Category: Textos

  • É permitido sonhar?

    É permitido sonhar?

    Talvez esse texto fique confuso. Talvez faça sentido apenas para mim. Talvez seja só um meio de colocar pra fora alguns pensamentos em excesso na cabeça. Eles merecem sair – e esse é meu jeito de impulsionar essa fuga.

    Não existe um dia sequer que eu não pense sobre sonhos. Sei dizer quando começou? Que nada! Mas alguns momentos foram cruciais para essa repetição monótona:

    – Um projeto no trabalho voltado a adolescentes

    – Divertidamente 2

    – Crises e mais crises sobre “sucesso”

    Um contexto importante: eu fiz 30 anos há poucos dias. A ideia de entrar na terceira década de vida nunca foi tão pesada para mim. Até ano passado. Quanto mais próxima, mais questões surgiam. Mais comparações. Mais “e se”.

    Até que cheguei na pergunta: qual é o momento que a gente para de sonhar? Não aquelas cenas misturadas que aparecem na mente ao dormir – isso aqui continua. Mas a vontade de conquistar algo, seja lá o que for.

    Minhas crises sobre o tal sucesso me levaram a descobrir que eu abandonei tudo que idealizei. A vida virou a faculdade, o estágio. Aí veio o trabalho, a casa, as responsabilidades, os freelas para completar a renda… O que eu queria construir, apesar de ser a minha prioridade, nunca foi de verdade. Afinal, como algo pode ser mais importante do que sobreviver?

    Será que eu sou fraca ou a vida é dura demais para permitir sonhar? Será que a necessidade de me manter congelou minhas emoções? Será que joguei minha vontade para o fundo do poço para não criar mais uma ferida?

    Foi durante o tal projeto para jovens que eu encontrei a resposta. Ou inventei uma, que seja. A habilidade de sonhar só funciona quando existe espaço para ela. E quanto mais crescemos, menor é esse espaço. Porque é preciso dividir o ambiente com outras coisas mais concretas. Mais reais.

    Como sonhar com o futuro se eu preciso viver agora? Como planejar o amanhã se mal consigo dar conta das atividades de hoje? Como correr atrás dos meus sonhos se, após um dia exaustivo, eu só consigo me jogar na cama?

    De verdade? Não sei a resposta para nada. Talvez a habilidade de sonhar e realizar seja exclusiva para um grupo muito seleto de pessoas. Talvez eu não seja persistente o suficiente para alcançar. Talvez seja karma. Talvez eu sonhe errado. Talvez, talvez, talvez.

    Ou quem sabe o roteirista de Divertidamente 2 tenha respondido tudo com apenas uma frase. Talvez seja isso que acontece quando você cresce… Você sente menos alegria.

  • Abri e escrevi… Simples assim

    Faz tempo que eu não abro uma página em branco apenas para escrever o que vem à minha mente.

    E prometi a mim mesma que faria isso sem muita edição. Abri a página do blog, criei um novo post e estou escrevendo o que dá na telha. Sem lapidar pra ficar poético ou bonito, sabe?

    Até porque o cru também pode ser belo.

    Eu não explicar em que parte do meu caminho eu parei de abrir meu coração aqui. Era um hábito fácil, leve, benéfico. Algo acontecia e, imediatamente, eu tentava compreender por meio de palavras – as minhas próprias. Nunca foi um fardo. Pelo contrário. Era… natural.

    Tá, eu sei que a vida ficou confusa. Tivemos uma pandemia que alterou a nossa rotina, corpo e mente para sempre. O que antes era apenas um www no navegador se tornou dezenas de aplicativos com formatos, linguagens e conteúdos diferentes.

    Ao mesmo tempo que existem tantos terrenos pra explorar, o espaço foi ficando cada vez mais curto. E como entender o que sentimos quando o algoritmo nos obriga a ter sempre algo pra dizer?

    O sentimento e criatividade também são sensíveis em meio ao caos.

    Mas não foi só isso. Por mais que o cenário não seja tão promissor, o ambiente interno também tem seu espaço de responsabilidade. Faltou o que dizer. Faltou me entender. Faltou sentir.

    A vida se complicou, ao mesmo tempo que parecia se ajeitar. Tentei correr do que alguma versão minha do passado sonhava. E me encontrei em uma realidade onde só sobrou frustração. O tempo foi embora. E tudo que (não) vivi também. Como a gente recupera a única coisa que é irrecuperável?

    Sonhos antigos voltaram. Vontades passageiras se foram. Frustrações novas e antigas viraram uma bola de neve. O que parecia bom já não era suficiente. O que parecia suficiente já não era tão benéfico.

    E, quando percebi, tinha deixado de sentir. Tinha perdido partes de mim que eu julgava essenciais. Mas como encontrar em meio à imensidão que somos?

    Eu não tenho respostas. Mas venho tentando encontrar soluções, mesmo quando a falta de vontade é grande. Não é fácil construir hábitos, principalmente quando se perdem em meio à rotina. Mas eu já fui assim em algum momento – e não era tão difícil. Se posso estar lá pelos outros, talvez, eu consiga por mim também.

    Estou (re)começando por aqui. Aos poucos. Com um pouquinho de obrigação no início, confesso. Porém, com vontade de encontrar, por meio de páginas, palavras e até sentimentos, quem já fui um dia.

