
Category: Textos
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Papo de BFF: a nova tag do Julie de Batom!
Sabe aqueles posts onde um(a) leitor(a) envia um problema pessoal e a blogueira ajuda? Resolvi, finalmente, fazer uma tag só para isso aqui no JDB! Já tinha recebido muitas sugestões para abrir um espaço com esse objetivo no blog mas somente agora fui conseguir. Antes tarde do que nunca! hahaA novidade se deve, principalmente, à Thâmara, colaboradora aqui do Julie de Batom. Ela me apresentou a ideia e, como queria fazer algo parecido, concordei na hora, já que eu só não tinha feito por culpa do tempo (ou, melhor, a falta dele).“Papo de BFF” vai funcionar da seguinte maneira: se você tem algum problema pessoal, seja na escola, na relação com o namorado, amigos ou família, ou até mesmo interno, basta enviá-lo para jdb.papodebff@hotmail.com e, no corpo do e-mail, colocar seu nome, estado onde mora, idade e um pequeno texto dizendo o que está acontecendo com você. Vale lembrar que seu nome não será divulgado, viu?Seja bem claro no seu texto e conte o que te incomoda ou o problema que quer uma ajuda. Quanto mais objetivo, melhor poderemos ajudá-lo. Os posts da tag serão postados todas as terças-feiras e serão respondidos pela Thâmara. Em alguns, vou dar minha opinião, também.Espero que vocês tenham gostado da novidade! E, já sabem: se acontecer alguma coisa, o Papo de BFF está aberto para ajudá-los. Até terça-feira que vem! -
Lembranças
Lembranças são ariscas. Perigosas. A gente nunca sabe de onde (e quando digo onde, me refiro a um momento lá atrás) elas vão chegar. O pior é que nunca estamos preparados. Aparecem, cavam um novo buraco no peito e, às vezes, se vão com a mesma pressa que chegaram.Lembranças não desaparecem, não caem no esquecimento e, ao contrário do que a gente pensa, não são fáceis de serem deixadas para trás. É bem ao contrário. Nós não esquecemos nosso passado, não perdemos nossas memórias. Apenas aprendemos a lidar com todas elas. Ou, em muitos casos, aceitamos que estão ali, apenas compartilhando o presente conosco do mesmo jeito e quase com a mesma intensidade de quando eram reais. No fundo, só existem essas duas opções, mesmo. Fazer o quê?A gente não perde nossas memórias, não as deixamos de lado. Elas machucam e não são piedosas. E não é fácil viver com a dor, com o vazio no coração e com a vontade de possuir uma máquina do tempo que nos permita voltar no passado e mudar tudo. Máquinas do tempo só existem em filmes (e ainda me pergunto se isso é bom ou ruim. Imagina que louco ficar voltando o passado como voltamos a cena anterior do filme?). E também não possuímos nada parecido com aquele controle remoto de Click. Moral da história: só temos uma chance, uma oportunidade, uma tentativa. Se houver uma segunda, é sorte. Mas só podemos garantir uma única. E temos que aproveitá-la.A vida passa e cada segundo é, ou deveria ser, precioso. Nossas vidas são feitas de escolhas. Nós escolhemos onde vamos parar, mesmo que sejam decisões indiretas. Se estamos bem ou mal, em parte, é nossa responsabilidade. Nós é que temos mania de culpar o outro. A culpa se torna mais legal e mais leve quando está nos ombros de qualquer um desde que não sejam os nossos, não é?É claro que não é fácil conviver com o passado agindo como se fosse presente (ambiguidade, você por aqui?). Passado é passado e ele nunca se tornará um presente. Passado não é agora e ele foi feito para ficar lá atrás, apenas existindo naquele momento. Mas passado também não foi feito para ser esquecido, pelo contrário. Lembranças são experiências, e elas nos fazem crescer, evoluir. A gente não esquece o que foi bom e nem o que foi ruim. Memórias são parte da vida, e esquecê-las é apagar uma parte de nossa vida.Acredito que, na essência, tudo tem um lado bom. Lembranças boas, um dia, se tornam ruins (saudade é uma merda, vocês sabem). E quando isso acontece, não devemos nos remoer de arrependimento nem afundar no vazio que agora existe dentro de nós. Mas, sim, agradecer pelas memórias que ficaram. Quer o lado bom disso tudo? Elas foram reais, aconteceram de verdade. São provas de que, em algum período, existiram. Nada nem ninguém pode nos tirar isso. Viu? Nem tudo está perdido, afinal. -
Meu ex
Ele se foi há muito tempo. Na verdade, nunca mais o vi. Meu ex. E eu estaria mentindo se dissesse que não sinto falta dele. Sabe… A gente sempre sente (mesmo que não queira admitir). São muitos momentos inesquecíveis e muitas partes de nós que ficam para trás. Impossível deixar pra lá, assim, tão fácil.
