora comigo quando o solo não tiver mais forças para as flores crescerem? Quando meus olhos se convertem em nuvens e se encherem de lágrimas, como em uma tarde chuvosa? Naqueles dias que eu me sinto sozinha, mesmo que seja mentira. Ou em momentos quando implicamos com algo besta, mas que sabemos que vai passar. Ou quando eu tiver uma decepção, um dia ruim, e só quiser seu colo para reclamar um pouquinho de tudo.

    Namora comigo quando eu for inconstante? Quando eu quiser, do nada, pegar tudo e sair por aí, sem rumo. Descobrir uma cidade nova, uma habilidade diferente ou quiser sentar na beira do mar só para aproveitar algumas horas de paz. Ou quando decidir aparecer na sua casa depois de uma briga, principalmente aquelas sem pé nem cabeça. Ou quando quiser te beijar cinco minutos após te dar aqueles tapinhas do tipo “mentira que você está fazendo esta zoeira”.

    Namora comigo quando eu estiver com medo? Seja naquela trilha que o guia jurou ter algumas cobras e aranhas com poderes estranhos? Ou quando eu quase me afogar naquelas aulas de natação que você me dá? Quem sabe até nos momentos em que eu só estou com medo de seguir em frente, mudar de emprego ou querer fazer algo novo com minha vida.

    Namora comigo nos lugares que a gente sempre quis conhecer? Você pode me beijar no carro enquanto conhecemos o litoral. Também quero sentir seus braços em minha cintura quando a gente admirar a Torre Eiffel. Sei que vou precisar da sua mão segurando a minha quando estivermos na London Eye, assim como tenho certeza que você vai me emprestar seu casaco quando o frio for muito rigoroso em qualquer lugar do mundo que tenha um pouquinho de neve.

    Namora comigo em momentos que a gente sempre quis ter? Um jantar naquele restaurante com uma árvore no meio, que seria um ótimo lugar para brindar coisas boas. Quando a gente tiver nosso apartamento, seja cada um o seu ou um nosso. Quando a gente conquistar nossos sonhos, individuais ou juntos, e fazer uma viagem de última hora para celebrar. Ou em coisas mais simples, como fazer uma surpresa, uma dança ou simplesmente um café da manhã na cama.

    Namora comigo todos os dias do ano? Eu prometo dar o máximo de mim para te fazer feliz em todos os momentos, sejam anos com 365 dias ou aqueles bissextos. Quero te acordar com carinho e deixar seu dia mais leve para você dormir com um sorriso no rosto. Transformar aquele estresse do trabalho em um motivo para te deitar no meu colo e fazer carinho em sua cabeça enquanto você reclama daquele cara chato. Prometo te namorar nos momentos que citei, quando você precisar. Quando os meus ou os seus defeitos forem motivos pra gente se desentender. E, melhor: quando as minhas ou as suas qualidades se transformarem em brilho no olhar do outro. Orgulho. Felicidade. Carinho. Principalmente: amor.

    Namora comigo no presente e futuro? A gente não precisa ter pressa para o que virá e podemos apenas focar no que estamos vivendo. Só quero que saiba que eu vejo meus dias com você por perto. Seja ao meu lado na cama ou na poltrona do avião. Dirigindo pela vida ou pelas estradas que chegam ao litoral. Com amigos no churrasco ou aqueles velhos conhecidos na praia. Na alegria, na tristeza, na saúde, na doença e em todas essas coisas que a gente vê nos filmes de romance. Você aceita?

  • E se tudo fosse diferente?

    Blogueira Juliana Duarte

    Você já parou para pensar onde estaria ou como seria se tivesse alterado alguma coisa em sua vida? Talvez trocado de rua na volta da escola ou ter entrado em um ônibus que você perdeu. Ou, quem sabe, não ter sido chamada para aquele seu primeiro emprego. Pense em quantas coisas, mesmo que pequenas, poderiam ter sido diferentes se você tivesse feito outra escolha.

    Louco, né?

    Tudo isso começou após meu pai dizer que, se pudesse, teria mudado de país assim que saiu do emprego. Imaginei como seria nascer em um lugar diferente. Mesmo que ele se mudasse para outra cidade, as coisas poderiam ser outras. Será que eu me atreveria a criar um blog para falar sobre meus sentimentos? Será que eu seria menos tímida? Será que, a esta hora, estaria fazendo outra coisa?

    É muito para considerar.

    De primeira, imaginei minha vida sem as pessoas que amo. Sem meu namorado para animar meus dias e conversar sobre tudo comigo. Sem minha amiga para papear desde coisas loucas até Demi Lovato, Taylor Swift e How I Met Your Mother. Sem a Branquinha, cadela que adotou meus pais e eu como família. Sem meus colegas da faculdade, que foram essenciais nos quatro anos de curso. Sem meus amigos de infância, que cresceram comigo.

    Talvez, até, eu estivesse fazendo outra coisa da vida. Exatas, quem sabe?

    Tudo o que sou eu devo às minhas escolhas. Foi porque comecei a escrever no blog que me interessei pelo Jornalismo. Se meu primeiro espaço na internet não existisse, ou se eu não dedicasse tanto tempo ao computador, talvez tivesse escolhido outra profissão. Outra área. Se isso acontecesse, não iria conhecer meu namorado ou os amigos que fiz no período do curso. Se eu não tivesse saído do primeiro emprego para me aventurar em um estágio, talvez não conhecesse tanto da área como conheci na assessoria. Se eu gostasse muito de lá, provavelmente não conversaria tanto com o estagiário de comunicação (agora namorado) do outro departamento para me ajudar a trocar de local. E, aí, não teríamos uma história de amor para contar.

    Eu poderia ter feito um caminho diferente, em qualquer dia aleatório, e ter conhecido alguém que mudaria minha vida. Para o bem ou para o mal. Poderia ter acontecido algo que me marcaria para sempre. Ou poderia ter sido alguém diferente, com pensamentos distintos, outros ideais e outra personalidade.

    Não dá para saber.

    Não sei o motivo de escrever tudo isso. Mas, se esse texto serviu para algo, foi para me mostrar que cada minuto foi importante na minha vida. Que não me arrependo do que fiz ou não fiz. Que não mudaria um ponto sequer.

    Afinal, se isso acontecesse, talvez tudo fosse diferente. Eu não estaria vivendo minha melhor fase, com tantas pessoas que amo perto de mim. Não estaria vivendo a melhor história de amor que já conheci. Se minha vida não fosse do jeitinho que é hoje, não teria graça. Gosto dela assim. De cada detalhe. De cada vírgula e ponto final que usei para escrevê-la.

    Que venham outros parágrafos, então. Com a certeza de que, cada vez que pegar a caneta, estarei escrevendo muito mais que o agora. Mas, também, um pedacinho do futuro.