Tag: sentimentos

  • Meu lugar favorito no mundo

    Você chegou em um momento que eu não sabia bem onde eu estava. Meu caminho seguia a mesma direção há anos e por muito tempo eu não encontrei uma curva, algo para sair do monótono. Sempre permaneci na mesma estrada, à procura de tudo e de nada ao mesmo tempo, sem saber se deveria parar ou seguir em frente.

    Parei.

    E aí você me encontrou.

    No fundo da estrada, te vi chegando aos pouquinhos. De começo, era como se algo te ofuscasse, o suficiente para te manter longe – de mim e daquela barreira que criei. Eu estava fechada, trancada, e meu coração permanecia silencioso por tanto tempo que, em alguns momentos, tive medo de não escutá-lo mais.

    Você enfrentou minha falta de atenção, minha barreira e meu medo de me arriscar. Enfrentou a escuridão em que eu me encontrava e, aos poucos, me convenceu a dar uma nova chance para a claridade. Eu não tinha muita certeza de onde ela chegava, mas gostava da sensação de senti-la em minha pele, senti-la pertinho de mim.

    Eu gostava da sensação de ter você por perto, conversando sobre nada, conversando sobre tudo. Foram conversas até 2h da manhã e posso jurar que, em uma dessas madrugadas, a gente pegou no sono depois das 5h. Você estava ali, a um clique de distância, e ainda assim me trazia conforto. O que era? Não sei.

    Mas acho que descobri.

    Você fez mais que me trazer de volta a luz. Fez mais do que ajudar a derrubar aquela barreira que me impedia de dar uma chance aos meus sentimentos. Fez mais que tudo isso. Você foi a razão de tudo isso. Eu saí da minha zona de conforto, mas a reencontrei em você. Primeiro, nas suas palavras. Depois, na sua presença. E, um pouco mais tarde, nos seus braços.

    Vi meu sorriso mudar, meus olhos ganharem brilho e até posso jurar que dei vida a algumas borboletas no estômago. Senti minha mão soar de ansiedade e senti meus braços procurarem por você, também. Senti falta do seu sorriso, do seus lábios e até do seu jeito de me deixar com raiva. Posso dizer que encontrei em você o meu lugar favorito no mundo.

    E, ó, eu poderia ficar nele para sempre.

  • Borboletas

    Uma vez, li em algum lugar que as borboletas não aparecem em locais poluídos, devido a sensibilidade delas. Na época, lembro que achei mais que certo. Não seria justo colocar um dos seres mais bonitos do planeta em um local tão sujo. Elas merecem um lugar melhor para chamarem de lar.
    Talvez seja assim com o amor, também. Ele está por aí, em um jardim limpinho, cheio de tulipas, rosas e violetas. Em um jardim com cheiro de grama, flores e natureza. Não em um local repleto de gás carbono e tantos outros que desconheço o nome.
    Imagino que nós somos esse local poluído, cheio de partículas ruins e devastadoras. Talvez seja sem querer; ninguém se polui de propósito. Acontece aos poucos, com um cara errado aqui, um que achamos o certo ali e um sapo alá. 
    São beijos roubados com a desculpa de uma embriaguez. Abraços sem carinho e sem braços firmes. Noites em claro com um alguém qualquer. Tudo isso nos contamina um pouquinho mais. Suja. Detona. Devasta. Começa pelo coração e termina na alma. Deixamos de ser um jardim para ser uma metrópole – onde tudo é tão comum que não deixamos nada nos surpreender. Abandonamos as tulipas, as rosas e as violetas. No lugar delas, trazemos aquele tanto de tralha. É, isso mesmo. Tralha.
    E ainda culpamos o amor por não vir.
    O amor é como a borboleta. Ele não quer poluição. É sensível demais. Não vale a pena correr o risco de morrer para tentar salvar o que não quer ser salvo. Não vale a pena jogar algo tão puro em tanta sujeira. Afinal, o amor é tão raro, tão único. E tão pouco. 
    Ficamos por aí, procurando-o em qualquer boca e qualquer coração poluído. Nem nos damos conta que nem sempre nós somos o jardim. As vezes, também somos a cinzenta cidade grande. Talvez, seja só falta de aceitar que o amor é um daqueles hóspedes especiais, que sentimos que precisam e merecem uma casa limpa antes de sua chegada.
    Temos é que dar uma geral no coração, na mente e na alma. Dar espaço no estômago para aquelas famosas borboletas. Deixar a sensibilidade retornar. Não só aquela que nos faz chorar ao ouvir Adele ou ler Nicholas Sparks. Mas, sim, a que nos permite reconhecer que a polução está em nós, não nos outros.
    E deixá-la reconhecer aquele alguém que possui as borboletas para o nosso jardim.
  • A garota da rodoviária

