Category: Textos

  • Uma cadeira vazia

    Entrei naquele restaurante que a gente jantava todos os sábados. Já fazia muito tempo que eu não passava por caminhos que me lembrassem você. Mas hoje, sei lá o motivo, eu senti que devia refazer a rota. A nossa rota.
    Sentei na mesa de sempre. Sabe… Aquela que, se estivesse ocupada, você me fazia esperar só para vê-la vazia. Hoje, não havia ninguém naquelas cadeiras de sempre. Assim como no meu coração.
    Pedi meu prato favorito junto com o sabor do suco que você sempre bebia – e eu odiava. Nem me importei. Talvez meu subconsciente só estivesse querendo, de alguma forma, sentir você por ali. Não que eu precisasse disso. Mas tudo seria incompleto sem uma dose de você.
    Em algum lugar dentro de mim, eu desejei que o suco não fosse minha única recordação de nós. Eu queria enxergar seus olhos do outro lado da mesa. Queria que sua mão tocasse a minha quando eu ficasse nervosa demais para conseguir falar. Queria que você fosse bem mais que uma cadeira vazia a minha frente. Meu coração já não era seu. Mas as lembranças continuavam sendo minhas.
    Olhei ao meu redor. Não havia nenhum rosto conhecido. Talvez, só o do cara do caixa ou da garçonete que uma vez te cantou. 
    O garçom chegou com meus pedidos. Antes de levar a comida à boca, tomei um gole do seu suco favorito. Manga. Eca. Odiava esse sabor. Mas, pela primeira vez, não senti tanta repulsa assim. Eu ainda achava ruim o gosto. Só que, ao contrário das outras noites, algo me fazia gostar do sabor. Talvez fossem só as lembranças aparecendo.
    Olhei para a janela logo ali ao meu lado. Então, entendi o motivo de você sempre querer este lugar; tudo era tão lindo! O reflexo do sol nas casas e nos edifícios formava uma paisagem única – que ficava ainda mais completa com as pessoas e carros passando pela rua. Eu nunca tinha reparado em nada disso. Antes eu tinha algo melhor para ocupar meus olhos…
    Sorri. Pela primeira vez em muito tempo, sorri. Sorri por você não estar ali e não ver como eu estava sendo boba. Sorri por você não começar a dizer que eu não deveria estar ali… Que eu não deveria me afundar tanto no passado. Principalmente quando não era saudável fazer isso.
    Levantei-me da cadeira e, com o papel na mão, fui até o caixa. Desta vez, era outro funcionário que estava atendendo. Não o reconheci. Eu não sabia se isso era bom ou ruim… Sabe, mudar tudo. Como se o antes nunca tivesse existido.
    Acho que as coisas estavam mudando em todos os lugares. E não só dentro de mim…
  • Aquele texto sobre nós

