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  • Um papo sobre autoestima, Facebook e Megan Fox

    Hoje, enquanto estava no meu Facebook, comecei a reparar algumas imagens e posts no meu feed. Entre frases bonitinhas e colegas de rede social tentando fazer graça, acabei reparando em uma dezena de imagens com frases exaltando os famosos e até partes do corpo (nada a ver!) deles.
    O surpreendente não foi o conteúdo dessas imagens e prints. Mas, sim, a presença deles. Se eu fosse fazer as contas, acredito que 90% das atualizações no Facebook têm esse tipo de conteúdo. 
    Comece a reparar nos amigos e até em você. Quantas vezes já se deparou com alguém (tentando ser engraçado, é claro) dizendo que até a unha do dedo mindinho do pé da Megan Fox é mais bonito que você por completo? Agora, responda: quantas vezes você já viu o dedo mindinho do pé da Megan Fox? Quantas vezes quem escreveu aquilo já viu você?
    Acontece que, infelizmente, estamos vivendo uma fase em que se sentir feio e indesejado é comum. Autoestima só existe na teoria e nos textos de revistas teen. É difícil conhecer alguém que valorize a imagem que vê no espelho e o que é por dentro. E quando isso acontece, ainda é rotulada de metida.
    E onde fica todo aquele papo de se gostar para que gostem de você? Imagina que aquele cara que você é apaixonada desde a 7ª série encontra seu perfil no Facebook (ou, sei lá, Twitter) e resolve vasculhar sua vida, suas atualizações e suas fotos. Já pensou o quanto ele ia achar chato encontrar mil e uma frases de você se jogando lá embaixo? Que garoto quer ficar com uma menina que, por qualquer motivo, começa a se inferiorizar? Garotos não curtem garotas inseguras. É um tormento se relacionar com quem se coloca pra baixo a cada vez que vê uma garota que se cuida e tem confiança. 
    E tem outro ponto: a Megan Fox é linda. Não nego. Consigo ver todos os pontos positivos no rosto e no corpo dela. Só que esquecem um porém, não é? Ela é uma pessoa pública. Ela ganha através da imagem que apresenta. Ela é linda, é claro. Mas é produzida. Lá existe uma mulher com maquiagem perfeita, cabelos super bem tratados e horas de academia. Que garota do mundo real tem uma vida assim?
    Entendem a diferença? Autoestima está mais ligada ao que somos por dentro do que o que vemos por fora. Se não exercitamos nossa confiança, sempre vamos nos enxergar como alguém indesejável e, no ponto de vista dos outros, feia e desinteressante. E ninguém é assim. Olhe a sua volta e perceba quantas pessoas gostam de você. Sabe aquela amiga que elogia seu cabelo? Não é querer ser falsa. É sinceridade. Apenas jogue essa barreira que te impede de acreditar na sua bff e passe a tomar os elogios como uma verdade. Tenha certeza que é.
    Você não é a Megan Fox e não é inferior ao dedo mindinho do pé dela. Você é melhor que isso. É única. Especial. E é isso que te torna tão linda. Apenas aceite e, na próxima vez que se olhar no espelho, veja suas qualidades. Elas são inúmeras, incontáveis. E, as vezes, invisíveis aos nossos olhos que só procuram por defeitos. Aliás… Todo mundo tem defeitos, viu? Até a Megan Fox. E eles são especiais, também, por formarem quem você é. 
    Ame suas qualidades, ame seus defeitos. E, acima de tudo: ame ser o que você é.
  • Nossas pizzas de fim de semana

