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  • Produtos proibidos para pele oleosa: como eles te impedem de usar o que gosta?

    Você já pesquisou “o que não usar na pele oleosa” ou algo do tipo no Google? Então, nós precisamos conversar sobre como essa “proibição” te afasta de usar o que realmente curte! Já adianto que será um post repleto de questionamentos que vão te tirar da sua zona de conforto. Preparada?

    O que não usar na pele oleosa?

    E eu nem vou esperar muito para já deixar uma pergunta no ar: por que oleosidade incomoda tanto?

    Ok, talvez você responda que o problema de ter pele oleosa não é beeem a oleosidade, mas sim a sensação “grudentinha”, a tendência pra acne, cravos e poros mais dilatados. Só que mesmo tirando isso tudo, você já percebeu que a gente está sempre evitando o “brilho” da pele? E me refiro à aparência, mesmo…

    Nós costumamos achar feio qualquer brilho “fora do lugar” no rosto. É só a pele começar a apresentar um viçozinho que, nossa… É o fim! Eu sei que você passa por isso, miga. Já estive aí!

    Por que oleosidade incomoda?

    Eu era a pessoa que vivia buscando o que não usar na pele oleosa, só comprava maquiagem matte e qualquer vestígio de brilho na pele já era motivo para me desesperar. Acho que, no fundo, era tipo a história da Cinderela: eu estava lá, vivendo meu conto de fadas com uma pele sequinha, até chegar a oleosidade pra lembrar que todo o encanto chegaria ao fim.

    Hoje, eu me pergunto: por que a gente acha a oleosidade feia? Será que é por nos lembrar que, embaixo daquelas camadas de maquiagem, existe uma pele real?

    Maquiagem leve em pele negra

    Pensa só: uma pele de verdade não é opaca. Se você se olhar agora no espelho, com certeza verá um viço aqui e ali. Além disso, a pele tem texturas, marcas, manchinhas… Tudo coberto e/ou disfarçado pela maquiagem. Então, seria a oleosidade mais uma dessas características normais que a gente tenta desumanizar?

    Por que é tão ruim aparecer um viço após algumas horas? Por que a gente sente vergonha ou acha feio?

    O que não usar na pele oleosa diz sobre nós?

    Nós, como sociedade, temos mania de tentar alcançar a perfeição, nos afastando do que é real, humano. É por isso que buscamos uma maquiagem que tampa todas as nossas “imperfeições”. Aliás, nome bem ruim, né? Por que chamar acne, manchinhas e linhas de imperfeições se são apenas características?

    De novo: não queremos o humano, queremos o perfeito, a pele lisinha, sem “problemas”.

    E você, até então, pode estar pensando que o problema não é a aparência da oleosidade, mas a sensação. Então, te pergunto: você usa base hidratante? Faz maquiagem sem encher o rosto de pó? Usa muito iluminador?

    O que não pode usar na pele oleosa em maquiagem

    Se qualquer uma dessas situações te dá calafrios, então, sim, o problema é a aparência. Até porque ensinaram a gente que oleosidade é feio. É por isso que buscamos tanto “o que não usar na pele oleosa”…. Associamos à algo ruim, imperfeito. E ninguém quer se sentir assim, né?

    Para que serve a maquiagem, afinal?

    Eu, por muito tempo, buscava na base matte e de alta cobertura a solução para todas as características que me fizeram acreditar que eram imperfeições. Era uma solução fácil, tipo Fada Madrinha da Cinderela, para me ver “bonita” por algumas horas. E por bonita eu me refiro a não visualizar tudo aquilo que a sociedade acreditava ser feio: manchas, espinhas, textura, olheiras e, claro, a oleosidade da pele.

    Para mim, nunca foi sobre sensorial. Porque eu nunca tinha experimentado sentir, só evitei porque alguém me disse que deveria evitar.

    E olha só… Hoje eu sou apaixonada por uma pele com viço e, bem, com cara de pele real. A aparência opaca não me brilha mais os olhos porque parece uma boneca de cera – e não quero ser uma boneca, quero me sentir linda com tudo que me torna humana. Não que eu não use algo matte nunca mais, mas eu tento sempre tornar o menos “inalcançável” possível.

    Maquiagem para pele oleosa

    Até porque isso nem é saudável pra mim, não é uma pele real ali. Eu quero, e preciso até, ver beleza no que está ao meu alcance. Se não, o que serei além de frustrada por não alcançar o inalcançável?