    Nós nos encontramos na praça de sempre, com o mesmo sorriso e a mesma mania de achar que ele era suficiente. Aproveitamos o fim da tarde, o aparecimento da lua e as primeiras estrelas. Aos poucos, deixamos o tempo nos levar e ele, finalmente, nos levou.
    Você foi comigo até o táxi mais próximo e, com um beijo rápido, se despediu. O sorriso ainda era o mesmo. O corte de cabelo, quase. Sorri involuntariamente e deixei seu perfume preencher meu cérebro. O motorista perguntou o destino e, antes que eu pudesse responder, você falou a rua, o número da casa e o bairro. Informações que eu poderia jurar que você nem lembrava mais.
    Começou a viagem de volta, aquela que seria mais cheia de lembranças do que sinais vermelhos. Passei pela praça que guardava nossa primeira conversa e pela esquina que você me cumprimentou pela primeira vez. Poderia até imaginar nosso primeiro beijo na rua daquela padaria que você gostava. Nós nunca entramos lá para saber se os bolos eram tão gostosos quanto o cheiro. Acho que eu poderia colocar isso na listinha de coisas que devemos fazer, né?
    Passei por ruas, esquinas e praças que faziam parte da nossa história. Cada um tinha um nome diferente – talvez sempre relacionados com políticos ou, sei lá, estados – mas, para mim, cada um tinha um momento diferente. O que marcava aquela esquina, aquela padaria ou aquela árvore não eram nomes. Eram lembranças. Beijos. Abraços. Sorrisos. Lágrimas. Nós.
    Cada pedaço da gente estava no caminho de volta. Pedi ao motorista para abrir a janela e aproveitei a brisa nos meus cabelos. Nesta altura do dia, nem me importava se ele fosse bagunçar ou não. Eu só queria chegar em casa.
    Desci do táxi, paguei a viagem e entrei em casa. Tudo escuro. É claro. 
    Depois de alguns minutos procurando a chave (Droga! Eu poderia jurar que estava embaixo do tapete…), abri a porta e o ar quente me encontrou. Joguei a bolsa no sofá, o casaco na cama e eu, na cadeira do computador.
    Sinal verde ao lado do seu nome. 
    Você estava louco para encontrar um wi-fi para entrar no Instagram postar a foto dos nossos sorvetes. E eu estava louca para saber se você tinha lido meu último texto. Vasculhei todos os comentários a procura do seu, de um anônimo ou alguém que eu pudesse dizer “é ele”. E você, colocou uma foto no Instagram. Não de sorvetes. A nossa.
    Você não me procurou e eu não me preocupei em te chamar. O sinal verde ao lado do seu nome sumiu e deixei o computador ligado enquanto tomava um banho. Quando voltei, tinha um SMS não lido. Era seu.
    Esqueci de dizer que adorei seu último texto. Aquele sobre nós (é, eu sei que é sobre nós). Aliás… Você sabe nos descrever melhor que ninguém. Espero continuar sendo sua inspiração. 

    Segurei o celular como se, assim, pudesse sentir cada palavra. Sorri involuntariamente. E, antes de cair no sono – sem tirar a maquiagem -, lembrei do nosso dia. Das nossas risadas. Dos nossos momentos. Da nossa praça. Dos nossos lugares. Da gente.

    OBS: Texto inspirado em um casal que vi hoje em uma praça. 

  • Reencontro

    Nós nos reencontramos no lugar de sempre. Você nem reparou no meu piercing no nariz. E eu achei impossível não reparar no seu novo corte de cabelo. Nosso reencontro tinha data marcada desde o nosso adeus e nós a cumprimos pontualmente. Era como se, de alguma forma, não houvesse alguns meses entre nossa despedida e hoje. Só um dia, um fim de semana ou um feriado prolongado.
    Você sorriu como nunca o vi sorrir. Eu tentei manter todos os meus risos presos em mim, mas não consegui repreendê-los. Era como se todos eles estivessem trancados em um baú durante todo esse tempo. E você era a chave que libertou-os.
    Sentamos no nosso banco favorito do campus. Ri de algumas piadas bobas suas e você disse outras só para ver meu sorriso. Deixei que as borboletas no estômago voassem livremente. Eu sentia falta delas… De tê-las por perto quando estava com você.
    Fiquei refletindo, enquanto escutava sua voz, se eu deveria me importar com meu coração. Passei todo esse tempo tentando ignorar seu rosto em minha mente ou parar de pensar nas suas últimas palavras. Tentei não olhar o sol, os fogos de artifício ou as estrelas durante todos esses meses. Era como se elas esfregassem na minha cara todas as suas últimas frases. Lembra delas?
    Você continuou com suas piadas. Eu, com meus devaneios. E a gente ficou assim durante um bom tempo. Você não fazia ideia do que se passava em minha cabeça. E eu não entendia metade das suas brincadeiras. Queria saber onde e com quem você aprendeu todas elas.
    As férias de você foram as mais longas da minha vida. A cada novo dia, eu escutava uma banda de rock diferente. Era como se os solos de guitarra e a bateria pudessem ocupar meu cérebro e calar meu coração. Este não cansava de chamar por você e eu não cansava de tentar ignorá-lo. 
    Mas aqui, enquanto seus olhos cor-de-mel brilhavam e uma mecha do seu cabelo quase loiro caía na sua testa, tive certeza de que, por mais que o tempo tenha nos separado, meu coração ainda chamava você do mesmo jeito, com a mesma intensidade. Eu ainda sentia tudo o que escrevi naquela carta. Sentia você da mesma forma que descrevi naquelas palavras.
    Eu não faço ideia de onde aquela folha está agora; no seu caderno, na sua pasta ou perdida em uma das suas gavetas. Mas sei onde – e como – está meu coração. Bem aqui e inteiro. Completo.
  • Shift + del