    Todo fim de semana, minha mãe sempre chegava em casa com uma massa de pizza semi-pronta. Com toda a alegria – como se, realmente, fosse uma chef -, eu corria até a cozinha, louca para colocar a mão na massa. Eu era a estagiária e ela, a minha instrutora. 
    Nunca comíamos a pizza do jeito que ela chegava em casa. A gente tinha mania de complementá-la com outras coisas que a marca se esquecia. Era assim todas as vezes – e eu adorava isso.
    Lá da sala, meu pai começava a reclamar do horário. “Cadê essa pizza que não sai? Já são dez horas!”. Mesmo assim, sempre estava de olho na cozinha (e ajudando em tudo o que ele tinha permissão para tocar). Éramos cozinheiros de mãos cheias e sem nenhum certificado. O que, claro, tornava tudo melhor.
    Depois, levávamos até a sala um dos bancos que meu pai ainda tem no quintal. Apoiávamos a bandeja com a pizza e, no chão mesmo, colocávamos os pratos, os copos e a Coca Cola de dois litros (saudades de comprar uma Coca Cola de dois litros pelo preço de antes). Ou, as vezes, um refrigerante de tubaína. Nosso favorito.
    E assim rolava a noite. Conversas, TV ligada só para fazer barulho e um pedindo o ketchup ao outro. 
    Eram dias maravilhosos. Aliás, ainda é. Com menos frequência, é claro (mãe de dieta = nada de massas todos os fins de semana). Mas, mesmo assim, cada vez que minha mãe inventa de comprar uma pizza ou até pães para fazer sandubas, eu volto a ter os mesmos sete ou oito anos de antes, quando eu era uma chef de cozinha sem nem, ao menos, tocar no fogão.
    E querem saber? As melhores pizzas e os melhores sanduíches que comi não foram feitos em um restaurante famoso e caro. Foram feitos em casa mesmo, em uma cozinha doméstica sem nenhum forno superpotente nem ingredientes secretos. Só o amor.
  • A vida que deixei para trás

    Não há um dia que eu não pense em você. As paredes a minha volta não servem só para me separar do mundo e me punir das besteiras que fiz. Elas também jogam na minha cara como fui idiota em te trocar por uma vida – ou o que eu achava ser uma – miserável e a base de nada. Nada. É… foi só o que me restou.
    A gente se conheceu em uma dessas baladas da vida. Você se aproximou e me pagou uma ou duas bebidas.  Sob o efeito delas, dançamos três ou quatro músicas. E, depois disso, foram cinco ou mais beijos.
    Lá em cima, o DJ cuidava para escolher a música perfeita naquele momento. Não reconheci nenhuma delas e até hoje me pergunto o nome daquela que marcou nosso primeiro beijo. Mesmo assim, é a nossa trilha sonora. Seja lá o que as letras significavam (você sabe que eu nunca fui boa em inglês).
    Depois disso, o tempo passou voando. Anel. Buquê. Vestido branco. Nove meses. Choros altos. Noites em claro. Mais dois pares de olhos brilhantes na casa.
    E agora, tudo o que eu queria era voltar, novamente, àquele nosso primeiro encontro.
    Eu só queria seu novo endereço ou número de celular. Queria te contar como as coisas desandaram por aqui.
    Você se foi. Levou junto meu coração, meus planos e uma parte grande de mim: nossa filha. Ainda escuto os choros dela em meus pesadelos injustos. Perdi você, perdi a dona dos olhos mais brilhantes que já vi e, principalmente, perdi a mim.
    Troquei nossa vida por um cigarro ou dois. Depois, troquei os cigarros por coisas mais fortes. De repente, eles viraram minha vida. Hoje entendo como fui idiota. Só queria te ter como destinatário para contar o que mudou.
    Já faz tempo que estou limpa. Limpa de tudo e, talvez, até do coração. Acho que o vendi por um pouco de alguma droga. Mas sei que você tem uma cópia perfeita dele. Volta pra mim e me ensina a viver de novo? Por favor.
    Sem vocês, não vejo sentido ter um futuro. Estou pronta para deixar este quarto e me aventurar a viver – de verdade, desta vez. Vem me buscar. Você sabe meu endereço, meu nome e até meu RG. 
    Vem e devolve nossa vida antes que eu desista da minha.
  • O momento em que a gente se (re?) encontra