    O que não usar na pele oleosa x o que você curte?

    Por muito tempo, “o que não usar na pele oleosa” me afastou de usar o que eu realmente gosto. Eu demorei muito pra ver beleza no viço, na textura da pele, nas manchinhas. Hoje, eu amo uma maquiagem mais leve, mesmo aparecendo minhas características, e com brilho sim. Porque é isso que me faz sentir mais que bonita, me faz sentir viva.

    E tá tudo bem, sim, gostar de uma pele matte. Mas a gente precisa questionar de que lugar vem essa preferência… É por que a vida inteira demonizaram a oleosidade (junto com as características de uma pele real) ou por gosto, mesmo?

    Não cabe a mim responder. Porém, vale buscar essa resposta aí dentro… Vai que?

  • Maquiagem da Olivia Rodrigo: precisa de make pesada pra ser estilosa?

    Eu estou muito no mundinho Olivia Rodrigo, sim! A atriz, cantora e compositora de apenas 18 anos, que conquistou o mundo com seu single drivers license, acabou de lançar o álbum SOUR. E não é que viciei? Mas não só nas músicas como, também, na maquiagem da Olivia Rodrigo!

    Maquiagem da Olivia Rodrigo

    Ok, você pode estar pensando “mas o que a maquiagem da Olivia Rodrigo tem demais”? E eu te digo: tudinho, miga!

    Make do Instagram é feita para o online ou offline?

    A luta pelos likes e pela atenção do seguidor é bem acirrada em tempos de Instagram, né? Inclusive, na maquiagem! Afinal, é necessário chamar a atenção em poucos segundos para aquele conteúdo. E quanto mais colorida, diferente ou incrível for a make, melhor!

    O delineado precisa ser milimetricamente preciso. A sombra, perfeitamente esfumada. A pele, totalmente lisinha. Como eu já falei em um dos vídeos do canal, a maquiagem do Instagram funciona porque é para o Instagram. Tanto que, raramente, fica ok na vida real!

    Acontece que o Instagram é uma rede online, que até é formada por cenas da vida real, mas não necessariamente é a vida real. Se maquiagem para o Instagram precisa ser mais forte, mais intensa ou mais “editada”, então por que, no dia a dia, a gente quer ter aquela aparência? Ou, inclusive, por que cobramos esse visual (da gente e dos outros)?

    Aí vem um ponto importante: uma maquiagem só é bonita se for aquela do Instagram? Ela só é considerada bem feita se for cheia de passos e marcações? Uma pessoa só é estilosa e boa na make se souber fazer aquele visual?

    Pois bem… Pode entrar, Olivia Rodrigo!

    Maquiagem da Olivia Rodrigo: leve, natural e cheia de estilo, sim!

    Olivia Rodrigo cresceu e convive com a internet. E sua maquiagem é assim: leve, natural, quase imperceptível. Em meio a um mar de conteúdos – produzidos até por crianças – com mil passos de maquiagem, marcações e técnicas para “chamar atenção”, a cantora conseguiu se destacar mesmo com seu look mais “simples”.

    Olivia na Disney

    E calma: não é que ela é melhor ou pior do que alguém que faz uma make mais pesada. Mas a gente convive tanto com esse tipo de visual que qualquer coisa fora disso parece “sem graça”. Talvez porque a maquiagem da Olivia Rodrigo, que é mais leve, dá impressão de ser mais fácil de alcançar? Então, a galera perde o interesse por não bater curiosidade pela complexidade? Talvez.

    Mas uma coisa não podemos negar: ambos fazem parte de um estilo. E isso a Olivia Rodrigo – e qualquer pessoa que prefere uma maquiagem mais natural – tem de monte, sim!

    Como o estilo da Olivia Rodrigo é poderoso e ao mesmo tempo “natural”?

    Bom, acho que vocês já entenderam onde quero chegar, né? Não é porque a maquiagem da Olivia Rodrigo (ou a sua ou de qualquer pessoa) é mais leve que significa não ter estilo. Afinal, tudo é estilo se comunica algo sobre você!

    Make da Olivia Rodrigo em good 4 u

    E é aí que mora o segredo: sua maquiagem precisa ser sobre você, não sobre os outros nem sobre o Instagram. O que você gosta? Quais são as suas prioridades? O que te faz sentir bonita? Se é a maquiagem pesada e colorida, tudo bem. É a make mais levinha e natural? Ok também. Caso seja literalmente nada, está legal do mesmo jeito!