    Ela estava sentada em um banco da rodoviária, esperando o ônibus que a levaria para casa. Ela não queria voltar para seu quarto nada acolhedor. Era uma noite fria após um dia sentimentalmente frio, e ela se abraçava tentando livrar-se daquele vento gelado que pairava sobre sua pele. 
    A garota vestia um short jeans, um moletom antigo e milhares de sentimentos inexplicáveis. Alguns ela conhecia. Dor. Mágoa. Solidão. Ela olhou para os lados pela primeira vez. E se viu sozinha. Como nunca havia estado em toda sua vida.
    Mexeu no celular a procura de alguém com quem pudesse puxar uma conversa por SMS. Tentou criar coragem para dizer um “olá” àquela amiga que há muitas semanas não tinha contato. Escreveu uma mesma mensagem aproximadamente dez vezes antes de criar coragem para enviar.
    A coragem não veio.
    As lágrimas, finalmente, ganharam vida e percorreram todo seu rosto. Eram lágrimas solitárias, assim como a garota sentada em um banco da rodoviária. Ela olhou para o local onde seu ônibus deveria estar.
    Estava tudo vazio. 
    Ela nem sabia mais onde queria estar, e isso a aterrorizou. As lágrimas pararam de sair de seus olhos, e aquelas que insistiam em ganhar liberdade, a garota enxugou-as. Ela juntou as pernas e as colocou sobre o banco, abraçando-as. Sentido-se sozinha, como nunca esteve antes, com apenas uma pessoa como companhia. Ela mesma.
    A garota olhou para os lados, procurando um alguém que pudesse conversar e choramingar um pouquinho, contando os dramas que enfrentava agora. Eram tantos que ela nem saberia por onde começar. Todos intensos demais, misturando-se aos traumas que ganhara durante a vida inteira. Ela queria livrar-se de tudo aquilo que fazia suas lágrimas escorrerem por seu rosto, ultimamente. Mas não havia remédio. Não havia fita crepe que pudesse recolar seu coração, nem tornar inteiros seus sentimentos quebrados.
    Seu ônibus chegou. Ela juntou umas moedas perdidas na bolsa, subiu os degraus e entregou-as ao motorista. Antes de passar pela catraca, olhou novamente a rodoviária gelada. Em seus olhos, era claro perceber a vontade de sair correndo dali e pegar um transporte para outro lugar. Qualquer um.
    Assim que escolheu um lugar, encostou a cabeça no vidro e, de novo, visualizou todas aquelas pessoas felizes ao lado de fora do veículo. E antes mesmo deste dar partida, a garota deixou uma última lágrima cair. 
    Era um último sinal de fraqueza antes de vestir a máscara de “está tudo bem”.
  • Amor

    Esses dias, enquanto estava sentada no ônibus a caminho para a faculdade, me peguei pensando no que move tantas pessoas a acordarem cedo – quase de madrugada -, encararem um banho até em manhãs mais geladas e saírem de casa para trabalhar. Ok, muitos de vocês vão dizer que o culpado disso é o dinheiro, o capitalismo ou até que são as contas para pagar no fim do mês. Tá, por parte eu concordo. Mas minha teoria é um pouquinho maior e menos simples.
    Coloquei-me no meio de todos eles, porque é isso que a gente faz quando tenta entender o outro: se coloca na situação. Em 90% dos casos, adianta bastante. Deixando meus métodos de lado e continuando com o que interessa, repensei sobre o que me fazia acordar cedo, tomar um banho mesmo quando o tempo te pede para ficar sob os cobertores e entrar em um ônibus lotado. Faculdade? Não. Estágio? Não. Vontade própria? Na-na-ni-na-não.
    Amor. Taí a resposta.
    Vocês vão me chamar de louca, talvez. Mas tenho uma explicação para tudo isso, tá? Para entender, antes de tudo, esqueça aquele tipo de amor, digamos, romântico. Nada de beijo de língua aqui nem pegação. E, sim, amor, só ele por enquanto. Aquele sincero e que, as vezes, nem o percebemos por perto.
    O que quero dizer é que é esse sentimento o responsável por nos permitir fazer qualquer coisa. Da mais simples à mais complexa. Aliás, o amor nem deve dividir assim. Talvez ele tenha uma forma diferente de separar as coisas… Tipo “o que me faz feliz” e “o que não me faz feliz”. Quem sabe?
    A única coisa que posso dizer nesta teoria toda complicada é que o amor é o motivo de tudo. É o motivo de uma mãe acordar cedo só para comprar os pães que seus filhos vão comer antes de ir à escola. É o motivo de um cara trabalhar o mês inteiro para pagar a parcela daquele videogame que ele jura que nunca irá vender. É o motivo da garota popular da escola se esforçar tanto para continuar sendo “adorada”. É o motivo do universitário em acordar cedo o dia todo para ser, nas palavras dos pais, “alguém na vida”. Não importa qual é o motivo do amor: filhos, algo material, atenção ou sucesso. É amor.