    Sai de casa naquela manhã chuvosa. Dentro do estômago havia apenas metade de um pão integral e dois goles de café. Dentro da bolsa, apenas uns trocados (talvez mais moedas que cédulas, confesso). E, dentro da alma, uma vontade louca de me (re?) encontrar.
    Peguei o primeiro ônibus vazio que passou no ponto. Sentei ao lado de uma moça com cheiro de lavanda e um fone no ouvido. É, só um. O outro estava jogado e perdido no meio dos seus cabelos.
    Segundo o relógio dela, eram nove horas da manhã. Segundo o céu, o tempo chuvoso iria permanecer durante as próximas horas. Bom, não tenho muita certeza quanto a isso. Nunca fui boa tentando prever o tempo.
    Desci em um ponto depois de uma estrada sem prédios, casas nem pedestres. Meu destino? Quem sabe?
    Comecei a andar sem rumo. Queria encontrar algo e só sairia dali após conseguir. Não deixaria essa necessidade para trás (e muito menos para depois). Se fizesse isso, eu me deixaria ali também.
    Encontrei uma praça vazia com dois ou três bancos e incontáveis árvores. Cena perfeita para aqueles romances clichês (ou, dependendo o momento e a trilha sonora, filme de terror). Deitei embaixo de uma delas. A vista era acolhedora e, a sombra, deliciosa.
    Fui até ali à procura de mim. E encontrei. Embaixo daquelas folhas e encostada naquele tronco cheio de limo, fiz uma introspecção. E valeu (muito!) a pena.
    Nunca vou me esquecer o dia em que eu me (re?) encontrei. É, bem ali no meio de uma praça insignificante e sem atenção da prefeitura. Bem ali embaixo de uma árvore de cento em poucos anos. Ali eu entendi… Ou melhor, me entendi.
    A vida não é, nunca foi e não tem planos de ser fácil. Mas nem por isso ela não pode ser boa, ser deliciosa. E, sabe? A gente tem mais é que aproveitar. Se jogar nela. E ignorar o que vão pensar e dizer.
    O que importa é o que você sente. E o que vou contar agora, eu quero que você leve pra sua vida. Não deixe só numa página, numa folha ou nos dois minutos que você usou para ler tudo isso e chegar até aqui. Nem precisa de caneta e bloquinho de anotações para lembrar desse, digamos, conselho. É só ler com muita atenção. Vamos lá?
    Sinta-se como se estivesse embaixo de uma árvore. Não literalmente, é claro. De mentirinha, mesmo, só em devaneios. Sabe, metáfora pura.
    Embaixo da árvore só há você. Você, seus sentimentos, seus pensamentos e seu mundo. É isso o que importa: o que está embaixo das folhas. A opinião negativa de quem vive fora delas, você deve considerar como pinguinhos de chuva que a árvore vai impedir que cheguem até você. Ela vai ser sua proteção, seu escudo. 
    Mas se, por acaso, alguma gota passar por algum espaço entre as folhas lá em cima… Bom, é só uma gotinha minúscula, não é? Nada que passar a mão por cima para destruí-la não resolva o problema. (Agora você entende que é mais forte do que imagina?)
  • Aquele texto sobre nós

    Nós nos encontramos na praça de sempre, com o mesmo sorriso e a mesma mania de achar que ele era suficiente. Aproveitamos o fim da tarde, o aparecimento da lua e as primeiras estrelas. Aos poucos, deixamos o tempo nos levar e ele, finalmente, nos levou.
    Você foi comigo até o táxi mais próximo e, com um beijo rápido, se despediu. O sorriso ainda era o mesmo. O corte de cabelo, quase. Sorri involuntariamente e deixei seu perfume preencher meu cérebro. O motorista perguntou o destino e, antes que eu pudesse responder, você falou a rua, o número da casa e o bairro. Informações que eu poderia jurar que você nem lembrava mais.
    Começou a viagem de volta, aquela que seria mais cheia de lembranças do que sinais vermelhos. Passei pela praça que guardava nossa primeira conversa e pela esquina que você me cumprimentou pela primeira vez. Poderia até imaginar nosso primeiro beijo na rua daquela padaria que você gostava. Nós nunca entramos lá para saber se os bolos eram tão gostosos quanto o cheiro. Acho que eu poderia colocar isso na listinha de coisas que devemos fazer, né?
    Passei por ruas, esquinas e praças que faziam parte da nossa história. Cada um tinha um nome diferente – talvez sempre relacionados com políticos ou, sei lá, estados – mas, para mim, cada um tinha um momento diferente. O que marcava aquela esquina, aquela padaria ou aquela árvore não eram nomes. Eram lembranças. Beijos. Abraços. Sorrisos. Lágrimas. Nós.
    Cada pedaço da gente estava no caminho de volta. Pedi ao motorista para abrir a janela e aproveitei a brisa nos meus cabelos. Nesta altura do dia, nem me importava se ele fosse bagunçar ou não. Eu só queria chegar em casa.
    Desci do táxi, paguei a viagem e entrei em casa. Tudo escuro. É claro. 
    Depois de alguns minutos procurando a chave (Droga! Eu poderia jurar que estava embaixo do tapete…), abri a porta e o ar quente me encontrou. Joguei a bolsa no sofá, o casaco na cama e eu, na cadeira do computador.
    Sinal verde ao lado do seu nome. 
    Você estava louco para encontrar um wi-fi para entrar no Instagram postar a foto dos nossos sorvetes. E eu estava louca para saber se você tinha lido meu último texto. Vasculhei todos os comentários a procura do seu, de um anônimo ou alguém que eu pudesse dizer “é ele”. E você, colocou uma foto no Instagram. Não de sorvetes. A nossa.
    Você não me procurou e eu não me preocupei em te chamar. O sinal verde ao lado do seu nome sumiu e deixei o computador ligado enquanto tomava um banho. Quando voltei, tinha um SMS não lido. Era seu.
    Esqueci de dizer que adorei seu último texto. Aquele sobre nós (é, eu sei que é sobre nós). Aliás… Você sabe nos descrever melhor que ninguém. Espero continuar sendo sua inspiração. 