    Se tem algo que me orgulho é o quanto amadureci no ano que se passou. Principalmente, com relação as coisas que escuto e leio por aí. Aprendi a me conhecer melhor e, assim, a me importar menos com qualquer coisa que fosse mentira a meu respeito. 
    Quando a gente conhece cada partícula do nosso corpo, cada qualidade e cada defeito, fica mais fácil bloquear da mente – e do coração – todas as palavras maldosas que escutamos. Fazer isso não vai fazer com que elas sumam (talvez tenha até o resultado inverso), mas filtra o que vamos levar a sério e o que vamos jogar fora.
    Por que estou falando isso? Porque hoje me deparei com um comentário bem maldoso no blog. Não me importo quem foi e, garanto, não me abalo com nada do que falaram. Só o que me entristece é ver pessoas que perdem seu tempo tentando deixar outras para baixo. Sabe como eu enxergo isso? Falta de algo melhor para fazer na vida. Algo que preencha o tempo – e o rosto com um sorriso. E algo que traga o bem que elas almejam tanto e o bem que nós corremos atrás.
    Só estou escrevendo um texto por um motivo: por vocês. Sei que muitas blogueiras ou pessoas que colocam a “cara a tapa” na internet passam por isso. A gente, quando mostra o que somos e o que sentimos, abrimos nosso mundo para que qualquer um faça parte. E nem sempre eles precisam se identificar. Mas, ainda assim, entram pela porta que dá acesso ao nosso “eu” e começam a alfinetar tudo. Como se fossem donos de nós.
    Por isso, conheçam-se bem antes de deixar qualquer palavra abalar vocês. A gente tem mania de dar mais ouvidos aos que criticam do que aos que elogiam. Mania boba essa. Principalmente quando as críticas não chegam nem a 1% de tudo o que recebemos. O que temos que fazer é criar um disco rígido dentro de nós. Lá guardamos tudo o que vale a pena relembrar. E o que for inútil… Só dar um shift + del e deixar pra lá.
  • Seis atividades divertidas que ajudam a emagrecer