Desde que ele se foi, eu nunca mais fui completa. Perdi uma grande parte de mim quando tudo acabou. Sinto falta dos nossos momentos. Na verdade, sinto falta de sentir algo. Algo que não seja este vazio que ficou.
Não faço ideia de como parei por aqui. Não lembro de nenhum olá e nenhum adeus. Ele apenas veio, ficou e se foi. Tão automático, tão… Sei lá.
É como se nada existisse depois do final – ou seja lá como se chama isso. É como se nada fosse tão certo mas, também, nem tão errado. Só tanto faz. Qualquer coisa tanto faz. Acabou, não é?
Eu estou sozinha. Sozinha. Sozinha como nunca estive em toda a minha vida. Ele se foi. Meu ex. Meu coração, meus sentimentos e qualquer afeto. Sinto falta disso tudo. Do ex, do coração e de sentir algo. Sinto falta da minha liberdade (até isso foi levado de mim).
Eu só quero o tempo. O tempo e o que ele traz. Quero o alívio, o esquecimento e o recomeço. Quero meu ex de volta, mas também quero um novo. Cansei do antigo e tenho medo do que está por vir.
Mas só de uma coisa eu tenho certeza:
Quero de volta. Meu ex. Meu ex eu. Aquele meu eu antigo. Aquele meu eu sonhador. E, principalmente: aquele eu que acreditava no impossível. Hoje só restou este eu miserável, sem expectativas nem sonhos. Só esse eu vazio. Só esse nada. Só… Eu.
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Seu melhor acessório é ser você
Assim que toda a papelada do estágio estava pronta, a primeira coisa que fiz (depois de pesquisar preços de notebooks), foi procurar modelos de óculos diferentes do que eu estava acostumada a usar (sim, eu uso óculos haha). Queria um modelo mais atual e que não fosse tão imperceptível. Passei toda a minha vida querendo usar óculos que fossem mais simples e “apagadinhos”, como se isso me fizesse sentir que não havia nada no meu rosto. Tudo isso por um motivo bem óbvio: vergonha (quem já percebeu que nunca estou usando óculos nas fotos?)Bom, antes de continuar com o texto, acho que vale contar como minha história oftalmológica começou, né? Vamos lá.Logo no maternal, em um dos projetos da escola, acabaram diagnosticando que eu tinha uma deficiência nos olhos. Aconselharam que minha mãe me levasse ao oftalmologista e lá fomos ela e eu (na época, com quase quatro anos de idade).Na consulta, o especialista constatou que eu tinha hipermetropia e astigmatismo. Daí, depois de estar com a receita em mãos, fomos até uma ótima escolher que modelo de óculos iria ser o primeiro de toda minha vida. Nem preciso dizer que foi de um personagem, né? (se não me engano, da Turma da Mônica).Agora imaginem uma criança de quatro anos gordinha, tímida… E de óculos! Vou até pular essa parte porque com certeza vocês já entenderam! rs.Depois desse modelo de óculos vieram outros. Nos anos seguintes, ainda de personagens (Barbie, Disney, etc e etc). Aí mudei para modelos mais, digamos, adultos. Mas nunca me senti eu com nenhum deles, sabem?Como disse no começo do texto, sempre escolhi modelos que não fossem chamativos. Meu argumento? “Não quero que pareça que uso óculos”. Idiota, né?Aí comprei um diferente, enorme. Um que eu nunca imaginei que usaria um dia. Acho que até cheguei a falar que não curtia em algum momento da vida. Queimei a língua, claro.Assim que peguei o óculos pronto, senti como se fosse eu. É, eu. Eu de verdade. Ironicamente, senti como se não tivesse nenhuma armação no meu rosto. Como se fizesse parte de mim.Agora vem a parte que eu queria chegar.Hoje, meu primeiro dia com o óculos, recebi mil e um elogios. Dos pais, dos amigos e até dos colegas de trabalho. E, principalmente, de mim. Tudo isso por um acessório que resolvi usar. Ou, vendo meu passado de óculos, ousar.