    O fato é que a maquiagem leve não é mais fácil que uma maquiagem pesada. Nem mais difícil, mais bonita ou mais feia. Nem melhor ou pior. É apenas mais um estilo de make que conta com técnicas específicas, muito aprendizado, treino e, claro, beleza!

    O que o estilo da Olivia transmite?

    Voltando para a Olivia: ela tem apenas 18 anos e já alcançou diversos recordes com seu trabalho. Se isso não é ser talentosa, poderosa e inteligente, então o que é?

    Será que a gente precisa mesmo de um batom vermelho para ser, demonstrar ou se sentir poderosa? Ou seja, se uma pessoa não curte make, então ela nunca vai conseguir transmitir seu poder? E mais: por que alguém não pode ser vista como estilosa de forma mais natural? Ou a beleza só existe atrás de camadas de make e roupa?

    Maquiagem da Olivia Rodrigo

    Olivia pode ser e parecer poderosa, estilosa e determinada com uma maquiagem natural, sim. Ela, você e eu podemos ser experts em maquiagem sem, necessariamente, querer fazer a make do Instagram. Afinal, não é sobre quantidade de produtos ou o quão complexo é. Mas, sim, sobre o resultado ser bem feito!

    Inclusive, existem diversas maquiadoras incríveis e super profissionais que fazem apenas looks mais levinhos, como a Vanessa Rozan, a Savana Sá e a Ingrid Bellaguarda. Assim como existem muitas pessoas incríveis fazendo automaquiagem sem ser aquela do Instagram e de forma impecável.

    Olivia Rodrigo em Good 4 u

    O que quero com este post é dizer que, assim como a maquiagem da Olivia Rodrigo é leve, natural e tem estilo, a sua também pode ser. Afinal, estilo é tudo o que gostamos e forma quem somos, sem importar o que vão pensar. Só o que você vai sentir.

  • O que o caso Big Brother Brasil tem a nos ensinar sobre nossa sociedade

    Ana Paula e Larcio BBB

    Eu não assisto Big Brother Brasil. Na verdade, nunca fui muito fã do reality show. O último neste estilo que assisti foi Casa dos Artistas, que tinha a mesma pegada mas, como o nome mesmo diz, confinava vários famosos em uma casa. Tipo A Fazenda, mas com o imóvel parecido com o BBB. Deu pra entender, né? Voltando: não digo que não gosto de Big Brother porque quero me achar mais que ninguém. Só informei que não assisto o programa por um motivo: não preciso nem ligar a televisão para saber o que está acontecendo. Basta acessar as redes sociais.

    A polêmica do reality desta vez tem dois personagens: Ana Paula e Laércio. Não assisti o programa, mas pelos comentários dos internautas deu para montar um perfil de cada. A moça, pelo que dizem, é rica, “patricinha” e “mimada” (entre aspas porque não quero que soe como ofensa, porque não foi essa a intenção, só reproduzi o que li por aí). Já o cara (ou senhor?) está sendo acusado por várias meninas de pedofilia. Isso porque, segundo elas, ele já embebedou mulheres mais novas, até mesmo de 13 anos, para transar com elas.

    Essa informação vazou após a confirmação do participante no programa. A maioria dos telespectadores dizem que é falsa, que são pessoas querendo se beneficiar em cima dessas acusações (oi?). Cada um acredita no que quer, mas eu duvido que uma menina iria se expor para “ganhar algo com isso”. Até porque há diversos prints rolando na internet que comprovam: Laércio gosta de transar com “novinhas”, curte ser selvagem e de embebedar suas “presas”.

    Se você não acredita no que está rolando na internet, então precisamos usar os fatos que a própria Globo transmitiu. Em uma das festas do programa, o Laércio fez símbolo de sexo oral para uma das participantes (não me lembro o nome, a única informação que guardei é que ela tem 19 anos). Achar isso normal é tão repugnante que, sério, não sei como alguém consegue pensar dessa forma. O gesto é assédio. Ele deixou explícito o que queria com a moça. Justo aquela que faz o padrão do “barba azul”: novinha.

    Laércio já deixou provas na internet e no programa sobre seu comportamento. Tenta falar manso, calmo, como se isso fosse mascarar o que ele quer. Ele pode não ter consumido o ato no reality, mas assediou uma participante. No lugar dela, eu ficaria com nojo, raiva, repulsa. Assim como todas nós, mulheres, ficamos ao assistir a cena.