    No Natal e virada de ano, acabamos extrapolando um pouco e, assim, ganhando umas gordurinhas extras. É só depois que as festas passam que percebemos o quanto de quilinhos à mais nós ganhamos. E logo agora que estávamos quase chegando a nossa meta…
    Porém, o verão está aí e a praia/piscina nos chama todos os dias. Isso sem contar a preguiça que consome nossos corpos nessas férias, né? Dá vontade de ficar na cama o dia todo, só tomando sorvete de flocos e escutando música.
    Como também faço parte desse clube (alôw preguiça!), resolvi pesquisar atividades legais que ajudam a perder aquelas calorias chatas que ganhamos nas últimas semanas. Separei as minhas seis atividades favoritas para inspirar vocês a sair do computador por algumas horinhas e se dedicar a ter um corpo saudável. Aliás, essa é uma das minhas metas de 2013, lembram? Sair um pouquinho da vida online para aproveitar o mundo lá fora. Quem sabe eu não consigo unir o útil ao agradável?
    1. ANDAR DE BICICLETA
    Acho que todo mundo tem ou conhece alguém que tenha uma bicicleta, né? E também acho que essa é a atividade mais fácil de fazer e se adaptar. Além de ser um ótimo exercício, andar de bicicleta também é livre de custos. Ou seja: sabe aquele lugar que você vai de ônibus mas que não é tão longe? Dá para ir pedalando. E você ainda gasta entre 300 e 600 calorias (fonte). 
    2. ANDAR OU CORRER NA PRAIA
    Quem mora no litoral, pode aproveitar as praias para andar ou correr. Ainda dá para chamar as amigas e aproveitar o fim de tarde perto do mar. É um programa super divertido e saudável!
    Se na sua cidade não tem praia, vale aproveitar os parques, praças e ruas do seu bairro. O importante é praticar o exercício. E caminhar faz muito bem para a saúde, viu? 
    A caminhada pode te fazer perder entre 280 a 390 calorias. Já a corrida (na areia) vale 740 calorias a menos (fonte).
    3. ANDAR DE PATINS
    Quando eu era menor, tinha um par de patins e vivia andando com ele. Sempre reunia as amigas na rua e ficávamos horas apostando corrida e coisas do tipo. Acabei perdendo meus patins e só agora vejo como tê-los seria ótimo nessas férias, né?

    Andar de patins é outra atividade que você pode fazer com suas amigas e que, além de super divertido, ainda ajuda a perder aqueles quilinhos chatos. Vocês podem fazer a atividade na rua de casa, no parque ou até na praia. Em 30 minutos de exercício, vocês podem perder mais ou menos 350 calorias (fonte).

    4. PULAR CORDA
    Quem nunca teve uma corda quando era criança e vivia brincando com os amigos? Então, é hora de tirar a sua do armário ou comprar uma nova e voltar a “brincar”. A atividade pode ser feita em casa, sozinha, com os amigos ou até com seus pais. Dá para colocar sua música favorita e aproveitar! E o exercício ainda pode te fazer perder entre 350 e 750 calorias (fonte). 
    5. PRATICAR ESPORTES
    Os esportes são as atividades que mais nos ajudam a ter uma vida saudável. E o melhor é que há várias modalidades legais e diferentes para você escolher. 
    Esportes como a natação são ótimos, principalmente nessa época do ano onde o calor não dá uma trégua. Quando eu fazia, me sentia muito bem comigo e com meu corpo (menos com meu cabelo, mas isso é outro assunto haha). Ao sair da piscina, a gente se sente renovada, mais leve e até melhor. É um exercício ótimo! E você pode perder, em média, 350 calorias (fonte).
    Além disso, há outros esportes como futebol, handebol, vôlei… Esses, além de serem um passatempo super divertido, ainda são de graça. Basta ter uma bola e alguns amigos, né? Outro programa incrível para reunir o pessoal nas férias.
    6. DANÇAR
    Outra atividade que você pode fazer em casa, seja sozinha ou com as amigas. Basta colocar suas músicas favoritas para cantar e sentir-se uma diva da música. Cante, dance, pule… Sinta-se num palco. Além de ser super divertido (e ajudar muito a tirar o stress), a atividade ainda pode te fazer perder, em média, 200 calorias (fonte). Ótimo, né?
    Com tantas atividades legais aqui, fica até difícil escolher por qual começar. Seja qual for, lembre-se: ter um corpo saudável não se resume só a exercícios, viu? É super importante ter, também, uma alimentação saudável, principalmente neste calor. Substitua as comidas gordurosas por vegetais e legumes, os refrigerantes por sucos naturais e os doces por frutas. Vale, também, fazer uma visita à nutricionista. Além de tirar suas dúvidas, ela ainda vai fazer um cardápio super saudável pra você, adequando a dieta ao seu tipo de corpo e estilo de vida. E não esqueçam: bebam muita água, especialmente enquanto estiverem fazendo exercícios. 
    Agora quero saber de vocês: curtiram o post? Qual atividade gostam mais? Pretendem fazer alguma? Conta pra gente!
  • Fila do banco