É incrível como uma coisa simples pode mudar toda sua autoestima. Passei o dia todo me sentindo confiante, super feliz com meus novos olhos. Agora estou enxergando super bem. A vida e eu.Nosso melhor acessório não pode ser comprado. Na verdade, a gente ganha de graça assim que nasce. Nosso melhor acessório é transmitir o que somos, do jeito que somos mesmo. Sem máscaras, sem fingimento e mostrando, através das roupas, dos óculos e até da maquiagem, um pouquinho de nós.Não tem nada mais satisfatório que usar algo que você gosta e se sentir livre. Nada melhor que se olhar no espelho e gostar do que vê. E isso não está ligado só à armação dos seus óculos; vale para maquiagem, roupa, cabelo… Tudo.Como dizem por aí: quando passamos por uma fase de baixa autoestima, não tem nada melhor que mudar algo em nós. Seja a cor do cabelo, seja a maquiagem do dia e até o guarda-roupa inteiro. Não importa a dimensão – não estamos falando dela e, sim, de você. Nossa beleza vem de dentro pra fora e disso eu não discordo. Mas, quando mudamos algo na aparência, nossa confiança aumenta muito. E quando a confiança e a autoestima estão lá em cima, fica perceptível por fora. Até nosso sorriso se torna diferente!E o mais engraçado nisso tudo é que eu tive que mudar de óculos para entender. Ou, numa metáfora bem tosca, enxergar melhor. Quem entende uma adolescente? -
Um papo sobre autoestima, Facebook e Megan Fox
Hoje, enquanto estava no meu Facebook, comecei a reparar algumas imagens e posts no meu feed. Entre frases bonitinhas e colegas de rede social tentando fazer graça, acabei reparando em uma dezena de imagens com frases exaltando os famosos e até partes do corpo (nada a ver!) deles.O surpreendente não foi o conteúdo dessas imagens e prints. Mas, sim, a presença deles. Se eu fosse fazer as contas, acredito que 90% das atualizações no Facebook têm esse tipo de conteúdo.Comece a reparar nos amigos e até em você. Quantas vezes já se deparou com alguém (tentando ser engraçado, é claro) dizendo que até a unha do dedo mindinho do pé da Megan Fox é mais bonito que você por completo? Agora, responda: quantas vezes você já viu o dedo mindinho do pé da Megan Fox? Quantas vezes quem escreveu aquilo já viu você?Acontece que, infelizmente, estamos vivendo uma fase em que se sentir feio e indesejado é comum. Autoestima só existe na teoria e nos textos de revistas teen. É difícil conhecer alguém que valorize a imagem que vê no espelho e o que é por dentro. E quando isso acontece, ainda é rotulada de metida.E onde fica todo aquele papo de se gostar para que gostem de você? Imagina que aquele cara que você é apaixonada desde a 7ª série encontra seu perfil no Facebook (ou, sei lá, Twitter) e resolve vasculhar sua vida, suas atualizações e suas fotos. Já pensou o quanto ele ia achar chato encontrar mil e uma frases de você se jogando lá embaixo? Que garoto quer ficar com uma menina que, por qualquer motivo, começa a se inferiorizar? Garotos não curtem garotas inseguras. É um tormento se relacionar com quem se coloca pra baixo a cada vez que vê uma garota que se cuida e tem confiança.E tem outro ponto: a Megan Fox é linda. Não nego. Consigo ver todos os pontos positivos no rosto e no corpo dela. Só que esquecem um porém, não é? Ela é uma pessoa pública. Ela ganha através da imagem que apresenta. Ela é linda, é claro. Mas é produzida. Lá existe uma mulher com maquiagem perfeita, cabelos super bem tratados e horas de academia. Que garota do mundo real tem uma vida assim?Entendem a diferença? Autoestima está mais ligada ao que somos por dentro do que o que vemos por fora. Se não exercitamos nossa