    Mas lá dentro alguém nos representou e disse o que queríamos dizer.

    Tudo isso o que eu disse forma o contexto por trás do “estouro” da Ana Paula. Se ela é mimada, rica ou qualquer outra coisa, isso realmente importa? Isso realmente tem um peso maior do que um assédio? Sério, gente? É isso que vocês comentam quando uma notícia está relacionada à polêmica do programa? Se for, repense.

    A Ana Paula não estourou porque viu um homem “velho e feio” de cueca em seu quarto. Ela estourou porque cansou das abordagens do participante. Sentiu a repulsa que nós, telespectadores, sentimos ao ver Laércio explicitamente chamando a outra participante para um sexo oral. Sentiu o nojo, o medo, que as mulheres sentem todos os dias quando passam nas ruas e se sentem ameaçadas.

    Mesmo assim, falou. Explodiu. Disse o que sentia. Defendeu-se. Mostrou o que a incomodava.

    E foi silenciada. Como nós somos todos os dias.

    Os outros “brothers” (se é que podemos chamar assim) a aconselharam a pedir desculpas para Laércio. Pelo quê? Por se sentir incomodada com um cara que assedia outras mais novas? Por falar o que muitas de nós queria dizer? Por se impor? Porque, segundo a nossa sociedade, uma mulher não pode ter opinião, não pode reclamar quando o outro é um homem? Ou, talvez, a culpada necessariamente é sempre a mulher porque ela precisa ser submissa?

    Se o Laércio fosse do sexo feminino e estivesse de calcinha no quarto, do que ele seria chamado? Vadia seria o xingamento mais leve que a gente teria lido na internet. Se a Ana Paula fosse um homem e reclamasse da cena, seria vista como herói, como “mostrou quem manda aqui”. Mas foi o contrário: Laércio saiu como a vítima porque é homem, é mais velho. Já a moça foi vista como mimizenta, riquinha enjoada e até louca. Sério, gente?

    Ler os comentários de qualquer notícia sobre o caso é deprimente. Dá vontade de chorar ao ver tantas pessoas colocando a culpa na mulher porque ela é “fresca”. Nenhuma mulher merece ser silenciada quando se sente invadida. Nenhuma mulher tem que aguentar alguma situação porque os outros vão julgá-la. Se está errado, então é para reclamar. E fim.

    O que aprendemos com esse episódio todo é que mulher será silenciada só por ser mulher. Poucos foram aqueles que se colocaram no lugar da Ana Paula. E, infelizmente, muitos foram aqueles que saíram em defesa de Laércio. Em uma sociedade patriarcal que estamos, um episódio assim é muito mais que só uma briguinha de reality show. Se tem algo “real” no programa, então devemos ler isso como uma imitação da vida aqui fora. Lá a Ana Paula estourou, falou o que tinha para falar. Mas quantas “Ana Paula” estão aqui fora, sem câmeras para lhe proteger, sem ninguém ao seu lado, sofrendo o mesmo (ou pior) e com medo de revidar? Quantas denunciam casos de assédio, abuso, estupro e são chamadas de loucas, de insanas? Pois estamos cansadas de passar por tudo isso. De receber abuso, assédio e coisas que não queremos. E de, no final, ainda nos julgarem como doidas quando somos apenas vítimas.

    Vamos parar de priorizar o que é banal. Ana Paula pode ser o que for, mas isso não muda a índole do Laércio. Não muda o que ele fez no programa ou aqui fora. Ela se sentiu incomodada e reclamou, com razão. O impressionante é que, ao invés receber apoio, foi crucificada. Inclusive por aquelas que, muitas vezes, já estiveram no mesmo lugar.

    (Indico que também leiam este texto sobre a ação mais feminista da casa vir da participante que saiu em pró do machismo. A leitura agrega muito!)

    PS: Como mencionei no começo do post, eu não acompanho o programa. O texto é uma reflexão sobre o fato que aconteceu no reality show e a atitude dos participantes e telespectadores. Não estou defendendo um ou outro brother para ganhar o prêmio, vim aqui como mulher comentar o que houve porque, como mulher, senti empatia pela Ana Paula. Aproveito para dizer que as denúncias contra o Laércio são com base em prints da internet e depoimentos de mulheres que passaram por algum episódio com o participante em que se sentiram abusadas/assediadas.