    No meu caso, amor pelo pessoal da faculdade. Amor pela profissão de jornalista. Amor pela escrita. Amor por falar sobre pessoas desconhecidas. Amor por mostrar ao mundo um pouquinho do meu dia-a-dia, seja no jornal da faculdade, seja no blog. É amor. E dos sinceros.

    O que me faz concluir que é ele o que move tudo.
  • Completo

    Uma vez li em algum lugar que nós somos completos. Somos completos porque temos uma casa, uma família e um cachorro. Somos completos porque temos amigos, estudos e condições para viver. Somos completos porque temos nossa aparência, nossa essência e nosso jeitinho de ser. Somos completo com tudo o que temos. E só.
    Quer saber? Acho que nós somos mais completos ainda por não ter algumas coisas. Estranho? Sim, eu sei. Mas explico. Não ter alguns bens me faz querê-los e lutar para tê-los. Não ter alguns sentimentos, momentos e lembranças me faz querer lutar para consegui-los. Tudo isso faz parte do que sou. Tudo isso me faz sonhadora, me faz correr tanto atrás dos meus desejos e me torna única. E nem por isso sou incompleta. Pelo contrário.
    Não ter tudo é uma característica que também me define. Hoje, por exemplo, meus maiores sonhos são, entre muitos, conhecer Londres e escrever um livro. Quando realizá-los, ainda terei muitos outros para ver acontecer. Cada caminho que passo, eu realizo um desejo. E ganho mais uns dez.
    E por aí vai. Ganhando sonhos aqui, ganhando memórias ali. Sentindo-se completa com alguém, e depois sentindo-se vazia sem esse alguém. E nem por isso se sentindo incompleta. Entendem?
    Os vazios e as faltas fazem parte de tudo o que somos. Quando se preenche um vazio, ganha-se (ou descobre-se) alguns mais. E cada vez que mergulhamos em um, aprendemos alguma coisa, que acabam mudando nosso ponto de vista, nossa maneira de pensar e várias, várias outras coisas dentro de nós.

    Eu acredito que nós vivemos em uma eterna mudança. Cada dia é responsável por algo novo que adquirimos ou jogamos fora, seja um bem material ou até uma característica. Sempre estamos sujeitos a mudar em todos os sentidos. Seja o estilo de se vestir, o jeito de falar, o grupo de amigos, o que “ser quando crescer”… Tudinho. 

    Nós somos completos com tudo o que temos. Sim. Não nego. Mas o que não temos também nos completam, porque nos dão características únicas. Tudo o que temos a conseguir são sonhos próprios, só nossos, e que nos tornam do jeito que somos. Somos completos pelo que possuímos, mas somos completos pelo que (ainda) não. Pelo menos é assim que vejo tudo.
  • Sua mensagem foi enviada com sucesso

    Existem dias em que precisamos colocar tudo para fora. Sei lá. São tantos sentimentos que as vezes me pergunto como consigo conviver com todos eles. O coração nem consegue respirar de alívio. Aliás, alívio é algo que há muito tempo eu desconheço.
    Foi em um desses dias que eu abri minha caixa de entrada. Lá estava um e-mail seu. Antigo, eu confesso. Tão antigo quanto o que tivemos. Mas era seu. Cliquei em responder. Deixei o assunto com o tal RE: no começo. 
    Oi. Tudo bem? Queria saber se você ainda lembra de mim. Sei lá. Perguntei isso a mim mesma ontem a noite, depois de acordar de um sonho com você. Não quero perder caracteres descrevendo-o para você. Já fiz tanto isso… Prefiro deixar esse só para mim. Mas posso garantir que foi bom. Quase real.