confiança, sempre vamos nos enxergar como alguém indesejável e, no ponto de vista dos outros, feia e desinteressante. E ninguém é assim. Olhe a sua volta e perceba quantas pessoas gostam de você. Sabe aquela amiga que elogia seu cabelo? Não é querer ser falsa. É sinceridade. Apenas jogue essa barreira que te impede de acreditar na sua bff e passe a tomar os elogios como uma verdade. Tenha certeza que é.Você não é a Megan Fox e não é inferior ao dedo mindinho do pé dela. Você é melhor que isso. É única. Especial. E é isso que te torna tão linda. Apenas aceite e, na próxima vez que se olhar no espelho, veja suas qualidades. Elas são inúmeras, incontáveis. E, as vezes, invisíveis aos nossos olhos que só procuram por defeitos. Aliás… Todo mundo tem defeitos, viu? Até a Megan Fox. E eles são especiais, também, por formarem quem você é.Ame suas qualidades, ame seus defeitos. E, acima de tudo: ame ser o que você é. -
Nossas pizzas de fim de semana
Todo fim de semana, minha mãe sempre chegava em casa com uma massa de pizza semi-pronta. Com toda a alegria – como se, realmente, fosse uma chef -, eu corria até a cozinha, louca para colocar a mão na massa. Eu era a estagiária e ela, a minha instrutora.Nunca comíamos a pizza do jeito que ela chegava em casa. A gente tinha mania de complementá-la com outras coisas que a marca se esquecia. Era assim todas as vezes – e eu adorava isso.Lá da sala, meu pai começava a reclamar do horário. “Cadê essa pizza que não sai? Já são dez horas!”. Mesmo assim, sempre estava de olho na cozinha (e ajudando em tudo o que ele tinha permissão para tocar). Éramos cozinheiros de mãos cheias e sem nenhum certificado. O que, claro, tornava tudo melhor.Depois, levávamos até a sala um dos bancos que meu pai ainda tem no quintal. Apoiávamos a bandeja com a pizza e, no chão mesmo, colocávamos os pratos, os copos e a Coca Cola de dois litros (saudades de comprar uma Coca Cola de dois litros pelo preço de antes). Ou, as vezes, um refrigerante de tubaína. Nosso favorito.E assim rolava a noite. Conversas, TV ligada só para fazer barulho e um pedindo o ketchup ao outro.Eram dias maravilhosos. Aliás, ainda é. Com menos frequência, é claro (mãe de dieta = nada de massas todos os fins de semana). Mas, mesmo assim, cada vez que minha mãe inventa de comprar uma pizza ou até pães para fazer sandubas, eu volto a ter os mesmos sete ou oito anos de antes, quando eu era uma chef de cozinha sem nem, ao menos, tocar no fogão.E querem saber? As melhores pizzas e os melhores sanduíches que comi não foram feitos em um restaurante famoso e caro. Foram feitos em casa mesmo, em uma cozinha doméstica sem nenhum forno superpotente nem ingredientes secretos. Só o amor. -
A volta do meu coração
– Até amanhã, Carol!Dei dois beijos na bochecha da Paloma e segui para um banco próximo à saída da universidade. Assim que cheguei, apoiei os cadernos e livros em cima dele e organizei todos na bolsa. Preferia o peso nas costas do que aquele volume nos braços.Assim que arrumei meu material, levantei e segui para a saída. Tirei a carteirinha do bolso e, antes de passar pela catraca, olhei para os lados só por mania boba. Me arrependi na mesma hora de ter feito isso.Lá estava ele. Julio. Estava rindo com uma garota que nunca vi na vida. Caramba! Eu não tinha jurado a mim mesma que não sentia nada por ele? Por que aquilo mexia tanto comigo?Enquanto eu pensava, a garota ria de alguma coisa que ele falou.Com muito sacrifício – e muita vontade de ir lá interromper o papo com qualquer bobeira sobre as aulas -, saí da universidade. Apressei o passo na esperança de que, mesmo que o Julio saísse ao mesmo tempo, eu