    Não é uma trajetória rápida. Muito menos fácil. Mas posso tentar. E, no fim do dia, isso já não é válido?

  • O blog é passado ou virou alternativa pro futuro?

    Talvez ninguém leia este texto. Talvez ele viralize em alguma rede social. Ou talvez alguém acesse organicamente porque, sei lá, lembrou de um blog que visitava há alguns anos.

    É complicado falar de algo quando a nostalgia é tão intensa, sabe? A blogosfera foi um momento fundamental para a internet que vivemos hoje. Foi por meio de centenas de blogs (como este) que nós conhecemos os primeiros influenciadores – quando nem chamavam assim. São milhares de páginas publicadas com sentimentos, dicas, informações importantes e conteúdo produzido por pessoas comuns.

    Pessoas que tiveram o futuro inteirinho transformado porque, em algum momento da vida, resolveram criar um www.

    E é engraçado pensar que tudo isso aqui começou com gente tímida, sem coragem de expor pro mundo o que sabia fazer. Anos depois, ser influenciador virou um negócio que já começa como plano de carreira e tudo.

    A verdade é que a internet se tornou um espaço que ninguém entende direito. O que antes era feito apenas em uma guia de computador, hoje se tornou dezenas de aplicativos no celular. De rede em rede social, saímos do blog único, sozinho, para produzir conteúdo em formatos, locais e algoritmos diferentes.

    Cada rede social é uma junção de termos exclusivos, com suas próprias regras de funcionamento. Quer postar foto? É no lugar tal. Vídeo curto funciona melhor no X. Mas se tem um minuto ou menos, então passa pro Y. Não é legal postar muito no aplicativo A, ao contrário do B que precisa de quantidade pra entregar bem.

    Nós, criadores da era 2010, funcionávamos em um processo individual, onde cada um criava sua própria regra para produzir. Era incrível ter seu próprio cantinho, com a foto do jeito que você gosta e editada da forma que acha melhor. Se era texto, vídeo ou imagem, a decisão era só nossa. Não tinha nada acima. Apenas o que queríamos fazer.

    Ninguém sabe onde as redes sociais vão nos levar. Se teremos um espaço pra publicar foto, um texto longo ou um vídeo de bate-papo. Se a nova geração vai mudar o consumo da informação. Se nós, galera das antigas, vamos nos adaptar.

    Blogosfera

    A verdade é: não sei. E também não faço ideia se alguém tem a resposta. Mas uma coisa é certa: os blogs sempre estarão aqui de braços abertos, com a liberdade que nenhuma rede social jamais ofereceu. Uns dizem que é passado. Eu prefiro acreditar que é uma ótima solução pro futuro.

    Talvez a resposta para o “problema” das redes sociais seja muito óbvia. Ou muito saudosista. Ou complicada demais porque não somos os mesmos.

    Mas eu imagino uma realidade paralela, onde acessamos o feed do Bloglovin’ como uma rede social de… Blogs. Nem precisaria acessar um por um, sabe? Era só ler o que amamos, sem limites. Só não sei se o hábito de consumir o que é curto e rápido já avançou a ponto de não ter como recuperar mais.

    Este texto não contém respostas. Mas eu gostaria de abrir um diálogo, como nos velhos tempos. Você ainda lembra como é a sensação de comentar em um blog? Conta aqui embaixo a sua opinião!

  • Pela metade

    Tudo que eu queria era me sentir amada. Não do jeito que você acreditou que seria, mas da forma que eu precisava. Não da maneira que você pensou ser a correta, mas com os elementos que eu sempre quis.

    Nosso amor foi um copo com água e óleo que não se misturam. A gente até tentou, mas é impossível mudar o imutável. Transbordamos, não da forma que eu esperava, mas de um jeito que bagunçou tudo ao redor.

    Foi mais de você ou mais de mim. Nunca na proporção ideal. Nunca no equilíbrio que eu precisava.

    Nós transbordamos nas surpresas que você não fez. Nas vezes que eu não soube ouvir. Nas flores que não me deu. Nos dramas que minha cabeça inventou. No recomeço, escrito em um bilhete há 6 anos atrás, que virou apenas promessa em um papel. Nas vezes que eu não agradeci os esforços. No romance de contos de fada que você não queria seguir. Nas brigas que eu exagerei. Nas cartas que você nunca escreveu. Nas nuances que eu nunca percebi. Nos floreios de momentos simples que você nunca enxergou serem necessários. Nas marcas de etapas e inícios que nunca foram celebradas.

    Talvez eu quisesse o que você não podia dar. Talvez tudo isso fosse demais. Ou, simplesmente, talvez seu amor não seja igual o meu.

    Eu me anulei tentando caber em um espaço que não era pra mim, com formatos que eu nunca conseguiria me desconfigurar para passar. Deixei de esperar o que acreditei merecer por vivenciar um formato de amor que não era meu. Não encontramos o nosso no meio. E, assim, transbordamos.

    Meu maior desafio sempre foi chegar em um meio termo. Um pouco de romance na rotina exaustiva. Um pouco de rotina na minha bagunça. Algo inesperado de vez em quando, sem precisar de grandes alardes na véspera.

    Eu não consegui encontrar esse ponto que ficava bom pra nós dois. Um meio do caminho que não era tão confortável, mas nem tão incômodo. Não sei se deveria ter deixado assim mesmo ou abandonado o caminho logo no inicio. Não sei se a solução está na próxima via ou se ela nunca virá. Eu não sei se desisto ou se tento mais uma vez.