  • O corpo dela não é seu

    O corpo dela não é seu. Nem de ninguém mais. Isso mesmo: é dela. Ela resolve o que fazer com seu cabelo, sua barriga e qualquer outra parte. Nem você, nem eles, nem eu temos poder sobre o corpo dela. Fácil na teoria, difícil na prática.

    Quantas vezes você já julgou alguém por usar um short curto? Ou, sendo mais razoável: quantas vezes você já se perguntou por que aquela menina, simplesmente, não fazia uma dieta para emagrecer? Por que a garota não parava de usar uma estampa tão fora de moda?

    Nós temos mania de se apodar do outro. De achar que ele nos pertence, mesmo que seu rosto, suas curvas e seu sorriso nunca tenham feito parte do nosso dia-a-dia. Achamos que o mundo inteiro precisa ser do nosso jeito. Ou se encaixa nos nossos padrões ou é ruim, errado. Quem disse?

    Quando nossas opiniões afetam a vida de outras pessoas, devemos parar e refletir o que estamos fazendo. Ser contra a descriminalização do aborto, à igualdade entre homens e mulheres, continuar achando que a culpa é da vítima, não do agressor, e puni-la por usar um vestido “curto” ou estar sozinha à noite em algum lugar, é algo que deveria ficar aí: dentro de você. Lembra uma vez que te disseram na escola que todos nós temos preconceitos? Ninguém é livre de julgar. A diferença é o que você faz com sua opinião.

    E daí se a mina abortou ou tem direito de abortar? E daí se ela pega outra garota? E daí se ela está acima do padrão de beleza e se acha maravilhosa? E daí se ela quer curtir a vida, seja pegando dez na mesma noite ou guardando-se para o cara que ela escolheu viver suas aventuras?

    Enquanto a gente colocar nossa opinião como bem maior, nunca vamos avançar. Ninguém te obriga a ser gay se você não for. Você pode continuar sendo uma hétero feliz e deixar um homo ser, também. Quem ele beija ou com quem ele transa não faz dele um ser inferior, nem digno de agressões (físicas ou verbais). O que deveria valer nesse julgamento é nosso caráter, como tratamos as outras pessoas e o que fazemos aos outros.

    Se você é contra o aborto, tudo bem. É contra usar vestido curto, tudo bem. Não quer sair com vários caras, tudo bem, também. Apenas não aborte, não vista essas roupas e não saia com todos que aparecer. Você tem direito de ter sua opinião. O que não vale é me obrigar a pensar da mesma forma.

    Mulheres sofrem todos os dias sendo vítimas de estupro, assédio no transportes, gravidez indesejada, julgadas como ser inferior e censura de ser ela mesma, de se entender. Nós temos que seguir um padrão que nem sabemos por que existe. Não temos autonomia do nosso próprio corpo. Não temos livre escolha de quem vai tocar nossos lábios, nossas pernas, nossos seios. Não temos direito de escolha. “Fez, pagou”, é o que dizem. Criminalizam-nos por ter uma vagina ao invés de um pênis. E ainda querem nos punir por querer mudanças.

    Não estou aqui para impor o que eu acho – até porque acabei de dizer que ninguém deve fazer isso. Escrevi este texto porque acho importante, acima de tudo, que a gente saiba respeitar o próximo, deixá-lo livre para fazer o que quiser com o que tem, e não culpá-lo por isso. Cada um é feliz da sua forma e cada um precisa de um espaço no mínimo agradável para isso. Precisamos ter nossa opinião e não deixar que ela afete o próximo. Só queremos ter escolha. E poder sobre o que somos, queremos e esperamos do mundo. É pedir demais?

    Infelizmente, às vezes parece que sim.

  • O que você tem contra nossa selfie?

    Nós nascemos e crescemos com smartphones, aplicativos, computadores e informação a todo momento. Estamos rodeados, todos os dias, de vários tipos de notícias – e aqui incluo as fofocas do R7 e o seu amigo no Facebook falando mal da Dilma. Nossa geração conhece e domina bem as redes sociais. Sabe o que é Instagram, Snapchat, Secret, Tumblr, Facebook, Whatsapp e todos esses nomes que nossos pais ainda não sabem dizer.