    Segurei o celular como se, assim, pudesse sentir cada palavra. Sorri involuntariamente. E, antes de cair no sono – sem tirar a maquiagem -, lembrei do nosso dia. Das nossas risadas. Dos nossos momentos. Da nossa praça. Dos nossos lugares. Da gente.

    OBS: Texto inspirado em um casal que vi hoje em uma praça. 

  • Doi(smile)treze

    Dois mil e doze. Caramba. Dá para acreditar que outro ano se passou tão rápido? Podia jurar que foi ontem o dia que estava preparando tudo, organizando o quarto e sentindo o cheiro bom das gordices que minha mãe preparava. Se não fosse o calendário ali no canto da tela, eu diria que estamos, sei lá, em junho ou coisa assim.
    Acho que tudo isso é sinal de como 2012 foi tão bom. Entre tantas conquistas e tantas caídas, o ano conseguiu ser, sem dúvida nenhuma, um dos melhores. Fiz 18 anos, entrei para a faculdade de Jornalismo, o blog está cada vez mais dando certo e fiz amigos que levarei para sempre. 
    Mas sou um ser humano e não me contento fácil. Não é assim que funciona tudo? 
    2013 está quase aí e, enquanto escrevo esse texto, já estou pensando nos desejos que quero realizar nestes próximos 12 meses. A gente tem mania de querer só as coisas boas e, quer saber? Quero um pouquinho das ruins, também. É só quando elas aparecem que conseguimos dar o valor – o merecido – ao que é bom. 
    Que 2013 traga 2013 razões para sorrir. Que estes novos 365 dias tragam 365 momentos inesquecíveis. Que estas 52 semanas tragam 52 novos rostos diferentes. Que cada hora, cada minuto e cada segundo possa valer a pena para todos nós.
    E, o mais importante: que 2013 seja cheio de saúde, paz, amor e sucesso. Que neste novo ano que se inicia, sonhos se tornem realidade. E que a realidade seja valorizada.
    Desejo a todos vocês uma ótima virada do ano. Desejo tudo de bom nestes novos dias que vêm pela frente. E que este ano não passe tão rápido assim. Afinal, a gente precisa de um tempo maior para perder os quilinhos extras que vamos ganhar esta noite, não é?
  • Hiatus de fim de ano