    Nós nos encontramos na fila do banco aquele dia. Eu usava aquele tênis surrado de sempre. Você, uma camisa que te presenteei. Eu poderia reconhecê-la de longe. Fiquei semanas juntando o troco do lanche da escola só para comprá-la para você. Lembra?
    Tentei desviar mas você sentiu meu perfume. Não era por menos: foi você mesmo que me deu num aniversário há alguns anos. Eu nunca parei de usá-lo, sabia? Virou meu aroma. E, pelo visto, você não o esqueceu.
    – Você por aqui, Camy?
    Sorri sem graça. Não sabia o que dizer e não esperava sentir as borboletas no estômago. Meu coração já não tinha se acostumado ao vazio? Pensei que sim.
    – É… – hesitei. – Minha mãe pediu para pagar umas contas.
    Mordi a língua e tentei não falar mais nada. Queria perguntar se você ainda lembrava das manias dela. Ou das minhas. Sacudi a cabeça, tentando me livrar dos pensamentos que agora emergiam.
    Já estava ali e não poderia escapar. Fiquei atrás de você na fila, apenas esperando que o caixa fosse rápido o bastante para me livrar de tudo aquilo. Eu fugiria dali se a conta não estivesse atrasada há três dias. Minha mãe iria me matar se o preço aumentasse. 
    Mas quase valia a pena pagar alguns reais a mais só para me livrar de você. Eu poderia deixar a covardia me levar. Só que, lá no fundo, eu sabia que ela, literalmente, me custaria caro.
    A fila diminui e o silêncio aumentou. Seu perfume estava me entorpecendo e tentei não fixar minha mente nisso. Para passar o tempo, comecei a olhar outras filas. Outros rostos. Tentei sentir outros perfumes também e reparar nos garotos que usavam camisa xadrez. Não deu certo. 
    O único que atraía meus olhos não estava vestindo minha estampa favorita. Ao contrário. Usava uma camiseta verde, a cor que eu mais odiava no mundo. Lembro que, quando você abriu o pacote e deu de cara com ela, riu da minha expressão de nojo. Sorri com a lembrança. Você também vestia uma bermuda folgada, do tipo que meu pai nunca aprovaria.
    Olhei para a frente. Você estava no caixa, separando uns trocados e tirando a carteira do bolso. Tentei espionar para saber se você ainda guardava aquela fitinha da cidade de Aparecida. Lembra o quanto gostava dela?
    Suspirei. Você terminou suas obrigações e, com um sorriso, acenou para mim. Sorri em resposta e dei um passo para o atendente enquanto meu coração não conseguia se acalmar.
  • Conflitos de uma Paixão: capítulo 11

    Confira os capítulos anteriores.