    A tecnologia faz parte da nossa vida e veio com o principal objetivo de facilitar. Ela simplificou a comunicação, o envio de arquivos e, entre outros serviços, fotografia. Há cinco anos, por exemplo, ter uma câmera de 5MP era ostentação. Hoje a maioria dos smartphones ultrapassam esse número e até são melhores no quesito qualidade. Estou mentindo?

    Tirar fotos deixou de ser um evento para se tornar rotina. Viu uma cena bonita na praia? Click. Um acidente aconteceu na estrada? Click. Teve um dia legal? Click. Está maquiada e quer uma foto nova para o perfil do Facebook? Click, click, click.

    Alguns nos chamam de Geração Selfie e falam isso como se fosse algo ruim. Quer saber? Não é. Uma ação tão simples, que é tirar foto de si mesma, nunca foi tão mal vista e julgada. “A Maria só posta foto de rosto no Instagram, se acha a gata da sala”. “O João deve ser gay, vive postando selfie no Facebook”. Quem aí nunca recebeu, leu ou até mesmo disse isso por aí?

    A verdade é que os outros não estão acostumados com algo que todos nós devíamos ter: amor próprio. É difícil ver aquela pessoa se amando. É difícil ver outro alguém curtindo seu novo corte de cabelo. É difícil ver a fulana postando foto sem maquiagem e ligando o foda-se para as regras. O que as pessoas chamam de algo ruim, eu chamo de algo bom.

    Vou contar uma história para vocês: eu sempre fui tímida e tive problemas com aparência, assim como toda adolescente nesse período. Minha forma de passar por isso sem querer cortar os pulsos não foi me rebaixando nem chorando no quarto. Mas, sim, tirando fotos. Meu passatempo favorito era brincar com maquiagens que eu nem sabia a marca e depois tirar várias selfies – quando essa palavra ainda nem existia – com minha câmera tosca. Foi aí que eu percebi que a maioria dos defeitos que eu “tinha” só existia na minha cabeça.

    Ninguém posta uma foto na internet se acha que está ruim. Quando publicamos nosso rostinho nas redes sociais, é porque naquele momento nós éramos o centro do mundo, a diva que todas querem copiar. Nós tínhamos acabado de conseguir fazer aquele esfumado lindo que aprendemos com a Camila Coelho e nosso delineado gatinho ficou idêntico ao da Amy Winehouse. Apostamos no bocão vermelho da Bruna Vieira e fizemos biquinho como a Paula Buzzo. Nós nos sentimos lindas naquele instante e resolvemos perpetuá-lo. E daí?

    Vamos ser menos chatos com toda essa imposição de regra. A internet é livre e cada um pode fazer o que quiser. Ao invés se preocupar com aquela menina que adora fotos, tente abrir um portal e se informar sobre problemas piores no mundo. Não é querendo ser moralista, mas você já parou para pensar o quão importante  aquela selfie é para a pessoa? O quanto uma simples imagem pode ter feito, nem que por uns minutinhos, ela se amar mais? Que tal transformar o ódio pelo próximo em amor por você? Quem é bem resolvido consigo mesmo não precisa diminuir o outro para ficar bem.

    A verdade é que nós deveríamos amar mais o que somos. E se nosso amor próprio incomoda alguém, que se dane! Ninguém é obrigado a nos seguir e o unfollow existe para resolver o problema. Quem se importa com um seguidor a menos quando temos autoestima a mais? Eu não.

    Um beijo especial para Larissa, Ana, Pam, Fernanda e Tati que enviaram suas selfies para o post! Pedi no grupo do Julie de Batom lá no Whatsapp e elas toparam participar. Quer se juntar a nós? Deixe seu número com DDD por inbox na fanpage 🙂