    A única coisa que eu sei é que cansei de me perder. Cansei de me dissolver em frações de momentos que não eram para mim. Cansei de me anular e duvidar se eu realmente mereço o que eu quero. Cansei de me culpar ou me sentir inferior. E não sei se consigo mais esperar, porque é isso que tenho feito desde que entrei nessa rota.

    Teria sido incrível se a gente encontrasse o meio do caminho. Mas acho que, no fim das contas, nenhum de nós quis se aventurar, mesmo que pela metade.

  • Produtos proibidos para pele oleosa: como eles te impedem de usar o que gosta?

    Você já pesquisou “o que não usar na pele oleosa” ou algo do tipo no Google? Então, nós precisamos conversar sobre como essa “proibição” te afasta de usar o que realmente curte! Já adianto que será um post repleto de questionamentos que vão te tirar da sua zona de conforto. Preparada?

    O que não usar na pele oleosa?

    E eu nem vou esperar muito para já deixar uma pergunta no ar: por que oleosidade incomoda tanto?

    Ok, talvez você responda que o problema de ter pele oleosa não é beeem a oleosidade, mas sim a sensação “grudentinha”, a tendência pra acne, cravos e poros mais dilatados. Só que mesmo tirando isso tudo, você já percebeu que a gente está sempre evitando o “brilho” da pele? E me refiro à aparência, mesmo…

    Nós costumamos achar feio qualquer brilho “fora do lugar” no rosto. É só a pele começar a apresentar um viçozinho que, nossa… É o fim! Eu sei que você passa por isso, miga. Já estive aí!

    Por que oleosidade incomoda?

    Eu era a pessoa que vivia buscando o que não usar na pele oleosa, só comprava maquiagem matte e qualquer vestígio de brilho na pele já era motivo para me desesperar. Acho que, no fundo, era tipo a história da Cinderela: eu estava lá, vivendo meu conto de fadas com uma pele sequinha, até chegar a oleosidade pra lembrar que todo o encanto chegaria ao fim.

    Hoje, eu me pergunto: por que a gente acha a oleosidade feia? Será que é por nos lembrar que, embaixo daquelas camadas de maquiagem, existe uma pele real?

    Maquiagem leve em pele negra

    Pensa só: uma pele de verdade não é opaca. Se você se olhar agora no espelho, com certeza verá um viço aqui e ali. Além disso, a pele tem texturas, marcas, manchinhas… Tudo coberto e/ou disfarçado pela maquiagem. Então, seria a oleosidade mais uma dessas características normais que a gente tenta desumanizar?

    Por que é tão ruim aparecer um viço após algumas horas? Por que a gente sente vergonha ou acha feio?

    O que não usar na pele oleosa diz sobre nós?

    Nós, como sociedade, temos mania de tentar alcançar a perfeição, nos afastando do que é real, humano. É por isso que buscamos uma maquiagem que tampa todas as nossas “imperfeições”. Aliás, nome bem ruim, né? Por que chamar acne, manchinhas e linhas de imperfeições se são apenas características?

    De novo: não queremos o humano, queremos o perfeito, a pele lisinha, sem “problemas”.

    E você, até então, pode estar pensando que o problema não é a aparência da oleosidade, mas a sensação. Então, te pergunto: você usa base hidratante? Faz maquiagem sem encher o rosto de pó? Usa muito iluminador?

    O que não pode usar na pele oleosa em maquiagem

    Se qualquer uma dessas situações te dá calafrios, então, sim, o problema é a aparência. Até porque ensinaram a gente que oleosidade é feio. É por isso que buscamos tanto “o que não usar na pele oleosa”…. Associamos à algo ruim, imperfeito. E ninguém quer se sentir assim, né?

    Para que serve a maquiagem, afinal?

    Eu, por muito tempo, buscava na base matte e de alta cobertura a solução para todas as características que me fizeram acreditar que eram imperfeições. Era uma solução fácil, tipo Fada Madrinha da Cinderela, para me ver “bonita” por algumas horas. E por bonita eu me refiro a não visualizar tudo aquilo que a sociedade acreditava ser feio: manchas, espinhas, textura, olheiras e, claro, a oleosidade da pele.

    Para mim, nunca foi sobre sensorial. Porque eu nunca tinha experimentado sentir, só evitei porque alguém me disse que deveria evitar.

    E olha só… Hoje eu sou apaixonada por uma pele com viço e, bem, com cara de pele real. A aparência opaca não me brilha mais os olhos porque parece uma boneca de cera – e não quero ser uma boneca, quero me sentir linda com tudo que me torna humana. Não que eu não use algo matte nunca mais, mas eu tento sempre tornar o menos “inalcançável” possível.

    Maquiagem para pele oleosa

    Até porque isso nem é saudável pra mim, não é uma pele real ali. Eu quero, e preciso até, ver beleza no que está ao meu alcance. Se não, o que serei além de frustrada por não alcançar o inalcançável?

    O que não usar na pele oleosa x o que você curte?

    Por muito tempo, “o que não usar na pele oleosa” me afastou de usar o que eu realmente gosto. Eu demorei muito pra ver beleza no viço, na textura da pele, nas manchinhas. Hoje, eu amo uma maquiagem mais leve, mesmo aparecendo minhas características, e com brilho sim. Porque é isso que me faz sentir mais que bonita, me faz sentir viva.