    Matt continuava esperando uma resposta. Ansioso. Com medo. E, mesmo assim, seus lábios ainda se repuxavam em um sorriso e seu rosto encarava o meu. 
    – E então? – perguntou após alguns minutos. Ou segundos. Não sei. 
    Respirei fundo, tentando entender o turbilhão de pensamentos que passavam por minha cabeça. Senti como se eles tivessem se transformado em um tornado, destruindo tudo por onde passava. 
    – Matt, eu… – pigarreei, tentando limpar a garganta e sumir com a vontade de chorar. – Eu não sei. – confessei. 
    Matt continuou ajoelhado e puxou-me para o chão, fazendo-me ficar na mesma altura. Nós dois ficamos ali, ajoelhados na calçada, olhando os olhos do outro por alguns instantes. Finalmente, ele quebrou o silêncio enquanto limpava uma lágrima em meu rosto – lágrima que nem senti quando esta ganhou vida. 
    – Mandy… – hesitou. – Mandy, eu… Eu sei que fui um idiota. – suspirou fundo e entrelaçou nossos dedos. – Aliás, idiota é pouco. – neguei com a cabeça e ele sorriu, assentindo. – Mas desta vez eu quero fazer diferente. Agora que sei que o que sinto é recíproco, eu não posso te perder. Entende isso? 
    Assenti e ele sorriu. Eu ainda estava paralisada, entorpecida demais, para usar minha voz. Não sabia onde ela se encontrava. 
    Matt continuou com seu olhar firme no meu. Apertou minha mão e continuou: 
    – Eu te amo. – sussurrou. – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo! Eu queria dizer cada “eu te amo” que guardei nesses últimos anos. Quero que, nos próximos, a gente não precise esconder essa frase. – ele sorriu e, pela primeira vez, tirou seus olhos dos meus. – Não quero que a gente precise guardar todas essas declarações. Você sabe o quanto odeio deixar acumular… – Ele deu um sorriso forçado e eu o imitei. 
    – Eu te amo. – disse, por fim. – Eu te amo e vou arriscar pular desse penhasco com você. – sorri. – Acho que essa é a definição mais apropriada para nós. Pelo menos, no momento. 
    – Eu entendo. – Ele voltou a olhar meus olhos e, com um sorriso – desta vez, verdadeiro – completou: – E quero ser seu paraquedas, seu salva-vidas. Quero ser aquele que, caso você cair, você saiba que estarei lá por você. Ou, na pior das hipóteses, que vou pular atrás. – Ele acariciou minha mão e, com a outra, ergueu a caixinha preta com o anel. – Amanda Jones. – Disse, sorrindo. – Aceita ser, e desta vez, de verdade, minha esposa? 
    – Aceito. – sussurrei, trêmula. 
    Matt colocou o anel em meu dedo, sorrindo de um jeito que nunca o vi sorrir antes, aproximou nossos rostos e, antes de me beijar, sussurrou outro “eu te amo”. Minha resposta foi tardia demais para ser audível. 
    Levantamos da calçada, risonhos com a situação, e entramos no pub que, há alguns anos atrás, foi o local do início desta confusão toda. Nós conseguimos sentar na mesma mesa e, rindo, ficamos relembrando alguns momentos da universidade, das nossas saídas e até da nossa vida atual.
    E ficamos ali, no local onde tudo começou, tentando começar uma outra fase. A nossa.
  • Doi(smile)treze

    Dois mil e doze. Caramba. Dá para acreditar que outro ano se passou tão rápido? Podia jurar que foi ontem o dia que estava preparando tudo, organizando o quarto e sentindo o cheiro bom das gordices que minha mãe preparava. Se não fosse o calendário ali no canto da tela, eu diria que estamos, sei lá, em junho ou coisa assim.
    Acho que tudo isso é sinal de como 2012 foi tão bom. Entre tantas conquistas e tantas caídas, o ano conseguiu ser, sem dúvida nenhuma, um dos melhores. Fiz 18 anos, entrei para a faculdade de Jornalismo, o blog está cada vez mais dando certo e fiz amigos que levarei para sempre. 
    Mas sou um ser humano e não me contento fácil. Não é assim que funciona tudo? 
    2013 está quase aí e, enquanto escrevo esse texto, já estou pensando nos desejos que quero realizar nestes próximos 12 meses. A gente tem mania de querer só as coisas boas e, quer saber? Quero um pouquinho das ruins, também. É só quando elas aparecem que conseguimos dar o valor – o merecido – ao que é bom. 
    Que 2013 traga 2013 razões para sorrir. Que estes novos 365 dias tragam 365 momentos inesquecíveis. Que estas 52 semanas tragam 52 novos rostos diferentes. Que cada hora, cada minuto e cada segundo possa valer a pena para todos nós.
    E, o mais importante: que 2013 seja cheio de saúde, paz, amor e sucesso. Que neste novo ano que se inicia, sonhos se tornem realidade. E que a realidade seja valorizada.
    Desejo a todos vocês uma ótima virada do ano. Desejo tudo de bom nestes novos dias que vêm pela frente. E que este ano não passe tão rápido assim. Afinal, a gente precisa de um tempo maior para perder os quilinhos extras que vamos ganhar esta noite, não é?
  • Conflitos de uma paixão: capítulo 10

    Confira os capítulos anteriores.