    É, cara. Você ainda aparece nos meus sonhos e isso é assustador. Mesmo quando os sonhos são bons… Eu deveria estar sonhando com coisas diferentes agora. Até porque eu penso em coisas diferentes agora. São coisas demais para sentir e ainda assim sonhar com você. Com nós dois. Sinto como se estivesse tão cheia e tão vazia ao mesmo tempo. Sinto sua falta. Talvez você não saiba disso.

    Queria entender o motivo de tudo isso. De ainda te ver nos meus sonhos. De ainda ficar com as mãos geladas só em pensar de sentir sua boca na minha. Ah, cara. É tão injusto o que o destino fez com a gente. Agora nem sei onde você está. Nem sei se está em algum lugar que eu conheça. Ou se ainda gosta de ficar debaixo das árvores só para senti a brisa bagunçar seus cabelos. 

    Sinto tanto sua falta que as vezes acho que você levou um pedacinho de mim dentro de uma mala qualquer. Tenho medo que esse pedaço tenha se perdido por aí. Talvez ficado no aeroporto. Talvez em um texto qualquer. Queria saber onde ele se encontra… Até mesmo para, quem sabe um dia, tê-lo de volta.

    Eu nem sei se posso te cobrar de algo, mas eu queria saber por onde você anda. Só por saber que algum lugar ainda ganha o brilho dos seus olhos. E seus sorrisos. Aqueles que eu amava tanto, lembra? 

    Talvez você tenha se esquecido que um dia me amou. Mas queria que soubesse que, por aqui, você ainda existe. Você ainda tem uma presença forte dentro de mim. Nos meus sonhos, mesmo eu tentando evitar, você aparece. E me assombra. Não porque está lá. E sim por saber que, mesmo depois de tanto tempo, minha alma ainda se lembra de você. Do jeitinho que sempre foi.

    Ah, e o que eu não daria para saber se você ainda permanece do mesmo jeitinho… Se ainda ri pelas mesmas coisas. Ou se ainda fica bravo pelos mesmos motivos. 

    Eu queria ser forte o suficiente para te ligar. Ou para puxar papo numa rede social qualquer. Enquanto não consigo, estou enviando este e-mail – que talvez nem chegue até você. Nem sei se vai lê-lo algum dia. Se sim, saiba que eu ainda sinto sua falta. Se é amor, não sei. Mas você continua aparecendo nos meus sonhos. Isso significa alguma coisa, não é?

    Esperando que você entenda mais sobre meus sentimentos do que eu mesma,
    Até mais.

    Sua mensagem foi enviada com sucesso.
  • Desenrole, dezenove

    Faço dezenove daqui há duas semanas. Ok, está cedo para escrever qualquer coisa sobre a idade. Eu sei. Mas só hoje, depois de muito tempo, eu me dei conta do tempo passando. Pra lá. Pra cá. Pra frente. Pra trás. Para o passado e para o futuro. Como se tudo pudesse viver junto, sabe? Não, eu também não sei.

    Sinto como se o tempo estivesse tirando uma com a minha cara. Ou talvez seja só meu pai com a razão de novo. Quem sabe? Apenas conheço esse vazio estranho. Aquela sensação de que tudo está indo embora e nada está ficando. Se é que algo vem. Mas vai. As vezes, tão rápido que nem percebo que chegou.
    Eu nunca tive essa mania de colocar em uma data o início de algo. Para mim, se eu queria ver algo acontecer, não era um dia que mudaria isso. Mas dessa vez tudo está diferente. Ou, talvez, seja só eu e essa mania boba de querer tudo para ontem. Ou de, simplesmente, querer.
    Pelo menos uma vez, acho que vou deixar para depois. Aproveitar os dezoito do jeito que ele sempre foi: paradinho, calminho e simples. Sem muitos altos. Mas sem muitos baixos, tampouco. Só normal. Morno. Pelo menos desta vez, vou me apoiar em uma data. Só dessa. Eu juro.
    Os dezenove estão chegando a cada letra, espaço e pontuação que digito. Cada vez mais perto. Acho que, no fundo, fica difícil aceitar. Mais difícil que os dezoito, admito. É como se os dezoito fossem só um túnel para chegar do outro lado. Como se fosse uma preparação para a vida de adulto que vem por aí. Ele trouxe a maioridade, mas é como se fosse só um preparo. Como se fosse um estágio e não um emprego fixo.
    Agora, ao colocar mais uma velinha no bolo (mãe, eu prefiro o de chocolate, viu?), é como se todos os medos e toda as complicações da vida de adulto batessem na porta do meu quarto. Como se eles estivessem dizendo que agora tenho que crescer. Não dá mais para se queixar da vida em meio a um rio de lágrimas nem pedir para a mamãe fazer aquela ligação que tenho tanta vergonha. Timidez e medos ficam para trás. Ou, pelo menos, embaixo de uma armadura invisível. Que seja. É hora de vestir a fantasia de adulto e sair pelo mundo. Dia 16 está chegando e nunca tive tanta incerteza de uma nova etapa.
    Que seja. Só quero que os dezenove não sejam tão enrolados nem tão mornos. Nem com o pé no passado. Nem com medo do futuro. Nem tão vazios, também. Se ele vem em meio de tantas dúvidas, que ele possa me provar que as incertezas podem se tornar força. Ou certezas. Quem sabe? Vou esperar até o dia 16. Lá me decido. Falta pouco, mesmo. Mas, se posso fazer um pedido antecipado, lá vou eu: dezenove, desenrole tudo o que está enrolado demais. Por favor. Combinado?
  • Minhas lembranças de você