    Hoje foi um daqueles dias típicos de fim de ano. Organizei o quarto. Limpei a bagunça. Tirei o pó que estava embaixo da cama e encontrei aquelas coisas que a gente só encontra quando não precisa. Dei um fim na sujeira do quarto, do computador e da memória do celular. E por último: do coração.
    São nesses últimos dias do ano que eu me fecho para balanço. Coloco os prós e os contras dos doze meses que se passaram e separo tudo aquilo que vou deixar em 2012 e o que vou aprimorar em 2013. É nesta etapa do ano que esqueço as dores e dou prioridade às alegrias. É, também, nesta época do ano que deixo as lembranças tomarem conta. Não por saudade. Mas para ter certeza de que outros anos virão e elas vão permanecer em algum lugar de mim.
    A gente tem aquela mania de acreditar na frase “ano novo, vida nova”. Sabe, besteira. Como vi em alguma propaganda na TV, não é o último segundo do ano que deve definir o que vamos ser. Não é às 23h59min do dia 31 de dezembro que vamos escolher que personagem nós iremos dar vida nos próximos 365 dias. Essa escolha tem que ser feita a partir de agora. Neste segundo. Neste minuto. 
    Não é 2013 que vai mudar as perspectivas, nem os sonhos e nem as esperanças. A gente tem que parar de deixar pra amanhã – ou para o ano que vem – as mudanças que não temos coragem de enfrentar agora. Temos é que parar de sentir aquele frio na barriga ao usar nosso batom favorito. Ou aquela roupa que era tendência há um ano. Temos é que desistir do medo e, acima de tudo, deixar lá embaixo do baú tudo o que falam e pensam sobre nós. E aí, trancar com uma chave e jogá-la fora.
    Agora, para esses últimos dias de 2012, estou trancada. De tudo. Sentimentos, novidades e qualquer coisa que resolvi deixar para trás. Deixei alguns amores, poucos medos e mínimas dores em 2012. E ele pode aprisionar tudo isso. Para os próximos doze meses… Bom, ainda não sei bem o que quero. Mas, seja lá o que for, já preparo desde agora. E o resto, o resto eu decido assim que estiver pronta para sair do hiatus e encontrar o mundo. A realidade. E eu mesma.
  • Amor vazio

    Eu não sou uma daquelas pessoas cujo coração pode ser quebrado em mil pedaços e remendados tão fácil e rapidamente. Na verdade, invejo qualquer um que tenha esse dom – ou seja lá como chamam isso.
    O amor nunca foi justo comigo. Na última vez que nos encontramos, ele causou mais estragos do que eu poderia imaginar. Acho que, lá no fundo, nós não nos damos tão bem assim. É como se ele não fosse com a minha cara, simplesmente. De alguma forma, não fomos apresentados. Não da forma correta.
    Não é possível que meu coração continue sendo quebrado, pisado e torturado para, só depois de sofrer muito, encontrar um band-aid que funcione e não deixe vazar nem uma gota de sangue pelas bordas. É injusto que eu tenha que quase perder meu coração para, só depois, sentir que ele continua inteiro, intacto. Ou, de alguma forma, sem nenhum vestígio de dor.
    E ainda tem o tempo. As vezes, ele se torna mais injusto que qualquer outra coisa. Ele nunca está em sintonia com o que preciso e isso acaba com qualquer vontade de, simplesmente, amar de novo. Parece que, na minha vida, tempo e amor são sinônimos de desordem. Eles nunca funcionam juntos. Pelo menos, não como deviam funcionar.
    O tempo é quase imperceptível quando o amor se torna presente. Este some com a mesma leveza e facilidade com que chega e o tempo não é justo: faz o amor morrer aos poucos e rápido. Só o que permanece é aquele amor vazio, sem valor. Aquele amor que só há o sentimento abstrato, não o físico. E o tempo parece se dar melhor com este tipo de sentimento. É este que, afinal, deixa seus vestígios.
    Meu coração continua quebrado, dividido em mil pedaços nada iguais. As vezes, alguma parte some e volta com o passar dos dias. Em outras, nunca mais encontro. E eles se perdem aos poucos, sem nem uma chance de tentar reencaixá-los em seus devidos lugares. O vazio só se intensifica e os espaços ocos, multiplicam-se. E parece que o tempo (tão injusto) prefere prolongar-se nesse tipo de amor; aquele amor que não dura, que se torna só lembranças. Aquele amor que acaba com o coração. Que só deixa a dor, as feridas que não cicatrizam.
    E, ironicamente, o amor é a única solução para juntar todos os pedaços novamente, encontrar os que ficaram por aí e tentar, de novo, deixar esse sentimento ter o poder de fazer que eu tenha a sensação de voar. De que nada é impossível. Ironicamente, o amor se cura com… Amor. E tempo.
    Só não posso suportar ver meu coração se desmanchar em milhões de pedaços. Nem tentar remendá-los sem obter nenhum sucesso. Preciso ter certeza, antes de me jogar de corpo e alma mais uma vez, que o amor não vai me deixar vazia desta vez.
    E sim, de uma forma milagrosamente correta, cheia de vida, esperanças, sonhos e, claro, beijos quentes e momentos eternos.
  • Aquela despedida