    E tá tudo bem, sim, gostar de uma pele matte. Mas a gente precisa questionar de que lugar vem essa preferência… É por que a vida inteira demonizaram a oleosidade (junto com as características de uma pele real) ou por gosto, mesmo?

    Não cabe a mim responder. Porém, vale buscar essa resposta aí dentro… Vai que?

  • Maquiagem da Olivia Rodrigo: precisa de make pesada pra ser estilosa?

    Eu estou muito no mundinho Olivia Rodrigo, sim! A atriz, cantora e compositora de apenas 18 anos, que conquistou o mundo com seu single drivers license, acabou de lançar o álbum SOUR. E não é que viciei? Mas não só nas músicas como, também, na maquiagem da Olivia Rodrigo!

    Maquiagem da Olivia Rodrigo

    Ok, você pode estar pensando “mas o que a maquiagem da Olivia Rodrigo tem demais”? E eu te digo: tudinho, miga!

    Make do Instagram é feita para o online ou offline?

    A luta pelos likes e pela atenção do seguidor é bem acirrada em tempos de Instagram, né? Inclusive, na maquiagem! Afinal, é necessário chamar a atenção em poucos segundos para aquele conteúdo. E quanto mais colorida, diferente ou incrível for a make, melhor!

    O delineado precisa ser milimetricamente preciso. A sombra, perfeitamente esfumada. A pele, totalmente lisinha. Como eu já falei em um dos vídeos do canal, a maquiagem do Instagram funciona porque é para o Instagram. Tanto que, raramente, fica ok na vida real!

    Acontece que o Instagram é uma rede online, que até é formada por cenas da vida real, mas não necessariamente é a vida real. Se maquiagem para o Instagram precisa ser mais forte, mais intensa ou mais “editada”, então por que, no dia a dia, a gente quer ter aquela aparência? Ou, inclusive, por que cobramos esse visual (da gente e dos outros)?

    Aí vem um ponto importante: uma maquiagem só é bonita se for aquela do Instagram? Ela só é considerada bem feita se for cheia de passos e marcações? Uma pessoa só é estilosa e boa na make se souber fazer aquele visual?

    Pois bem… Pode entrar, Olivia Rodrigo!

    Maquiagem da Olivia Rodrigo: leve, natural e cheia de estilo, sim!

    Olivia Rodrigo cresceu e convive com a internet. E sua maquiagem é assim: leve, natural, quase imperceptível. Em meio a um mar de conteúdos – produzidos até por crianças – com mil passos de maquiagem, marcações e técnicas para “chamar atenção”, a cantora conseguiu se destacar mesmo com seu look mais “simples”.

    Olivia na Disney

    E calma: não é que ela é melhor ou pior do que alguém que faz uma make mais pesada. Mas a gente convive tanto com esse tipo de visual que qualquer coisa fora disso parece “sem graça”. Talvez porque a maquiagem da Olivia Rodrigo, que é mais leve, dá impressão de ser mais fácil de alcançar? Então, a galera perde o interesse por não bater curiosidade pela complexidade? Talvez.

    Mas uma coisa não podemos negar: ambos fazem parte de um estilo. E isso a Olivia Rodrigo – e qualquer pessoa que prefere uma maquiagem mais natural – tem de monte, sim!

    Como o estilo da Olivia Rodrigo é poderoso e ao mesmo tempo “natural”?

    Bom, acho que vocês já entenderam onde quero chegar, né? Não é porque a maquiagem da Olivia Rodrigo (ou a sua ou de qualquer pessoa) é mais leve que significa não ter estilo. Afinal, tudo é estilo se comunica algo sobre você!

    Make da Olivia Rodrigo em good 4 u

    E é aí que mora o segredo: sua maquiagem precisa ser sobre você, não sobre os outros nem sobre o Instagram. O que você gosta? Quais são as suas prioridades? O que te faz sentir bonita? Se é a maquiagem pesada e colorida, tudo bem. É a make mais levinha e natural? Ok também. Caso seja literalmente nada, está legal do mesmo jeito!

    O fato é que a maquiagem leve não é mais fácil que uma maquiagem pesada. Nem mais difícil, mais bonita ou mais feia. Nem melhor ou pior. É apenas mais um estilo de make que conta com técnicas específicas, muito aprendizado, treino e, claro, beleza!

    O que o estilo da Olivia transmite?

    Voltando para a Olivia: ela tem apenas 18 anos e já alcançou diversos recordes com seu trabalho. Se isso não é ser talentosa, poderosa e inteligente, então o que é?

    Será que a gente precisa mesmo de um batom vermelho para ser, demonstrar ou se sentir poderosa? Ou seja, se uma pessoa não curte make, então ela nunca vai conseguir transmitir seu poder? E mais: por que alguém não pode ser vista como estilosa de forma mais natural? Ou a beleza só existe atrás de camadas de make e roupa?

    Maquiagem da Olivia Rodrigo

    Olivia pode ser e parecer poderosa, estilosa e determinada com uma maquiagem natural, sim. Ela, você e eu podemos ser experts em maquiagem sem, necessariamente, querer fazer a make do Instagram. Afinal, não é sobre quantidade de produtos ou o quão complexo é. Mas, sim, sobre o resultado ser bem feito!