  • Um papo sobre autoestima, Facebook e Megan Fox

    Hoje, enquanto estava no meu Facebook, comecei a reparar algumas imagens e posts no meu feed. Entre frases bonitinhas e colegas de rede social tentando fazer graça, acabei reparando em uma dezena de imagens com frases exaltando os famosos e até partes do corpo (nada a ver!) deles.
    O surpreendente não foi o conteúdo dessas imagens e prints. Mas, sim, a presença deles. Se eu fosse fazer as contas, acredito que 90% das atualizações no Facebook têm esse tipo de conteúdo. 
    Comece a reparar nos amigos e até em você. Quantas vezes já se deparou com alguém (tentando ser engraçado, é claro) dizendo que até a unha do dedo mindinho do pé da Megan Fox é mais bonito que você por completo? Agora, responda: quantas vezes você já viu o dedo mindinho do pé da Megan Fox? Quantas vezes quem escreveu aquilo já viu você?
    Acontece que, infelizmente, estamos vivendo uma fase em que se sentir feio e indesejado é comum. Autoestima só existe na teoria e nos textos de revistas teen. É difícil conhecer alguém que valorize a imagem que vê no espelho e o que é por dentro. E quando isso acontece, ainda é rotulada de metida.
    E onde fica todo aquele papo de se gostar para que gostem de você? Imagina que aquele cara que você é apaixonada desde a 7ª série encontra seu perfil no Facebook (ou, sei lá, Twitter) e resolve vasculhar sua vida, suas atualizações e suas fotos. Já pensou o quanto ele ia achar chato encontrar mil e uma frases de você se jogando lá embaixo? Que garoto quer ficar com uma menina que, por qualquer motivo, começa a se inferiorizar? Garotos não curtem garotas inseguras. É um tormento se relacionar com quem se coloca pra baixo a cada vez que vê uma garota que se cuida e tem confiança. 
    E tem outro ponto: a Megan Fox é linda. Não nego. Consigo ver todos os pontos positivos no rosto e no corpo dela. Só que esquecem um porém, não é? Ela é uma pessoa pública. Ela ganha através da imagem que apresenta. Ela é linda, é claro. Mas é produzida. Lá existe uma mulher com maquiagem perfeita, cabelos super bem tratados e horas de academia. Que garota do mundo real tem uma vida assim?
    Entendem a diferença? Autoestima está mais ligada ao que somos por dentro do que o que vemos por fora. Se não exercitamos nossa confiança, sempre vamos nos enxergar como alguém indesejável e, no ponto de vista dos outros, feia e desinteressante. E ninguém é assim. Olhe a sua volta e perceba quantas pessoas gostam de você. Sabe aquela amiga que elogia seu cabelo? Não é querer ser falsa. É sinceridade. Apenas jogue essa barreira que te impede de acreditar na sua bff e passe a tomar os elogios como uma verdade. Tenha certeza que é.
    Você não é a Megan Fox e não é inferior ao dedo mindinho do pé dela. Você é melhor que isso. É única. Especial. E é isso que te torna tão linda. Apenas aceite e, na próxima vez que se olhar no espelho, veja suas qualidades. Elas são inúmeras, incontáveis. E, as vezes, invisíveis aos nossos olhos que só procuram por defeitos. Aliás… Todo mundo tem defeitos, viu? Até a Megan Fox. E eles são especiais, também, por formarem quem você é. 
    Ame suas qualidades, ame seus defeitos. E, acima de tudo: ame ser o que você é.
  • Desabafo: ser blogueira, julgar sem conhecer e outras coisas