ainda conseguisse alguma vantagem.Segui em frente apenas me concentrando em colocar um pé na frente do outro. Depois de alguns passos, percebi que meu tênis estava desamarrado. Droga!Abaixei e me encostei no meio fio para amarrar o cadarço. Mentalmente, agradeci por ter guardado tudo na bolsa. Seria um trabalho tão grande se eu ainda estivesse com todos aqueles livros na mão…– Carol? – Perguntou uma voz atrás de mim.Não! Não! Mil vezes não! Não aquela voz. Não aquele rosto que, se eu virasse, estaria tão próximo. Não pode ser!Tentei forçar o melhor sorriso que pude. Falhei. Não encontrando outra saída, falei sem nem olhar no rosto dele.– Oi, Julio. – Respondi, sem entusiasmo.Sem mais cadarço para prender minha atenção, me vi obrigada a levantar. Merda! Eu não queria ir embora com ele. Não depois daquilo e não depois dos meus sentimentos se fragilizarem daquele jeito.Queria tanto ter uma desculpa para virar naquela próxima rua…Seguimos andando em silêncio. Pelo menos, eu estava. O Julio continuava com umas conversas que, sinceramente, não lembro nada. Era uma mistura de provas com trabalhos e um resumo sem muitos detalhes sobre as férias.A Carol de alguns meses atrás iria se importar com cada detalhe. Isso era bom, né? Pelo menos, minhas defesas continuavam intactas. Em parte.Quando dei por mim, Julio estava segurando minha mão como se fosse a coisa mais natural possível. Estávamos andando assim, juntos, como um casal. Será que ele não se tocava no quanto isso era ridículo?– Acho que os calouros são legais. Conversei com alguns hoje e gostei de algumas ideias. Poderíamos fazer uma festa de confraternização, o que acha?– Por quê? Quer conhecer melhor as suas amiguinhas?- Respondi, soltando minha mão da dele. Com sua pele longe da minha, ficou tão mais fácil pensar!– Não, Carol… – Respondeu, confuso. Ele olhou para nossas mãos separadas e continuou com o olhar baixo.– Ok, Julio. – Rendi-me. – Desculpa, falei besteira. Só estou nervosa com umas coisas… – olhei seu rosto e, automaticamente, sem nem pensar, peguei sua mão.Ele sorriu e continuamos andando por aquela rua que guardava tantas lembranças. Eu não conseguia pensar em nada para completar o silêncio. Só em uma coisa…– Julio? – Chamei-o. – Você não acha que isso – levantei nossas mãos juntas – dá a impressão errada do que realmente somos? – Olhei seu rosto a procura de alguma mágoa. Só encontrei constrangimento.Ele não respondeu e minha curiosidade não iria se contentar com aquilo. Insisti.– Por que você insiste em andar comigo assim? – Desta vez, não precisei levantar nossas mãos para que ele entendesse sobre o que eu estava falando.Ele demorou alguns segundos para responder. Finalmente, olhou para mim e disse:– Isso é bom. – Sorriu. – E você é melhor nisso do que imagina.Opa. Minha vez de ficar constrangida.Prosseguimos nosso caminho. Uma parte de mim estava louca para chegar em frente ao prédio dele (onde, normalmente, nos separávamos). Outra parte queria que o prédio nunca chegasse. Era tão bom ficar assim, tão próxima dele…Depois de alguns minutos de silêncio e uns poucos assuntos, chegamos em frente ao edifício marrom onde Julio morava. Ele se demorou por alguns segundos e continuou com nossas mãos unidas.Ele estava quieto, ansioso. Não sei o que me deixou assim também. Estávamos tão próximos. Tão… Tão ali, a só um inclinar de rostos.Quando dei por mim, meus lábios estavam encostando nos dele. Julio soltou nossas mãos e me abraçou forte, unindo nossos lábios mais umas duas ou três vezes.Antes de me dizer um “até amanhã”, Julio deu o sorriso mais lindo e sincero que já vi. Entrei no táxi que me levaria para casa ainda pensando no que acabara de acontecer. Minha mente continuava confusa, apesar das perguntas serem diferentes agora. E meu coração… Bom, esse aí não tinha mais jeito. Era como se ele estivesse longe, voltando só agora. Era como se, novamente, eu pudesse senti-lo dentro de mim, batendo numa intensidade louca.Intensidade essa que pensei que nunca mais sentiria de novo. -