    Inclusive, existem diversas maquiadoras incríveis e super profissionais que fazem apenas looks mais levinhos, como a Vanessa Rozan, a Savana Sá e a Ingrid Bellaguarda. Assim como existem muitas pessoas incríveis fazendo automaquiagem sem ser aquela do Instagram e de forma impecável.

    Olivia Rodrigo em Good 4 u

    O que quero com este post é dizer que, assim como a maquiagem da Olivia Rodrigo é leve, natural e tem estilo, a sua também pode ser. Afinal, estilo é tudo o que gostamos e forma quem somos, sem importar o que vão pensar. Só o que você vai sentir.

  • Hoje eu acordei com saudade de você

    Faz tempo. Muito tempo. Tempo até demais desde que eu acordei com saudade de você.

    Todo dia tem sido difícil começar e terminar o dia tentando te encontrar. Nunca foi sobre mim, foi sobre você. E saber que te perdi no percurso só me faz ansiar, ainda mais, pelo nosso reencontro.

    A vida por aqui tem sido estranha. Objetiva demais. Robótica. Numérica. Com os coraçõezinhos na tela, mas sem emoção alguma por trás dela.

    Eu escrevo sobre tudo, menos sobre nós. Sobre você. Sobre mim. Sinto falta de quando a gente se encontrava à noite, quando você aparecia minutos antes de eu finalmente encostar no travesseiro.

    Dormir sem esse reencontro era quase improvável. Você me motivava a me (re)encontrar, me desafiar, me entender.

    E onde tudo isso foi parar? Onde eu deixei de te ter aqui?

    Hoje eu acordei com saudade de você. Queria saber se ainda estava por aqui, se minhas palavras ainda faziam parte de mim. Se elas ainda podiam me relembrar como era quando você estava por aqui.

    Foram tantas horas juntos tentando nos entender. Muitas noites em claro procurando respostas. E talvez eu tenha encontrado aquela que preciso hoje: a saudade de ti me fez te (re)encontrar.

    Ou, pelo menos, me colocou no trilho que me leva até você. Mas estou no caminho certo? Não sei.

    Só sei que hoje acordei com saudade de você, coração. De te ter à frente de tudo, guiando minhas palavras para finalmente entender o que acontece.

    Espero te ver novamente por aí. Espero (re)encontrar as palavras que por tanto tempo me escaparam.

    O que a gente ama nunca se desconecta de nós. Não importa quanto tempo avance, sempre estará lá. No fundo, escondido, talvez. Mas lá.

  • Nosso universo particular

    Nós estávamos em meio a telões coloridos, com o mundo quase literalmente à nossa volta. Eu poderia jurar que era um filme – o cenário era o mesmo daqueles que assistimos tantas vezes pela tela do celular, deitados na sua cama enquanto sonhávamos criar nossa própria cena. Você mudou do vermelho pro amarelo em milésimos de segundo. Só que minha cor favorita estava longe de ser transmitida ali – só seus olhos eram capazes de refleti-la.

    Você me beijou e eu poderia jurar que, em algum momento, alguém gritaria “corta”. Eu não era capaz de cortar. Queria parar o tempo naquela cena, no milésimo de segundo em que nossos lábios formaram um caleidoscópio apaixonado. Era de noite, mas eu me sentia em meio à aurora.

    Sua mão tocou a minha enquanto me levava para aquele maremoto de pessoas. Era o lugar mais movimentado do planeta, mas nem todos os sotaques e palavras irreconhecíveis conseguiam me tirar do nosso universo particular. O barulho era alto e eu só tinha ouvidos pra você.

    A fina chuva começou a despencar do céu, de nuvens que eu nunca enxerguei. Pela primeira vez em quatro semanas, eu temi ser irreal. Aquelas gotas em meu rosto poderiam facilmente ser apenas lágrimas falecendo no mesmo travesseiro que por anos abraçou meus dramas. Fechei os olhos e apertei-os com força. Abri de novo e as cores continuavam lá, junto com seu sorriso mais radiante.

    Minha voz ficou para trás enquanto entrávamos no híbrido do real e ficção. Eram histórias demais. Bruxas, artistas, casais, amor. Poderíamos fazer parte de qualquer enredo, se tivéssemos o passaporte ideal.

    Nenhuma era tão intensa quanto as cenas que criávamos ali.

    Eu peguei meu celular durante sua busca pelo desenho perfeito. Atrás das 2 horas da madrugada, a tela me estampava voando com o apoio dos seus braços. E ali, entre pessoas e personagens, tudo fez sentido.

    A verdade é que nenhum mundo é completo sem nosso universo particular.

  • Relacionamento abusivo: precisamos falar sobre isso!

    Rosas, ursinhos de pelúcia, chocolates, jantares caros… Quando se fala em Dia dos Namorados, esse é o cenário idealizado e até mesmo vivido por muitos casais, né? Porém, nem tudo são, literalmente, flores. Atrás de um momento agradável ou de uma foto amorosa nas redes sociais, pode estar escondido um relacionamento abusivo. São em datas comemorativas como esta que eles se tornam ainda mais mascarados, principalmente quando, quem pratica a violência, demonstra um lado mais amoroso, empático e com sinais de mudança.