    Desta vez, o texto não vai ser todo bonitinho, com devaneios e coisas do tipo, mas sim vida real. Estou aqui para um papo sério, de blogueira para blogueira/leitora, de garota para garota (o) e, principalmente, de ser humano para ser humano.
    Já faz uns dias que estou adiando esse post, pois estava com medo de pensarem que sou ingrata, que estou reclamando demais ou, sei lá, qualquer coisa que não seja verdade. Antes de tudo, já quero deixar claro que essas não são minhas intenções. O post é, realmente, um desabafo. Peço desculpas desde já se ele ficar muito grande – e sei que quase ninguém vai ler se ficar enorme – ou se ofender alguém (essa não é minha intenção e espero que não aconteça, viu?).
    Bom, vamos lá!
    O conteúdo do texto foi formado ao longo desses últimos dias e com base em uns comentários que vi por aí, tanto em sites, como em redes sociais e blogs. Acho que, pelo menos em um dos pontos, vocês – blogueiras – vão se identificar.
    O que mais me intrigou foi a forma que vi umas meninas generalizando as blogueiras. Nas palavras delas, “blogueiras são um bando de patricinhas que só querem mostrar suas últimas compras na Zara e suas maquiagens da MAC”. Algo assim.
    Bom, vou dizer por mim: o lugar mais caro que compro roupas é a C&A. Minha maquiagem mais cara é minha paleta de sombras e ela nem chegou ainda. Agora, o motivo de ter um blog é ser rica? Caramba! Se for, alguém avisa ao Blogspot que ele deve cobrar para ter conta no site?
    Ser blogueira é querer compartilhar o que você gosta, o que você pensa e, acima de tudo, ajudar àqueles que visitam seu blog. Isso não quer dizer que você tem que ser perfeita, usar 38, ter uma conta bancária maior que do Eike Batista e possuir uma Canon de cinco mil reais. 
    Aliás, essa diferença até é positiva. Assim como você não tem tudo isso, alguns leitores também não têm. Então, ter um corpo 42, uma conta bancária com um salário mínimo ou mesada dos pais e uma Sony Cybershot de trezentos reais não te torna pior que ninguém. Pelo contrário: prova que você não precisa de muito para fazer algo bom e que dinheiro não significa qualidade nem é motivo de sucesso.
    Não é só porque você tem um blog que você deve ganhar dez mil reais por mês e gastar tudo no shopping. Não é só porque você fala sobre moda, tem um jeito divertido de ver a vida e gosta de se cuidar que você é uma tapada, sem cérebro e que só se importa com a próxima coleção da sua loja favorita. Acho que já passamos da época de rotular as pessoas, né?
    Olha: eu tenho dezoito anos, faço faculdade de Jornalismo e tudo o que consegui até hoje foi por esforço e dedicação. E, também, muito estudo. Se não fosse assim, eu nunca estaria na faculdade, por exemplo. Foi por tudo isso que consegui a bolsa no Prouni para fazer o curso dos meus sonhos (e não tenho vergonha de admitir :D).
    Só porque tenho um blog que fala sobre coisas “externas”, não quer dizer que eu não me preocupo com o mundo lá fora. Só porque tenho um blog que fala de moda, não quer dizer que eu não amo livros. Entendem o que quero dizer?
    Antes de tudo, se eu não me preocupasse com a situação que vivemos, a uma hora dessas eu estaria lá na secretaria da faculdade para mudar meu curso. Eu não escolheria Jornalismo como profissão se eu não visse nela uma possibilidade de ajudar a tornar o mundo um lugar melhor. Eu poderia estar fazendo algo mais (f)útil com minha vida se não quisesse ajudar ninguém. Aliás, se eu não quisesse ajudar, o JDB nem existiria, não é?
    Indo mais além, também vou aproveitar para acrescentar outro assunto: haters. Nunca vi nenhum sentido em odiar algo sem conhecer. A Juliana blogueira é diferente da Juliana amiga, da Juliana aluna e da Juliana (quase) jornalista. Se não gostam do blog, não gostam do blog. Se me acham feia, não quer dizer que eu seja feia por dentro, também. Tudo é questão de conhecer.

    Não estou dizendo que todos devem me amar. Só estou pedindo é respeito, não só comigo como para qualquer outra pessoa. Nada te dá o direito de falar mal. Nada te dá o direito de julgar através da internet – que, aliás, não chega nem 20% perto do que somos pessoalmente. Não gosta do JDB? O sistema operacional do seu computador tem um X lá em cima na janela que serve para fechá-la. Se quiser, tem até como bloquear o site. Se não curtiu, achou inútil ou perca de tempo, ótimo. Tem pessoas que gostam.
    Então, antes de ir no Ask de alguém falar um monte de mentiras (e até fazer a pessoa acreditar nelas por um momento), se coloque no lugar. Não quero dar lição de moral nem nada disso. Mas, pelo menos, como eu disse antes, exercer meu papel de ser humano e tentar melhorar um pouco o mundo. E, para isso, eu não preciso compartilhar fotos no Facebook cheias de falso moralismo. Eu uso outra arma: palavras. E acreditem: elas exercem um poder bem maior do que uma imagem na rede social. Mesmo porque, nem sempre quem compartilha é aquilo realmente, né? Como dizem por aí… O mundo seria uma maravilha se todo mundo agisse como age no Facebook.
    Se você chegou até o final do texto, obrigada. Espero que ele tenha servido para algo, afinal. Tanto para desabafar, tanto para servir de “olha, ela falou o que eu sinto” como para, também, colocar um pouco de juízo na cabeça de quem precisa. Eu disse isso no começo do texto e volto a repetir: não quero ofender ninguém. Se isso acontecer, peço desculpas com todo o meu coração e garanto que minha intenção nunca foi essa. E desculpa, também, pelo tamanho do post. Sei que ficou enorme e cansativo, mas foi a única maneira que encontrei para falar sobre o assunto. 
    Beijos de batom,
    Julie.