A vida que deixei para trás
Não há um dia que eu não pense em você. As paredes a minha volta não servem só para me separar do mundo e me punir das besteiras que fiz. Elas também jogam na minha cara como fui idiota em te trocar por uma vida – ou o que eu achava ser uma – miserável e a base de nada. Nada. É… foi só o que me restou.A gente se conheceu em uma dessas baladas da vida. Você se aproximou e me pagou uma ou duas bebidas. Sob o efeito delas, dançamos três ou quatro músicas. E, depois disso, foram cinco ou mais beijos.Lá em cima, o DJ cuidava para escolher a música perfeita naquele momento. Não reconheci nenhuma delas e até hoje me pergunto o nome daquela que marcou nosso primeiro beijo. Mesmo assim, é a nossa trilha sonora. Seja lá o que as letras significavam (você sabe que eu nunca fui boa em inglês).Depois disso, o tempo passou voando. Anel. Buquê. Vestido branco. Nove meses. Choros altos. Noites em claro. Mais dois pares de olhos brilhantes na casa.E agora, tudo o que eu queria era voltar, novamente, àquele nosso primeiro encontro.Eu só queria seu novo endereço ou número de celular. Queria te contar como as coisas desandaram por aqui.Você se foi. Levou junto meu coração, meus planos e uma parte grande de mim: nossa filha. Ainda escuto os choros dela em meus pesadelos injustos. Perdi você, perdi a dona dos olhos mais brilhantes que já vi e, principalmente, perdi a mim.Troquei nossa vida por um cigarro ou dois. Depois, troquei os cigarros por coisas mais fortes. De repente, eles viraram minha vida. Hoje entendo como fui idiota. Só queria te ter como destinatário para contar o que mudou.Já faz tempo que estou limpa. Limpa de tudo e, talvez, até do coração. Acho que o vendi por um pouco de alguma droga. Mas sei que você tem uma cópia perfeita dele. Volta pra mim e me ensina a viver de novo? Por favor.Sem vocês, não vejo sentido ter um futuro. Estou pronta para deixar este quarto e me aventurar a viver – de verdade, desta vez. Vem me buscar. Você sabe meu endereço, meu nome e até meu RG.Vem e devolve nossa vida antes que eu desista da minha. -
O momento em que a gente se (re?) encontra
Sai de casa naquela manhã chuvosa. Dentro do estômago havia apenas metade de um pão integral e dois goles de café. Dentro da bolsa, apenas uns trocados (talvez mais moedas que cédulas, confesso). E, dentro da alma, uma vontade louca de me (re?) encontrar.Peguei o primeiro ônibus vazio que passou no ponto. Sentei ao lado de uma moça com cheiro de lavanda e um fone no ouvido. É, só um. O outro estava jogado e perdido no meio dos seus cabelos.Segundo o relógio dela, eram nove horas da manhã. Segundo o céu, o tempo chuvoso iria permanecer durante as próximas horas. Bom, não tenho muita certeza quanto a isso. Nunca fui boa tentando prever o tempo.Desci em um ponto depois de uma estrada sem prédios, casas nem pedestres. Meu destino? Quem sabe?Comecei a andar sem rumo. Queria encontrar algo e só sairia dali após conseguir. Não deixaria essa necessidade para trás (e muito menos para depois). Se fizesse isso, eu me deixaria ali também.Encontrei uma praça vazia com dois ou três bancos e incontáveis árvores. Cena perfeita para aqueles romances clichês (ou, dependendo o momento e a trilha sonora, filme de terror). Deitei embaixo de