    Relacionamentos abusivos

    Pode até parecer que o relacionamento abusivo é uma realidade distante ou “apenas” assunto de redes sociais. Infelizmente, a gente não precisa procurar muito para encontrar alguém que já viveu neste cenário. Prova disso é que uma amiga minha, a Pamela Dal Alva, de 26 anos, passou por uma relação tóxica e só fui descobrir após o artigo que ela publicou no blog Era Outra Vez. Foi aí que caiu a ficha: quantas pessoas à nossa volta já passaram pelo mesmo e a gente nem imagina?

    “No começo, eram altos e baixos, brigávamos por besteiras e insegurança da parte dele”, conta Pamela. “Ele me fez perder o gosto das coisas, me fez perder o sentido de amar, me fez ficar com dúvidas sobre as coisas e me fez questionar a minha capacidade de existência”. Além disso, ela se afastou de todos os amigos, saiu das redes sociais, perdeu festas de aniversário e casamentos, entre outras mudanças de comportamento. “No começo, foi opcional. Mas, depois de muita chantagem emocional que cedi, o que ele queria piorou muito mais porque eu dei a deixa para ele mandar em mim. Ele me fez acreditar que eu era inútil, que todas minhas lembranças eram falsas, que eu precisava dele”.

    Afinal, o que é relacionamento abusivo?

    Segundo a psicanalista Dra. Andréa Ladislau, relacionamento abusivo significa quando uma relação deixa de ser saudável para se tornar desconfortante, com atitudes que privam o outro de exercer sua própria liberdade. “Podemos citar os jogos de controle, ciúmes excessivos e abusos constantes que ferem a individualidade dos parceiros”, explica. Além disso, ela também traz para a lista: promessas infundadas, chantagens, punições, controles, invasão de privacidade, afastamento de outras pessoas, destruição da autoestima e invalidação de sentimentos.

    Relacionamentos abusivos

    É importante frisar que, diferente do que muita gente pensa, esse tipo de atitude não acontece apenas em relações amorosas. “Um relacionamento abusivo pode ocorrer em qualquer tipo de relação, seja entre homens e mulheres, pessoas do mesmo sexo, relações de poder no ambiente laboral, pais e filhos, relações familiares, ou entre amigos”, explica a Dra. Andréa Ladislau.

    Para Pamela, que namorou por um ano e meio, os sinais de que estava vivendo um relacionamento abusivo se tornaram mais evidentes após as discussões sobre deletar seu próprio blog. “Era a única coisa que eu tinha e não ia permitir ser tirada de mim”, relembra. Além disso, as suspeitas se tornaram ainda mais fortes após ajuda de uma amiga. “Ela me mandava vários vídeos e matérias sobre relacionamento abusivo. O processo nunca é fácil, mas foi algo muito além. Com os vídeos, comecei a perceber e a comparar”.

    No caso da Pamela, ela mesma reparou sua própria situação e tentou se livrar dela. Segundo a Dra. Andréa Ladislau, essa atitude é muito importante para sair da realidade em que a vítima se encontra. É necessário se conhecer como indivíduo e entender suas necessidades, limites, vontades próprias e, inclusive, redescobrir o amor próprio para não cair na mesma armadilha de novo. “Quando nos conhecemos bem, sabemos melhor quem são os tipos de pessoas que conseguimos lidar e quais os tipos nos ferem e incomodam. Trabalhar sua autoestima é fundamental, exaltando suas qualidades”, ressalta.

    Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

    Perceber que você está vivendo um relacionamento abusivo não é um processo fácil nem rápido. Isso porque são inúmeros os sinais que apontam abuso por parte do outro em uma relação. Entre eles, a Dra. Andréa Ladislau citou:

    1 – A desvalorização frequente e a humilhação em situações em que sempre o outro aponta seus erros;

    2 – O abusador inverte sempre as situações, colocando a vitima do abuso em situações constrangedoras, distorce a realidade dos fatos, e insinua, muitas vezes, que a vítima faz drama;

    3 – O abusador manipula e controla a vida do outro todo o tempo sem respeitar os limites do individuo;

    4 – Nunca aceita não como resposta, força a barra e se faz de desentendido até conseguir o que deseja;

    Relacionamentos abusivos

    5 – Manipula a vítima e os outros, de forma a fazer com que esta e todos pensem que a vítima não é uma pessoa digna de amor. Ou seja, diminui a autoestima através da violência psicológica;

    6 – O abusador procura sempre afastar a vítima de outras pessoas que possam abrir seus olhos, demonstrando que este está vivendo uma situação de abuso. Muitas vezes, afasta essa vítima até da própria família e leva o individuo a acreditar que tudo que acontece de errado é culpa dela;

    7 – Receber comentários abusivos, ofensivos e constrangedores, principalmente na frente dos outros, é uma das situações mais comuns em caso de relações de abuso;

    8 – Ser monitorado constantemente, ser diminuído, obrigado a mudar seus hábitos e conviver com alguém que pensa só em si e não se importa com seus sentimentos. 

    Mulheres em relacionamentos abusivos: por que tão comum?

    Mesmo com a discussão cada vez mais intensa sobre relacionamentos abusivos, os casos continuam acontecendo com frequência, especialmente com vítimas do sexo feminino. Segundo a Dra. Andréa Ladislau, sair dessa situação é extremamente doloroso e difícil, pois o abusador diminui a companheira, domina, muitas vezes por meio do medo, ameaças e até afastamento de pessoas que poderiam auxiliar na mudança dessa realidade. “Ter uma visão completa desta relação e de como ela é na realidade, nem sempre é fácil para a vítima que está inserida dentro do contexto e, por este fato, não consegue se distanciar o suficiente para ver o panorama completo”, explica.