    Que droga de mania que a vida tem de testar a gente. Ela traz e leva lembranças com uma facilidade incrível. Aí vem a saudade… As vezes, aparece depois de uma música. Ou de um texto. Ou de um encontro casual. Ou de tudo. Vira bagunça, vira confusão. Vira ferida.
    É, cara. Lembrei de ti outro dia desses. Não de como te vejo agora, andando na rua como se eu fosse só mais uma entre tantas. Mas do jeito que eu te via antes. E do jeito que você me via antes. Sendo a única. A “é ela”. Acho que você já esqueceu disso tudo. 
    Eu tenho essa mania boba de escrever sentimentos. E escrevi tanto sobre você (e sobre nós, é claro) que não consigo te deixar ir. Pelo menos, não nas lembranças. Você aparece nas músicas da sua banda favorita quando eu insisto em escutá-las. Você aparece nos textos do meu antigo blog quando não tenho o que fazer e começo a reler tudo o que já escrevi. Você aparece na conversa quando encontro algum amigo seu. Você aparece até nos lugares mais estranhos que já visitei. Preciso dizer que minha cabeça é uma delas? Espero que não.
    Lembro de você quando seu sorriso era motivo do meu. E vice versa. E vice versa de novo. Lembro de você quando o dia era perdido se não tivesse, pelo menos, um SMS novo. Lembro de você quando a sorveteria era nosso ponto de encontro. Lembro de você quando trocou de óculos e eu dei risada do seu novo look. Lembro de você quando minhas amigas riam de nós. Lembro de você quando brigou com o garoto da sala que me machucou. Lembro de você quando ficou todo fofo ao me escutar cantando em inglês. Lembro de você quando não era um estranho. Quando não era só um cara do passado. Lembro de você quando era o único.
    Outros caras apareceram depois, assim como outras “elas”, depois de mim, chegaram em sua vida. Outros caras pareceram que seriam os únicos. E, assim como você, não foram. Outros caras quase tiveram meu coração como você o teve. Mas não foi tão fácil depois de você. Sabe, primeiro amor sempre marca, principalmente quando é tão forte. O sentimento já se foi, mas as lembranças ficam. Não porque é você, mas porque, um dia, foi alguém. Coração maluco. Não te ama mais, mas se recorda de tudo que passou.
    É, cara. Lembro de você com mais detalhes do que eu poderia imaginar. Mas lembro de você, acima de tudo, sendo aquele garoto amigo de uma amiga de infância que, no primeiro dia de aula, virou um contato no MSN. Que, na semana seguinte, já era protagonista dos meus sonhos e histórias. E que, hoje, faz uma falta danada. Não do mesmo jeito de antes, é claro. O mundo dá voltas e a vida muda toda hora. Mas sinto saudades das nossas conversas descontraídas. Acima de tudo, nós éramos amigos. E é isso que mais me dá nostalgia.
    E eu prefiro deixar para lá o fato de que, agora, a gente não passa de amigos. Só que apenas no Facebook…
  • Lembranças