uma delas. A vista era acolhedora e, a sombra, deliciosa.Fui até ali à procura de mim. E encontrei. Embaixo daquelas folhas e encostada naquele tronco cheio de limo, fiz uma introspecção. E valeu (muito!) a pena.Nunca vou me esquecer o dia em que eu me (re?) encontrei. É, bem ali no meio de uma praça insignificante e sem atenção da prefeitura. Bem ali embaixo de uma árvore de cento em poucos anos. Ali eu entendi… Ou melhor, me entendi.A vida não é, nunca foi e não tem planos de ser fácil. Mas nem por isso ela não pode ser boa, ser deliciosa. E, sabe? A gente tem mais é que aproveitar. Se jogar nela. E ignorar o que vão pensar e dizer.O que importa é o que você sente. E o que vou contar agora, eu quero que você leve pra sua vida. Não deixe só numa página, numa folha ou nos dois minutos que você usou para ler tudo isso e chegar até aqui. Nem precisa de caneta e bloquinho de anotações para lembrar desse, digamos, conselho. É só ler com muita atenção. Vamos lá?Sinta-se como se estivesse embaixo de uma árvore. Não literalmente, é claro. De mentirinha, mesmo, só em devaneios. Sabe, metáfora pura.Embaixo da árvore só há você. Você, seus sentimentos, seus pensamentos e seu mundo. É isso o que importa: o que está embaixo das folhas. A opinião negativa de quem vive fora delas, você deve considerar como pinguinhos de chuva que a árvore vai impedir que cheguem até você. Ela vai ser sua proteção, seu escudo.Mas se, por acaso, alguma gota passar por algum espaço entre as folhas lá em cima… Bom, é só uma gotinha minúscula, não é? Nada que passar a mão por cima para destruí-la não resolva o problema. (Agora você entende que é mais forte do que imagina?) -
Desabafo: ser blogueira, julgar sem conhecer e outras coisas
Desta vez, o texto não vai ser todo bonitinho, com devaneios e coisas do tipo, mas sim vida real. Estou aqui para um papo sério, de blogueira para blogueira/leitora, de garota para garota (o) e, principalmente, de ser humano para ser humano.Já faz uns dias que estou adiando esse post, pois estava com medo de pensarem que sou ingrata, que estou reclamando demais ou, sei lá, qualquer coisa que não seja verdade. Antes de tudo, já quero deixar claro que essas não são minhas intenções. O post é, realmente, um desabafo. Peço desculpas desde já se ele ficar muito grande – e sei que quase ninguém vai ler se ficar enorme – ou se ofender alguém (essa não é minha intenção e espero que não aconteça, viu?).Bom, vamos lá!O conteúdo do texto foi formado ao longo desses últimos dias e com base em uns comentários que vi por aí, tanto em sites, como em redes sociais e blogs. Acho que, pelo menos em um dos pontos, vocês – blogueiras – vão se identificar.O que mais me intrigou foi a forma que vi umas meninas generalizando as blogueiras. Nas palavras delas, “blogueiras são um bando de patricinhas que só querem mostrar suas últimas compras na Zara e suas maquiagens da MAC”. Algo assim.Bom, vou dizer por mim: o lugar mais caro que compro roupas é a C&A. Minha maquiagem mais cara é minha paleta de sombras e ela nem chegou ainda. Agora, o motivo de ter um blog é ser rica? Caramba! Se for, alguém avisa ao Blogspot que ele deve cobrar para ter conta no site?Ser blogueira é querer compartilhar o que você gosta, o que você pensa e, acima de tudo, ajudar àqueles que visitam seu blog. Isso não quer dizer que você tem que ser perfeita, usar 38, ter uma conta bancária maior que do Eike Batista e possuir uma Canon de cinco mil reais.Aliás, essa diferença até é positiva. Assim como você não tem tudo isso, alguns leitores também não têm. Então, ter um corpo 42, uma conta bancária com um salário mínimo ou mesada dos