    Você me deu seu melhor sorriso de despedida. Enquanto me abraçava, vi um vazio se formar no meu coração (ou, quem sabe, no lugar onde ele esteve um dia). Aquelas borboletas no estômago voltaram como na primeira vez que meus olhos encontraram os seus. E acredite… Fazia tempos que eu não sabia o que era me sentir assim.
    Seus braços se demoraram por alguns segundos em minha cintura. Meus lábios, de repente, ficaram secos e minha voz se escondeu em algum lugar que eu não consegui perceber. De repente entendi que, na verdade, eu nunca deixei de me importar com você. Com nós.
    Eu não estava preparada para um adeus, mesmo sabendo que ele não é definitivo. Nunca consegui me comportar bem em despedidas. Em todas elas eu fiz algo errado. E desta vez não foi diferente.
    Deixei seu corpo se afastar do meu e, aos poucos, nossa distância não era só física. Você disse algumas palavras e, momentaneamente, eu ignorei todas elas. 
    Percebi, tarde demais, que seus braços não estavam mais em minha cintura. Paralisada, assisti cada passo seu diminuir as chances de transformar o nosso adeus em um até logo. Não encontrei minhas forças para movimentar minhas pernas até você.
    Eu queria ter (cor)respondido melhor a todos os seus sinais. Queria ter dito que, assim como você, também vou sentir falta dos nossos momentos juntos. Eu poderia ter dito o quanto eu vou me lembrar de seus olhos a cada vez que olhar o céu. E, por último, eu deveria ter me jogado em seus braços enquanto pedia desculpas pela indiferença que tomou posse de mim nos últimos meses. 
    E ter confessado, então, o quanto de você ainda resta em mim.
  • Mais um capítulo do nosso romance

    Nós dirigimos sem parar e sem destino até chegar em um campo aberto no meio do nada. A brisa suave bagunçou meus cabelos em sinal de boas vindas enquanto você entrelaçava nossos dedos e bagunçava minha respiração.
    Deixei-me ser guiada por você e não me importei onde tudo aquilo iria parar. Nós dois seguimos até o fim do campo verde e, a cada chegada, era como se estivéssemos percorrendo o infinito. Nossos pés descalços não se cansavam de andar e correr pela grama seca sob o sol que se destacava entre as nuvens.
    Senti como se nós dois estivéssemos caminhando entre elas. A grama abaixo de nós era como um algodão bem fofo – assim como o que as nuvens pareciam ser agora. Deixei que você seguisse até onde considerava o certo. E lá fomos nós pairar abaixo de uma árvore que, se eu não soubesse que era impossível, diria que estava a apenas um passo do céu.
    Você deixou o momento falar por si e, novamente, senti a capacidade de poder tocar as nuvens tão improvavelmente perto de nós. Seu rosto fixou-se no nada e o nada tornou-se tudo para mim. A nossa volta, enquanto contemplávamos o infinito, a brisa suave trazia as folhas que o outono deixou por aí. 
    Sua mão encontrou a minha e não demorou muito para meus lábios caminharem até os seus. As borboletas (no estômago e fora dele) completaram a cena e trouxeram uma beleza encantadora e quase perfeita. Se fosse eterno, eu poderia acabar com o quase da frase anterior.
    Seus lábios deixaram os meus e tocaram minhas mãos. No céu, o sol dava lugar à lua e as estrelas começavam a se formar. Você respirou fundo e disse algumas palavras adequadas ao momento. Beijou-me mais algumas centenas de vezes e me guiou no caminho de volta para o carro na outra ponta do campo. Novamente, deixei que me levasse por suas mãos sem me preocupar com o caminho nem com as pedras agora invisíveis sob a escuridão.
    Deixamos o verde para percorrer o cinza e corremos contra o tempo. Não que ele fosse importante, afinal nenhuma rotina poderia finalizar os momentos que vivemos enquanto quase tocávamos o céu. Corremos pelo asfalto apenas para sentir a brisa – agora gelada e agressiva – bagunçar nossos cabelos. Deixamos que algumas folhas batessem no pára-brisa e não nos importamos de tirá-las de lá quando abandonamos o carro na calçada. Antes de voltar para o volante, você selou com um beijo mais um capítulo do nosso romance. E eu joguei-me na cama apenas esperando o próximo. E o próximo e o próximo e o próximo…