    Relacionamentos abusivos

    No caso de Pamela, ela mesma tomou a iniciativa de dar um ponto final no relacionamento. “Ao longo do tempo, foram vários términos, mas nesse, em particular, eu não quis voltar”, relembra. Após a experiência, a paulista conta que ficou com o psicológico muito afetado e, mesmo 6 anos depois do ocorrido, ainda guarda muitas marcas consequentes daquele período. “Estou trabalhando na insegurança, para voltar a ser como antes. Não exatamente como antes, mas pelo menos ter de volta a autoestima e acreditar em mim mesma”.

    Para quem passou por um relacionamento abusivo, é muito importante buscar ajuda profissional, de amigos e parentes próximos. De acordo com a Dra. Andréa Ladislau, o profissional de psicologia ou psicanalista pode auxiliar a vítima a se perceber dentro do processo e entender de que forma pode se libertar de um indivíduo manipulador, persuasivo e perverso. “A autoestima baixa também pode ser melhorada e, através do autoconhecimento, a vítima consegue perceber que não precisa do outro para seguir sua vida. Precisa de tranquilidade, paz e amor recíprocos para uma condição de relação sustentável e feliz”, completa.

    E se eu sou o abusivo da relação?

    Uma relação abusiva é formada pela vítima, que sofre as consequências daquela violência, e pelo abusador. Perceber qual é seu papel dentro desse cenário é essencial para tomar alguma decisão, seja terminar o relacionamento ou, no outro caso, mudar suas próprias atitudes.

    “A nossa interferência na vida do outro só pode ir até o ponto que não fere a autoestima, não impõe opiniões, respeita as características e percepções do parceiro. Tudo em excesso faz mal, até nas relações”, explica a Dra. Andréa Ladislau.

    De acordo com a psicanalista, existem chances do abusador melhorar, desde que exista a consciência e o desejo de mudança. “Ela tem que partir de dentro de nós. Se estamos magoando o parceiro e temos certeza de que essa relação é a que queremos, então o mais certo é respeitar o individuo que está ao nosso lado e buscar compreender que não somos seres iguais, pelo contrário, somos diferentes sim e também somos seres em constante evolução”, explica.

    Agora quero saber de vocês: já vivenciaram ou conhecem alguém que passou por um relacionamento abusivo? Conte sua história nos comentários! Se necessário, envie o link do post para quem está passando por uma relação assim. Nesse momento, tudo o que a vítima precisa é de ajuda e informação. Bora dar o primeiro passo? 🙂

  • O que temos para aprender com o nude vazado da Luísa Sonza?

    Pouco mais de uma semana atrás, a cantora Luísa Sonza, de 20 anos, viu seu nome receber destaque em portais, hashtags populares e comentários nas redes sociais. Infelizmente, não por uma música nova lançada, um recorde adquirido ou uma novidade sobre sua vida. Luísa era a nova vítima de cibercrime: a cantora teve uma foto sua, totalmente nua, divulgada em seu Instagram.

    No começo do burburinho, muitos internautas ainda não sabiam que aquela divulgação se tratava de um crime e não de uma vontade própria da cantora. E nenhuma das opções foi capaz de evitar os comentários machistas sobre o corpo de Luísa e a atitude de clicar um nude.

    O corpo feminino é julgado, objetificado e invadido todos os dias. São inúmeros casos de preconceito, comentários e abusos. Diariamente, nós, mulheres, somos vítimas de machismo, assédio, estupro e tantos outros péssimos “hábitos” que a sociedade, racional ou irracionalmente, vê acontecer em seu próprio terreno. E nada faz.

    Casos como o de Luísa não são capazes de vitimizar a mulher em nenhum dos passos do crime. “A culpa foi dela”, que tirou a foto. “A culpa foi dela”, que enviou a imagem. “A culpa foi dela”, que permitiu que a senha do Instagram fosse roubada.

    “A culpa foi dela”. É o que ouvimos de todos os lados, independentemente do crime em questão.

    Ser mulher em uma sociedade machista é ser a culpada, mesmo em situações em que somos vítimas. E, até quando alguém não aponta o dedo para nós, fortalecendo esse sentimento de culpa, ele já é presente. Quantas vezes você não se puniu por usar uma roupa curta e receber um assédio na rua? Ou quantas vezes você se impôs em uma situação visivelmente machista e se arrependeu por ser “grossa demais”?

    Nós não estamos livres nem de nós mesmas.

    A divulgação de um nude é só um exemplo de tudo que sofremos no dia a dia. E está longe de ser um risco apenas para mulheres famosas, viu? Pode acontecer com qualquer uma de nós, por diversos motivos: chantagem, relacionamento abusivo, zoeira, e por aí vai.

    A Cá (nome fictício para preservar a miga) também passou por esse turbilhão. “Eu tive um namorado em 2012 e tiramos uma foto juntos. Eu estava com ele, mas só de calcinha”, descreve. Na época em que o casal se separou, ela conta que pediu para apagar qualquer coisa dela. “Acontece que o celular dele foi roubado na época. Ele me garantiu que tinha deletado tudo e bloqueado o IMEI (código numérico único e global que identifica celulares internacionalmente)“. Mas, no início do ano passado, a história voltou à tona.