    Lembranças são ariscas. Perigosas. A gente nunca sabe de onde (e quando digo onde, me refiro a um momento lá atrás) elas vão chegar. O pior é que nunca estamos preparados. Aparecem, cavam um novo buraco no peito e, às vezes, se vão com a mesma pressa que chegaram. 
    Lembranças não desaparecem, não caem no esquecimento e, ao contrário do que a gente pensa, não são fáceis de serem deixadas para trás. É bem ao contrário. Nós não esquecemos nosso passado, não perdemos nossas memórias. Apenas aprendemos a lidar com todas elas. Ou, em muitos casos, aceitamos que estão ali, apenas compartilhando o presente conosco do mesmo jeito e quase com a mesma intensidade de quando eram reais. No fundo, só existem essas duas opções, mesmo. Fazer o quê?
    A gente não perde nossas memórias, não as deixamos de lado. Elas machucam e não são piedosas. E não é fácil viver com a dor, com o vazio no coração e com a vontade de possuir uma máquina do tempo que nos permita voltar no passado e mudar tudo. Máquinas do tempo só existem em filmes (e ainda me pergunto se isso é bom ou ruim. Imagina que louco ficar voltando o passado como voltamos a cena anterior do filme?). E também não possuímos nada parecido com aquele controle remoto de Click. Moral da história: só temos uma chance, uma oportunidade, uma tentativa. Se houver uma segunda, é sorte. Mas só podemos garantir uma única. E temos que aproveitá-la.
    A vida passa e cada segundo é, ou deveria ser, precioso. Nossas vidas são feitas de escolhas. Nós escolhemos onde vamos parar, mesmo que sejam decisões indiretas. Se estamos bem ou mal, em parte, é nossa responsabilidade. Nós é que temos mania de culpar o outro. A culpa se torna mais legal e mais leve quando está nos ombros de qualquer um desde que não sejam os nossos, não é?
    É claro que não é fácil conviver com o passado agindo como se fosse presente (ambiguidade, você por aqui?). Passado é passado e ele nunca se tornará um presente. Passado não é agora e ele foi feito para ficar lá atrás, apenas existindo naquele momento. Mas passado também não foi feito para ser esquecido, pelo contrário. Lembranças são experiências, e elas nos fazem crescer, evoluir. A gente não esquece o que foi bom e nem o que foi ruim. Memórias são parte da vida, e esquecê-las é apagar uma parte de nossa vida. 
    Acredito que, na essência, tudo tem um lado bom. Lembranças boas, um dia, se tornam ruins (saudade é uma merda, vocês sabem). E quando isso acontece, não devemos nos remoer de arrependimento nem afundar no vazio que agora existe dentro de nós. Mas, sim, agradecer pelas memórias que ficaram. Quer o lado bom disso tudo? Elas foram reais, aconteceram de verdade. São provas de que, em algum período, existiram. Nada nem ninguém pode nos tirar isso. Viu? Nem tudo está perdido, afinal.
  • Meu ex

    Ele se foi há muito tempo. Na verdade, nunca mais o vi. Meu ex. E eu estaria mentindo se dissesse que não sinto falta dele. Sabe… A gente sempre sente (mesmo que não queira admitir). São muitos momentos inesquecíveis e muitas partes de nós que ficam para trás. Impossível deixar pra lá, assim, tão fácil.

    Desde que ele se foi, eu nunca mais fui completa. Perdi uma grande parte de mim quando tudo acabou. Sinto falta dos nossos momentos. Na verdade, sinto falta de sentir algo. Algo que não seja este vazio que ficou.

    Não faço ideia de como parei por aqui. Não lembro de nenhum olá e nenhum adeus. Ele apenas veio, ficou e se foi. Tão automático, tão… Sei lá.

    É como se nada existisse depois do final – ou seja lá como se chama isso. É como se nada fosse tão certo mas, também, nem tão errado. Só tanto faz. Qualquer coisa tanto faz. Acabou, não é?

    Eu estou sozinha. Sozinha. Sozinha como nunca estive em toda a minha vida. Ele se foi. Meu ex. Meu coração, meus sentimentos e qualquer afeto. Sinto falta disso tudo. Do ex, do coração e de sentir algo. Sinto falta da minha liberdade (até isso foi levado de mim).

    Eu só quero o tempo. O tempo e o que ele traz. Quero o alívio, o esquecimento e o recomeço. Quero meu ex de volta, mas também quero um novo. Cansei do antigo e tenho medo do que está por vir.

    Mas só de uma coisa eu tenho certeza:

    Quero de volta. Meu ex. Meu ex eu. Aquele meu eu antigo. Aquele meu eu sonhador. E, principalmente: aquele eu que acreditava no impossível. Hoje só restou este eu miserável, sem expectativas nem sonhos. Só esse eu vazio. Só esse nada. Só… Eu.