    Matthew dirigiu, sem nenhuma pressa, focando-se somente na estrada. Ficamos em silêncio e isso me incomodou. Não queria dar espaço aos pensamentos que, agora, insistiam em forçar sua presença. 
    – Matt – chamei-o, procurando algo em minha memória para falar. Encontrei uma desculpa, no mínimo, aceitável. – Eu deveria estar na biblioteca. 
    – Sem problemas. Só me dê seu celular. – Pediu, ainda com os olhos fixos na estrada à sua frente. 
    Hesitante, fiz o que ele pediu. Entreguei-o o aparelho e ele passou a dirigir com uma só mão. Pela primeira vez, olhei a estrada à nossa frente. Não fazia ideia de onde ele queria chegar. 
    Matthew procurou um número nos contatos e apertou o send. Esperou alguns segundos até falar. 
    – Alô! – Respondeu. – Aqui é Matthew. – Esperou alguns segundos. – Isso mesmo. O marido da Amanda. – Ele sorriu ao som da palavra e eu me arrepiei. Ainda não me acostumara com tudo aquilo. – Sim, entendo. – respirou e continuou. – Amanda não vai poder ir hoje, desculpe. – Ele escutou e respondeu, sorrindo. – Ela precisou dar uma saída comigo. 
    – Diga que, se precisar, eu troco de turno com a Clarice. – Comentei. Clarice era a garota que lia para as crianças no período da tarde. 
    Matt colocou o dedo indicador na boca e fez um shhh
    – Não sei se ela pode ir à tarde. Mas amanhã ela vai. 
    Matthew desligou o telefone e me entregou. Ele ainda sorria. 
    – Não entendi todo esse sorriso. – comentei. 
    – Não é nada… – Respondeu, sorrindo ainda mais. – Ok. É sim. – Ele suspirou. – É que aquele seu amigo atendeu o telefone. 
    – Amigo? – Perguntei, confusa. Desde quando Matthew conhecia meus colegas de trabalho? 
    – Silvio… Stênio… Sei lá o nome do indivíduo! – Ele riu. 
    – Stuart? – Tentei, incrédula. 
    – Esse aí. 
    – E como você o conhece, Matthew? 
    – Chegamos, Mandy! 
    Matt parou o carro e, antes que eu pudesse ver onde estávamos, puxou meu rosto para ele. 
    – Eu sei mais sobre você do que você pode imaginar, Mandy. – Ele respondeu, sussurrando. – Agora – respirou – quero que você feche os olhos. – Ele olhou minha expressão confusa e riu – Só para sair do carro. Se não, estraga a surpresa, amor. 
    Obedeci ao seu pedido sem pensar duas vezes. Era a primeira vez (a primeira em muito tempo) que Matt era tão carinhoso comigo. E tinha me chamado de amor! 
    Ele deu a volta e abriu a porta do carro. Ainda com os olhos fechados, ele me virou e colocou suas mãos sobre eles para me impedir de ver qualquer coisa. Não que eu fosse trapacear. 
    Antes de tirar suas mãos do meu rosto, Matt me parou e ficou alguns segundos ali. Não fizemos nada nem falamos, tampouco. Ele abaixou suas mãos, deixando-as em minha cintura. 
    – Aqui estamos nós de novo. – sussurrou perto de meu rosto. – Tudo começou aqui, Amanda. – ele respirou fundo. – Foi aqui que essa confusão teve início. Há alguns anos, neste mesmo lugar, eu te falei sobre os planos do meu pai e você aceitou. – Ele apertou suas mãos na minha cintura e uma lágrima desceu de meu olho. – Nós começamos aqui e queria que recomeçássemos no mesmo lugar. – Ele deu uma meia volta e ficou de frente pra mim, ainda com a mão na minha cintura. 
    Limpei a lágrima que escapou enquanto ele olhava para mim, sorrindo. Tentei sorrir também, ainda confusa por tudo aquilo. 
    Matthew se ajoelhou na calçada. Ainda olhando em meus olhos, sem desgrudar deles por nem um segundo, Matt pegou minha mão e beijou-a. Pegou um embrulho dentro da calça – com um pouco de dificuldade, o que nos arrancou alguns risinhos – e o abriu. 
    Era uma caixinha preta. 
    Ele estendeu-a para mim, mostrando o conteúdo da tal caixinha. Era um anel. 
    – Amanda… – Sussurrou. – Aqui nós começamos nossa, digamos, vida juntos. Só que, – ele olhou para o anel por um momento e voltou a encarar meu olhar – nada foi do jeito que eu queria. E eu quero recompensar isso, recomeçar. – Ele respirou fundo, tomando coragem, e disse. – Aceita ser minha esposa? E, desta vez, de verdade? 
    Encarei seus olhos, paralisada com o pedido. Não sabia se aquilo era real, se era um sonho ou se, por alguma ironia da vida, o destino estava sendo bonzinho comigo. 
    Eu não sabia o que responder. 
    Um lado meu queria sair correndo e me esconder em algum lugar. Se fosse um sonho, eu acordaria logo. 
    Outro queria dizer sim. Mas, do mesmo modo, esse lado conhecia meus medos. E era isso que bloqueava meus pensamentos, minha razão. E meu coração.
    Eu não tinha certeza de que lado queria escutar.
  • Hiatus de fim de ano