    “Ele me chamou, disse que um suposto cara havia publicado a foto nos comentários do Facebook dele. Falei que, se fosse uma chantagem, iria chamar a Polícia. Mas ele falou que conversou com o indivíduo, que disse saber de nada”, relata.

    Foi no meio da confusão que a Cá compartilhou o suposto print com uma amiga. “Ela me disse se tratar de uma montagem. Esse meu ex era web designer, ou seja, ele poderia ter feito para chamar a atenção, sabendo que sou super reservada sobre relacionamentos”.

    Na época, a Cá diz que ficou muito arrasada. “Ele tinha me traído, fiquei depressiva, emagreci… Quando praticamente nem lembro que ele existe, do nada, ele surge com uma foto que eu nem lembrava da existência. Confiei na palavra dele“, conta. O medo, também, era de pessoas próximas terem acesso à imagem. “Já pensou minha família vendo e falando que nunca pensou que eu era esse tipo de garota”?

    Mesmo após um ano, as cicatrizes ainda são presentes na vida dela. “Até hoje, me sinto vulnerável e com medo de ser exposta. Foi algo que fiz na adolescência, era apaixonada, não tinha autoestima nenhuma. Só queria agradar o cara que eu gostava“.

    A reação da Cá foi diferente da Luísa, que disse não se sentir tão abalada pela exposição. “É só mais um peito, é só mais uma foto, todo mundo tem isso aí, né?“, disse nas redes sociais. Segundo a cantora, a imagem foi enviada para o marido, Whindersson Nunes, quando os dois estavam longe. “Eu acho que alguém pegou minha senha, postou. Não sei por que a pessoa fez isso, eu não entendi“.

    As reações de ser vítima de uma exposição do seu próprio corpo, sua intimidade e sua vida, podem ser diferentes para muitas meninas. Já houve casos em que a vítima entrou em depressão, começou a se automutilar ou até cometeu suicídio. Muitas perdem seus empregos, o contato com a família e até com amigos. É assim que vamos continuar tratando as vidas das nossas meninas?

    Tudo isso por conta de uma foto. De um corpo. Como a própria Luísa disse, é só isso: um corpo. Com seios, virilha, bunda, vagina. Nada demais.

    Nós somos criadas para esconder nosso corpo, odiá-lo se estiver algumas gramas além do padrão, gostar do outro, mas não de nós mesmas. Aprendemos o que é bonito e o que é feio, como se houvesse uma regra. Nós passamos por dietas malucas, cortes em cirurgias, zoeiras em sala de aula… Como crescer com uma autoestima que se sustente? Dessa forma, quase impossível.

    Só pela foto existir, nós já somos erradas. Só pelo nude ser clicado, nós já somos as criminosas. “Como uma mulher pode se submeter a isso? Foto nua é coisa de pessoa errada. Mulher correta não faz essas coisas”. É isso que escutados.

    Porque mulher não pode se amar. Não pode se curtir.

    E é justamente a ausência do amor próprio que faz tantas garotas serem facilmente manipuláveis para tirar uma foto nua e enviar para alguém. Muitos homens sabem disso e se aproveitam para conseguirem o que querem. Veja bem: tirar uma foto pelada não é errado. Você pode tirar fotos do seu corpo, seja para se conhecer melhor ou para se sentir ainda mais linda. Pode enviar, se quiser, se for da sua vontade, se for para alguém totalmente confiável. Você não está errada! O crime é divulgá-lo sem autorização da vítima. Mas, infelizmente, invertem esse papel.

    Inclusive, em setembro de 2018, a Lei Nº 13.718 entrou em vigor para, entre outros pontos importantes, criminalizar a divulgação desse tipo de material, que inclui: cena de estupro, de sexo ou pornografia. Ou seja: é proibido oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar esse tipo de material por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual. Se o autor for identificado, pode pegar de um a cinco anos de prisão.

    Além disso, há também a Lei Carolina Dieckmann, de 2012, que proíbe a invasão de dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com objetivo de possuir, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa do dono do aparelho.

    É importante sinalizar, também, que compartilhar um nude ou qualquer material de incentivo à cultura do estupro e pornografia, seja por Instagram, Whatsapp, Facebook, ou qualquer outro meio, também configura crime!

    Infelizmente, mesmo com tantas leis, é difícil ter um punido. Geralmente, esse papel fica para a própria vítima, que muitas vezes vê sua vida virar de cabeça para baixo. Até quando?

    Crime é crime. E quem deveria pagar por ele é o criminoso. Mas, quando a vítima é mulher, pouquíssimas vezes somos poupadas. A culpa é da roupa, da confiança, do lugar onde estava, da provocação. Sempre pontos de responsabilidade da mulher. Nunca do agressor.

    Precisamos ensinar nossas meninas a se amarem mais. E, aos nossos meninos, a nos respeitarem mais. Quem sabe, assim, não teremos mais casos como da Luísa, da Cá e de tantas outras garotas que, diariamente, são vítimas do machismo desenfreado da sociedade. Precisamos parar isso. Pra já!

    Nota importante: se você está passando por chantagem sexual, entre em contato com a SaferNet Brasil. O canal é especializado em crimes online e pode te ajudar com a denúncia. Além disso, guarde as provas e converse com alguém de confiança. Não deixe para lá, sua voz importa. E muito!