pais e uma Sony Cybershot de trezentos reais não te torna pior que ninguém. Pelo contrário: prova que você não precisa de muito para fazer algo bom e que dinheiro não significa qualidade nem é motivo de sucesso.Não é só porque você tem um blog que você deve ganhar dez mil reais por mês e gastar tudo no shopping. Não é só porque você fala sobre moda, tem um jeito divertido de ver a vida e gosta de se cuidar que você é uma tapada, sem cérebro e que só se importa com a próxima coleção da sua loja favorita. Acho que já passamos da época de rotular as pessoas, né?Olha: eu tenho dezoito anos, faço faculdade de Jornalismo e tudo o que consegui até hoje foi por esforço e dedicação. E, também, muito estudo. Se não fosse assim, eu nunca estaria na faculdade, por exemplo. Foi por tudo isso que consegui a bolsa no Prouni para fazer o curso dos meus sonhos (e não tenho vergonha de admitir :D).Só porque tenho um blog que fala sobre coisas “externas”, não quer dizer que eu não me preocupo com o mundo lá fora. Só porque tenho um blog que fala de moda, não quer dizer que eu não amo livros. Entendem o que quero dizer?Antes de tudo, se eu não me preocupasse com a situação que vivemos, a uma hora dessas eu estaria lá na secretaria da faculdade para mudar meu curso. Eu não escolheria Jornalismo como profissão se eu não visse nela uma possibilidade de ajudar a tornar o mundo um lugar melhor. Eu poderia estar fazendo algo mais (f)útil com minha vida se não quisesse ajudar ninguém. Aliás, se eu não quisesse ajudar, o JDB nem existiria, não é?Indo mais além, também vou aproveitar para acrescentar outro assunto: haters. Nunca vi nenhum sentido em odiar algo sem conhecer. A Juliana blogueira é diferente da Juliana amiga, da Juliana aluna e da Juliana (quase) jornalista. Se não gostam do blog, não gostam do blog. Se me acham feia, não quer dizer que eu seja feia por dentro, também. Tudo é questão de conhecer.Não estou dizendo que todos devem me amar. Só estou pedindo é respeito, não só comigo como para qualquer outra pessoa. Nada te dá o direito de falar mal. Nada te dá o direito de julgar através da internet – que, aliás, não chega nem 20% perto do que somos pessoalmente. Não gosta do JDB? O sistema operacional do seu computador tem um X lá em cima na janela que serve para fechá-la. Se quiser, tem até como bloquear o site. Se não curtiu, achou inútil ou perca de tempo, ótimo. Tem pessoas que gostam.Então, antes de ir no Ask de alguém falar um monte de mentiras (e até fazer a pessoa acreditar nelas por um momento), se coloque no lugar. Não quero dar lição de moral nem nada disso. Mas, pelo menos, como eu disse antes, exercer meu papel de ser humano e tentar melhorar um pouco o mundo. E, para isso, eu não preciso compartilhar fotos no Facebook cheias de falso moralismo. Eu uso outra arma: palavras. E acreditem: elas exercem um poder bem maior do que uma imagem na rede social. Mesmo porque, nem sempre quem compartilha é aquilo realmente, né? Como dizem por aí… O mundo seria uma maravilha se todo mundo agisse como age no Facebook.Se você chegou até o final do texto, obrigada. Espero que ele tenha servido para algo, afinal. Tanto para desabafar, tanto para servir de “olha, ela falou o que eu sinto” como para, também, colocar um pouco de juízo na cabeça de quem precisa. Eu disse isso no começo do texto e volto a repetir: não quero ofender ninguém. Se isso acontecer, peço desculpas com todo o meu coração e garanto que minha intenção nunca foi essa. E desculpa, também, pelo tamanho do post. Sei que ficou enorme e cansativo, mas foi a única maneira que encontrei para falar sobre o assunto.Beijos de batom,Julie.