    Hoje foi um daqueles dias típicos de fim de ano. Organizei o quarto. Limpei a bagunça. Tirei o pó que estava embaixo da cama e encontrei aquelas coisas que a gente só encontra quando não precisa. Dei um fim na sujeira do quarto, do computador e da memória do celular. E por último: do coração.
    São nesses últimos dias do ano que eu me fecho para balanço. Coloco os prós e os contras dos doze meses que se passaram e separo tudo aquilo que vou deixar em 2012 e o que vou aprimorar em 2013. É nesta etapa do ano que esqueço as dores e dou prioridade às alegrias. É, também, nesta época do ano que deixo as lembranças tomarem conta. Não por saudade. Mas para ter certeza de que outros anos virão e elas vão permanecer em algum lugar de mim.
    A gente tem aquela mania de acreditar na frase “ano novo, vida nova”. Sabe, besteira. Como vi em alguma propaganda na TV, não é o último segundo do ano que deve definir o que vamos ser. Não é às 23h59min do dia 31 de dezembro que vamos escolher que personagem nós iremos dar vida nos próximos 365 dias. Essa escolha tem que ser feita a partir de agora. Neste segundo. Neste minuto. 
    Não é 2013 que vai mudar as perspectivas, nem os sonhos e nem as esperanças. A gente tem que parar de deixar pra amanhã – ou para o ano que vem – as mudanças que não temos coragem de enfrentar agora. Temos é que parar de sentir aquele frio na barriga ao usar nosso batom favorito. Ou aquela roupa que era tendência há um ano. Temos é que desistir do medo e, acima de tudo, deixar lá embaixo do baú tudo o que falam e pensam sobre nós. E aí, trancar com uma chave e jogá-la fora.
    Agora, para esses últimos dias de 2012, estou trancada. De tudo. Sentimentos, novidades e qualquer coisa que resolvi deixar para trás. Deixei alguns amores, poucos medos e mínimas dores em 2012. E ele pode aprisionar tudo isso. Para os próximos doze meses… Bom, ainda não sei bem o que quero. Mas, seja lá o que for, já preparo desde agora. E o resto, o resto eu decido assim que estiver pronta para sair do hiatus e encontrar o mundo. A realidade. E eu mesma.